Porto Alegre, 10 de dezembro de 2001
O Natal comemora o nascimento de Cristo. Mas ninguém sabe ao certo o dia em que Jesus nasceu. Acredita-se, inclusive, que Cristo não nasceu no ano zero, mas entre os anos 4 a 5 a.C. Como foi escolhida, então, a data de 25 de dezembro? O professor de Teologia da PUC-RS Luiz Carlos Susin e o padre Roberto Paz, da Arquidiocese de Porto Alegre, explicam que a data de 25 de dezembro era uma festa conhecida, no hemisfério Norte, como Festa da Luz, e comemorava o solstício de inverno, ou seja, quando o dia está no seu menor período. Mas, justamente neste dia, se comemorava o dia do Sol Invencível, que renascia no coração do inverno europeu. "
Na pré-história, tradições do mundo pagão, como as festas em comemoração ao Sol vindas do Oriente, foram incorporadas pelo Império Romano", explica Susin. Com o crescimento e a difusão do cristianismo, optou-se por usar a Festa da Luz para celebrar aquele que era a Luz, Cristo. "A festa foi inculturada, como é tradição da Igreja de não destruir a cultura dos povos, mas de dar a ela um novo significado", explica o padre Paz. "
A data do dia 25 de dezembro não é uma comemoração cronológica, mas de um significado: ‘o aparecimento do Sol cristão’", diz Susin, explicando por que o símbolo do Natal é a luz, mas não mais a do sol, que precisa de uma oferenda, mas daquele que se faz oferta por nós, já que Cristo, sendo Deus, se fez homem para nos salvar de todos os males.
A figura de Papai Noel surgiu apenas no século XIX. Inicialmente ligada a São Nicolau, um bispo que dava presentes aos pobres e conseguiu dotes para moças casarem (uma exigência da época). A imagem do velhinho acabou sendo explorada pelo capitalismo para o incremento de consumo que vem da troca de presentes. De qualquer maneira, os anos fixaram a festa como sendo um momento de festa em família e confraternização. Mesmo para algumas religiões que não são a Católica ou as cristãs, a data é lembrada, sem as mesma proporções, já que Cristo é considerado um profeta para muçulmanos e espíritas. (Por Adriana Androvandi - Jornal Correio do Povo)