Kenshin: Isto não é bom.
Kaoru: Hã?
Kenshin: Desculpem-me, todos. Eu não sou originariamente desta
escola e não estou procurando pupilos. Então, se vocês
vieram por terem visto a confusão de ontem, desculpem-me, mas terão
de ir embora.
( o pátio fica vazio )
Kenshin: Bem, vou aquecer a água para o banho.
Kaoru ( batendo-lhe com o shinai ): Seu bobão!! Eles foram embora!!
Kenshin ( olhos em espiral ): É porque eu não sou originariamente...
Kaoru ( tentando estrangulá-lo ): Mas porque você teve que mandá-los embora?! ( socando-o ) Isso teria salvo a escola!!
Kenshin: Isso teria sido desonesto.
( mais tarde. Eles estão atravessando a ponte. Kaoru carrega seu equipamento de kendo )
Kaoru: Francamente!
Kenshin: Você ainda está brava?
Kaoru: Claro que estou! Eram mais de quinze pessoas!
Kenshin: Mas um aluno apenas meio interessado não dura nem meio ano. Não vai ajudar ficar se preocupando. Não há nada que você possa fazer. É muito melhor manter a alegria e paciência.
Kaoru: Mas sem pupilos eu tenho que ir até outro dojo para poder praticar! A menos que você pratique comigo.
Kenshin: Não sou muito bom com um shinai.
( um menino esbarra em Kenshin )
Kenshin: Oro.
Kaoru: Espere! ( agarra o menino e o derruba ). Kenshin, este moleque é um batedor de carteiras! Aqui está sua carteira!
Menino: Maldição! Solte-me sua bruxa!
Kaoru: Como é que é?! Me chamam de "a bela do Kenjutsu"!
Menino: Cala boca, bruxa!
Kenshin ( tirando a carteira das mãos de Kaoru ): Chega, chega. Não podemos fazer nada se foi roubada. Aqui, criança. Da próxima vez não deixe que o peguem. ( saindo com a bolsa de Kaoru ). Vamos.
Kaoru: Mas... mas, Kenshin.
( o menino olha por um momento; então atira a carteira em Kenshin )
Kenshin: Oro!
Menino: Não sou criança! Sou filho de um samurai de Tokyo, Myojin Yahiko! Não caí tanto que precise da pena de estranhos! Eu estava apenas brincando com você porque você carrega uma espada! Não me julgue mal, seu idiota!
Kenshin ( docemente ): Criança.
Yahiko: Não sou criança!!
Kenshin: Você tem o corpo de uma criança, mas o seu coração é o de um adulto. Desculpe. Eu subestimei você.
Yahiko ( olhando feio para Kenshin ): Hunf!
Kenshin ( observando-o ir embora ): Orgulho tolo ou forte senso de honra?
Kaoru: Apenas grosso, se me perguntar.
Kenshin: Aquela criança... em um mundo melhor, seria um grande samurai.
( Yahiko está sentado perto do rio. O sol está se pondo. Dois homens se aproximam )
Homem 1: Aqui está ele... Estivemos procurando por você, Yahiko. O pagamento deste mês vence hoje. Entregue.
Yahiko: Caia fora.
Homem 1: O quê?
Yahiko: Não vou mais roubar. Não estou mais com vocês, vermes da Yakuza.
( o segundo homem - Gasuke - atinge-o violentamente com uma espada de bambu )
Gasuke: Não fale conosco dessa maneira! Você está delirando ou algo assim? Que, diabos, pensa que está fazendo?
Yahiko: Não importa.
( lembrando as palavras de Kenshin: " Você tem o corpo de uma criança, mas o coração de um adulto ")
Yahiko: Estou cansado de fazer algo tão patético quanto bater carteiras.
( Gasuke chuta seu rosto )
Gasuke: Bah! Você não sabe de nada. É hora de te ensinar quem manda!
( Kaoru está voltando para casa )
Kaoru: Hmm... Hoje suei bem. Vou pa casa e tomarei um bom banho. Será que Kenshin já aqueceu a água? Ele saiu cedo, então o que estará fazendo... ( ela vê os dois homens carregando um Yahiko sem sentidos ). Aquele é...
( dentro da sede da Yakuza. Gasuke espanca Yahiko diante do chefe, Tanishi, e de um grupo de Yakuzas )
Gasuke: Moleque teimoso. Uma palavra de desculpa e tudo vai acabar )
Tanishi: Espere. Gasuke, hitokiri da Yakuza, se você prosseguir vai matá-lo. Yahiko... ( Yahiko olha com ódio para Tanishi ). Se você parar de bater carteiras como vai sobreviver? Se você pensa que pode ir a algum lugar porque sua família era de samurais, está enganado. Esta é a era Meiji. Vivemos em um mundo onde apenas o dinheiro fala. Honra é apenas uma palavra qualquer. Os samurais que tentaram recuperar algo do que tinham acabaram como cachorros. Você pode ver as filhas do Daimyo Okugata vendendo prazer nos quartéis. Quando são pegas elas dizem que são filhas de samurais. Patético. Esqueça sua família samurai e lembre-se da sua vida vil. E viva muito como um seguidor de Tanishi.
