COMENTÁRIO POR VERSÍCULOS.

Salmos de 80 - 150

Capítulo 1

1.1 BEM-AVENTURADO O VARÃO. O Sl 1 serve como introdução a todo o livro dos Salmos. Ele contrasta os dois únicos tipos de pessoas do ponto de vista de Deus, tendo cada tipo um conjunto distintivo de princípios de vida: (1) os justos, que são caracterizados pela retidão, pelo amor, pela obediência à Palavra de Deus e pela separação do mundo (vv. 1,2); e (2) os ímpios, que representam o modo de ser e as idéias do mundo, que não permanecem na Palavra de Deus, e que por isso não têm parte na assembléia do povo de Deus (vv. 4,5). Deus conhece e abençoa o justo, mas o ímpio não tem parte no Reino de Deus (1 Co 6.9) e perecerá (v. 6). A separação entre esses dois grupos de pessoas existirá no decurso da história da redenção e continuará na eternidade.

1.1 QUE NÃO ANDA SEGUNDO O CONSELHO DOS ÍMPIOS. O primeiro versículo do livro dos Salmos ressalta a distinção entre os justos e os ímpios. Os crentes verdadeiros podem ser conhecidos pelas coisas que praticam, pelos lugares que freqüentam e pelas pessoas com as quais convivem. Ninguém pode experimentar a bênção de Deus sem evitar as coisas danosas ou destrutivas. 

1.2 TEM O SEU PRAZER NA LEI DO SENHOR. Os santos de Deus não somente evitam o mal, como também edificam a sua vida em torno das palavras do Senhor. Procuram obedecer à vontade de Deus porque seus corações realmente têm prazer nos caminhos e mandamentos do Senhor (ver 2 Ts 2.10, onde os ímpios perecem porque não querem amar a verdade). A motivação dos atos dos salvos provém dos seus espíritos e emoções redimidos, conquistados pela verdade de Deus conforme a temos na sua Palavra.

1.2 NA SUA LEI MEDITA DE DIA E DE NOITE. Aqueles que procuram viver na bênção de Deus, meditam na sua lei (i.e., na sua Palavra), a fim de moldarem seus pensamentos, atitudes e ações. Lêem as palavras das Escrituras, meditam nelas e as comparam com outros trechos bíblicos. Ao meditarem num texto bíblico, vêm às suas mentes perguntas como estas: O Espírito de Deus está aplicando este versículo à minha condição no momento? Há aqui uma promessa para eu buscar? Este texto revela um pecado específico que devo empenhar-me em evitar? Deus está dando-me uma ordem para eu obedecer? Meu espírito está em harmonia com o que o Espírito Santo está dizendo aqui? Este texto revela uma verdade a respeito de Deus, da salvação, do mundo, ou da minha obediência pessoal a Deus, a respeito da qual preciso receber a iluminação do Espírito Santo?

1.3 RIBEIROS DE ÁGUAS. O resultado, para os que fielmente buscam a Deus e à sua Palavra, é ter vida no Espírito. Uma vez que a água comumente representa o Espírito de Deus (e.g., Jo 7.38,39), os que são instruídos por Deus e guardam a sua Palavra terão em si uma fonte de vida inesgotável da parte do Espírito. A expressão tudo quanto fizer prosperará não significa que o crente nunca terá problemas nem reveses, mas, sim, que o justo conhecerá a vontade de Deus e a sua bênção (ver 3 Jo 2 nota). 

1.4-6 OS ÍMPIOS. O Sl 1 descreve os pecadores impenitentes sob três quadros horríveis: (1) são como a moinha lançada para longe por forças que não conseguem ver (v. 4; ver Ef 2.2 nota); (2) serão condenados na presença de Deus no dia do juízo (v. 5; cf. 76.7; Ml 3.2; Mt 25.31-46; Ap 6.17); (3) perecerão eternamente (v. 6; ver Mt 10.28 nota).



Capítulo 2

2.1-12 POR QUE SE AMOTINAM AS NAÇÕES? Este salmo consiste de quatro cenas distintas. (1) O salmista começa com uma alusão aos povos e reis da terra em oposição ao Ungido de Deus (vv. 1-3; cf. At 4.25-27; ver a nota seguinte) um triste quadro da insolente rebeldia da raça humana contra Deus, sua lei, sua redenção, seu Messias e o ensino da sua revelação. Os autores do NT, da mesma maneira, mostram o mundo em oposição a Cristo, ao crente e à fé bíblica (Jo 15.19; Ef 6.12). (2) Deus responde zombando dos ridículos intentos do mundo para removê-lo do cenário (vv. 4-6). Tempos virão em que Ele suplantará a rebelião humana e estabelecerá o seu reino na terra (ver Rm 1.18; 1 Ts 5.1-11; 2 Ts 2.8; Ap 19.11-21). (3) Deus, o Pai, promete que enviará seu Filho amado (vv. 7-9), a suprema herança das nações (ver At 13.33; Hb 1.5; 5.5; cf. Mt 3.17; 17.5; 2 Pe 1.17), para aniquilar todos que se opõem ao seu governo. Esta promessa se cumprirá quando Cristo voltar à terra no fim dos tempos e destruir todos os inimigos de Deus (ver Ap 12.5; 19.15). Então todos os crentes fiéis compartilharão do seu reino sobre as nações (Ap 2.26,27). (4) Através do salmista, o Espírito Santo exorta a raça humana a ser sábia diante do Deus Todo-poderoso e a refugiar-se nEle, antes de chegar aquele terrível dia do julgamento divino (vv. 10-12; cf. Hb 3.7-19). 

2.2 SEU UNGIDO. O Sl 2 é um salmo messiânico, i.e., um salmo profético sobre a vinda do Messias de Deus, Jesus Cristo. Messias significa ungido e refere-se a Jesus, a quem Deus ungiu para redimir Israel e reger o reino de Deus (ver a nota seguinte; ver Mt 1.1 nota). 

2.7 TU ÉS MEU FILHO; EU HOJE TE GEREI. Te gerei , traduzido literalmente, é dar à luz . Empregava-se em referência a uma mulher ao dar à luz uma criança, mas também era usada no sentido legal quando um rei apresentava seu filho ao povo ao proclamá-lo rei juntamente com o pai (cf. 1 Rs 1.32-34, onde Davi assim fez com Salomão). Aqui, refere-se à proclamação pública de Jesus como Filho de Deus e à sua unção como profeta, sacerdote e rei (ver Mt 3.12; At 13.33; Hb 1.5; 5.5; 7.28; 2 Pe 1.13). 

2.8 EU TE DAREI AS NAÇÕES POR HERANÇA. Nenhum rei terreno teve jamais esta promessa de receber as nações como herança. É uma promessa que se cumpre somente no Rei Messiânico, Jesus (ver Zc 9.10).



Capítulo 3

3.1-8 MULTIPLICADO OS MEUS ADVERSÁRIOS! Este salmo é um lamento diante de Deus. Quase uma terça parte dos salmos pertence a esta categoria. (1) O conteúdo básico de um salmo de lamento consiste de uma fervente invocação de Deus (v. 1), uma descrição da aflição, sofrimento ou injustiça que o crente sofre (vv. 1,2), uma afirmação da confiança do crente em Deus (vv. 3-6), uma súplica por socorro (v. 7) e uma expressão de louvor ou ação de graças (v. 8). (2) O grande número de salmos de lamento ou elegíacos, na Bíblia, indica que Deus quer que os seus o invoquem em tempos de necessidade e aflição (ver Hb 4.16).

3.2 SELÁ. O significado deste termo é incerto. Pode indicar uma pausa, um interlúdio musical, ou a culminância numa execução musical. 

3.3 TU, SENHOR, ÉS UM ESCUDO... A MINHA GLÓRIA. O crente que vive segundo a vontade de Deus, mas que se acha sob aflição e oposição (vv. 1,2; ver 2 Sm 15.15-30), pode invocar a Deus na confiança de que Ele agirá em seu favor, segundo o seu divino propósito. (1) Escudo refere-se à proteção divina (ver Gn 15.1, onde Deus é o escudo de Abraão; Dt 33.29, onde Ele é o escudo de Israel). (2) Deus é a glória do crente, no sentido de que a sua presença, comunhão e ajuda são o nosso maior bem. 

3.5 EU ME DEITEI E DORMI. O crente que com fervor busca a Deus, e que sempre confia na sua fidelidade, na confiança de que Ele o ouve (v. 4), pode deitar-se em paz e dormir seguro (cf. 4.8). Deus o sustentará e concederá a sua graça, inclusive durante o sono (ver 127.2; Pv 3.24).



Capítulo 4

4.1-8 OUVE-ME. Este salmo revela a classe de pes-soas que Deus ouvirá em tempos de aflição. Essas pessoas devem ter um relacionamento pessoal de confiança em Deus (vv. 5,8), um intenso anseio pela ajuda de Deus (vv. 1,3,6) e uma santa maneira de viver (vv. 3-5; ver a nota seguinte). 

4.3 O SENHOR OUVIRÁ QUANDO EU CLAMAR A ELE. Para termos certeza de que Deus atenderá o nosso clamor por socorro, devemos esforçar-nos de coração para viver em santidade (cf. Pv 15.29; Jo 9.31; 15.7). Aqueles que fielmente se dedicam a Deus foram separados como seu valioso tesouro. Pertencendo a Deus, podemos a Ele apelar como nosso protetor e provedor (cf. Hb 10.22; 1Jo 
3.21,22).



Capítulo 5

5.3 OUVIRÁS A MINHA VOZ. Firmemente resoluto a buscar a Deus de todo o coração. Davi se dedica a três coisas. (1) Confiante que Deus ouvirá a sua voz, persistirá na oração e não viverá sem ela (vv. 1,2; cf. Dt 4.29). (2) Orará a Deus pela manhã . Se mantivermos nossa vida voltada para Deus, orar de manhã será uma prática natural. Cada nova manhã nos conclama a uma renovada dedicação a Deus (55.16,17; 88.13; 119.147), à comunhão com Ele e a nos alimentarmos da sua Palavra (cf. 119.9-16). (3) O salmista vigiará esperançoso, pelas respostas à sua oração, e durante o dia inteiro procurará evidências de Deus em ação na sua vida. 

5.5,6 ABORRECES A TODOS OS QUE PRATICAM A MALDADE. O mal não é algo abstrato. Deus não somente aborrece o pecado, mas também, em certo sentido, os que praticam o mal. Por outro lado, as Escrituras também revelam Deus como aquele que ama os pecadores, que lhes estende a mão compassiva e -misericordiosa e os busca para redimi-los do pecado mediante a cruz de Cristo (Jo 3.16). 

5.10 DECLARA-OS CULPADOS, Ó DEUS. Ver Sl 35.1-38, nota sobre a oração do salmista pela destruição dos inimigos de Deus.



Capítulo 6

6.1-10 NÃO ME REPREENDAS NA TUA IRA. Este salmo é um dos sete salmos penitenciais (i.e., salmos de tristeza pelo pecado; os outros são 32; 38; 51; 130; 143). O Espírito Santo inspirou esta oração a fim de encorajar todos que, por longo tempo, estão sob a disciplina de Deus, e que necessitam do perdão e restauração.

6.2 SARA-ME, SENHOR. O salmista, durante um período de aflição física e de castigo divino que reconhece ter merecido, deixou de sentir a presença de Deus (v. 4) e a paz espiritual (v. 3). Ele sofreu por muito tempo e sente grande pesar. Em sua oração, ele não pede que Deus remova dele toda a repreensão, mas somente que o castigo divino seja combinado com misericórdia e que não seja tão severo que o leve à morte (cf. Jr 10.23,24).

6.4 LIVRA A MINHA ALMA. Embora o arrependido esteja desejoso da cura do seu corpo (v. 2), seu interesse maior é a cura da sua alma e a restauração da presença e do favor de Deus. Anseia por ter Deus perto dele, e apela à sua misericórdia e amor (vv. 2,4). Visto que o amor e a misericórdia são parte do caráter de Deus, o crente pode suplicar-lhe que responda segundo o seu divino caráter.

6.6 ESTOU CANSADO DO MEU GEMIDO. A aflição do salmista e a angústia da sua alma já duravam por algum tempo. A declaração: mas tu, SENHOR, até quando? (v. 3), mais os versículos 6 e 7, confirmam que Deus não lhe restaurou depressa a paz espiritual, a graça e a sua presença divina. Os versículos 8 e 9 nos ensinam que Deus, no seu devido tempo, ouvirá as nossas súplicas e atenderá a nossa oração. Não precisamos desesperar, e sim esperar em Deus pela fé (cf 13.1; 74.9). No devido tempo, Ele responderá à nossa oração.



Capítulo 7

7.1-17 SALVA-ME DE TODOS OS QUE ME PERSEGUEM. Este salmo serve de modelo para todos que são tratados com injustiça, falsamente acusados, ou atacados por aqueles que os desprezam. A oração deste salmo pode ser aplicada ao maior inimigo do crente que, como leão, quer despedaçar a sua alma (v. 2), i.e., Satanás e as suas hostes demoníacas (Ef 6.11,12; 1 Pe 5.8). É sempre correto orar para sermos guardados do maligno (ver Mt 6.13 nota). 7.1 EM TI CONFIO. Quem sinceramente é fiel a Deus pode, com toda confiança, nEle refugiar-se, e entregar em suas mãos os problemas da vida. Em tempos conturbados de injustiça, podemos colocar-nos sob a proteção de Deus e suplicar-lhe, fazendo menção da nossa fidelidade e justiça (vv. 3-5,8).

