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Doutrina Católica

Mensagem do Cardeal D. Eugenio de Araújo Sales

Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro

21/11/2003

Lições do Pontificado de 25 Anos

Nós somos constantemente atingidos por más notícias, pela divulgação de fatos aqui e alhures que não nos ajudam a vencer nossas inclinações ao mal, fruto do pecado. No mês de outubro passado, dos dias 15 a 24, Deus nos envolveu numa admirável atmosfera do Bem, fruto de extraordinárias ocorrências que estimularam a elevação espiritual de nossa vida. Devemos conservar essas recordações, pois são benéficas à nossa existência. Assim fazendo, fortaleceremos nossa disposição de viver os valores que se encontram nos alicerces destes mesmos acontecimentos. Nós não somos alcançados apenas por fatores negativos, mas o Senhor nos proporciona admiráveis elementos para restabelecer o equilíbrio indispensável a uma sobrevivência em meio ao mundo desordenado. Com este intento volto a comentar o Jubileu do Pontificado de João Paulo II, 25 anos no leme da barca de Pedro. E fortalecer a esperança de sua permanência por longo tempo a serviço do Ministério petrino.

Os dados que apresento, são do conhecimento público, mas encontram-se dispersos em diversas publicações. Ao refletir sobre esse conjunto sentimos revigorar nossa ação de graças a Deus pelo que Ele faz através desse servo enfermo, o Papa. Ele recebeu de Deus a missão de governar sua Igreja e pede orações para fazê-lo até o último suspiro, conforme lemos em grandes títulos estampado em “L`Osservatore Romano”, edição italiana de 19 de outubro: “A coragem na proclamação do Evangelho jamais arrefeça; pelo contrário, até o último suspiro deve ser nosso principal empenho, enfrentando com uma dedicação sempre renovada”. Essa apaixonada declaração de amor ao Cristo, João Paulo II a pronunciou em seu discurso, na Sala Paulo VI, a 18 de outubro. O Pontífice, no início da sessão conclusiva da reunião do Colégio dos Cardeais foi saudado pelo cardeal Joseph Rastzinger, que recordou alguns aspectos dos 25 anos no governo da Igreja: “Os Cardeais desejam unanimemente reafirmar a filial união à sua pessoa e a fiel e total adesão a Seu alto Magistério de Pastor da Igreja Universal”. No final da tarde de 16 de outubro de 1978, subiu da chaminé da Capela Sistina onde estávamos reunidos, 110 Cardeais, a fumaça indicativa de ter sido eleito o sucessor de João Paulo I. Era a segunda votação do segundo dia do conclave. A imensa multidão, concentrada na Praça de São Pedro, tomou conhecimento do nome do escolhido pelo anúncio do cardeal Péricles Felici: “Eu vos anuncio uma grande alegria: Temos Papa, o cardeal Karol Wojtyla que escolheu o nome de João Paulo II”. Era o 264º Papa. O novo Pontífice apareceu no balcão da Basílica do Vaticano e saudou o povo com o “Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo” e, humildemente, confessou: “Tive medo ao receber este encargo, mas o fiz em espírito de obediência a Nosso Senhor e com uma confiança integral em sua Mãe, a Virgem Santíssima”.

Daí partiu um extraordinário itinerário em favor do Evangelho em meio a um mundo conturbado. Têm sido tantas e tão extraordinárias vitórias de Deus, que se serve desse homem como instrumento! Com 58 anos de idade, iniciou seu ministério petrino a 22 de outubro de 1978. Durante esse tempo, 3300 dos 4200 bispos existentes no mundo foram chamados por ele ao Episcopado. Cada quarta-feira dá uma aula que podemos chamar de catecismo. Todos os domingos reza com o povo, na Praça de São Pedro, a oração do Ângelus e faz uma pequena preleção, de acordo com as necessidades do mundo. Tudo é transmitido para a Itália e além fronteiras, pelo rádio e televisão. Escreveu 14 Encíclicas, muitas das quais marcaram profundamente o pensamento eclesial e influenciaram vastas regiões do mundo; 14 Exortações Apostólicas e 28 “Motu proprio” sobre ensinamentos e temas necessários ao momento. Além disso, inumeráveis mensagens e outros documentos, sempre oportunos, revelando o pastor vigilante e corajoso. Uma característica: sua fala anuncia a doutrina integral, sem subterfúgios, sem medo do pequeno ou do mais importante. Milhões de pessoas de todos os níveis têm ido a Roma para vê-lo, ouvi-lo ou voltam sua atenção para a cidade eterna, mesmo que não sigam suas diretrizes.

Nos 25 anos de Pontificado, o Papa João Paulo II fez 102 viagens, fora da Itália e 143 dentro dessa nação.

Realizou visita pastoral em quase todas as paróquias da Diocese de Roma. Isto sem falar em sua presença freqüente a universidades, hospitais, prisões e tantas outras instituições. Em Roma, milhões de peregrinos participaram de cerimônias religiosas por ele presididas. Causa admiração o número de autoridades, a começar por chefes de Estado e de Governo. Nos últimos 25 anos, até o final das festividades do jubileu, beatificou 1324 Servos de Deus, inclusive brasileiros, como José de Anchieta, frei Galvão e os mártires de Cunhaú e Uruaçu. Canonizou 477 Bem-aventurados, entre eles, a freira Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus. Aliás, a exortação à santidade se repete com freqüência em seus pronunciamentos, de modo particular no início deste Terceiro Milênio. Aí procura o Santo Padre a força para a solução dos problemas que nos afligem.

A título de curiosidade, que revela a grandeza dos préstimos em prol de evangelização do mundo, estão as distancias percorridas, levando a todos a palavra de paz, concórdia e perdão. As 245 viagens pastorais, de João Paulo II, incluindo as da Itália, somam 1.163.865 km o que significa 28 vezes a circunferência da terra, ou três vezes a distância entre nós e a lua, aproximadamente.

Um dado revelador da importância do Papa diante das nações é o fato de 85 países, no início do Pontificado, mantinham relações diplomáticas com a Santa Sé e hoje são 172 nações.

E há muito mais a relatar sobre sua atuação em tantos outros campos da vida humana.

Terminou a celebração do Jubileu de João Paulo II, 25 anos de Pontificado do Sucessor de Pedro. Resta-nos agradecer a Deus o Bem realizado em favor do Evangelho e da Humanidade.

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