Como eu vejo o amor
Amar
não é necessitar de alguém; é, simplesmente, querer
alguém.
Como não é repartir todos os momentos da vida; e sim
viver intensamente aqueles que nos é dado repartir.
Amar não é tornar-se um satélite, mas descobrir a
gravitação que permite a dois mundos percorrerem a mesma
órbita.
E não traz o medo da solidão, mas a doce sensação de
companhia.
Não é anular-se em função de alguém, mas existir. Porque
o próprio amor só existe entre duas pessoas que se
completam.
O amor não é uma concha, a isolar-nos do mundo. É antes
um mirante, do qual descobrimos todo o seu esplendor.
E não é posse, mas entrega; não é egoísmo, mas
compreensão. Não é a certeza do conhecimento, mas a
emoção da descoberta. Não é compreender o ser amado, mas
aceitá-lo como é.
Como é preciso que haja espaços entre as estrelas, para
que o céu possa mostrar todo o seu esplendor, é preciso
que os haja entre dois amantes, para que neles o amor se
possa instalar.
Porque o amor não é uma corrente, a ligar os pés de duas
pessoas; é a ponte entre dois corações. Não é a
segurança do futuro, mas a intensa emoção do presente;
nem a solidez da muralha, mas a inquietude do oceano.
O amor não é o teto que nos limita, mas o céu que nos
faz sonhar. Não é a maciez da pétala, mas a rosa com
todos os seus espinhos; porque não é apenas na pétala,
que reside a beleza da flor.
Aquele que busca a segurança, não deveria buscar o amor.
Porque o amor não está nas mãos entrelaçadas, mas na
emoção provocada pelo toque. Não nas bocas que se
encontram, mas na ânsia que faz com que os lábios se
entreabram. Não nos corpos que se fundem, mas na
plenitude do orgasmo.
Na posse, encontramos apenas a satisfação das nossas
carências.
Só na entrega,
podemos encontrar o amor...