7.10 DEUS, QUE SALVA OS RETOS DE CORAÇÃO. O Espírito Santo ensina que os justos podem crer que Deus os liberta e ajuda em tempos de aflição. Podem clamar a Deus com base numa consciência limpa e no sincero empenho de manter a retidão de coração. (1) O crente pode mencionar sua integridade espiritual a Deus na oração: julga-me, SENHOR, conforme a minha justiça (v. 8; cf. Jó 29.14). Tal declaração não é hipocrisia, se feita com coração sincero, purificado pelo amor de Deus mediante a fé (cf. 1 Jo 3.21; Tg 5.16). (2) Que coisa bem-aventurada é orar, com um coração contrito, rogando a ajuda divina! (Sl 6). Mas, melhor ainda é quando podemos orar a Deus com a consciência limpa e conscientes de que não cometemos injustiça contra ninguém e que procuramos sinceramente amar a Deus de todo o coração. (3) Note o que declara o apóstolo Paulo: E, por isso, procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens (At 24.16; cf. 2 Co 1.12; 1 Tm 1.5,19; 2 Tm 1.3; 1 Pe 3.21). E Jesus afirma: Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito (Jo 15.7).



Capítulo 8

8.4-6 O FILHO DO HOMEM. O NT cita estes versículos da Septuaginta (a tradução em grego do AT hebraico) e os aplica a Jesus (Hb 2.6-8; cf. Ef 1.19-22). Somente nEle cumprem-se totalmente todas essas verdades. É a Ele que se dará, como representante da raça humana, pleno domínio sobre toda a criação (vv. 6-8; cf. Fp 2.10).

8.5 DE GLÓRIA E DE HONRA. Este salmo expressa a elevada honra que Deus conferiu à raça humana. Afirma que nós, como seres humanos, fomos criados por Deus com um propósito glorioso; não somos meros animais, produto da evolução natural e do acaso (v. 5; ver o estudo A CRIAÇÃO). Tão valiosos somos para Deus, que somos objeto especial do seu cuidado e graça (v. 4). Ele nos honrou ao escolher-nos para dominar sobre a sua criação (vv. 6-8; cf. Gn 1.28; 2.15,19). Porém a convicção da nossa posição favorecida não é motivo para nos gloriarmos, mas razão para darmos graças e glória ao Criador (v. 9)



Capítulo 9

9.1,2 EU TE LOUVAREI, SENHOR. Na essência do relacionamento de cada crente com Deus está o dever de louvá-lo (ver o estudo O LOUVOR A DEUS) 9.5 DESTRUÍSTE OS ÍMPIOS. Davi fala como se os eventos narrados aqui já tivessem acontecido, uma característica do estilo profético do livro de Salmos. O salmista tem tanta certeza de que os eventos preditos ocorrerão, que fala deles como se já tivessem acontecido (vv. 15,16).

9.8 ELE MESMO JULGARÁ O MUNDO COM JUSTIÇA. O salmista agradece e louva ao Senhor porque Ele, um dia, livrará completamente aqueles que o buscam (vv. 8-14) e executará juízo contra seus inimigos (vv. 3-8,15-20). (1) Para que não sofra desânimo e desespero ante o aparente triunfo do mal neste mundo, o povo de Deus deve crer com firmeza e confessar que o Senhor um dia justificará aqueles que perseveraram, apesar da aflição e de todos os adversários que queriam destruir sua fé em Deus (vv. 7-11; ver Ap 19 21). (2) Os crentes do NT poderão aplicar esses versículos aos adversários do Senhor e da sua igreja. Durante toda a época do NT, tem lugar um conflito entre as forças do mal e do bem. Os crentes fiéis sofrerão a oposição de Satanás, do mundo e dos falsos crentes dentro da igreja (ver 2 Tm 3.12 nota). 

9.18 O NECESSITADO NÃO SERÁ ESQUECIDO 
PARA SEMPRE. Os necessitados e aflitos do povo de Deus são objetos do seu cuidado especial (vv. 9,10,12). Eles têm de Deus a promessa de que não os abandonará (v. 10), que Ele se lembrará das suas orações (v. 12), e que as suas esperanças serão um dia realidades (v. 18).



Capítulo 10

10.1-18 POR QUE TE CONSERVAS LONGE? Esta oração tem a ver com o problema da aparente demora do triunfo da justiça de Deus (cf. o clamor dos santos martirizados, em Ap 6.9,10). Na presente era, a injustiça e o mal agem sem restrição, e às vezes parece que Deus está muito distante e que não intervirá. O povo de Deus deve orar para que Ele detenha o mal e o sofrimento. Entrementes, podemos ter certeza que, embora o dia da justiça ainda não tenha chegado, o Senhor já ouviu as nossas orações e fortalecerá o nosso coração até o fim (vv. 17,18).

10.2 OS ÍMPIOS, NA SUA ARROGÂNCIA, PERSEGUEM. O salmista se angustia pela atitude arrogante dos indivíduos ímpios e cruéis (vv. 3-11) e do evidente sucesso deles. (1) Ora para que Deus abata os ímpios, ajude os desamparados e reine eternamente como rei para extinguir o pecado e o terror da face da terra (vv. 12-18). (2) Embora o crente do NT deva sempre estar firmemente empenhado na salvação dos ímpios, deverá ao mesmo tempo compreender que, aqui, o pecado e a crueldade nunca serão completamente aniquilados, nem a retidão reinará plenamente até que Cristo venha para destruir todo o mal (Ap 19.11 20.10). Devemos, portanto, orar para que logo Deus destrua todo o mal, que Cristo seja coroado Rei para sempre e que na terra cessem o pecado e a dor (ver Ap 19 22).

10.8-10 NOS LUGARES OCULTOS MATA O INOCENTE. Estes versículos podem ser aplicados àqueles que traficam drogas, lidam com bebidas alcoólicas e praticam aborto, cujo resultado é a destruição física, emocional e espiritual de muitos. (1) Tais pessoas, com sua avareza (cf. v. 3), engodam os pobres, jovens e incautos. Por meio de testemunhos e anúncios, astutamente destacam as delícias do uso de seus produtos, enquanto ocultam o terrível sofrimento que resulta do seu negócio (v. 9). (2) Essas pessoas perversas, na sua ousadia, esquecem da sua responsabilidade moral diante de Deus (vv. 3,4,11,13), e seu fim será desastroso (ver Sl 73). Nenhum crente deve exercer atividades que prejudiquem o ser humano; pelo contrário, deve procurar, com amor, compaixão e solicitude, ajudar a todos no sentido de evitarem tais tentações.



Capítulo 11

11.1-7 NO SENHOR CONFIO. Este salmo repreende os que aconselham a fuga ou a transigência quando princípios bíblicos estão em jogo (vv. 1-3). O crente fiel refugia-se no Senhor (v. 1) e mantém sua retidão, mesmo quando os fundamentos se transtornam (v. 3) moral e espiritualmente, tanto na sociedade, como na igreja. O resultado será que o rosto do Senhor está voltado para os retos (v. 7; cf. 16.8-11; 17.15; 23.6). 

11.5 SUA ALMA ABORRECE... O QUE AMA A VIOLÊNCIA. Porque o Senhor ama a justiça (v. 7), mas aborrece os violentos, ou os que se divertem assistindo a violência como forma de passatempo. Por isso, o crente deve ser cauteloso quanto a divertir-se através da mídia, e examinar-se a si mesmo quanto a ter prazer em cenas de violência e derramamento de sangue (ver Lc 23.25 nota; Rm 1.32 nota).



Capítulo 12

12.1-8 SALVA-NOS, SENHOR. Este salmo descreve um período em que a atividade dos pecadores é duramente sentida por quem vive para Deus e sua justiça. O povo de Deus vem enfrentando isso através dos tempos, mas nos últimos dias da presente era, esse problema ocorrerá em escala geral (1 Tm 4.1). O crente deve saber que estando ele rodeado pelos males da sociedade, aflito e oprimido pela imoralidade, terá a proteção especial do poder de Deus (v. 5). Deus os guardará e, desta geração nos livrarás para sempre (v. 7; ver 1 Pe 1.5 nota).



Capítulo 13

13.1 ATÉ QUANDO TE ESQUECERÁS DE MIM, SENHOR? O salmista enfrenta depressão e desânimo; está numa aflição terrível, e tem a impressão de que Deus se afastou dele (v. 2), e que não se importa em socorrê-lo. Note, especialmente, duas lições importantes: (1) As orações dos justos podem não ser atendidas imediatamente, e pode parecer que Deus não está dando importância a elas. A impressão de abandono por Deus pode ocorrer no crente, durante enfermidades, problemas financeiros, ou casos outros severos, envolvendo família, emprego, ou igreja. Em tais ocasiões devemos orar para que o Espírito Santo nos dê a certeza de que ainda nos regozijaremos na salvação divina (vv. 5,6). (2) Se estamos buscando de coração a ajuda de Deus mediante a fé real em Jesus Cristo, a demora de Deus não significa que Ele nos abandonou. Pelo contrário, Ele pode ter outro propósito em nossa vida, e não estamos percebendo (cf. 2 Co 12.7-10; Hb 12.10,11; Tg 1.2-4; 1 Pe 1.6,7).

13.5 NA TUA SALVAÇÃO, MEU CORAÇÃO SE ALEGRARÁ. A atitude certa ante a aparente demora de Deus é confiar no seu infinito amor e lembrar-nos que Ele já nos livrou e abençoou anteriormente. O amor compassivo do Senhor se manifestará quando e como Ele quiser (ver Rm 8.28 nota).



Capítulo 14

14.1-7 OS NÉSCIOS. O néscio ou insensato é aquele que vive como se Deus não existisse. O néscio expressa de duas maneiras a sua rebelião contra Deus: (1) Rejeita a revelação de Deus, porque não crê no que a Bíblia diz a respeito dEle. Despreza os princípios morais da Palavra de Deus e depende do seu próprio intelecto para estabelecer a diferença entre o certo e o errado (vv. 1-3). (2) Não busca a Deus, nem o invoca em oração, por sua presença e ajuda. (3) Este salmo descreve a degeneração dos ímpios e ensina que a raça humana está, pela sua própria natureza, alienada de Deus (cf. Ef 2.2,3). Paulo cita os três primeiros versículos deste salmo para reforçar a verdade que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23; ver 3.10-12).



Capítulo 15

15.1 SENHOR, QUEM HABITARÁ NO TEU TABERNÁCULO? Este salmo responde à pergunta: Que tipo de pessoa desfruta da íntima presença de Deus e tem comunhão com Ele? Esta pergunta subentende que o crente pode dar motivo para que Deus retire a sua presença da vida dele, pela prática da iniqüidade, do engano, da calúnia, ou de egoísmo. Por isso, devemos examinar diariamente os nossos atos, confessar nossos pecados, abandoná-los e esforçar-nos constantemente em Cristo para nos apresentar aprovados diante de Deus (2 Tm 2.15), e reconhecer que perder a comunhão com Deus é perder tudo (ver 1 Jo 1.6,7; 2.3-6; 3.21-24).



Capítulo 16

16.2 NÃO TENHO OUTRO BEM ALÉM DE TI. Além de Deus, o salmista não vê nenhum significado na vida, e nenhuma felicidade pessoal. Nada vai bem na vida dele, caso faltem a presença e a bênção do Senhor. Paulo expressou a mesma verdade quando disse: Porque para mim o viver é Cristo (Fp 1.21; cf. Gl 2.20).

16.5 O SENHOR É A PORÇÃO DA MINHA HERANÇA. A herança e o cálice são o próprio Senhor (cf. 73.26; Nm 18.20; Dt 18.2). Um aspecto importante da nossa herança espiritual como crentes do NT é o seguinte: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada (Jo 14.23). A comunhão com Deus é a fonte certa de bênçãos e felicidade.

16.8 TENHO POSTO O SENHOR CONTINUAMENTE DIANTE DE MIM. O crente deve buscar e valorizar, mais do que qualquer outra coisa, a comunhão profunda com Deus. A presença contínua do Senhor à nossa destra nos proporciona sua orientação (vv. 7,11), proteção (v. 8), alegria (v. 9), ressurreição (v. 10) e bênçãos eternas (v. 11).

16.10 NÃO DEIXARÁS A MINHA ALMA NO INFERNO. Um relacionamento pessoal com Deus dará aos crentes a confiança numa vida futura com Deus e a certeza de que Ele não os abandonará quando morrerem (cf. 73.26). Os apóstolos Pedro e Paulo aplicaram este versículo a Cristo e à sua ressurreição (At 2.25-31; 13.34-37). Sheol (o termo contido neste versículo) acha-se sessenta e cinco vezes no AT, sendo traduzido variavelmente por sepultura , inferno e cova , segundo o contexto e a respectiva versão. Quando o NT cita passagens alusivas ao Sheol, geralmente emprega a palavra grega Hades como correspondente.



Capítulo 17

17.1 OUVE, SENHOR. O clamor do salmista para que Deus ouça a sua oração baseia-se não somente na misericórdia e graça de Deus, mas também na sua contínua fidelidade nos caminhos do Senhor (vv. 1-5). Deus sondou seu coração e viu que no seu esforço para agradá-lo não havia fingimento (cf. 1 Jo 3.18-21). O fato de Davi orar a Deus com base na sua própria fidelidade pessoal expressa a verdade fundamental que Deus promete ouvir as orações dos que o amam e o honram (ver Jo 15.7 nota). A primeira condição indispensável da autêntica oração é uma consciência limpa e uma vida pura.

 17.8 À MENINA DO OLHO. O salmista emprega duas figuras de linguagem que relembram o amor de Deus por seus fiéis, e seu cuidado por eles. (1) A menina do olho é a pupila, sendo aqui uma metáfora em hebraico, expressando algo muito valioso e querido. (2) À sombra das tuas asas é uma metáfora oriunda da cena de uma galinha, protegendo seus filhotes sob as asas; significa, pois, amorável proteção (cf. 36.7; 57.1; 61.4; 63.7). Cristo empregou esta metáfora para expressar seu amor por Israel (Mt 23.37). Todo crente deve orar para que Deus lhe estenda a sua mão protetora em tempos de perigo, exatamente como alguém que instintivamente reage para proteger a sua pupila em qualquer caso de perigo (cf. Dt 32.10; Pv 7.2; Zc 2.8), e para que o Pai celestial sempre lhe abrigue e proteja como a galinha cobre seus filhotes (91.4; Mt 23.37).



