Doutrina Católica

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Côn. Vidigal - Deus clemente

Mariana (MG), 15/10/2004 - 09:24

Tão grande é a clemência divina que Jesus, inúmeras vezes, concitou a seus seguidores a implorarem com insistência os favores celestes. Certa feita contou a parábola do juiz e da viúva ( Lc 18, 1-8) que tanto bateu na porta do magistrado que este, homem injusto, resolveu atendê-la, pensando: "Ainda que eu não tema a Deus, nem respeite os homens, todavia, visto que esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, para que não venha continuamente atormentar-me". Cristo então tira a conclusão consoladora para quem tem fé: "E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que estão clamando a ele, de dia e de noite, e tardará em os socorrer?" Na sua onisciência infinita o Ser Supremo conhece todas as necessidades humanas. Quer, contudo, que se Lhe sejam dirigidos os pedidos não apenas para que cresça a confiança no Seu poder, como ainda para que o ser pensante formule com objetividade suas súplicas e, posteriormente, saiba bem usufruir dos favores recebidos e seja agradecido pelos mesmos. Dimas, o bom ladrão, lá no Calvário foi de uma sabedoria impressionante pois não pediu nada determinadamente: "Lembra-te de mim quando estiveres em teu reino" (Lc 23,42). Neste caso Ele nos ensina que é de Deus o conceder e dar o que é melhor. Quando esperamos dele a graça, supomos que sua liberalidade infinita pode nos amparar. Quando, porém, não especificamos o que queremos honramos sua sabedoria. Quantas vezes nos dirigimos a Deus mais exigindo do que pedindo. Com Dimas deveríamos apenas apresentar o problema e deixar a Ele a solução. Muitas vezes o homem quer enquadrar Deus nos seus limitados esquemas mentais e, por isto, ao invés de obter mais, recebe menos. Dimas solicitou apenas uma lembrança e ganhou o Paraíso! Impetrou uma recordação e foi envolvido numa absolvição geral de suas culpas. Observemos ainda que ele não determinou nem o dia nem a hora, desejava apenas uma reminiscência de Jesus: " Quando estiveres no teu reino", mas é logo atendido: "Hoje". Deus exige sempre uma fidúcia absoluta, ardente. De muitos de seus miraculados ele ressaltou esta qualidade essencial anexa ao pedido a ele feito. Os apóstolos, que duvidavam, repreendeu: "Porque duvidastes?" (Mt 14,31). Cumpre engajamento total no Seu poder divino, um mergulho na Sua misericórdia sem limites. A certeza inquebrantável de que Ele é onipotente e clemente é uma homenagem significativa e redentora, fruto do amor e ato da inteligência esclarecida pela fé. São Paulo, ufano, proclamava: "Eu sei em quem acreditei"! (2 Tm 1,12), ou seja, conheço experimentalmente Aquele a quem dirigi a minha rogativa. Deus deve ser sempre o ponto de apoio do cristão, refúgio em todas as necessidades. Abraão foi um exemplo admirável que confiou até o sacrifício (Gn 22,8-14), porque estava seguro de que "Deus providenciará" tudo que for necessário para quem nele deposita sua segurança indefectível. Eis por que " feliz aquele que confia em Javé" e não nas criaturas (Jr 17, 4.7). O epígono de Jesus recusa qualquer outro senhor que não aquele cujo poder, sabedoria e amor paternal garantem socorro certo em qualquer circunstância (Mt 6, 24-34). O salmista é taxativo: "Quem confia em Javé, a graça o envolve ( Sl 32,10); " feliz quem nele se refugia" (Sl 2,12). A irradiante confiança no Pai do Céu torna o cristão briosamente destemido e constante nas horas das tribulações, pois tem não só a graça para tudo suportar em reparação de suas faltas, como também tem a fiúza de que o Onipotente o aliviará no momento oportuno. É, deste modo, fiel em toda e qualquer situação. A fidelidade confere à confiança sua plenitude e é prova de um grande amor ao Todo-Poderoso Senhor. Este ouve, atende e conforta sempre quem nele espera. Um ato de amor confiante tudo obtém, atraindo todas as graças celestes!

Fonte: Font, Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

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