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Um Santo de minha devoção
A primeira crítica que primeiramente escuto de um protestante,
é sempre a mesma: os católicos adoram imagens.
Eu sempre fiquei muito intrigado por saber como é que interpretam
as festas pátrias, onde dentro do maior respeito, iça-se
a bandeira do Brasil, ao som do hino nacional. Será que eles respeitam
o tecido verde-amarelo ou o que ele representa?
Num 7 de Setembro, feriado nacional, senti curiosidade por conhecer como
era que o povo celebrava o Dia da Pátria. Desfiles, agitação
de bandeiras, todo edifício público enfeitado com as cores
pátrias, vestidos típicos das mais diferentes partes do
país, Perto dalí deparei-me com várias pessoas que
saíam de um templo da Igreja Evangélica. Não resisti.
Uma voz me dizia: Vai, pergunta!
-- Oi, amigo, acabou a festa do santo?
-- Que festa de santo? Hoje é o Dia da Pátria.
-- Ah, sim. Vi tanta coisa que pensei que fosse o dia do santo padroeiro
da cidade - Assim eu disse, carregando forte o meu sotaque de estrangeiro.
-- Não, não, aqui não há nada de santinhos.
Hoje no nosso culto viemos honrar a bandeira.
-- Que bom! Parece-me muito bom. É uma coisa muito boa honrar a
memória da pátria e das pessoas mais importantes de nossa
história. Não acha?
-- É isso mesmo, jovem. É o dever de todo brasileiro.
Honrar não é adorar!
Certamente nossa devoção
aos santos não agrada em nada aos meus irmãos "crentes".
Dizem que só a Deus se pode cultuar. Dizem que Cristo é
o único mediador entre Deus e os homens. Mas se nisso, até
nós católicos estamos de acordo, qual é a discórdia,
então?
Primeiro temos que entender que a Igreja Católica nunca ensinou
que se deve adorar a nenhum mortal, vivo ou morto. Quantos mártires
católicos preferiram a morte, a render culto de adoração
ao imperador romano e aos seus falsos deuses?
Outra coisa é venerar, ter devoção e honrar aquelas
pessoas de nossa história cristã que tenham sido exemplos
de vivência da fé ou no exercício das virtudes. A
Igreja nos propõe esses exemplos como ajuda e estímulo.
E nós os honramos de muitas formas e sem nenhuma pena... um pouco
como os protestantes fazem com a bandeira nacional.
Quem são os Santos?
Na Bíblia, chamam-se santos a todos
os fiéis. São Paulo em várias cartas manda saudar
a "todos os santos de Cristo Jesus..." (Ef 1,1). Nesse sentido,
aqueles que foram batizados e chamados a fé em Cristo, os cristãos
de ontem e de hoje são santos, isto é, aqueles que Deus
abençoou com a sua graça. Quando São Paulo fala do
"corpo de Cristo" (Rm 12,5), a isso se refere. E como para Deus
estamos todos vivos, os que morreram na graça de Deus também
formam parte do corpo dos santos. "O Deus de Abraão, de Isaac
e de Jacó não é um Deus de mortos, mas de vivos"
(Mt 12,27).
Nós, católicos, reconhecemos em especial, aqueles homens
e mulheres santos que estão agora unidos a Deus no céu.
Eles são os que lutaram o bom combate da fé e mereceram
a coroa prometida. Vemo-los com a esperança de que nós também
podemos chegar lá. A Igreja nos incentiva a imitá-los da
mesma maneira que São Paulo nos disse: "Sede meus imitadores,
como eu mesmo o sou de Cristo" (1Cor 11,1).
O protestante dirá: "Mas os meus santos não são
nada além do que homens e mulheres como você e eu!"
Precisamente aí está o bom de honrar os santos. A vida de
um santo me diz: "Eu passei pelas mesmas coisas, você também
pode chegar lá".
O católico brasileiro sabe incorporar sua fé a todos os
aspectos de sua vida diária. Quando algum santo sobressaiu-se em
algum ponto particular da vida, dizemo-lo "o patrono" de tal
profissão. Santa Teresinha de Liseur, por exemplo, é padroeira
das missões, por ter intercedido muito por elas e pelo desejo de
ser missionária, e é padroeira dos escritores, pelo tanto
que escreveu. E nos países latinos, existe uma tradição
de celebrar o dia do próprio santo, e por isso tantas de nossas
cidades têm o nome de um santo. É uma lembrança de
que somos um povo católico chamado a ser santos.
Os católicos rezam às
estátuas?
Aqui encontram-se dois mal-entendidos.
Primeiro, a estátua ou o quadro do santo não é nada
mais do que uma lembrança da vida ou das obras desse cristão.
Se um católico reza diante de uma imagem de um santo, reza não
para a imagem, e sim ao que ela representa. Uma vez visitei um templo
pentecostal no Rio de Janeiro e notei que, durante o culto, muitos estavam
com as Bíblias nas mãos e algumas Bíblias tinham
ilustrações. Nem me passou pela cabeça que esta gente
estivesse adorando um livro ou os desenhos de um livro.
Segundo: Por que se reza aos santos se São Paulo nos disse que
"Jesus Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens"
(1Tm 2,5)? Não seria melhor rezar diretamente a Deus? Mas, bem,
se nos colocarmos dessa forma, por que rezar sequer diretamente a Deus,
se Ele já sabe o que necessitamos antes mesmo que peçamos
algo?
Temos que rezar. E temos que rezar uns pelos outros como membros do corpo
de Cristo, que é a sua Igreja (1Cor 12,27). São Paulo disse:
"Irmãos, peço-vos que rezem a Deus por mim" (Rm
15,30) e "Peçam constantemente por todos os que acreditam"
(Ef 6,18). Se podemos pedir a outro pecador que interceda por nós
com sua oração, por que não pedir àqueles
que foram purificados de todo o pecado e estão na presença
de Deus? Até os protestantes rezam uns pelos outros! E eu os vi
imporem suas mãos uns sobre outros para se curarem... Não
seria isso uma "mediação"? Por acaso Deus não
pode curar sem as mãos deles? Como vê, o problema não
é tão complicado.
A Bíblia nos dá a entender que a honra e a veneração
aos santos podem nos ajudar. São João nos disse que os anjos
e os santos apresentam nossas orações a Deus como oferecimento
agradável a Ele (Ap 5,8; 8,3). A Bíblia fala de como os
profetas e santos de Israel intercederam pelo povo (2Mac 15,11; Jer 15,1).
Nem por isso Cristo deixa de ser o único Mediador. Nossa mediação
e a dos santos dependem dEle.
Os Santos nos escutam?
Os católicos se interessam mais
pelas aparições e pelos milagres de seus santinhos do que
pela Palavra de Deus.
Devagar, devagar. Os milagres, quando acontecem, podem ser obras de Deus...
seja quem for o intercessor. Assim também os protestantes explicam
suas "curas milagrosas". Ninguém está obrigado
a crer nas aparições dos santos ou da Virgem Maria. Que
Deus pode se impor às leis da natureza e permitir algum sinal extraordinário
de sua presença entre nós, está claro. Mas a sua
Igreja aconselha muita prudência frente aos rumores e às
revelações particulares... A história já nos
ensinou como corre a imaginação popular.
Se peço algo a algum santo, ele me responderá?
Podemos pedir através dos santos. São autênticos irmãos
em Cristo e sua intercessão diante de Deus nos permite alcançar
as graças que buscamos d'Aquele que responde a todas as nossas
orações.
©2002,
Alfa&Ômega mídia cristã
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