Desejos
Vós vos perdeis nos vossos desejos.
Porque não os limitais às vossas necessidades.
E, assim fazendo, sois como o peixe que um dia subiu à superfície do mar, ambicionando o calor do sol: e apenas encontrou o frio do vento.
Ou como a flor que pretendia tornar-se árvore; sem perceber que, ao adquirir a segurança da casca, perderia o encanto do perfume.
Sim: perdei-vos nos vossos desejos.
Pois, de tanto desejar o que não tendes, esqueceis de vos sentir felizes por tudo que já vos pertence. E, de tanto ambicionar o alheio, relaxais na guarda do que é vosso; até que alguém o leve de vós.
Vede! O pássaro canta, na manhã que nasce.
Porque sabe que o céu lhe pertence, enquanto voa
- o sol lhe pertence, ao aquecer as suas asas
- o mundo lhe pertence, enquanto seus olhos o vêem
- a felicidade lhe pertence, enquanto dela desfruta.
E isto é tudo o que deseja.
Esta é a sabedoria dos desejos. E é este o aprendizado da vida.
Pois aquele que deseja o que não pode ter, apenas acalenta a sua própria frustração. E aquele que nada deseja é alguém que já se perdeu na própria frustração.
Pois o desejo está na vossa natureza, assim como as estrelas na imensidão do céu.
Assim como o bem e o mal, o finito e o imponderável.
O vosso eu aparente e o vosso verdadeiro Eu.