O FIO DE ARIADNE
O jovem Minos disputava com os irmãos o governo da Ilha de Creta, todos legítimos herdeiros do trono. Porém, cegado pela ambição, decidiu provar para os irmãos que ele detinha a primazia sobre o trono e que os deuses do Olimpo estavam ao seu lado. Para tanto pediu a Poseidon, Deus dos Mares, que fizesse sair das águas o mais belo e imponente touro já visto. Foi prontamente atendido sob a condição de oferendar o animal ao Deus após a subida ao trono... Diante de tamanho poder divino, os irmãos recuaram, e Minos foi coroado rei de Creta.
Admirado da imponência do animal, digno representante de Zeus ( na mitologia grega, o touro é a personificação animal de Zeus, bem como o carvalho é a personificação vegetal), Minos quis fazer do touro um reprodutor em seu rebanho.
Poseidon, irado, jogou dupla maldição sobre o rei: em primeiro lugar fez do touro uma fera assassina, que em sua sanha doentia arrasou com vilarejos e rebanhos inteiros, amedrontando e gerando ódio da população. O segundo e pior castigo: o Deus fez a rainha apaixonar-se perdidamente pelo temível animal. A esposa de Minos desejava aquele animal furioso ardentemente e, em segredo, pediu a Dedálo, projetista real (sim, o pai de Ícaro), que tornasse possível a cópula entre ela e o touro.
Dédalo então fabricou uma novilha de bronze oca, onde a rainha alojou-se, sendo assim finalmente possuída pelo animal ludibriado... Dessa união maldita nasceu um ser metade homem, metade touro, o Minotauro.
Minos, desesperado pelas conseqüencias de sua desobediência a Poseidon, decidiu esconder aos olhos dos homens essa aberração, praticamente um filho bastardo. Pediu a Dédalo que projetasse um lugar onde esconder o monstro, e foi assim construído o Labirinto de Knossos.
Para alimentar o Minotauro, Minos passou a mandar vir anualmente de Atenas catorze jovens, 7 rapazes e 7 moças (Atenas e Creta haviam estado em guerra há tempos e a vitória dos cretenses acabou submetendo a pólis ateniense). Teseu, filho de Egeu, rei de Atenas, heroicamente ofereceu-se para seguir como vítima para Creta, disposto a liquidar o monstro.
Durante a apresentação dos jovens à Minos, a bela princesa cretense Ariadne encantou-se com o rapaz. e, na primeira oportunidade que teve, jurou-lhe amor eterno. Ariadne prometeu ajudá-lo a escapar do trágico destino e matar o Minotauro sob a condição de Teseu levá-la embora de Creta como esposa.
Ele aceitou, dizendo-se encantado com a moça, e assim foi...
Segurando um dos extremos de um longo barbante, Ariadne permaneceu na entrada do labirinto de Knossos e, conforme seu amado Teseu se aprofundava pelos infinitos corredores, o barbante ia sendo desenrolado.
Sempre segurando sua extremidade do barbante, Teseu finalmente viu-se frente a frente com o monstro. Confiante e sedento de vingança por seu povo submetido à crueldade de Minos, ele lutou e matou o temível Minotauro e, guiado pelo fio de Ariadne, encontrou-se livre para voltar a Atenas.
O orgulhoso Teseu e a apaixonada Ariadne correram para o navio, que já içava velas de volta à Atenas.
Como a viagem era prolongada, a embarcação fez uma escala na Ilha de Naxos para pernoitar.
Ali Ariadne acordou na manhã seguinte, sozinha, vendo ao longe o navio de Teseu, que já sumia no horizonte....

A.C.Deckmann, Corel Photopaint 8.0 Ariadne permanece em Naxos,
os olhos fixos no horizonte,
esperando o navio que carrega seu amado Teseu voltar.
Permanece incansável nessa espera
já há séculos...
Ela nunca compreendeu que o dar-se completamente
não implica necessariamente
no receber de volta...
Bem, essa é a história de Ariadne. Triste? Eu diria que é apenas uma história de amor, bela como tantas outras...Afinal, o desfecho é o que menos importa.
No final, o que restam são as impressões deixadas na alma. Quanto maior a entrega, mais profundas as marcas. Quem disse que a alma deve ser devolvida intacta??


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