Capítulo 18

18.1-50 EU TE AMAREI DO CORAÇÃO, Ó SENHOR. Este salmo também se acha em 2 Sm 22, com pequenas diferenças. É provável que Davi o tenha escrito no começo do seu reinado (cf. 2 Sm 8.14), antes de cometer seu pecado terrível, pelo qual sofreu muito como castigo divino pelo resto da vida (ver 2 Sm 12.1-14). O salmo pode também, profeticamente, referir-se a Cristo, pois Paulo cita o versículo 49 como uma profecia, indicando o tempo em que, mediante o Messias, todas as nações louvarão o nome de Deus (v. 49; ver Rm 15.9).

18.2 O SENHOR É O MEU ROCHEDO... LUGAR FORTE... FORTALEZA. As metáforas deste versículo podem ser aplicadas às lutas contínuas do crente contra as forças físicas e espirituais do presente. Seis símbolos descrevem o cuidado de Deus por nós: (1) meu rochedo segurança e proteção, pela força imutável de Deus (cf. 31.2,3; 42.9; 62.7); (2) meu lugar forte um lugar de refúgio e segurança onde o inimigo não pode penetrar; (3) meu libertador um protetor vivente; (4) meu escudo i.e., Deus se interpõe entre nós e o mal (cf. Gn 15.1); (5) a força da minha salvação força e poder vitoriosos para nos livrar e salvar; (6) meu alto refúgio um lugar seguro para nos elevar acima dos perigos desta vida.



Capítulo 19

19.1 OS CÉUS MANIFESTAM A GLÓRIA DE DEUSO conceito judaico-cristão é que o mundo físico manifesta a glória e o poder criador de Deus (cf. 148.3-5; cf. Rm 1.18-20). O conceito de muitos incrédulos, ao contrário, é que a criação é em si mesma uma entidade divina (ver Dt 4.19; 2 Rs 23.5), cuja força controla o destino humano (ver Is 47.13; Dn 4.7); outros crêem que tudo se fez por acaso. O verdadeiro crente rejeita tais idéias, aceita a revelação bíblica a respeito do universo, e por isso é movido a louvar o Criador (ver 89.5-8.)

19.7-11 A LEI DO SENHOR É PERFEITA. Estes versículos falam da natureza, dos benefícios e valores da Palavra de Deus. Os cinco aspectos abordados são: (1) A Lei um termo geral para a vontade revelada de Deus, e que direciona a pessoa num correto relacionamento com Ele (v. 7). (2) O testemunho a verdadeira Palavra de Deus que dá testemunho do seu caráter e vontade (cf. 1 Jo 5.9); Palavra cujo estudo nos torna sábios (v. 7). (3) Os preceitos regras específicas a respeito da vida em retidão, que são uma alegria para os justos (v. 8). (4) O mandamento a fonte verdadeira de luz para orientar os fiéis que buscam os seus caminhos (v. 8; cf. At 26.18); o modo certo de corresponder aos mandamentos de Deus é pelo temor do Senhor , que nos liberta de uma vida de pecado (v. 9). (5) Os juízos leis reguladoras da vida social, que levam à justiça e à retidão (v. 9).

19.12 EXPURGA-ME TU DOS [ERROS] QUE ME SÃO OCULTOS. Os crentes sinceros procuram amar e servir a Deus de todo o coração (Dt 6.5). Por ainda serem imperfeitos nesta vida, podem estar em desobediência à vontade de Deus sem saberem disso, e daí precisarem buscar o perdão de Deus por seus erros e pecados ocultos (ver Lv 5.2-4). Por outro lado, os pecados intencionais ou deliberados são grande transgressão (v. 13), que abrange o desprezo a Deus e à sua Palavra e a perda de um lugar no seu reino (ver Nm 15.30,31; Gl 5.19-21).

19.14 SEJAM AGRADÁVEIS AS PALAVRAS DA MINHA BOCA E A MEDITAÇÃO DO MEU CORAÇÃO PERANTE A TUA FACE. A maneira justa de reconhecermos a obra da salvação efetuada em nossa vida é orarmos sempre, para que Deus mantenha nosso coração, nossas palavras e nossa vida livres de pecado e agradáveis a Ele. Tanto a meditação do nosso coração, quanto a reflexão da nossa mente devem ser aceitáveis diante de Deus.



Capítulo 20

20.1 21.13 O SENHOR TE OUÇA NO DIA DA ANGÚSTIA. Os salmos 20 e 21 são paralelos. São orações a Deus em torno da luta de seus fiéis contra seus inimigos. O Sl 20 é uma oração antes da batalha; o Sl 21 é um ato de louvor depois da batalha. Para o crente em Cristo, o Sl 20 pode ser aplicado à sua luta espiritual. No presente, batalhamos contra as forças invisíveis, porém claramente reais, do mal, e ansiamos pela vitória sobre Satanás e os poderes demoníacos, e por ficarmos livres da presença deles (ver Ef 6.12 nota.



Capítulo 22

22.1-31 DEUS MEU. Este salmo, um dos mais citados no NT, é chamado o salmo da cruz porque retrata com exatidão o cruel sofrimento de Cristo na cruz. Note pelo menos dois fatos a respeito deste salmo: (1) É um brado de dor e aflição de um crente que continua sob provação e sofrimento. Neste sentido, todos os crentes sob sofrimento podem identificar-se com o conteúdo desta oração. (2) As palavras do salmo descrevem um acontecimento que em muito ultrapassa os limites humanos comuns. Inspirado pelo Espírito Santo, o salmista prediz o sofrimento de Jesus Cristo durante sua crucificação, e prenuncia sua imediata vindicação três dias depois.

22.1 DEUS MEU, DEUS MEU, POR QUE ME DESAMPARASTE? Jesus deu esse brado angustiante na cruz, ao se afastar dEle a presença providente e protetora do seu Pai celestial (Is 53.10-12; 2 Co 5.21; ver Mt 27.46 nota). Ele foi desamparado por Deus porque estava sofrendo na cruz no lugar do pecador, fazendo-se maldição por nossa causa (Gl 3.13). Ao citar este versículo, Jesus também estava declarando que este salmo inteiro é uma descrição dEle mesmo.

22.2 CLAMO... E TU NÃO ME OUVES. O crente, assim como o próprio Jesus, pode às vezes se sentir abandonado por Deus. Quando isso ocorrer, mantenha-se firme na fé em Deus e na sua bondade, e continue orando e confiando nEle (vv. 2-5).

22.7 MENEIAM A CABEÇA. Ver Mt 27.39, onde está dito: E os que passavam blasfemavam dele [de Cristo], meneando a cabeça . Até os gestos usados pelos inimigos de Jesus foram preditos no AT.

22.8 CONFIOU NO SENHOR. Este versículo relata as palavras exatas que os inimigos do Senhor lhe dirigiram enquanto presenciavam a sua crucificação (Mt 27.43).

22.11-17 NÃO HÁ QUEM AJUDE. Estes versículos descrevem o sentimento de desamparo do Senhor, quando da brutalidade do açoitamento e da crucificação.

22.16 TRASPASSARAM-ME AS MÃOS E OS PÉS. Aqui temos outra referência profética à crucificação de Jesus (cf. Jo 20.25; ver Mt 27.35 nota).

22.18 REPARTEM ENTRE SI AS MINHAS VESTES. Os soldados romanos fizeram exatamente conforme a predição deste versículo um admirável cumprimento da profecia (ver Mt 27.35; Mc 15.24; Lc 23.34; Jo 19.23,24).

22.22 AOS MEUS IRMÃOS. Hebreus 2.11,12 associa este versículo a Jesus Cristo; ele assinala o triunfo da cruz. Jesus agora é o Redentor exaltado que reúne a si os seus irmãos (i.e., os redimidos que nEle crêem e aceitam a sua morte para salvá-los, ver Jo 20.17) e fica no meio deles para louvor de Deus. Sua morte resulta em socorro dos aflitos (v. 24), na vida eterna (v. 26), na pregação do evangelho (v. 27), no seu domínio sobre todas as nações (vv. 28,29) e na sua suprema exaltação e glória (vv. 30,31).



Capítulo 23

23.1-6 O SENHOR. Este salmo, originado na mente do Senhor e inspirado pelo Espírito Santo, expressa seu empenho e incessante cuidado pelos seus seguidores. Eles são o precioso alvo do seu divino amor. Ele tem cuidado de cada um deles, como um pai cuida de seus filhos e como um pastor, das suas ovelhas. 

23.1 O SENHOR É O MEU PASTOR. Mediante uma metáfora freqüentemente empregada no AT (ver 28.9; 79.13; 80.1; 95.7; Is 40.11; Jr 31.10; Ez 34.6-19), Deus é comparado aqui a um pastor, ilustrando isso o seu grande amor por seu povo. O próprio Senhor Jesus empregou a mesma metáfora para expressar seu relacionamento com os seus (Jo 10.11-16; cf. Hb 13.20; 1 Pe 5.4). Duas verdades destacam-se aqui: (1) Deus, através de Cristo e do Espírito Santo, está tão afeiçoado a cada um de seus filhos, que Ele deseja amar, cuidar, proteger, guiar e estar perto desses filhos, como o bom pastor cuida das suas ovelhas (ver Jo 10.11,14 notas). (2) Os crentes são as ovelhas do Senhor. Pertencemos a Ele e somos alvo especial do seu amor e atenção. Embora todos nós andamos desgarrados como ovelhas (Is 53.6), o Senhor nos redimiu com seu sangue derramado (1 Pe 1.18,19), e agora somos dEle. Como suas ovelhas, podemos lançar mão das promessas desse salmo quando atendemos a sua voz e o seguimos (ver Jo 10.3-5; ver 10.28 nota). 

23.1 NADA ME FALTARÁ. Isto significa (1) que não me faltará nada que for necessário à realização da vontade de Deus na minha vida (ver 3 Jo 2 nota), e (2) que me contentarei com a provisão e o cuidado do Bom Pastor, mesmo em tempos pessoalmente difíceis, porque confio no seu amor e cuidado por mim (cf. Jo 10.11; Fp 4.11-13). 

23.2 DEITAR-ME FAZ. Porque o Pastor está presente e perto de mim, posso deitar-me em paz, livre de todo medo. O Espírito Santo como meu Consolador, Conselheiro e Ajudador comunica-me o cuidado pastoral e a presença de Cristo (Jo 14.16-18; cf. 2 Tm 1.7): (1) meu descanso tranqüilo na sua presença terá lugar em verdes pastos , i.e., em Jesus e na Palavra de Deus, que são indispensáveis a uma vida abundante (Jo 6.32-35,63; 8.31; 10.9; 15.7); (2) guia-me mansamente a águas tranqüilas do seu Espírito Santo (ver 1.3 nota; cf. Jr 2.13; Jo 7.37-39). 

23.3 REFRIGERA A MINHA ALMA. Quando fico desanimado (42.11), o Bom Pastor reaviva e revigora minha alma mediante seu poder e graça (Pv 25.13). Guia-me por meio do Espírito (Rm 8.14) nos caminhos por Ele escolhidos, que se conformam com seus alvos de santidade (cf. Rm 8.5-14). Correspondo obedecendo: sigo o Pastor ouvindo a sua voz (Jo 10.3,4); não seguirei a voz dos estranhos (Jo 10.5). 

23.4 TU ESTÁS COMIGO. Em tempos de perigo, dificuldade, e mesmo de morte, o crente não teme nenhum mal. Por quê? Porque tu estás comigo em todas as situações da vida (cf. Mt 28.20). A vara (um pedaço de pau curto) é uma arma de defesa ou disciplina, que simboliza a força, i.e., o poder e autoridade de Deus (cf. Êx 21.20; Jó 9.34). O cajado (uma vara longa e delgada, tendo um gancho numa das extremidades) serve para trazer a ovelha para perto do pastor, para guiá-la no caminho certo, ou para removê-la em caso de perigo. A vara e o cajado de Deus nos dão certeza do seu amor e orientação em nossa vida (cf. 71.21; 86.17). 

23.5 PREPARAS UMA MESA. Deus é aqui descrito como aquele que supre as necessidades de seus filhos em meio as forças do mal que procuram destruí-los, corpo e alma (ver Rm 8.31-39). (1) Apesar de o crente estar em luta diária contra Satanás e ter em volta de si uma sociedade pagã, a graça de Deus que ele recebe capacita-o a viver e se regozijar na presença de Deus (ver 2 Co 12.9,10). Ele pode saciar-se à mesa do Senhor com fé, ação de graças e esperança, em perfeita paz, e protegido pelo sangue derramado e o corpo partido desse Bom Pastor (ver 1 Co 11.23). (2) Unges a minha cabeça com óleo refere-se ao favor e bênção especiais de Deus, pela unção do seu Santo Espírito no corpo, mente e espírito do crente (ver Ef 5.18 nota). (3) O meu cálice transborda . Aqui, a tradução literal é: meu cálice tem bebida abundante . É uma alusão ao bebedouro do pastor, que era uma pedra grande, escavada em forma de tanque, cabendo quase 200 litros de água, onde as ovelhas bebiam. 

