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DOUTRINA CATÓLICA

A Igreja Católica Oriental condenada à morte pelo ecumenismo

A eclesiologia ecumênica: extra Ecclesiam salus!

A sétima sessão plena da Comissão mista internacional para o diálogo teológico entre a Igreja Católica e a Igreja ortodoxa aconteceu de 17 a 24 de junho em Balamand, no Líbano. Ela tratou da questão das Igrejas Uniatas. A declaração final, aprovada pelas duas partes, (logo, pelos representantes da Igreja Católica mandatados pelo Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos), contém afirmações surpreendentes e constitui praticamente uma condenação à morte das Igrejas Uniatas. A exposição se apóia, é claro, sobre o Vaticano II e sobre os princípios do ecumenismo e da liberdade religiosa (cf. nº 13, 14, 24, 25, 27). Extraímos suas afirmações mais características.

A fundação das Igrejas Uniatas é reconhecida como um fato infeliz: «Estas iniciativas conduziram à união de algumas comunidades com a sede em Roma e ocasionaram, como conseqüência, a ruptura da comunhão com suas Igrejas Mães do Oriente. Isto se produziu não sem a intervenção de interesses extra-eclesiais» (nº 8). Portanto, as Igrejas cismáticas do Oriente são reconhecidas como Igrejas mães da Igreja Católica oriental.

«Para legitimar esta tendência [o esforço missionário das Igrejas Uniatas] fonte de proselitismo, a Igreja Católica desenvolveu a visão teológica segundo a qual ela se apresentava como a única depositária da salvação» (nº 10). Isto revela a «eclesiologia desvalorizada do retorno à Igreja católica (nº 30). Em conseqüência «esta forma de apostolado missionário descrito acima, e que foi chamado de "uniatismo", não pode mais ser aceito nem enquanto método a seguir, nem enquanto modelo de unidade procurada por nossas Igrejas» (nº 12). «A Igreja Católica e a Igreja ortodoxa se reconhecem mutuamente como Igrejas irmãs» (nº 14), e se reconhecem «à sucessão apostólica» (nº 30). Por isso «não se trata de procurar a conversão das pessoas de uma Igreja à outra para assegurar sua salvação» (nº 15). «A ação pastoral da Igreja católica tanto latina quanto oriental, não tenta mais fazer passar os fiéis de uma Igreja à outra, isto é, não visa mais ao proselitismo entre os ortodoxos» (nº 22).

Os verdadeiros sucessores dos Apóstolos no oriente

O documento de Balamand está em contradição explícita com a doutrina constante da Igreja Católica. A «eclesiologia ultrapassada» denunciada por este documento se acha presente, entre outros, nos textos do Concílio de Florença, consagrado justamente à união com os cismáticos orientais, que aceitaram e assinaram estes textos: «Definiremos também que a Santa Sé apostólica e o Pontífice romano possuem o primado sobre toda. a terra; que este pontífice romano é o sucessor do bem-aventurado Pedro, o príncipe dos Apóstolos, que é o verdadeiro vigário de Cristo, a cabeça de toda a Igreja, o pai e o doutor de todos os cristãos» (Decreto para os gregos, DS 1307). Por esta razão, levando em conta os problemas levantados pelo ecumenismo nascente,o Santo Ofício declarava em 1864:

«A Igreja Católica é então una, de uma unidade remarcável e perfeita sobre toda a terra e entre todas as nações; esta unidade tem por princípio, raça e origem indefectível Pedro, chefe dos Apóstolos, a autoridade soberana de seus sucessores na cadeira de Roma e sua “origem” mais excelente» (Santo Irineu, Adv. haer. I,3,3,1), (DS 2888). O mesmo Santo Ofício declarava em 1949: «ninguém será salvo se, sabendo que a Igreja foi divinamente instituída por Cristo, não aceite entretanto se submeter à Igreja ou recuse obediência ao Pontífice Romano, vigário de Cristo sobre a terra» (DS 3867). Assim, por sua recusa de pertencer a esta Igreja Católica, os bispos ortodoxos não são os sucessores dos Apóstolos, sua sucessão apostólica é só «material». Os verdadeiros sucessores dos Apóstolos nas terras do Oriente são os bispos uniatas, que a comissão de Balamand quer, senão eliminar, ao menos reduzir à impotência integrando-os no amálgama ecumênico.

