Eu vos observo, a procurar entender os mistérios do Universo.
Quando, antes, deveríeis tentar entender os vossos próprios mistérios.
Dentro de vós, existe um vazio.
E é este vazio que vos impede de sentir a Vida. E que vos impele para a infelicidade e a angústia, que tão bem conheceis.
A verdade é que não sois plenos em vós. E é daí que nasce a vossa inquietude. Sois como o rio, que corre eternamente, procurando conter as suas próprias águas.
Às vezes, encontrais um novo amor. E, como o amor vos completa, tudo o mais passa para segundo plano; esqueceis as vossas contrariedades, tudo o que há um minuto vos fazia falta.
E cantais, e não sentis o passar do tempo. Quase não necessitais, sequer, de comer ou beber, de roupas ou adereços; todo o mundo se centraliza em vosso amor, que para vós é tudo que existe.
E isso acontece porque estais completos; porque o vazio, em vós, foi preenchido por um sentimento maior, e isto vos torna unos com o Universo.
Então, não precisais procurar Deus. Porque o encontrais em vossos próprios sentimentos.
E não necessitais de dinheiro, ou de bens, ou de novos sonhos. O vosso sonho de amor preenche todas as vossas necessidades.
Nem precisais de passatempos, para gastardes as vossas horas. Todo o tempo de que puderdes dispor ainda será pouco, para que possais sentir o amor.
Tampouco precisareis de drogas, ou de violência. Eis que o amor vos embriaga, e convida a desfrutar da paz. E, por estardes em paz, encontrais a felicidade.
Vede, entretanto, que tudo isto acontece porque já não existe o vazio em vós. Estais plenos, completos, e nada vos preocupais em descobrir; apenas vos ocupais em ser o que sois.
Oxalá assim sempre pudésseis ser!
Outro seria o mundo, outros seríeis vós.
E, decerto, assim será um dia. Pois os vossos caminhos se dirigem para onde, paciente, vos espera o Pai; e neste dia, ao vos reintegrardes ao Infinito, o vazio já não existirá em vós.
O Amor vos preencherá, e abrirá os olhos da vossa alma, para que vos possais enxergar como os irmãos que realmente sois. Então, cada um de vós abrirá o seu coração e os cordões da sua bolsa, e como irmãos repartireis as vossas posses e os vossos sentimentos.
Uma nova e cálida luz percorrerá o mundo, afastando as trevas da inquietude, do egoísmo doentio e da miséria.
E, sem essas trevas, onde se poderá esconder o sofrimento ?