23.6 A BONDADE E A MISERICÓRDIA. Misericórdia refere-se ao fiel amor e a bondade de Deus. O crente, tendo consigo o Bom Pastor na peregrinação desta vida, terá sua ajuda, bondade e seu sustento constantes. Em qualquer situação o crente pode confiar que o Bom Pastor fará com que todas as coisas cooperem para o seu bem (Rm 8.28; Tg 5.11). O alvo do crente que segue o Bom Pastor e desfruta da sua bondade e misericórdia é um dia estar com Ele eternamente (1 Ts 4.17), contemplar sua face (Ap 22.4) e servi-lo para sempre na sua casa (ver Ap 22.3; cf. Jo 14.2,3).



Capítulo 24

24.4 LIMPO DE MÃOS E PURO DE CORAÇÃO. Davi ressalta que aqueles que pretendem adorar a Deus, servi-lo e receber sua bênção devem procurar ter um coração puro e uma vida reta. Mãos limpas são mãos isentas de atos pecaminosos externos (ver Is 1.15; 33.15; 1 Tm 2.8). Puro de coração é uma referência à santidade interior, motivos e objetivos puros. Somente os limpos de coração verão a Deus (Mt 5.8). 

24.5 ESTE RECEBERÁ A BÊNÇÃO. Os que receberão a bênção do SENHOR são os que o buscam (v. 6) com mãos limpas e coração puro (v. 4). Devemos pensar nisso todas as vezes que oramos a Deus, que o adoramos na sua casa, ou buscamos a sua benção na Ceia do Senhor (cf. 1 Co 11.23-27; 2 Co 6.14-18; Hb 12.14). 

24.7-10 O REI DA GLÓRIA. Estes versículos são messiânicos, pois o Rei da Glória é o Senhor Jesus (cf. Jo 1.14). A geração daqueles que buscam a Deus (i.e., os crentes fiéis) deve orar para que venha o Rei da Glória . Esta oração para a vinda do reino de Deus prenuncia o reino eterno de Cristo e a destruição final do mal (ver Zc 9.9; Mt 6.10; Ap 19-22).



Capítulo 25

25.4 FAZE-ME SABER OS TEUS CAMINHOS. Assim como Moisés (Êx 33.13), o salmista ansiava intensamente por conhecer os caminhos de Deus. É possível o crente conhecer algo das obras de Deus (e.g., salvação, milagres; cf. Sl 103.7), mas nunca realmente conhecer a Deus ou entender os seus caminhos (i.e., os princípios da sabedoria por meio dos quais Ele opera em nós e nos guia). Os princípios básicos para conhecermos os caminhos de Deus, segundo este salmo, são os seguintes: (1) Devemos ter um desejo sincero de conhecer os retos caminhos de Deus e à verdade da sua palavra (v. 4). (2) Precisamos estar dispostos a esperar em Deus todo o dia (v. 5). (3) Devemos com humildade obedecer a Deus (v. 9), ter sempre um caráter segundo a vontade de Deus (v. 10) e temer ao Senhor (vv. 12-14). (4) Visto que o pecado é um obstáculo para se conhecer a Deus e seus caminhos, precisamos abandonar o pecado e sermos purificados e perdoados (vv. 4-8). Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá (66.18; cf. 1 Jo 2.1-6). (5) Contratempos na vida não são primeiramente um sinal de desagrado de Deus (cf. 34.19). Conhecer a Deus e seus caminhos pode resultar em sofrimentos e perdas, que do contrário não teríamos tido (e.g., At 14.22; 20.22,23). O exemplo ímpar dessa verdade é o próprio Jesus, que obedeceu perfeitamente à vontade de Deus, no entanto sofreu tristeza, traição e a cruz. O crente, que permanece na vontade de Deus, deve contar com isso (Mt 10.24). 

25.12 ELE O ENSINARÁ. O tema principal deste salmo é a maneira como Deus dirige o crente fiel na sua sabedoria. Note aqui as seguintes verdades: (1) Deus tem um plano para cada crente. Ele teve um plano para Adão (Gn 1.28; 2.18-25), Abraão (Gn 12.1-3), José (Gn 45.4-9) e seu povo, Israel (Gn 50.24; Êx 6.6-8). Teve um plano para Jesus (Lc 18.31) e para Paulo (At 21.10-14; 22.14,15; 26.16-19; ver 21.14 nota). Deus tem um plano específico para cada um dos seus filhos (1 Co 12; Ef 1.10; 2.10; 3.11; 4.11-13). (2) O plano de Deus nos pode ser comunicado por meios extraordinários, tais como sonhos, visões e profecia (At 2.17; 9.12; 10.3; 13.2; 1 Co 14.1; ver At 21.10, nota). Porém, a maneira normal de Ele nos guiar e comunicar sabedoria é através das Sagradas Escrituras (2 Tm 3.16), e por meio do Espírito Santo, habitando em nosso coração (Jo 14.26; At 8.29; 10.19; 13.2; 15.28; 16.6; 1 Jo 2.20,27). (3) O plano de Deus para o crente pode deixar de realizar-se caso a pessoa desconheça a Palavra de Deus ou a interprete erroneamente e tome decisões contrárias à vontade de Deus. Se as convicções, os posicionamentos e doutrinas básicas da Bíblia não estiverem solidamente arraigados em nosso espírito, cairemos no erro. (4) Uma área fundamental na direção do crente é a sua santidade de vida (cf. v. 21; Rm 8.11-14), pois Deus nos guia pelas veredas da justiça (23.3). 

25.14 OS QUE O TEMEM. O conhecimento pessoal de Deus e a comunhão íntima com Ele destinam-se aos que o temem e que repudiam o mal (cf. Pv 3.5-7.



Capítulo 26

26.8 EU TENHO AMADO... TUA CASA. A felicidade do salmista não provém da associação com o mundo (vv. 4,5,9,10), mas de estar na casa e congregação do Senhor (v. 12), i.e., onde a presença de Deus se manifesta entre seu povo, e onde habita a sua glória. e de estar junto com os irmãos na fé que andam na verdade divina



Capítulo 27

27.4 UMA COISA PEDI. Assim como no Sl 26, o salmista busca a presença de Deus. É a coisa mais preciosa na sua vida, e ele ora por isso com um só propósito. O próprio Deus conclama todos nós para esse mesmo propósito: Buscai o meu rosto (v. 8). Aqueles que assim fazem, e procuram habitar na santa presença de Deus, têm a firme garantia de que, não importa que provações venham a ter, o Senhor nunca os abandonará (vv. 9,10). Não há motivo para desespero; a bondade de Deus lhes está reservada (vv. 13,14). 

27.13 PERECERIA SEM DÚVIDA, SE NÃO CRESSE... Confiar em Deus e desfrutar da sua bondade pessoal são indispensáveis à nossa perseverança na fé. Como crentes, poderemos enfrentar severas provas, mas nada poderá nos levar ao desespero e à derrota enquanto tivermos nossos olhos fitos em Deus, com fé e esperança. No meio das trevas devemos esperar no Senhor (v. 14; ver 42.5,11; 43.5; 62.5; Is 40.27-31; Mq 7.8), estar perto dEle, e continuar firmes pelo seu Espírito (ver Ef 6.10; 2 Tm 2.1; Tg 5.11). Com toda certeza, no tempo determinado, Deus manifestará ao crente a sua bondade.



Capítulo 28

28.1-9 CALANDO-TE TU. O crente fiel, às vezes, pode achar que Deus não está ouvindo suas orações (vv. 1-3); essa experiência, no entanto, não se torna em rotina quando perseveramos em nos aproximar de Deus por meio de Cristo (ver Hb 4.16; 7.25). Passada a prova, o Senhor nos responderá e ajudará, como o pastor cuida das suas ovelhas (cf. Is 40.11).



Capítulo 30

30.6 NA MINHA PROSPERIDADE. Sob a segurança da prosperidade, o salmista supunha que pela sua riqueza e sucesso ele se tornara tão forte que nada poderia destruir a sua prosperidade. Deus, então, retirou a sua mão protetora, o que lhe resultou em problemas graves e desamparo na sua vida, levando-o a sentir a necessidade do constante cuidado e presença de Deus (vv. 8-10). Todo crente que confia em si mesmo, e nas coisas temporais, e que na sua vida não dá o primeiro lugar a Deus e ao seu reino, é aqui advertido nas palavras deste salmo.



Capítulo 31

31.1-24 SENHOR... LIVRA-ME. Este salmo é uma oração notadamente pessoal, expressando aflição e lamento por causa dos inimigos (vv. 4,8), de enfermidade (vv. 9,10) e de abandono por amigos (vv. 11-13). Jeremias empregou uma frase deste salmo (v. 13) ao expressar sua tristeza e temor (cf. Jr 6.25; 20.10); Jesus também citou-o (as primeiras palavras do v. 5), quando na cruz (Lc 23.46). A oração deste salmo externa o clamor sincero de todos os crentes que sofrem com enfermidades, contrariedades, opressão do mundo ou dos inimigos da justiça. Revela que em tempos de grandes lutas, podemos abrigar-nos no secreto da tua presença (v. 20). 

31.5 NAS TUAS MÃOS ENCOMENDO O MEU ESPÍRITO. Estas foram as últimas palavras de Jesus antes de morrer (Lc 23.46); palavras estas muitas vezes enunciadas por crentes fiéis na hora da morte (ver At 7.59). Expressam confiança em Deus e fé na sua bondade para com o seu povo (ver 2 Sm 24.14; Rm 8.28). Entregar-nos aos cuidados de Deus é igualmente apropriado nos tempos de perigos e dificuldades.



Capítulo 32

32.1 BEM-AVENTURADO AQUELE CUJA TRANSGRESSÃO É PERDOADA. As únicas pessoas realmente felizes são aquelas que receberam de Deus o perdão dos seus pecados, e por isso a culpa das suas transgressões não pesa mais sobre seus corações e mentes, e sua consciência não as perturba mais. Tal bem-aventurança é concedida a todos os pecadores que vierem ao Senhor (Mt 11.28,29). O salmista descreve de três maneiras o perdão divino: (1) Deus perdoa o pecado. (2) Ele cobre o pecado, i.e., põe-no fora da vista. (3) O pecado não é imputado (v. 2), i.e., a culpa não é atribuída. 

32.2 NÃO IMPUTA MALDADE. Romanos 4.6-8 cita os versículos 1 e 2 para demonstrar que Deus trata como justos os pecadores sinceramente arrependidos, não porque a justiça seja algo que possam obter através das obras, mas, pelo contrário, recebem-na como um dom quando confessam os seus pecados e crêem no Senhor (cf. v. 5). 

32.3,4 ENQUANTO EU ME CALEI, ENVELHECERAM OS MEUS OSSOS. Estes versículos descrevem a agonia e penalidade que o pecado oculto produz. Quando Davi ocultou o seu pecado e não o reconheceu diante de Deus, perdeu as coisas mais valiosas da vida a saúde, a paz de espírito, a felicidade e o favor de Deus. Ao invés destas coisas, experimentou a culpa e o tormento interior, como castigo divino. 

32.5 CONFESSEI-TE O MEU PECADO. Reconhecer e confessar o pecado, com um coração sincero e arrependido, sempre trará o perdão gracioso da parte de Deus, a remoção da culpa e a dádiva da sua presença constante. 

32.8 INSTRUIR-TE-EI. O Senhor promete instruir e guiar o crente perdoado que tem um espírito dócil, que se compraz na presença e propósitos de Deus (cf. v. 7), que confia nEle (v. 10), que se regozija nEle (v. 11) e que continua em retidão de coração (v. 11).



Capítulo 33

33.6 PELA PALAVRA DO SENHOR... PELO ESPÍRITO... Ruach (aqui traduzido por espírito ) também pode significar sopro ; o sopro de Deus, portanto, é equivalente à atividade do Espírito de Deus. Este versículo contém uma verdade bíblica importante: o elo entre o poder da Palavra de Deus e o poder do Espírito de Deus (mediante a operação da fé) sempre libera o poder criativo de Deus em favor do seu povo. 

33.18,19 OS OLHOS DO SENHOR ESTÃO SOBRE OS QUE O TEMEM. Embora os olhos do SENHOR estejam sobre todas as pessoas (vv. 13,14), eles repousam de modo especial sobre os que o temem (ver 34.15). Os olhos de Deus referem-se ao seu amor solícito e seu cuidado providente em nossa vida. Livrar as suas almas da morte, e... fome significa que enquanto temermos ao Senhor, confiarmos e esperarmos nEle, fizermos a sua vontade, Ele cuidará de nós e nos protegerá da morte, a menos que seu plano seja outro. Para maior exposição do assunto bíblico da esperança em Deus.



Capítulo 34

34.1-22 LOUVAREI AO SENHOR. Davi neste salmo louva ao Senhor pelo livramento milagroso de um grande problema. Seu testemunho inspira a todos os aflitos a crerem que eles também podem desfrutar da bondade do Senhor. 

34.7 O ANJO DO SENHOR ACAMPA-SE AO REDOR. O anjo do Senhor provavelmente refere-se ao exército celestial de anjos. Eles são espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação (Hb 1.14; cf. Gn 32.1,2; 2 Rs 6.17. Deus envia seus anjos para proteger e salvar seus santos de todo mal físico e espiritual. Esta promessa de intervenção divina pertence somente aos que na verdade temem a Deus (ver a nota seguinte). 

34.9 NÃO TÊM FALTA ALGUMA AQUELES QUE O TEMEM. Note que as promessas deste salmo são condicionais, e reservadas somente a quem de fato teme ao Senhor. Deus promete nos livrar do medo (v. 4), nos salvar nas crises (v. 6,17), pôr anjos ao nosso redor (v. 7), suprir as nossas necessidades (v. 9), dar-nos vida abundante (v. 12), ouvir nossas orações (v. 15), confortar-nos com a sua presença (v. 18), e livrar nossa alma (v. 22) mas somente se buscarmos ao Senhor (vv. (vv. 4,10), clamarmos a Ele (v. 6), guardarmos nossa língua do mal da mentira (v. 13), fizermos o bem e procurarmos a paz (v. 14), tivermos um coração contrito (v. 18) e formos seus servos (v. 22). 

