Doutrina Catolica

Doutrina Cat�lica

Jo�o Paulo II em audi�ncia geral comenta o Salmo 61 -- �A paz em Deus�.

1. Acabam de ressoar as doces palavras do Salmo 61, um canto de confian�a, que come�a com uma esp�cie de ant�fona, repetida na metade do texto. � como uma jaculat�ria forte e serena, uma invoca��o que � tamb�m um programa de vida: �S� em Deus descansa minha alma, porque dele vem minha salva��o, s� ele � minha rocha e minha salva��o, minha fortaleza: n�o vacilarei� (vers�culos 2-3.6-7).

2. O Salmo, contudo, mais adiante p�e em contraposi��o duas formas de confian�a. S�o duas op��es fundamentais, uma boa e outra perversa, que comportam duas condutas morais diferentes. Antes de tudo, est� a confian�a em Deus, exaltada na invoca��o inicial, onde aparece um s�mbolo de estabilidade e seguran�a, a �rocha�, ou seja, uma fortaleza e um baluarte de prote��o.

O Salmista confirma: �De Deus vem minha salva��o e minha gl�ria, ele � minha rocha firme, Deus � meu ref�gio� (vers�culo 8). Diz isso ap�s ter evocado as confabula��es de seus inimigos que �s� pensam em derrubar-me de minha altura� (Cf. vers�culos 4-5).

3. Mas est� tamb�m a confian�a de car�ter id�latra, ante a qual aquele que ora fixa com insist�ncia sua aten��o cr�tica. � uma confian�a que leva a buscar a seguran�a e a estabilidade na viol�ncia, no roubo e na riqueza.

Ent�o se faz um chamado sumamente claro: �N�o confieis na opress�o, n�o ponhais ilus�es no roubo; e ainda que cres�am vossas riquezas, n�o lhes deis o cora��o� (vers�culo 11). Evoca tr�s �dolos, proscritos como contr�rios � dignidade do homem e � conviv�ncia social.

4. O primeiro falso deus � a viol�ncia � qual a humanidade segue recorrendo por desgra�a tamb�m em nossos dias ensang�entados. Este �dolo � acompanhado por um imenso cortejo de guerras, opress�es, prevarica��es, torturas e assassinatos execr�veis, cometidos sem remorsos.

O segundo falso deus � o roubo, que se manifesta na extors�o, na injusti�a social, na usura, na corrup��o pol�tica e econ�mica. Muita gente cultiva a �ilus�o� de satisfazer deste modo sua pr�pria cobi�a.

Por �ltimo, a riqueza � o terceiro �dolo ao que �se apega o cora��o� do homem com a esperan�a enganosa de poder-se salvar da morte (Cf. Salmo 48) e assegurar-se o prest�gio e o poder.

5. Ao servir a esta tr�ade diab�lica, o homem esquece que os �dolos n�o t�m consist�ncia, e mais, s�o daninhos. Ao confiar nas coisas e em si mesmo, esquece que � �um sopro�, �apar�ncia�, e mais, se se pesa na balan�a, seria �mais leve que um sopro� (Salmo 61, 10; Cf. Salmo 38, 6-7).

Se f�ssemos mais conscientes de nossa caducidade e de nossos limites como criaturas, n�o escolher�amos o caminho da confian�a nos �dolos, nem organizar�amos nossa vida segundo uma hierarquia de falsos valores fr�geis e inconsistentes. Optar�amos mais pela outra confian�a, a que se centra no Senhor, manancial de eternidade e de paz. S� Ele �tem o poder�; s� Ele � manancial de gra�a; s� Ele � plenamente justo, pois paga �a cada um segundo suas obras� (Cf. Salmo 61, 12-13).

6. O Conc�lio Vaticano II dirigiu aos sacerdotes o convite do Salmo 61 a �n�o apegar o cora��o � riqueza�. O decreto sobre o minist�rio e a vida sacerdotal exorta: �h�o de evitar sempre toda classe de ambi��o e abster-se cuidadosamente de toda esp�cie de com�rcio� (Presbyterorum ordinis, n. 17).

Agora, este chamado a rejeitar a confian�a perversa e a escolher a que nos leva a Deus � v�lido para todos e deve converter-se em nossa estrela polar no comportamento cotidiano, nas decis�es morais, no estilo de vida.

7. � verdade, � um caminho �rduo, que comporta inclusive provas para o justo e op��es valentes, mas sempre caracterizadas pela confian�a em Deus (Cf. Salmo 61, 2). Deste ponto de vista, os Padres da Igreja viram no Salmo 61 uma premoni��o de Cristo e puseram em seus l�bios a invoca��o inicial de total confian�a e ades�o a Deus.

Neste sentido, no �Coment�rio ao Salmo 61�, Santo Ambr�sio argumenta: �Nosso Senhor Jesus, ao assumir a carne do homem para purific�-la com sua pessoa, n�o deveria ter cancelado imediatamente a influ�ncia mal�fica do antigo pecado? Pela desobedi�ncia, ou seja, violando os mandamentos divinos, a culpa se havia introduzido, arrastando-se. Antes de tudo, portanto, teve de restabelecer a obedi�ncia para bloquear o foco do pecado... Assumiu com sua pessoa a obedi�ncia para transmitir-nos� (�Coment�rio aos doze salmos�-- 61, 4: SAEMO, VIII, Milano-Roma 1980, p. 283).

Hosted by www.Geocities.ws

Hosted by www.Geocities.ws

1