DOUTRINA CATÓLICA

Papa no Coliseo

Papa João Paulo II

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Haverá o Reino Milenar de Cristo na terra? (Ap 20, 1´15)

Este trecho do Apocalípse foi na antiguidade, e, hoje também, entendido como se anunciasse um reino de Cristo, de paz e bonança, durante mil anos imediatamente antes dos fins do tempo, estando Satanás acorrentado. Este milênio de Cristo na terra seria inaugurado pela primeira ressurreição, reservada somente aos justos, aos quais seria dado viver em paz com Cristo. Terminado este milênio, Satanás seria solto para realizar o seu ataque final contra a Igreja, que seria a sua derrota definitiva. Então, aconteceria a segunda ressurreição para os demais homens, e o juízo final. Esta teoria milenarista, entendida ao pé da letra, foi aceita por antigos escritores da Igreja (S. Justino†165, S. Irineu †202, Tertuliano †após 220, Lactâncio † após 317... ), mas nunca foi confirmada pela Igreja. Santo Agostinho (†430) propôs um novo modo de entender o texto, e este foi aceito pela Igreja. Santo Agostinho baseou´se em Jo 5, 25´29 para a sua interpretação. O texto diz: “Em verdade, em verdade vos digo, aquele que ouve a minha palavra... passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo, que vem a hora, e já veio, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão ... Não vos admireis disto, pois vem a hora em que ouvirão sua voz todos os que estão nos sepulcros. Os que praticaram o bem sairão para a ressurreição da vida; os que, porém, praticarem o mal, sairão para a ressurreição do juízo“. Nesse trecho o Senhor distingue duas ressurreições: uma, que se dá “agora” (“e já veio”), no tempo presente, quando ressoa a pregação da Boa ´Nova; é espiritual, devida ao Batismo; equivale à passagem do pecado original para a vida da graça santificante. A outra é simplesmente futura e se dará no fim dos tempos, quando os corpos forem beneficiados pela vida nova agora latente nas almas. Por conseguinte, no Apocalípse a ressurreição primeira é a passagem da morte para a vida que se dá no Batismo de cada cristão, quando este começa a viver a vida sobrenatural ou a vida do céu em meio às lutas da terra. A segunda ressurreição é, sim, a ressurreição dos corpos, que se dará quando Cristo vier em sua glória para julgar todos os homens e pôr fim definitivo à história. Mil anos em Ap 20,1´10, designam a história da Igreja na medida em que é luta vitoriosa (“mil”é um símbolo de plenitude, de perfeição; “mil felicidades”, na linguagem popular, são “todas as felicidades”). Pela redenção na Cruz, Cristo venceu o Príncipe deste mundo (cf. Jo 12, 31), tornando´o semelhante a um cão acorrentado, que muito pode latir, mas que só pode morder a quem voluntariamente se lhe chegue perto (Santo Agostinho). É justamente esta a situação do malígno na época que vai da primeira à segunda vinda de Cristo ou no decurso da história do Cristianismo; por isto os três anos e meio que simbolizam o aspecto doloroso desses séculos (já estamos no final do vigésimo século), são equivalentes a mil anos, caso queiramos deter nossa atenção sobre o aspecto feliz, transcendente ou celeste da vida do cristão que peregrina sobre a terra; a graça santificante é a semente da glória do céu. Assim se vê como seria contrário à mentalidade do autor sagrado tomar ao pé da letra os mil anos do cap.20 e admitir um reino milenar de Cristo visível na terra.

Felipe Aquino

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