34.19 MUITAS SÃO AS AFLIÇÕES DO JUSTO. No AT Deus promete bênçãos e prosperidade a quem obedece à sua Lei. Mesmo assim, de par com esta promessa está a realidade que Muitas são as aflições do justo (ver Hb 11.33-38; 12.5-10). (1) Crer em Deus e viver em retidão não nos isenta de problemas e sofrimentos nesta vida. Pelo contrário, a dedicação a Deus amiúde nos traz provações e sofrimentos (ver Mt 5.10 nota). Está dito da parte de Deus que por muitas tribulações devemos entrar no seu Reino (At 14.22; cf. 1 Co 15.19; 2 Tm 3.12). O sofrimento dos justos é atenuado pela revelação que o Senhor quer nos livrar de toda as nossas aflições. Uma vez cumprido o seu propósito ao permitir a aflição, Ele passa a nos livrar dela, ou pela intervenção sobrenatural direta nesta vida (cf. Hb 11.33-35) ou pela morte triunfante e o ingresso na vida futura (cf. Hb 11.35-37)



Capítulo 35

35.1-38 PELEJA CONTRA OS QUE PELEJAM CONTRA MIM. Este é um dos chamados salmos imprecatórios, em que o salmista ora a Deus para que Ele castigue os inimigos do seu povo e abata os ímpios (ver Sl 35; 69; 109; 137; Ne 6.14; 13.29; Jr 15.15; 17.18; Gl 5.12; 2 Tm 4.14; Ap 6.10). O crente é ensinado a perdoar seus inimigos (Lc 23.34) e a orar pela salvação deles (Mt 5.39,44), porém chega a hora em que devemos orar para que cesse o mal e prevaleça a justiça a favor do inocente. O crente deve estar seriamente preocu-pado com as vítimas da crueldade, da opressão e da injustiça. Necessário se torna uma maior explanação sobre os salmos imprecatórios: (1) São orações para que cessem a injustiça, o crime e a opressão. O crente tem o direito de orar rogando a proteção de Deus contra os maus. (2) São súplicas a Deus para que Ele aplique a justiça e inflija ao ímpio a penalidade de acordo com o seu crime (ver 28.4). Se a justa retribuição não vier da parte de Deus ou do governo humano, a violência e o caos dominará na sociedade (ver Dt 25.1-3; Rm 13.3,4; 1 Pe 2.13,14). (3) Ao ler essas orações, notamos que o salmista não executa vingança com suas próprias mãos, mas que confia na mão de Deus (cf. Dt 32.35; Pv 20.22; Rm 12.19). (4) Os salmos imprecatórios chamam a atenção para o fato de que, quando a iniqüidade dos ímpios chega ao máximo, o Senhor, na sua justiça, com efeito julga e destrói (ver Gn 15.16; Lv 18.24; Ap 6.10,17). (5) Tenhamos em mente que essas orações são palavras inspiradas pelo Espírito Santo (cf. 2 Tm 3.16,17; 2 Pe 1.19-21), e não apenas a expressão de um propósito humano do salmista. (6) O anseio maior de uma oração imprecatória é o fim da injustiça e da crueldade, a extinção do mal, a derrota de Satanás, a exaltação da piedade, o estabelecimento da justiça e a vinda do reino de Deus. Este alvo é um assunto predominante no NT. O próprio Cristo afirma que o verdadeiro crente pode orar pedindo a vindicação dos justos. A oração da viúva: Faze-me justiça contra o meu adversário (Lc 18.3) teve resposta nas palavras de Jesus, afirmando que Deus fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite (Lc 18.7; cf. 6.9,10). (7) O crente deve manter em pé de igualdade dois princípios bíblicos: (a) o desejo que todos venham a conhecer Jesus Cristo como seu Salvador (cf. 2 Pe 3.9), e (b) o desejo de ver o mal eliminado e o reino de Deus triunfante. Devemos orar fervorosamente pela salvação dos perdidos e chorar pelos que rejeitam o evangelho. Devemos, no entanto, saber também que a justiça, a bondade e o amor nunca serão estabelecidos segundo o propósito de Deus enquanto o mal não for eternamente vencido, e Satanás e seus seguidores subjugados (Ap 6.10,17; 19 21). Os fiéis devem orar: vem, Senhor Jesus (Ap 22.20) como a solução final, definitiva, para o mal no mundo. 

35.4 SEJAM CONFUNDIDOS E ENVERGONHADOS. O crente do NT pode fazer esta oração como um clamor a Deus, para que Ele domine o grande inimigo, Satanás, e como testemunho do nosso repúdio ao pecado e ao mal.



Capítulo 36

36.4 NÃO ABORRECE O MAL. Mal , aqui, refere-se ao mal como raiz e à degeneração geral da raça humana. Com isto em mente, os ímpios não odeiam o mal. (1) O ódio ao mal é um aspecto intrínseco do caráter de Deus (Pv 6.16; Jr 44.4; Hc 1.13). É um aspecto fundamental do ministério de Cristo e da sua condição de Rei (45.7; ver Hb 1.9 nota). (2) Alguém pode ser amoroso e bondoso, e fazer o bem aos pobres, mas se não tiver indignação contra o mal, desprezo pelos caminhos imorais do mundo, zelo pela santidade e repulsa à iniqüidade, os tais deixarão de andar com Deus, e de seguir o Espírito Santo (cf. Gl 5.16-24). Vós que amais ao SENHOR, aborrecei o mal (97.10).



Capítulo 37

37.1-40 NÃO TE INDIGNES. Este salmo não é uma oração, mas uma série de expressões ou instruções em forma de provérbios a respeito da sabedoria segundo Deus. Seu tema concerne a atitude do crente ante o aparente sucesso dos ímpios e das tribulações dos justos (Sl 49; 73). Ensina que os ímpios serão por fim abatidos e perderão tudo que conseguiram na terra, enquanto os justos, que permanecem leais a Deus, gozarão da sua presença, ajuda e direção na terra e herdarão a salvação e o céu. Segundo o NT, a herança do crente é o novo céu e... nova terra (ver Ap 21.1). 

37.4 DELEITA-TE TAMBÉM NO SENHOR. Deleitar-se no Senhor é desejar e fruir a intimidade da sua presença e a veracidade e justiça da sua Palavra (cf. Jó 22.26; 27.10; Is 58.14). Àqueles que se deleitam no Senhor, Deus atende o desejo de seus corações. (1) Deus atenderá o anseio do coração do crente, se tal desejo estiver de conformidade com a sua vontade (ver Jo 15.7 nota). (2) Quando nos comprazemos em Deus e na sua vontade, o próprio Deus põe em nosso coração desejos que Ele se propõe a cumprir (Fp 2.13). 

37.6 ELE FARÁ SOBRESSAIR A TUA JUSTIÇA COMO A LUZ. Os justos, aflitos pelos pecados do mundo, têm aqui as seguintes promessas: (1) respostas às suas orações (vv. 4,5); (2) vindicação dos seus justos padrões (v. 6); (3) uma herança celestial (vv. 9,11,34); (4) o auxílio potente do Senhor (vv. 17-19,39); (5) a direção, proteção e presença do Senhor (vv. 23-25,28); e (6) a salvação (v. 39). 

37.7 ESPERA NELE. Este salmo revela como deve proceder o justo quando o ímpio prospera, apesar da sua conduta perversa e imoral. Devemos perseverar firmemente na fé enquanto esperamos que Deus faça justiça e nos desagrave (cf. v. 1; 73; Pv 3.31; 23.17; 24.1; Jr 12). É possível ter paciência nas aflições e sofrimentos com a ajuda do Espírito Santo (Gl 5.22; Rm 8.3,4; cf. Ef 4.1,2; Cl 1.11; 3.12), o qual nos dá a certeza de que em breve Deus nos retribuirá e castigará os ímpios (cf. Rm 8.28; Hb 12.1,2,5-13).



Capítulo 38

38.1-22 NÃO ME REPREENDAS. Este salmo é uma oração angustiada para Deus remover o castigo pessoal pelo pecado. Davi está plenamente convicto do desagrado de Deus sobre si (vv. 1,2). Seu corpo foi atingido por enfermidade e fraqueza (vv. 3-10), e ele sabe que seu sofrimento é resultado da insensatez do seu próprio pecado (vv. 3-5,18). Ele aceita o castigo, confessa o pecado e confia em Deus para lhe socorrer e livrar (vv. 18,21,22). Devem fazer esta oração todos que pecaram e estão sofrendo por causa do sentimento de culpa, remorso e julgamento divino. 

38.3 NÃO HÁ COISA SÃ NA MINHA CARNE. O salmista ressalta duas conseqüências por cometer pecado grave, conhecendo o Senhor e sendo alvo da sua misericórdia. (1) A ira e o castigo divinos em relação ao pecado. O ensino que Deus sempre perdoa o pecado e se esquece dele, sem nunca castigar o crente arrependido, não é bíblico. O crente que peca e se concerta com Deus pode levar algum tempo para desfrutar novamente da benevolência de Deus. Mesmo já perdoado, pode haver conseqüências temporais para o crente durante meses ou anos (ver 2 Sm 12.9-13 notas). (2) Dor física e angústia mental. O pecado resulta em pesado ônus ao transgressor. Deus pode permitir uma grave enfermidade ou mesmo a morte, devido a iniqüidade cometida (vv. 3-10; cf. At 12.21-23; 1 Co 11.29,30). 

38.21 NÃO TE ALONGUES DE MIM. Uma conseqüência terrível do pecado deliberado é a perda da comunhão com Deus e da consciência da sua presença (cf. 22.19; 35.22; 71.12). Cometer pecado deliberado, depois de conhecer a misericórdia de Deus e de termos em nós a presença do Espírito Santo, torna-se em algo doloroso e amargo.



Capítulo 39

39.1-13 GUARDAREI OS MEUS CAMINHOS. Neste salmo continua o tema do Sl 38, pois o salmista ainda está sob severa disciplina divina. Ele sabe que da parte do Senhor provém o seu sofrimento: estou desfalecido pelo golpe da tua mão (v. 10). Ele anseia saber quanto tempo terá de vida e quanto tempo ainda terá de sofrer esse castigo direto da parte de Deus. Ora para que ele não morra afastado de Deus e da sua misericórdia (vv. 12,13). 

39.4-6 FAZE-ME CONHECER... O MEU FIM. Davi ora para que o Senhor lhe ajude a perceber quão curta é a duração da sua vida aqui (cf. v. 11; 62.9; 144.4; Jó 7.7). Esta deve ser uma solene preocupação nas orações de todos os crentes. Deus reservou a cada um de nós um tempo muito breve aqui na terra, como um -período probatório para averiguar nossa fidelidade a Ele, em meio a uma geração perversa que se opõe a Deus e à sua Palavra. O crente pode viver aqui, os dias da sua vida, preso às coisas deste mundo, pouco pensando no seu verdadeiro lar, no céu, com Deus. Ou, pode viver como peregrino, rejeitando o modo de viver dos ímpios, dedicado aos caminhos do Senhor, e dando testemunho do evangelho de Cristo, para que outros possam ser salvos. Que cada um de nós aprenda a contar os nossos dias (90.12) e a saber que somente aquilo que se faz para Deus e para o próximo perdurará eternamente (ver Lc 12.20; Tg 4.14).



Capítulo 40

40.6 SACRIFÍCIO E OFERTA NÃO QUISESTE. O salmista estava cônscio de que os sacrifícios e os ritos simbólicos requeridos por Deus na sua lei eram insuficientes em si, e não substituíam a dedicação genuína e a sincera obediência a Ele (ver 1 Sm 15.22; Is 1.11-17; Je 7.22,23; Mq 6.6-8). Semelhantemente, os crentes do NT podem ser batizados em água, participar da Ceia do Senhor, da adoração, ou de cânticos de louvor, sem um coração realmente dedicado a Deus e aos mandamentos da sua Palavra. Nenhum ritual religioso pode substituir a obediência que é própria da fé (cf. Rm 1.5). 

40.8 DELEITO-ME EM FAZER A TUA VONTADE, Ó DEUS MEU. Hebreus 10.5-10 cita os versículos 6-8 deste salmo, da Septuaginta, e os aplica a Jesus Cristo. O versículo 6 fala da insuficiência do velho concerto; o versículo 7 refere-se à vinda de Cristo ao mundo para efetuar a redenção (cf. Lc 24.27; Jo 5.46). Os versículos 8-10 ressaltam a sua obediência ao Pai Celestial e sua pregação da justiça (cf. Fp 2.5-8). O lema de toda a vida de Jesus foi: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade (Hb 10.9). É mediante a obediência de Cristo até à morte, que fomos santificados (Hb 10.10) para que a lei de Deus fosse colocada em nosso coração (Hb 10.16). Logo, cada crente deve também afirmar estas palavras de Cristo na sua própria vida: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade . 

40.8 A TUA LEI ESTÁ DENTRO DO MEU CORAÇÃO. A fé obediente que Deus requer é uma fé que sinceramente se compraz em fazer a vontade de Deus e que manifesta o alegre esforço de guardar a Palavra de Deus no coração (cf. 119.11; Jo 15.7).



Capítulo 41

41.1 BEM-AVENTURADO É AQUELE QUE ATENDE AO POBRE. Deus tem cuidado especial dos fracos e indefesos, e abençoa quem demonstra compaixão pelos necessitados. Os versículos 1-3 explanam o princípio: Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia (Mt 5.7). Se tivermos compaixão de Deus pelos necessitados, poderemos orar com confiança para Deus nos livrar nas dificuldades (v. 1), guardar-nos do mal (v. 2), abençoar a nossa vida (v. 2), aniquilar o poder de Satanás e dos nossos inimigos (v. 2), e nos dispensar sua presença e cura quando estivermos enfermos (v. 3; cf. 72.2,4,12; Dt 15.7-11; Pv 29.14; Is 11.4; Jr 22.16; ver Mt 6.30 nota). 

