Verdadeiro, senão vejamos...

A meio da discussão foram atacados por uma cobra-marinha que estava a guardar-me. Mas João de Castro, com a lança que lhe servia para espetar os polvos entre as rochas, cortou à cobra monstruosa a cabeçorra diabólica, assim conquistando o direito à minha posse.

Este faroleiro, de aqui em diante meu pai, vivia com a mulher, Joana Correia de Castro, no cabo da Roca, e por não terem filhos lhe interessava ficar com o enjeitado, quase normal uma vez saído da casca. E lá me levou, ora ao colo ora às costas, por atalhos e a corta-mato, até às pedregosas alturas da Roca, na esperança de não encontrar ninguém mais, para não ser obrigado a explicar quem era a criança a chorar esfomeada. Nunca na vida meu pai desmentiria a sogra, que não lhe perdoava a pobreza nem o ter-lhe roubado a única filha, três vezes mais nova que ele. E Joana, minha mãe para todos os efeitos, deve ter gostado desse filho-mistério que primeiro a assustou porque tinha seis dedos no pé direito, e logo a comoveu por vir roxo de frio, mal embrulhado numa capa impermeável.

Afinal que história se contava sobre o meu nascimento?

A da ave?

ou
          A do ovo?

 

 

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