As Igrejas católicas orientais, no passo certo

De fato, esse documento segue logicamente o acerto das igrejas orientais católicas no passo certo, que são intimadas a se submeter à orientação ecumênica resultante do Concílio Vaticano II: «É preciso então que essas Igrejas sejam integradas, tanto ao nível local quanto ao nível universal, ao diálogo de caridade no respeito mútuo e na confiança recíproca reencontrada, e que elas entrem no diálogo teológico com todas suas implicações práticas» (no 16; nós sublinhamos).

Concretamente: «As autoridades da Igreja católica ajudarão para isto as Igrejas orientais católicas e suas comunidades a preparar, elas também, a plena comunhão entre as Igrejas católica e ortodoxa» (no 21). Claramente, os funcionários da Roma modernista e ecumênica se esforçarão em dobrar as Igrejas orientais católicas às suas exigências. «Dar-se-á uma atenção especial à preparação dos futuros padres» (no 30). «É necessário que haja uma informação recíproca sobre os diversos projetos pastorais» (no 22). De jeito nenhum, evidentemente, «por em obra, sem consulta prévia aos dirigentes dessas igrejas (ortodoxas), um projeto pastoral que afete também os fiéis dessas igrejas» (no 22).

Um bispo uniata que tenha alguma veleidade de apostolado deve se premunir da autorização da hierarquia cismática! «É necessário que os bispos católicos e ortodoxos de um mesmo território, se consultem antes da realização de projetos pastorais católicos implicando a criação de novas estruturas nas regiões dependentes tradicionalmente da jurisdição da Igreja ortodoxa» (no 29). O apostolado católico é submisso à hierarquia ortodoxa!

A traição da própria hierarquia oriental

A hierarquia uniata não podia ficar indiferente a um tal documento. Ela dirigiu, a este propósito,uma carta ao cardeal Edward Idris Cassidy (Documentation Catholique nº 2086 de 16 de janeiro de 1994). O cardeal Lubacivsky reclama justamente que o documento ignora que até agora foram os católicos que sofreram perseguições por parte dos ortodoxos. Ele menciona em particular a reunião forçada da Igreja Ucraniana à Igreja Ortodoxa russa e a recusa desta última de reconhecer seus erros neste caso. Definitivamente, ele reprova os ortodoxos por não serem... ecumênicos.

Mas o documento de Balamand recebe no fundo a sua aprovação. «As apreensões de nossos fiéis, do clero e mesmo dos bispos, acerca do trabalho da Comissão mista internacional, mesmo que elas tenham sido compreensíveis dado o clima interconfessional atual, revelaram-se sem fundamento». «O convite dirigido aos católicos orientais para participar tanto do diálogo de caridade, como do diálogo teológico será especialmente bem acolhido». Ele aprova sem reserva o que exprime o documento quanto à «compreensão da Igreja como comunhão, o reconhecimento mútuo da outra como "Igreja irmã" e os elementos que este reconhecimento engloba», em particular a «sucessão apostólica de nossos bispos».

A única objeção doutrinal que formula o cardeal é sua distinção sobre o caráter inaceitável do uniatismo. Ele distingue entre método e modelo. Seu método é efetivamente inaceitável. Como modelo de unidade é aceitável pois «é possível mudar o modelo». Na passagem, o cardeal Lubacivsky recupera o metropolitano Andrei Sptysky (+1944), que diz que «nunca pensou que sua missão fosse a conversão dos ortodoxos à Igreja católica oriental». O que é uma contra verdade histórica, porque o servidor de Deus tinha pedido a São Pio X a jurisdição sobre o conjunto da Rússia, que então não comportava nenhuma comunidade uniata (conf. Dom Basilius O.S.B., Leonid Fiodorov).

As diretivas práticas de Balamand não encontraram nenhuma oposição no cardeal Lubacivsky, muito pelo contrário. Ele escreve: «Prometo, assim como meus irmãos bispos, clérigos e fiéis, aplicar as regras práticas do documento de Balamand da melhor forma que pudermos». O que compreende: "não procurar a passagem dos fiéis de uma Igreja para a outra" e "de dar uma atenção especial à formação ecumênica dos futuros padres, especialmente no que concerne à sucessão apostólica da outra Igreja». «Nós instruiremos o melhor possível nossos clérigos e os fiéis no desenvolvimento do movimento ecumênico, até e inclusive este documento».

Sabia-se já que «Roma» traía as Igrejas Uniatas, faltava ainda a traição da Igreja Greco-Católica Ucraniana pela sua própria hierarquia.

Augustinus

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