41.9 LEVANTOU CONTRA MIM O SEU CALCANHAR. Jesus citou este versículo e o aplicou a Judas Iscariotes que, sendo um amigo de confiança, traiu o Salvador (Mt 26.14-16,20-25; Jo 13.18; ver Lc 22.3 nota).



Capítulo 42

42 (Título) OS FILHOS DE CORÁ. Trata-se de uma família de levitas cantores (cf. 2 Cr 20.19). Para o termo masquil, ver Sl 32, título, nota. 

42.2 A MINHA ALMA TEM SEDE DE DEUS. Assim como a água é essencial à vida física, assim também Deus e a sua presença são essenciais à satisfação e à normalidade da vida. O verdadeiro crente terá fome e sede de Deus e da sua graça, bênção e operação sobrenatural na sua vida. (1) Sem sede de Deus a pessoa morre espiritualmente. Não devemos, pois, permitir que coisa alguma faça diminuir nosso anelo pelas coisas de Deus. Acautele-se dos cuidados deste mundo, da busca das coisas terrenas e dos prazeres que tiram a fome e sede de Deus, e o desejo de buscar a sua face em oração (Mc 4.19). (2) Devemos orar para que aumente o nosso anseio pela presença de Deus, que nosso desejo pela plena manifestação do Espírito Santo cresça, e que se aprofunde a nossa paixão pela plenitude do reino de Cristo e sua justiça, até clamarmos por Ele de dia e de noite, com sede sincera, assim como o cervo brama pelas correntes das águas em tempos de seca (v. 1; ver Mt 5.6; 6.33 notas). 

42.6 Ó MEU DEUS... A MINHA ALMA ESTÁ ABATIDA. Aqueles que têm sede de Deus e anseiam por uma manifestação maior da sua presença podem vir a experimentar certa demora. Mesmo assim, o crente fiel continuará tendo sede de Deus e buscando a sua presença. O Senhor tem prometido que abençoará os que têm fome e sede de justiça, os quais não se contentam com menos do que a plenitude da bênção divina (Mt 5.6). Em meio ao silêncio de Deus, devemos persistir em conhecê-lo e experimentar uma manifestação maior do Espírito Santo (cf. Os 6.1-3; At 2.38,39; 4.11-13). Não devemos desanimar, mas, sim, pôr nossa esperança em Deus e confiar no seu imutável amor (vv. 8-11).



Capítulo 44

44.9 MAS, AGORA, TU NOS REJEITASTE. O salmista crê que o povo de Deus está sofrendo e sob derrota porque Deus o abandonou (vv. 9-16). Contudo, está perplexo porque não vê pecados que motivem semelhante rejeição, pois permanecem fiéis a Deus e ao seu concerto (vv. 17-19). Tal situação exemplifica a experiência dos filhos de Deus que, mesmo retos e inculpáveis como Jó, não deixam de passar por grandes adversidades, por períodos difíceis de provação, e momentos em que a presença de Deus parece ter-se retirado. A resposta disso acha-se no versículo 22 (ver a nota seguinte).

44.22 SIM, POR AMOR DE TI, SOMOS MORTOS TODO DIA. O Espírito Santo revela que o sofrimento vem ao povo de Deus por causa da sua fidelidade a Ele num mundo hostil. O apóstolo Paulo cita este versículo em Rm 8.36, para ensinar que todos que se identificam com Cristo e que não se conformam com o mundo ímpio, enfrentarão aflições, perseguição e outros sofrimentos. Ao mesmo tempo, o povo de Deus tem como certa a vitória em Jesus Cristo, sabendo que sofrimento algum pode separá-lo do amor de Deus (ver Rm 8.17,36 notas).



Capítulo 45

45.6,7 O TEU TRONO, Ó DEUS, É ETERNO. Estes dois versículos têm em Jesus Cristo o seu pleno cumprimento. O autor de Hebreus aplica estes versículos à exaltação, preeminência, autoridade e caráter de Cristo (Hb 1.8). (1) O domínio de Cristo será para todo o sempre (Ap 1.6). O Rei Messiânico é chamado Deus no versículo 6 e é diferençado de teu Deus (i.e., o Pai) no versículo 7. Esta distinção harmoniza-se com o ensino do NT de que tanto Cristo quanto o Pai são Deus em plenitude. (2) Neste salmo, vemos a característica mais proeminente de Cristo em termos de amar e aborrecer. (a) Ele ama a justiça, pois ela caracteriza seu reino. Uma vez que sua alegria consiste no cumprimento da vontade do Pai (Hb 10.7), Ele ama sobremaneira a justiça em todas as suas manifestações (cf. Ef 5.26; Hb 13.12). (b) Tanto quanto Ele ama a justiça, assim também aborrece a iniqüidade. Ele deixou isto claro ao morrer na cruz para debelar o mal e salvar o seu povo dos seus pecados (Mt 1.21). Enquanto Ele esteve na terra, defrontou-se com todas as formas de pecado: uma geração perversa (Mt 12.39), as forças satânicas da iniqüidade (Mc 1.34-39) e a hipocrisia entre o povo de Deus (Mt 23). No fim dos tempos, Ele voltará para estabelecer a justiça na terra (Ap 19 22). (3) Porque Jesus ama a justiça e aborrece a impiedade, Deus o estabeleceu, ao ungi-lo, sobre todos os demais. Esta unção refere-se à glória, bem-aventurança e autoridade que Deus lhe deu. O óleo de alegria relaciona-se diretamente com sua unção pelo Espírito Santo (ver Mt 3.16,17; Gl 5.22, 23; ver Hb 1.9 nota). (4) Semelhantemente, o derramamento abundante do Espírito Santo sobre o povo de Deus virá somente à medida que esse povo ame a justiça com o profundo amor de Cristo. Além disso, o direito de servirmos como líderes espirituais do povo de Deus terá por base um amor à justiça, como o de Cristo, e uma contínua resistência ao mal (1 Tm 3.1-7).



Capítulo 46

46.1,2 NOSSO REFÚGIO E FORTALEZA. Embora todo crente, às vezes, passe por tempos de aridez espiritual (cf. Sl 44), isto não é normal. Deus quer estar perto do seu povo e prover-lhe ajuda e consolo. Este salmo evidencia fé e confiança em Deus, em ocasiões de instabilidade e insegurança. (1) Em Deus temos o poder e a capacidade de enfrentar as incertezas e lutas da vida. Refúgio fala de abrigo no perigo, mostrando que Deus é nossa real segurança nas tormentas da vida (ver Is 4.5,6). Fortaleza refere-se à força divina na peleja do crente contra seus inimigos (21.8; Êx 15.13) e inclui o poder de Deus que opera em nós (Cl 1.29) e nos capacita a vencer os obstáculos da vida. (2) Conclusão: Deus é socorro bem presente na angústia . Ele está ao alcance do seu povo e quer que busquemos seu socorro em qualquer momento de necessidade (Hb 4.16). Ele é suficiente em qualquer situação e nunca nos deixa só. Por isso, não precisamos temer. 

46.4 HÁ UM RIO. O rio de Deus é o fluxo contínuo da sua graça, glória e poder no meio do povo salvo (cf. v. 11; Is 8.6; Ez 47.1; Ap 22.1). Esse rio puro, vivificador, flui de Deus Pai (Jr 2.13), de Deus Filho (Zc 13.1; Jo 4.14) e de Deus Espírito Santo (Jo 7.38,39). Flui do trono de Deus e vivifica constantemente os santos, tanto os da terra (Jo 4.13,14; 7.38), como os do céu (Ap 22.1). A bênção suprema desse rio é que ele traz Deus para o meio do seu povo (v. 5): O SENHOR dos Exércitos está conosco (vv. 7,11). 

46.10 AQUIETAI-VOS. O hebraico aqui também admite a tradução soltem-se , i.e., larguem as coisas que impedem o crente de exaltar a Deus e de dar-lhe seu devido lugar na vida.



Capítulo 48

48.1 NA CIDADE DO NOSSO DEUS. A cidade do nosso Deus e do grande Rei (v. 2) é Jerusalém (Mt 5.35). Ela será estabelecida para sempre (v. 8). Aquilo que Deus começou no AT, Ele completará na Nova Jerusalém no fim dos tempos (Ap 21.10 22.5). 

48.14 DEUS... SERÁ NOSSO GUIA ATÉ À MORTE. Deus tem dado a certeza que Ele será o guia constante e fiel do crente durante toda sua vida, no momento da sua morte, e daí até o eterno lar, onde estaremos com Ele para sempre (Jo 14.1-3; 1 Ts 4.17; Ap 21.3; ver Fp 1.21 nota;



Capítulo 49

49.1-20 OUVI. Este salmo ressalta tanto a futilidade de confiar nas riquezas, como a condição transitória de tudo o que há na terra. O salmista declara que a pessoa cujos valores da vida consistem na abundância de bens ou nos prazeres ou fama deste mundo (Mt 6.19-21; Lc 12.15), ao invés de buscar a Deus e ao seu reino, perecerá (vv. 12-14,16,17); por outro lado, os que vivem para Deus serão libertos do poder da sepultura (Seol) (v. 15).



Capítulo 50

50.15 INVOCA-ME NO DIA DA ANGÚSTIA. O Senhor chama todos os fiéis para que sempre o busquem em tempos de necessidade e lutas. Deus deseja atender nossas orações, ajudar-nos, e ter seu nome conhecido como um Deus que livra o seu povo. 50.16-23 QUE TENS TU QUE... TOMAR O MEU CONCERTO NA TUA BOCA? O Senhor faz uma severa advertência aos iníquos hipócritas entre o seu povo e ameaça fazer em pedaços (v. 22) os que fingem devoção, que reivindicam a salvação segundo o concerto e as bênçãos da sua Palavra, mas que ao mesmo tempo ignoram seus justos mandamentos e se conformam com a impiedade de uma sociedade perversa. No fim, não terão livramento (v. 22); e ainda receberão maior condenação (Mt 23.14; ver 1 Co 11.27 nota).



Capítulo 51

51.1-19 TEM MISERICÓRDIA DE MIM. Todos que pecaram gravemente e que estão opressos por sentimento de culpa podem obter o perdão, a purificação do pecado e a restauração diante de Deus, se o buscarem conforme a natureza e a mensagem deste salmo. A súplica de Davi, por perdão e restauração, baseia-se na graça, misericórdia, benignidade e compaixão de Deus (v. 1), num coração verdadeiramente quebrantado e arrependido (v. 17) e, em sentido pleno, na morte vicária de Cristo pelos nossos pecados ( 1 Jo 2.1,2). 

51 (Título) SALMO DE DAVI. Conforme se lê no título, este salmo de confissão é atribuído a Davi, alusivo ao momento em que o profeta Natã revelou seus pecados de adultério e de homicídio (cf. 2 Sm 12.1-13). (1) Note-se que este salmo foi escrito por um crente que voluntariamente pecou contra Deus e de modo tão grave que foi privado da comunhão e da presença de Deus (cf. v. 11). (2) Provavelmente, Davi escreveu este salmo já arrependido, após Natã declarar-lhe o perdão divino (2 Sm 12.13). Davi roga contritamente a plena restauração da sua salvação, a pureza, a presença de Deus, a vitalidade espiritual e a alegria (vv. 7-13). 

51.3 O MEU PECADO ESTÁ SEMPRE DIANTE DE MIM. Às vezes, a certeza do perdão e restauração da bênção divina não ocorrem facilmente. A pessoa que antes desfrutava a alegria da salvação e desce às profundezas da imoralidade poderá passar por um período prolongado de arrependimento e de conflitos interiores antes de receber a certeza do perdão e a plena restauração ao favor de Deus. A experiência de Davi revela quão terrível é ofender a um Deus santo depois de alguém ter sido tão ricamente abençoado por Ele. 

51.4 CONTRA TI... PEQUEI. Davi não diz que seu pecado foi cometido contra outras pessoas mas, sim, que antes de tudo ele foi cometido contra Deus e a sua Palavra (2 Sm 12.9,10). 

51.5 EIS QUE EM INIQÜIDADE FUI FORMADO. Davi reconhece que desde a sua infância possui uma propensão natural para o pecado. Noutras palavras, ele reconhece que sua própria natureza é pecaminosa. Toda pessoa, desde o nascimento, tem uma propensão egoísta para satisfazer seus próprios desejos, fazendo o que lhe apraz, mesmo que isso prejudique e cause sofrimento ao próximo (ver Rm 5.12 nota). Tal inclinação só pode ser expurgada da nossa vida através da redenção em Cristo e habitação do Espírito Santo em nós. 

51.10 CRIA EM MIM, Ó DEUS, UM CORAÇÃO PURO. Todos os crentes precisam que o Espírito Santo crie neles um coração puro que aborreça a iniqüidade, e um espírito renovado e disposto a fazer a vontade de Deus. Somente Deus pode nos fazer novas criaturas e nos restaurar à verdadeira santidade (Jo 3.3; 2 Co 5.17.

51.11 NÃO RETIRES DE MIM O TEU ESPÍRITO SANTO. Davi sabe que se Deus abolir da sua vida a obra do Espírito Santo, que convence e repreende o pecador face aos seus pecados, não haverá qualquer esperança de salvação (ver Jo 16.8 nota). 

