Dualismo
Coube a René Descartes estabelecer a doutrina
dualista no campo da filosofia, e foi Christian von
Wolff quem primeiro utilizou o conceito em sua concepção
moderna.
Dualismo é o sistema filosófico ou doutrina que admite, como
explicação primeira do mundo e da vida, a existência de
dois princípios, de duas substâncias ou duas realidades irredutíveis
entre si, inconciliáveis, incapazes de síntese final ou de recíproca
subordinação. Na acepção filosófica moderna,
refere-se à dualidade de corpo e espírito como entidades inconfundíveis
e irredutíveis, em oposição ao monismo.
No sentido religioso e ético, são classificadas como dualistas
as religiões ou doutrinas que admitem uma divindade criadora positiva,
princípio de todo bem, e outra, que se lhe opõe, destruidora,
negativa, princípio do mal, sempre em luta com o bem. Incluem-se aí o
masdeísmo, os escritos morais de Plutarco (45-127), o gnosticismo e
o maniqueísmo. Ainda em sentido religioso, e metafísico, é dualista
a filosofia pitagórica, com suas dicotomias entre o perfeito e o imperfeito,
o limitado e o ilimitado, o masculino e o feminino etc., como elementos de
explicação da criação do mundo e de seu movimento.
Na teoria do conhecimento, são dualistas as doutrinas que distinguem,
como irredutíveis, o sujeito e o objeto (como no kantismo), a consciência
e o ser, o eu e o não-eu, como realidades irredutíveis. Do ponto
de vista ético, são dualistas as teorias que distinguem como
inconciliáveis o bem e o mal, a liberdade e a necessidade, o dever e
a inclinação, como acontece com o estoicismo e com a moral kantiana.
A oposição entre dualismo e monismo não pode ser tomada
como marco definitivo e radical nas concepções filosóficas.
Não só há os sistemas ecléticos, e os que admitem
mais de dois princípios, como ainda os que superam a oposição,
sem lhe reconhecer a irredutibilidade radical.
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