Maçonaria

A liberdade de pensamento e o racionalismo são princípios fundamentais da maçonaria, sociedade com adeptos em todo o mundo que em muitos países e diferentes épocas apoiaram as lutas pela independência e outros movimentos políticos progressistas, como a própria revolução francesa.
A maçonaria é uma instituição filosófica, filantrópica e evolucionista, que proclama a prevalência do espírito sobre a matéria e empenha-se no aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade. Proclama como princípios a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Reúne homens de crenças e opiniões diversas, mas não se identifica com nenhuma religião em particular. Em alguns ritos maçônicos, exige-se dos membros que professem a crença em Deus, embora algumas religiões proíbam seus fiéis de participarem da instituição.
Origem. As lojas maçônicas tiveram origem nas associações medievais dos pedreiros que construíam as catedrais. Esses pedreiros mantinham em segredo certos conhecimentos profissionais, e daí nasceu a crença nos "segredos maçônicos", que já a partir do século XVIII existiam apenas de maneira simbólica. Alguns de seus símbolos (martelo, colherão, avental etc.) ainda lembram a origem profissional da maçonaria, assim como a designação de Deus como Supremo Arquiteto do Universo. Os pedreiros medievais não se submetiam à autoridade dos bispos, e desse fato deriva a designação "pedreiros-livres" que se aplica aos membros da maçonaria.
A partir do século XVI, as associações de pedreiros-livres, na Inglaterra, passaram a admitir como membros honorários gente da nobreza, do clero anglicano, intelectuais e outros profissionais liberais, que logo chegaram a constituir a grande maioria dos membros. Em 1717 foi fundada a Grande Loja de Londres, modelo para as demais.
Ritos. A maçonaria é universal e internacional, mas as Grandes Lojas ou Orientes de cada país são independentes. Os ritos, que se formaram durante o século XVIII, também variam de um país para outro ou mesmo num mesmo país. Os membros do rito escocês, que domina as maçonarias inglesa, francesa e latino-americana, formam uma complexa sociedade com 33 graus de iniciação, que vão do aprendiz ao soberano-grande-inspetor-geral). Outros ritos são menos complicados e têm menor número de graus, como o rito de York, o rito francês, o rito prussiano etc. Toda loja tem, pelo menos, o venerável mestre, dois vigilantes, o orador, o secretário, o companheiro e o aprendiz.
Atuação política. No século XVIII, graças à ascensão da burguesia e à difusão das idéias iluministas, a maçonaria desenvolveu-se e adquiriu prestígio na Europa. Aliada aos movimentos liberais, procurou marcar sua presença efetiva nos grandes acontecimentos políticos. Na América Latina, desempenhou papel decisivo nas lutas da independência e, no século XIX, nas lutas dos liberais contra os conservadores clericais, sobretudo no México, Colômbia e Chile.
Na Itália, os maçons participaram do movimento de unificação nacional da península (Risorgimento). Na Suíça, a Grande Loja Alpina defende desde 1847 os cantões protestantes contra a oposição dos cantões católicos. Também na Bélgica e na Espanha do século XIX os maçons combateram a influência da igreja. Foi na França, porém, que a maçonaria conquistou grande força política e de lá se irradiou para os países latinos. Seu período áureo começou depois de 1870, na III República. Infiltrada em todos os partidos políticos de centro, de esquerda e até de direita, a maçonaria francesa dedicou-se a persistentes lutas contra a igreja, com as quais conseguiu a abolição do ensino religioso nas escolas, o divórcio, a expulsão das ordens e congregações (1902) e a separação de estado e igreja (1905). Só após a primeira guerra mundial a influência da maçonaria francesa começou a declinar. Em Portugal, as lojas maçônicas difundiram o pensamento liberal, propagaram os princípios da revolução francesa e, como a maçonaria francesa, combateram as ordens religiosas e o clero.
Maçonaria no Brasil. Há evidências da presença de maçons no Brasil desde o final do século XVIII, país em que o movimento assumiu as mesmas posições libertadoras que manifestara nas demais colônias americanas. A ideologia da inconfidência mineira coincidiu, de modo geral, com a da maçonaria da época. Quando se iniciou o ciclo das conspirações nordestinas, a rede de sociedades secretas formou a base das comunicações entre os núcleos de intelectuais influenciados pelas novas idéias européias.
Nas lutas pela independência, a maçonaria passou a ser o centro mais ativo do trabalho e propaganda emancipadora. Sua missão libertadora continuou até a república. A maçonaria brasileira foi regida por mais de vinte constituições, a última das quais aprovada em 24 de junho de 1990. A federação, denominada Grande Oriente do Brasil, permanece como autoridade suprema da maçonaria simbólica (os três primeiros graus). Os demais graus estão sujeitos aos órgãos supremos dos diversos ritos, que devem permanecer em comunhão com o Grande Oriente.
Há, contudo, uma profunda distinção entre as lojas que seguem o Rito Escocês Antigo e Aceito, que enfatiza a existência de um Ser Supremo (o Supremo Arquiteto do Universo), com o primado do espírito sobre a matéria, e o rito francês moderno, de sete graus, professadamente laico e materialista. Além desses, há no Grande Oriente do Brasil os ritos York, Schroeder, adoniramita e brasileiro. Os membros dos ritos York, Schroeder e adoniramita reúnem-se em assembléias denominadas capítulos, enquanto as reuniões do rito brasileiro classificam-se hierarquicamente em capítulos, conselhos filosóficos, altos colégios e supremo conclave.

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