51.12 TORNA A DAR-ME A ALEGRIA DA TUA SALVAÇÃO. O Senhor restaurou a Davi a alegria da salvação, mas observe-se o seguinte a respeito da sua vida: (1) As Escrituras ensinam claramente que ceifaremos aquilo que semearmos: se semearmos no Espírito, do Espírito ceifaremos a vida eterna; se semearmos na carne, da carne ceifaremos a corrupção (Gl 6.7,8). Davi, em virtude do seu pecado, sofreu conseqüências até o fim, na sua própria vida, na sua família e no seu reino (2 Sm 12.1-14). (2) As terríveis conseqüências do pecado de Davi, mesmo depois da sua sincera confissão e arrependimento, devem suscitar em todos os filhos de Deus um santo temor de pecar deliberadamente em aberta rebelião contra a redenção provida para eles em Jesus Cristo (ver 2 Sm 12 nota). 

51.17 UM CORAÇÃO QUEBRANTADO E CONTRITO. Deus não rejeitará um coração quebrantado e contrito, cheio de tristeza por causa da sua iniqüidade. Quando nosso egoísmo e orgulho são vencidos e humilhados, chamamos a Deus, e por sua graça e perdão, com certeza seremos aceitos por Ele (cf. Is 57.15; Lc 18.10-14).



Capítulo 53

53.1-6 O NÉSCIO. Este salmo é quase idêntico ao Sl 14 (ver 14.1-7 nota).



Capítulo 54

54.4 DEUS É O MEU AJUDADOR. Este salmo é uma oração apropriada para o crente ante perigo ou tragédia iminente. O salmista clama por socorro, certo de que Deus o atenderá com seu poder de salvar, livrar e curar. Hoje, o Senhor envia o Espírito Santo para ser nosso ajudador na terra e o sustentáculo da nossa alma (ver Jo 14.16 nota).



Capítulo 55

55.4 O MEU CORAÇÃO ESTÁ DORIDO DENTRO DE MIM. Talvez Davi tenha escrito este salmo logo após ser traído por seu filho Absalão, que deste modo tentou usurpar o trono. A rebelião de Absalão foi uma das muitas terríveis conseqüências do pecado de Davi com Bate-Seba que ele teve que suportar (ver 2 Sm 12.11,12 nota). 

55.6 AH! QUEM ME DERA ASAS COMO DE POMBA! VOARIA. Quando oprimidos pelos maus, ou por inimigos espirituais, ou quando as preocupações da vida nos causam medo, angústia, ou ansiedade opressiva (vv. 2-5), nós, muitas vezes, gostaríamos de fugir desses males daqui e, assim, obter descanso e alívio (cf. Jr 9.2). Na maioria dos casos, porém, não nos é possível fugir de tais situações. A verdadeira solução está somente no refúgio em Deus. Podemos então fazer como fazia o salmista invocar a Deus de tarde, de manhã e ao meio-dia (vv. 16-18), e lançar nosso fardo sobre o Senhor, confiando nEle para nos suster (v. 22; ver nota seguinte). 

55.22 LANÇA O TEU CUIDADO SOBRE O SENHOR. Quando, sob provações, que de tão pesadas não podemos suportar, Deus nos convida a lançar sobre Ele nossos fardos e cuidados. Ele, então, conduz o peso juntamente conosco e nos sustém em todas as situações. Temos esse convite repetido pelo Espírito Santo ao longo da história da salvação. Jesus fez esse convite em Mt 11.28-30. O apóstolo Pedro afirmou que os crentes devem humilhar-se diante de Deus, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós (1 Pe 5.7). E o apóstolo Paulo nos exortou a levar todas as nossas ansiedades a Deus em oração, com a promessa de que, assim, a paz de Deus guardará nossos corações e mentes (ver Fp 4.7 nota).



Capítulo 56

56.4 LOUVAREI A SUA PALAVRA. Em tempos de incerteza e dificuldades, devemos louvar a Deus pelos seus justos mandamentos, suas promessas e por toda palavra que Ele enuncia através da Bíblia (ver Sl 119). À medida que confiarmos em Deus e na sua Palavra escrita, a fé substitui o medo (vv. 4,11), e Deus torna-se nosso ajudador e libertador (v. 13). Lembre-se da verdade: Deus está comigo (v. 9; ver a nota seguinte; cf. Rm 8.31). 

56.8 PÕE AS MINHAS LÁGRIMAS NO TEU ODRE... NO TEU LIVRO. Deus vê, conhece e registra por escrito todos os nossos problemas, aflições e sofrimentos (cf. 139.16; Mt 6.25-32). (1) Cada lágrima derramada por um crente fiel é altamente estimada por Deus, e eternamente preservada na sua memória. Ele assim faz para consolar e recompensar o crente, de conformidade com seu sofrimento na terra. Cada provação em que formos fiéis a Deus, trará uma abundante ceifa de alegria e de glória quando estivermos com Ele no céu (ver Rm 8.17 nota; 1 Pe 4.14 nota). (2) Portanto, quando em aflição, preocupação, ou pesadas lutas, nunca devemos esquecer que Deus nos olha com amor em todas essas experiências desagradáveis, doenças, noites sem poder dormir, problemas financeiros, ou no trabalho.



Capítulo 57 

57.1 À SOMBRA DAS TUAS ASAS. A sombra das asas de Deus representa seu amor, proteção, força e misericordiosa presença. O fiel se refugia sob essas asas quando se chega a Deus em oração e na dependência dEle pela fé (ver 17.8; 36.7; 91.4). Sob suas asas estamos protegidos contra tudo o que for contrário ao propósito divino para a nossa vida (v. 2; ver 17.8 nota).



Capítulo 58

58.10 O JUSTO SE ALEGRARÁ QUANDO VIR A VINGANÇA. Este versículo expressa a alegria e o contentamento do povo de Deus quando o mal é vencido e eliminado. Semelhantemente, os crentes do NT devem desejar com oração a aniquilação definitiva de todo o mal e o estabelecimento do reino de Deus no novo céu e na nova terra (Ap 6.9,10; 11.15-17; 18.20; 19.1-4,13-18; 21.1-7).



Capítulo 59

59.13 CONSOME-OS NA TUA INDIGNAÇÃO. Ver 35.1-28, nota sobre a oração para que Deus julque os inimigos do seu povo.



Capítulo 60

60.1-12 Ó DEUS, TU NOS REJEITASTE... TU TENS ESTADO INDIGNADO. Davi confessa que o povo de Deus sofreu derrota na batalha porque Deus não os ajudou, nem os protegeu, visto que eles o deixaram e não quiseram fazer a sua vontade. Nessa situação trágica, a solução para Israel era buscar a Deus com arrependimento e oração, renovar seu temor por Ele e dedicar-se à verdade (v. 4). Da mesma maneira, nós, do novo concerto, teremos derrota espiritual em nossas igrejas, famílias e individualmente, se pecarmos contra o Espírito de Deus e vivermos em parceria com a sociedade ímpia ao nosso redor, com soberba, longe dos princípios bíblicos da verdade e santidade



Capítulo 61

61.4 ABRIGAR-ME-EI NO OCULTO DAS TUAS ASAS. Ver 35.1-28 nota; 57.1 nota.



Capítulo 62

62.1 DELE VEM A MINHA SALVAÇÃO. Este salmo expõe um princípio que todo crente deve adotar. Em tempos difíceis, de aflição, ou oposição da parte dos inimigos, devemos voltar-nos para Deus como nosso verdadeiro refúgio e libertador. Todo aquele que confia em Deus deverá dizer: (1) Não permitirei que nenhuma aflição, crise, ou sofrimento abale a minha confiança em Deus (vv. 2,6). Não somente dEle vem o meu livramento (v. 1), mas Ele mesmo é a minha salvação e a minha fortaleza (vv. 6,7). (2) Nos tempos de preocupação ou ameaças, eu lhe entregarei os meus cuidados e, em fervente oração, lhe falarei tudo o que há no meu coração (ver Fp 4.6 nota). (3) Esperarei no Senhor para que Ele aja em meu favor, seguro de que Ele responderá com misericórdia e compaixão, tendo em vista os meus apertos (vv. 11,12).



Capítulo 63

63.1-11 Ó DEUS... DE MADRUGADA TE BUSCAREI. Todo crente deve orar como Davi orou neste salmo, o qual (1) descreve o profundo anseio por Deus que o crente sente no seu coração, anseio este que só encontra satisfação numa íntima comunhão com Ele (ver Sl 42 notas); (2) leva-nos a conhecer a Deus e a testar a nós mesmos, perguntando: Tenho de fato profunda sede de Deus e da sua presença na minha vida? Ou vivo mais ocupado com as coisas seculares e passatempos mundanos, enquanto que a oração, a leitura da Bíblia e a profunda fome e sede de Deus e da sua justiça têm pouco lugar ou interesse na minha vida? (ver Mt 5.6 nota; 

6.33 nota) 63.2 PARA VER A TUA FORTALEZA E A TUA GLÓRIA... NO SANTUÁRIO. O crente não somente deve buscar com zelo a presença de Deus em sua vida pessoal, mas também anelar que o seu Espírito, o seu poder e a sua glória se manifestem na sua Casa. Devemos orar para que Deus demonstre o seu poder contra o domínio satânico, a opressão demoníaca (Mt 12.28; Mc 1.34,39), o pecado (Rm 6) e as doenças e enfermidades (Mt 4.23; 9.35; At 4.30; 8.7). Devemos, com fervor, orar para que o evangelho convença e salve os pecadores (Jo 16.8-11; At 4.33), santifique-os (Jo 17.17) e os conduza à plenitude do Espírito (At 1.8; 2.4). 

63.6 QUANDO ME LEMBRAR DE TI... E MEDITAR EM TI. Juntamente com a oração e a leitura da Palavra de Deus, devemos procurar concentrar nossos pensamentos nEle, de dia e de noite. Lembrar de Deus não nos deve ser algo casual, mas uma prática constante, a saber: pensar no céu e louvar a Deus, ante a sua presença e seu senhorio, tendo comunhão com Ele. Nada seria melhor do que se nosso primeiro pensamento da manhã e o último da noite fossem a respeito da sua graça, caráter, amor e plano para nossa vida. E, quando não pudermos dormir de noite, devemos então dirigir nossa mente e coração a Deus.



Capítulo 64

64.1-10 LIVRA A MINHA VIDA DO HORROR DO INIMIGO. O salmista ora a Deus, rogando proteção das tramas e trapaças dos seus inimigos. Podemos aplicar essa oração às lutas espirituais do crente contra Satanás. Devemos orar para que Deus nos proteja do Maligno e daqueles que ele usa contra nós (ver Mt 6.13 nota). Nessas lutas, podemos confiar que Deus luta por nós para nos salvar (vv. 7-10).



Capítulo 65

65.4 BEM-AVENTURADO AQUELE A QUEM TU... FAZES CHEGAR A TI. Nossa maior alegria é estar perto de Deus e desfrutar da comunhão com Ele. Isso é agora possível para todos os crentes, mediante o sacrifício de Jesus Cristo (Hb 10.10-22) e a presença do Espírito Santo habitando em nós (Ef 5.18). A Bíblia nos exorta a continuamente nos aproximarmos de Deus, a fim de que recebamos sua misericórdia e fortaleza para nos assistir nas necessidades (Hb 4.16; 7.25). A maior vergonha do crente seria não dar o devido valor a esse privilégio da comunhão com Deus, tendo-o por indigno do nosso constante esforço (cf. Hb 10.36-39).



Capítulo 66

66.5 VINDE E VEDE AS OBRAS DE DEUS. A operação do Espírito Santo deve ser de tal maneira numa congregação de crentes, que eles possam glorificar a Deus e dizer aos outros: Vinde e vede as obras de Deus. Somente uma plena demonstração do poder de Deus entre o seu povo convencerá os perdidos da veracidade do evangelho de Cristo. Esses crentes devem ainda testemunhar pessoalmente ao próximo e falar do cuidado constante de Deus em suas vidas (v. 16) 

66.18 SE EU ATENDER À INIQÜIDADE... O SENHOR NÃO ME OUVIRÁ. Aqueles que têm prazer na iniqüidade não têm esperança de resposta às suas orações quando invocam a Deus. Ele quer que nos apartemos do pecado; só, então, é que Ele nos atenderá assim como um Pai atende um filho (2 Co 6.14-18; ver Tg 4.3 nota; 1 Jo 3.22 nota).



Capítulo 67

67.1,2 DEUS... NOS ABENÇOE... PARA QUE SE CONHEÇA NA TERRA O TEU CAMINHO. Este salmo fala do plano de Deus para seu povo quando no princípio Ele chamou Abraão (ver Gn 12.1-3; cf. Nm 6.24). (1) Deus escolheu esse homem para que, através da sua descendência, Ele se tornasse conhecido das nações da terra. Seu propósito era que Israel recebendo e desfrutando a sua graça e bênçãos, levasse as nações pagãs a reconhecerem isso, para também adorarem-no e aceitarem seus caminhos de verdade e retidão. (2) Os crentes do NT devem orar para que Deus os abençoe e às suas famílias, mediante sua presença, amor, graça, direção, salvação, cura divina e plenitude do Espírito, a fim de que os perdidos busquem a verdade e a salvação em Cristo (Mt 5.14-16). (3) A chave do evangelismo eficaz e da obra missionária é a bênção de Deus ricamente derramada sobre seu povo (vv. 2,7). Essa bênção é descrita no NT como o Espírito Santo prometido (Gl 3.14), enviado pelo Pai ao nosso coração (Gl 4.6). Por meio do Espírito habitando em nós, a proclamação do evangelho às nações alcançará seus resultados desejados (cf. At 1.8).



Capítulo 68

68.1-35 LEVANTE-SE DEUS. Este salmo, que exalta o governo soberano de Deus sobre seu povo Israel, seu cuidado com esse povo e sua vitória sobre seus inimigos, pode prenunciar (1) a destruição por Cristo do mal e do maligno no fim da presente era; e (2) o triunfo de todos os crentes em Cristo, quando se regozijarem eternamente na presença de Deus (Ap 19-21). 

