O meu amor
Buscais condicionar o meu modo de sentir.
E adequar o meu amor aos vossos parâmetros, para que o possais entender.
Mais fácil seria aprisionardes o vento; ou com as estrelas do céu adornardes os vossos cabelos!
Pois eu sou como sou, e não obedeço senão aos ditames do meu verdadeiro Eu.
... e, entretanto, por ser assim sou mais confiável do que jamais o sereis!
Pois o vento, ao mover os vossos moinhos, apenas segue a direção que ele mesmo escolheu. E as estrelas que ornamentam o céu decidiram livrar-se das nuvens, para oferecer-se aos vossos olhos.
Assim, o meu amor não é o resultado das vossas vontades, mas o que realmente existe em mim.
E o meu desejo não é uma reclamação do corpo, mas a expressão da vontade da alma.
Como a minha ternura não provém da necessidade de mostrar-me doce, mas extravasa o carinho que não procuro ocultar.
E a minha tristeza não é fruto da falta de amor, mas de uma compreensão do amor que não vos foi, ainda, dado ter.
Deveis aceitar-me como sou.
Pois, eu vos asseguro, ninguém vos dará um amor maior. Porque vos amo como sois, e limito os meus sonhos ao que me podeis oferecer.
Seria, acaso, sábio aquele que do mar esperasse ver brotar o fogo?
Por que, então, esperais de mim mais do que vos posso oferecer?
Não percebeis, porventura, que se eu vos desse o que pedis limitaria o infinito que tenho para vos dar?
Não deveis insistir em desfrutar do córrego que podeis entender, privando-vos do oceano cuja imensidão vos assusta.
Vasto como o Universo, é o meu amor...
e talvez por isso não o possais entender!