Yahiko: Não me faça dizer mil vezes. Não quero nada com vocês.
Gasuke: Você age assim com aquele que te tirou da sarjeta quando seus pais morreram! Moleque! Eles eram samurais, mas seu pai era pobre e tinha apenas trinta koku de terra e somente dois servos. Ele morreu como um tolo defendendo o exército do imperador! Sua mãe trabalhou em prostíbulos até ficar doente e morrer, a prostituta estúpida! Não sei o que você pode se tornar, filho estúpido de pais estúpidos!
Yahiko: CALE-SE!!! ( e morde Gasuke )
Yakuza: Gasuke!
Yahiko: Meu pai viu o rumo dos tempos. Foi acusado, injustamente, de trair o Bakufu do imperador. Ele juntou-se ao Shogitai e sacrificou-se por justiça! Minha mãe sacrificou a vida para me criar até que foi destruída por sua doença. Meus pais tinham honra! ( gritando com lágrimas nos olhos ). Eles viveram dignamente. Eu não vou permitir que você fale mal deles!!
Gasuke ( lívido, sacando sua espada ): Não permitirá?! Moleque!! Vou matar você!!
( ele é derrubado, juntamente com a porta por Kenshin )
Yakuza: Quem, diabos, é você?
Tanishi: É uma invasão! Chamem todos!
Kenshin: Você pode chamá-los mas eles não virão. Quando eles não me deixaram entrar eu os fiz tirar uma pequena soneca. Eu sou o andarilho Himura Kenshin. Estou lhes fazendo essa visita para que me devolvam esta criança.
Gasuke: Que "visita"? Você também é um samurai! Vou te matar também!
( um golpe de Kenshin esmaga-o contra o teto )
Kenshin: Eu ainda estou falando. Fique em silêncio por um momento. ( para o chefe ). O que acha? Mostrará uma boa natureza e generosamente o entregará a mim? Eu acho que é melhor do que sofrer a vergonha de ter sua compania destruída...
Tanishi: E-entendi. Pode levá-lo.
Kenshin ( guardando a espada ): Obrigado. Desculpe minhas palavras ásperas. ( estendendo a mão a Yahiko ) Você está bem, criança? Eu não conheço este local e perdi tempo lutando com os capangas do outro lado...
( Yahiko bate na mão de Kenshin )
Yahiko: Quem te pediu pra me salvar? Eu poderia lutar sozinho! Eu podia lutar contra eles!
Kenshin: Entendo. Eu o subestimei novamente.
( Yahiko arregala os olhos. Kenshin agarra-o e joga-o sobre os ombros )
Kenshin: Então deixe que eu me desculpe cuidando dos seus ferimentos.
Yakuza: O-o desgraçado está fugindo!
Tanishi: Parem. Não importa. Aqueles eram os olhos de um Hitokiri. Não um hitokiri da Yajuza. Era o verdadeiro. Eu não posso acreditar que no mundo Meiji ainda existam homens com aqueles olhos... Se lutarmos com ele nossas vidas não valerão nada. Um moleque é um preço pequeno para acertar as coisas.
( Kenshin vai para o dojo com Yahiko )
Yahiko: Droga! Droga! Droga! Droga! Droga! Droga! ( há lágrimas em seus olhos ) Droga!
Kenshin: É sua fraqueza que o aborrece, criança?
Yahiko: Droga! Eu quero ser forte. Forte, então não precisarei da ajuda de ninguém... poderei defender a honra de meus pais, eu mesmo.
Kenshin: Entendo...
( no dojo Kamiya )
Kaoru: Ele está atrasado... Bem, Kenshin, provavelmente está bem... mas o menino... ( Kenshin abre a porta ) Oh! Ele está muito ferido. Há uma carruagem do outro lado esperando para levá-lo ao médico.
Kenshin: Esta é a mestra ajudante da escola Kamiya Kasshin. De hoje em diante sua mestra.
Yahiko: Esperaí! Você está me dizendo para aprender Kenjutsu?! Com essa bruxa?!
Kaoru: Mestra?! Esse moleque de cara feia vai ser meu pupilo?!
Kenshin: É. Bem, agora depende dos seus esforços. Tudo está em ordem. Você pode ser tão forte quanto quiser... Yahiko.
Yahiko: E qual o problema, bruxa?
Kenshim: Ei... o médico...