68.5 PAI DE ÓRFÃOS. Tanto o AT como o NT acentuam o fato de Deus como pai do cristão. Deus se compraz em proteger os fracos, os desvalidos, os injustiçados e os solitários entre o seu povo. Se o crente se encontra sozinho neste mundo, ele pode orar pedindo que Deus o ponha sob seu cuidado e proteção especiais (ver Lc 7.13 nota). 

68.18 TU SUBISTE AO ALTO. Este versículo descreve a marcha triunfal de Deus na história de Israel, culminando com o estabelecimento do seu governo em Jerusalém. Isso também prefigura a ascensão de Cristo para o céu, onde reina como cabeça da igreja, e para conduzir muita gente ao reino de Deus (ver Ef 4.8). 

68.19 QUE DE DIA EM DIA NOS CUMULA DE BENEFÍCIOS. Este versículo também pode ser traduzido: que de dia em dia carrega nossos fardos (55.22 nota).



Capítulo 69

69.1-36 LIVRA-ME. Este salmo, juntamente com o Sl 22, é um dos mais citados no NT, como se segue: v. 4 Jo 15.25; v. 9 Jo 2.17; Rm 15.3; vv. 22,23; Rm 11.9,10; v. 25 At 1.20. (1) O autor descreve uma pessoa que se acha no pior desespero, sofrendo muito em todos sentidos imagináveis por causa da sua fidelidade a Deus e aos seus retos caminhos (vv. 7-12). Quer adorar a Deus como Ele determinou (vv. 9-12). (2) Alguns dos trechos deste salmo prefiguram os sofrimentos de Jesus. Porém, a confissão do versículo 5 e as maldições dos versículos 22-28, nada têm a ver com Cristo. 

69.1-4 LIVRA-ME, Ó DEUS. Esta expressão dos terríveis sofrimentos de um justo também retrata a dor do Salvador ao sofrer perseguição pelos ímpios, i.e., a agonia da cruz. Do mesmo modo, um crente, em grande aflição e sem nenhum escape, pode clamar a Deus, confiante que, assim como Ele pôs fim a todos os sofrimentos de Cristo, Ele também livrará todos os seus, no tempo determinado por Ele. 

69.9 O ZELO DA TUA CASA ME DEVOROU. O salmista sofre rejeição, vergonha e isolamento por causa do seu justo zelo pela casa de Deus e pela sua obra (vv. 6-9). Ele fala contra o pecado e clama por avivamento espiritual, santificação e renovação do povo de Deus. Por isso, ele sofre às mãos dos acomodados ao status quo espiritual de então (vv. 9-11). 

69.22-28 TORNE-SE A SUA MESA DIANTE DELE EM LAÇO. O salmista pede castigo para os que se opõem a Deus e infligem sofrimento aos justos. Paulo aplicou estes versículos aos judeus que continuavam rejeitando a Cristo e à sua salvação (Rm 11.9,10).



Capítulo 71

71.1-24 EM TI, SENHOR, CONFIO. Este salmo contém a oração de uma pessoa idosa (v. 9), que enfrenta dificuldades e que precisa da ajuda de Deus para livrá-la dos seus inimigos e aflições (vv. 1,2,18). Tem andado nos caminhos de Deus desde a mocidade (vv. 5,6,17) e teve grandes problemas na vida (v. 20), porém manteve sua fé e confiança em Deus. Sua decisão é firme, quanto a viver o restante da sua vida confiando em Deus para lhe conceder poder e bondade. 

71.9 NO TEMPO DA VELHICE. Quando as forças físicas começarem a falhar e os males do envelhecimento se tornarem evidentes, devemos recordar a providência de Deus nos dias passados, nEle confiar como nosso Protetor, Ajudador e Sustentador no ocaso da nossa vida. E, na hora da morte, quando cessam as forças físicas, devemos saber que Ele não nos abandonará, mas estará perto (vv. 12,18), quando então nos conduzirá pelos santos anjos, à sua presença celestial (Lc 16.22). 

71.18 ATÉ QUE TENHA ANUNCIADO... O TEU PODER A TODOS OS VINDOUROS. A esperança e o propósito da vida do salvo devem ser viver para Deus, na plenitude do seu Espírito, de modo que seu poder e sua bondade sejam claramente manifestos em nossa vida. Dessa maneira, a geração seguinte será despertada a buscar com sinceridade o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6.33; cf. At 1.8; 4.30-33; 11.24).



Capítulo 72

72.1-19 Ó DEUS. Segundo o título, este salmo é uma oração de Salomão como rei de Israel, para que o seu reino seja conhecido pela justiça, retidão, paz, destruição do mal e livramento dos oprimidos e necessitados. Vaticina, também, o reino de Jesus Cristo sobre o mundo (ver Ap 20-22), uma vez que vários versículos do salmo somente nEle encontram plena aplicação (vv. 8,11,17; cf. Is 11.1-5; 60 62). Esta oração assemelha-se a do NT: Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu (Mt 6.10). Este tipo de oração deve brotar de todos que desejam ver Cristo dominando como rei e sua justiça estabelecida sobre a terra (ver Ap 21.1 nota).



Capítulo 73

73.1-28 BOM É DEUS PARA COM ISRAEL. Este salmo trata de um problema inquietante: embora Deus seja soberano e justo, os ímpios geralmente prosperam (vv. 3-12), enquanto quem serve a Deus parece sofrer mais (vv. 13,14). O salmista, um fiel servo de Deus (vv. 1,13), ficou desanimado ao comparar as suas aflições com a evidente prosperidade e felicidade de muitos ím-pios (vv. 2,3). Porém, Deus restaura a confiança do salmista nEle e nos seus caminhos, ao revelar o fim trágico dos ímpios e a verdadeira bênção dos justos (vv. 16-28). 

73.17 ENTENDI EU O FIM DELES. Deus revela ao salmista o destino final dos ímpios. (1) Isso coloca seu problema na perspectiva tanto da eternidade (vv. 17-20) como da suprema bem-aventurança do crente (vv. 25-28). No final, todos os justos serão felizes e vitoriosos com Deus, ao passo que os ímpios perecerão. (2) Levando em conta a breve duração da nossa vida, se avaliarmos as coisas daqui, tão-somente da nossa perspectiva limitada, terrena e humana, é bem possível ficarmos desanimados e frustrados. Precisamos ter a Palavra revelada de Deus e seu Espírito Santo, para completarmos a jornada da vida com fé e confiança na bondade e justiça de Deus. 

73.23-28 TODAVIA, ESTOU DE CONTÍNUO CONTIGO. Esta atitude do salmista leva ao triunfo da fé. Nesta vida, com tantos problemas, nosso supremo bem é a comunhão íntima com Deus (v. 28). Não importa que o ímpio prospere; nossa riqueza, tesouro e vida é o próprio Deus sempre conosco, guiando-nos por sua Palavra e seu Espírito, sustentando-nos pelo seu poder (vv. 23,24) e depois nos recebendo na glória celestial (v. 24). Como o apóstolo Paulo, nosso lema, face aos cuidados da vida, deve ser: Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho (Fp 1.21).



Capítulo 74

74.1-23 Ó DEUS, POR QUE...? O salmista ora para que o castigo divino não dure toda a vida. Esta oração é uma advertência mostrando que a paciência de Deus não tolerará indefinidamente o pecado; mais cedo ou mais tarde, a tristeza e a calamidade virão.



Capítulo 75

75.8 NA MÃO DO SENHOR HÁ UM CÁLICE. O quadro de Deus dando aos ímpios uma bebida inebriante, as Escrituras emprega como símbolo da sua ira e castigo. O Salmo 60.3 declara: Fizeste-nos beber o vinho da perturbação , i.e., o vinho que nos faz cambalear (cf. Is 51.17,22; Jr 51.7; Ap 14.10).



Capítulo 76

76.10 A CÓLERA DO HOMEM REDUNDARÁ EM TEU LOUVOR. A ira do ímpio pode ensejar a ocasião para Deus livrar os seus e realizar grandes coisas a favor deles; e.g., a ira de Faraó contra Israel deparou a oportunidade para Deus demonstrar seu poder miraculoso, libertando-os do Egito (Êx 5.12).



Capítulo 77

77.1-20 CLAMEI A DEUS. Este salmo retrata uma pessoa em grande aflição, clamando a Deus, mas que não vê qualquer indício de que Deus vai lhe atender (vv. 7-9). O crente fiel, às vezes, vive uma situação idêntica. Nesse caso, ele deve fazer como o salmista: continuar a clamar a Deus de dia e de noite (vv. 1,2), ao mesmo tempo lembrando das obras do Senhor no passado, demonstrando o seu amor. Na plenitude da revelação de Deus através do seu Filho, temos a garantia de que: Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? (Rm 8.32).



Capítulo 78

78.1 ESCUTAI A MINHA LEI, POVO MEU. Este salmo foi escrito para relembrar aos israelitas por que lhes sobrevieram tantos julgamentos divinos devastadores durante sua história. (1) O cântico admoesta-os a aprenderem com as falhas espirituais dos seus antepassados e a se esforçarem com zelo para não se tornarem incrédulos e infiéis como eles. (2) O povo de Deus, de hoje, deve meditar neste salmo com toda atenção, porque muitas igrejas e denominações já perderam a presença e o poder de Deus por causa da sua incredulidade e desobediência à Palavra de Deus. Essas igrejas desviaram-se pouco a pouco, retornando para os seus próprios caminhos (cf. Is 53.6), porque deixaram de pôr em prática os padrões da Bíblia e seus exemplos. 

78.5 QUE A FIZESSEM CONHECER A SEUS FILHOS. Ensinar aos nossos filhos os divinos princípios e preceitos da Palavra de Deus não é uma opção; é um mandamento que Ele entregou ao seu povo. Aquilo que Deus ordena, Ele dá graça para cumprirmos (ver Dt 6.7 nota). 

78.8 E NÃO FOSSEM COMO SEUS PAIS. Deus, aqui, exorta o seu povo (cf. v.1) a não seguir as pisadas infiéis dos seus antepassados espirituais. Aplicando essa verdade aos tempos do NT, as igrejas fiéis de hoje devem se acautelar para não seguirem os padrões de outras igrejas, denominações, ou comunidades eclesiásticas que esfriaram na fé e que se afastaram do cristianismo bíblico. Alguns dos erros que levam uma igreja à ruína espiri-tual são: (1) os líderes não discernirem e não advertirem os membros que começam a imitar costumes antibíblicos de igrejas que antes eram fiéis a Deus; (2) a igreja deixar de ter como sua fonte única de vida, verdade e orientação a revelação neotestamentária de Cristo e seus apóstolos (ver Ef 2.20 nota); (3) os dirigentes deixarem de ensinar na igreja sobre a pureza da verdade, da doutrina e dos assuntos de moral. (4) não haver preocupação aflitiva na igreja, quando ela afasta-se cada vez mais do modelo do NT; (5) a igreja deixar de manter uma íntima devoção a Cristo e uma vida intensa de intercessão como centro do viver diário; (Ap 2.4); (6) tolerância do pecado, em líderes, mestres, ou membros comuns da igreja; pecados esses que, no passado, eram tratados com rigor (Ap 2.14,15,20); (7) subs-tituição da real espiritualidade, i.e., pureza, retidão, sabedoria espiritual, amor e poder do Espírito, ma-ni-festo entre os membros da igreja, por falso progresso, estatísticas e riqueza.

78.11 E ESQUECERAM-SE DAS SUAS OBRAS E DAS MARAVILHAS. Israel fracassou espiritualmente, pelo menos em parte, porque eles se esqueceram dos feitos e milagres que Deus operara entre seus patriarcas. Também, não devemos esquecer-nos das obras e milagres que Deus realizou nos crentes e através deles na igreja. O Espírito Santo quer realizar, hoje, os mesmos sinais, maravilhas e milagres que Ele realizou nos dias passados, de modo que a mensagem da redenção possa, por meio dos crentes, fluir das nossas vidas e igrejas, com o mesmo poder e eficácia.

78.37 SEU CORAÇÃO NÃO ERA RETO... NEM FORAM FIÉIS AO SEU CONCERTO. Os israelitas deixaram de dispor seu coração para obedecerem a Deus, de modo fiel e total por toda a vida. É essencial, no correto relacionamento do crente com Deus, a resolução inabalável de permanecer fiel a Ele e à sua Palavra até o dia da nossa plena redenção. 

78.38 MAS ELE, QUE É MISERICORDIOSO, PERDOOU. A paciência e a misericórdia de Deus estão claramente revelados neste salmo. Repetidas vezes, o seu povo rebelou-se com infidelidade, porém Deus refreou a sua ira. Deus nunca abandonará seus filhos simplesmente porque não conseguem agradá-lo com perfeição. Por outro lado, ninguém deve abusar da longanimidade e do perdão divinos, levado por consciente desobediência e rebelião. Se um crente continuamente entristece a Deus com o seu pecado, Deus por fim julgará tal pessoa com ira, como fez com Israel (cf. Hb 3.7-19).



Capítulo 79

79.1-13 AS NAÇÕES ENTRARAM NA TUA HERANÇA. O salmista intercede aqui diante de Deus para perdoar Israel por sua apostasia (vv. 8,9) e para castigar as nações que destruíram Jerusalém e o templo de Deus (vv. 6,7; Jerusalém foi destruída pelos babilônios em 586 a.C.). Reconhece que as nações pagãs foram instrumentos da ira de Deus (v. 5), porém, suas maldades foram cometidas contra Israel por ódio a Deus e ao seu povo escolhido (vv. 1-7; cf. Is 10.5-11; 47.6,7). A motivação do salmista está na glorificação do nome de Deus e na promoção do seu nome entre as nações incrédulas (vv. 9-13).



Salmos de 80 - 150

 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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