Doutrina Católica

DOUTRINA CATÓLICA

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Reflexões sobre o Concílio Vaticano II -

A Tradição e as Sagradas Escrituras

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A Palavra de Deus e a Liturgia

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O Concílio Vaticano II reafirmou a Palavra de Deus como centro da vida da Igreja , declarando que “o Magistério não está acima da Palavra de Deus , mas sim ao seu serviço” (Dei Verbum 10) e concitou os fiéis ao uso das Sagradas Escrituras (Dei Verbum , Cap. 6 , 21-25) ; pois “a Sagrada Escritura deve ser como que a alma de toda a teologia” (Optatam Totius 16). O Vaticano II renovou assim vivamente o convite à leitura das Sagradas Escrituras como fonte imprescindível para o conhecimento da doutrina sobrenatural revelada.

Através da leitura e da pregação das Sagradas Escrituras , a Palavra de Deus invade a vida da Igreja e igualmente a ordem temporal . Com a Palavra , os homens têm acesso à fé , e podem encontrar a salvação em Cristo , redentor da humanidade ; o eleito de Deus para a regeneração do universo inteiro .

As discussões conciliares podem ser apresentadas em alguns eixos temáticos , tal como seguem abaixo.

-- A Escritura e a Sagrada Tradição --

O Concílio as entende como unidas (Dei Verbum 9); possuem a mesma origem e os mesmos objetivos , integrando o mesmo depósito da fé. Formam uma unidade indissolúvel . A leitura das Sagradas Escrituras deve ser feita sob a orientação do magistério supremo da Igreja. Apenas o magistério eclesiástico desfruta de infalibilidade na leitura do Texto Sagrado.

A leitura da Bíblia deve ser feita sempre à luz dos ensinamentos da tradição, tendo em consideração o conjunto das Sagradas Escrituras e não trechos isolados . A coerência dos ensinamentos bíblicos não pode ser contrariada, porque as Sagradas Escrituras formam uma unidade indissolúvel.

A “tradição” é composta pela doxologia (o louvor , o reconhecimento de Deus) , a epiclese (a invocação do dom do Espírito) e o “sensus fidelium” (Lumem Gentium 12). A tradição é , portanto , objeto de louvor , por ser obra do Espírito Santo ; ela prossegue na invocação do Espírito Santo para que Este enriqueça profusamente a Igreja ; e tudo isso se realiza na comunhão de fé , no 'sentir comum' da Igreja. O Concílio Vaticano II manteve a definição conceitual anterior sobre a tradição , reforçando que a doutrina revelada possui limites que não podem ser contrariados pelo sagrado magistério , pois a sua autoridade é legítima , precisamente , porque baseada nos limites que foram impostos pelo Autor da doutrina revelada.

-- A Palavra de Deus e a Igreja --

A Const. Dogmática Dei Verbum (21) afirma o valor semelhante da Palavra e da Eucaristia , duas “mesas” nas quais se oferece o mesmo Cristo ; ressalta a especial presença de Deus , “viva e eficaz”, na Sagrada Escritura .

Tanto nas Escrituras quanto no sacramentos , está presente o Espírito Santo , a Palavra de Deus , atuando em nós. Por essa razão : - “ignorar as Escrituras é ignorar Cristo” (Dei Verbum 25).

A graça dos sacramentos nos mantém sob a lei e no reto caminho da Palavra de Deus. Não é possível o homem viver uma vida cristã plenamente , sem a participação intensa na vida litúrgica. Existe uma vinculação indissociável entre ouvir a Palavra de Deus e receber a graça através dos sacramentos e das obras de misericórdia.

Estamos convidados pelo Espírito Santo , permanentemente , a crescer na graça , na justiça e na caridade , após o recebimento da graça batismal.

A liturgia é o momento central da vida da Igreja , quando a comunidade reunida pelo convite do Espírito Santo , vem louvar o Deus único , e receber o Pão da Vida , a Palavra que Salva .

Fomos unidos a Deus e ao Cristo , através dos sacramentos. Nos sacramentos celebramos a nossa fé e o dom da vida ; agradecemos a nossa justificação e pedimos para continuar sob a graça. A Igreja vive dos sacramentos que existem nela e para ela ; e , através dela , para todos nós . Os sacramentos expressam uma comunicação eterna de Deus para Deus , comunicação de justiça e misericórdia.

A Igreja afirma a necessidade da participação na totalidade da santa missa , na liturgia da palavra e na liturgia eucaristica.

As diretrizes conciliares são no sentido de valorizar a leitura da Palavra de Deus na liturgia , na oração , na pregação , na teologia e na vida cotidiana. As encíclicas papais e os documentos dos sínodos depois do Concílio Vaticano II são efetivamente mais ricos em referências bíblicas. A Igreja consciente de que o carisma da infalibilidade é exclusivo do Santo Padre e do Colégio Episcopal , remete , com segurança , seus ensinamentos às Sagradas Escrituras como fonte inerrante da Palavra de Deus e é através da tradição e do magistério eclesiástico que o fiel deverá entender o que diz os textos bíblicos.

-- Palavra de Deus e a história --

O entendimento da revelação de Deus como história , estrutura a própria Constituição Dei Verbum ! A revelação divina se faz também por palavras e acontecimentos (Dei Verbum 2: “por meio de ações e palavras intimamente relacionadas entre si”). Os desígnios da providência divina expressam-se ao longo da história humana ; - conhecer a história da civilização cristã e da Igreja é , portanto , conhecer o modo como Deus agiu para a conversão dos povos , através de mulheres e homens santos , ou diretamente ; e é também rememorar a defesa da Sua Igreja , em face das ameaças que se levantaram contra a fé.

Neste processo podemos avaliar , com mais serenidade , a posição da Igreja e de seus adversários , as atitudes acertadas e os erros eventuais. E evitarmos cometer o mesmo erro e termos a mesma dificuldade no futuro.

NS Jesus Cristo revela Deus Pai e Seu desígnio , não apenas por palavras , mas por sua vida , morte e ressurreição. Toda a vida de Cristo é mistério , graça e oblação . Ele continua vivendo com a Igreja as dificuldades e os triunfos que esta experimenta até a Parusia (A Segunda Vinda) Por essa razão , a teologia e a Igreja , devem atentar mais aos “sinais dos tempos” - aos sinais da vontade de Deus manifestada na história - e também para a interpretação da Bíblia , que pode lançar mão da hermenêutica em suas diferentes ramificações , para o alcance sempre mais preciso da Palavra de Deus.

Aos apóstolos foi confiada a missão de governar , ensinar e santificar , todos os homens . O Santo Padre , como sucessor de Pedro , a Cabeça Visível da Igreja , e o Colégio Episcopal como sucessor do Colégio Apostólico, cumprem , com autoridade divina , o dever de enriquecer a doutrina revelada e de impedir o livre curso de erros e de ameaças à integridade do depósito da fé.

Os fiéis devem confessar a existência de uma continuidade inquebrantável entre a Igreja de NS Jesus Cristo e dos apóstolos e a Igreja Católica Apostólica Romana.

(EJ)

Bibliografia :

Documentos do Concílio Vaticano II

Catecismo da Igreja Católica de 1992

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