Doutrina Católica

Doutrina Católica

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OS PENTECOSTAIS

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Prof. Everton N. Jobim

Para se entender o fenômeno do crescimento das confissões evangélicas de inspiração pentecostal na América Latina , e , particularmente , no Brasil , é preciso alinhar alguns fatores condicionantes para o surgimento e a persistência do fenômeno.

No âmbito especificamente religioso , cumpre registrar que os dons extraordinários do carisma bafejaram profusamente a Igreja primitiva - sendo de fundamental importância para a difusão da mensagem do Cristo - desde o momento em que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos , em línguas de fogo, e estes passaram a pregar de modo febril , a partir do Domingo de pentecostes. Realizando curas coletivas , falando línguas estranhas , convertendo mutidões e assim por diante.

Os carismáticos desapareceriam da história da Igreja alguns séculos depois, à medida que a Igreja ia progressivamente se instititucionalizando. Persistindo as modalidades do carisma da graça atual.

Portanto , o carisma é um fenômeno antiqüíssimo no interior da Igreja.

O ressurgimento do dons extraordinários do carisma, atribuídos ao Espírito Santo, verificou-se inicialmente no meio protestante, na chamada igreja reformada, nos moldes de uma reação não-convencional ao rigor, tanto do rito católico, quanto dos ritos das confissões regidas pelos princípios mais austeros do protestantismo histórico , luterano , anglicano e calvinista. Estes grupos buscaram construir a sua identidade religiosa recorrendo ao passado mais remoto da Igreja , chegando aos tempos da igreja primitiva . A doutrina católica considera essas manifestações protestantes , apenas excitação coletiva , e condena toda manifestação de histeria e de curas coletivas que possam existir no meio carismático católico .

No meio católico, o ressurgimento dos carismáticos só foi possível após o Concílio Vaticano II. A autoridade eclesiástica , não obstante , mantem-se muito reservada , e já manifestou sua desaprovação quanto à realização de práticas de ministração de bênçãos coletivas , encontros coletivos para a cura e realização de milagres .

Logo em 1966 , sintomaticamente um ano após o fim do Concílio VII , fundou-se nos EUA o movimento de renovação carismática , movimento do qual os padres cantores brasileiros de hoje , são herdeiros de uma segunda geração.

O que caracteriza as igrejas protestantes pentecostais é a sua flexibilidade.

Baseado no princípio do "livro-exame" da bíblia, no "sacerdócio universal" - prescindindo da tradição - até mesmo da tradição dos protestantes históricos - cada fiel é uma igreja potencial, estando ausente qualquer necessidade de submissão a uma autoridade central como intérprete legítima e guardiã fiel da doutrina, una e sã .

Obviamente no catolicismo "pentecostalizado" dos carismáticos , não há essa mesma possibilidade de liberdade doutrinária, conseqüência lógica do baixo grau de institucionalização das igrejas protestantes não históricas.

Em nosso país; além do caráter emocional e vibrante do culto, recheado de pregações inflamadas , cantos e orações de libertação - as igrejas pentecostais também exibem , através dos seus pastores , uma capacidade de comunicação mais próxima e constante junto aos fieis , seja porque o linguajar dos pastores é mais acessível , seja porque suas igrejas (seus templos) conseguem permanecer abertas por mais horas ao longo do dia; seja ainda porque toda as pessoas em dificuldades consegue algum tipo de consolo ou auxilio, espiritual ou material , mais imediato.

Na verdade , essas igrejas servem como centros de assistência social compensatória em nosso país.

Muitas dessas pessoas são provenientes do interior do país e se sentem membros de uma nova família ao ingressarem nessas igrejas. Outros conseguem disciplinar as suas vidas para atender às correntes de oração e às solicitações de ofertas e contribuições da corrente dizimista, estimulados pelo pregador.

Essas igrejas optam , freqüentemente , por se apresentar em grandes estádios ou grandes templos querendo demonstrar que são 'muitos', ou que estão em franco processo de crescimento.

Muitas vezes recorrem ao discurso da auto-indulgência apresentando-se como vítimas de perseguições dos poderosos, sejam leigos ou religiosos de outras confissões.

Conseguem incutir idéias como as de que para sair de uma grande penúria Deus exige um sacrifício igualmente grande ou maior do que o normal.

O tema da culpa também não tem o mesmo papel que possui na doutrina católica , com muita facilidade os pentecostais explicam os erros e os pecados dos crentes pela ação poderosa de um "outro", de uma força maligna , alheia e superior à vontade. Por isso mesmo , os espíritos são constantemente invocados nesses momentos ; alienando a responsabilidade individual de todo o mal praticado de cima dos ombros desse mesmo individuo pecador, que perde a sua antiga identidade e assume uma suposta nova identidade. Sente-se alguém , torna-se um pregador ou um auxiliar da Igreja, exerce a sua autoridade , orgulha-se de contribuir para a causa de Deus.

O crente tende a se identificar com o pastor bem-sucedido socialmente , que faz crer aos seus seguidores que as bênçãos de Deus devem se manifestar sempre através sinais exteriores de riqueza.

A eloqüência dos pregadores evangélicos é mais adequada ao ritmo acelerado da vida moderna e dos meios de comunicação de massa.

Sem falar no grande número de pobres e miseráveis que não se sentem tão abençoados pela sua fé tradicional, - muitas vezes são instados a lutar com Deus por um destino melhor , supostamente "amarrado" pelos dogmas tradicionais - a sua antiga fé é identificada como conformista e pouco útil para novos horizontes que ele pretende alcançar.

Além , obviamente , dos espetáculos de supostas curas que sempre atraem um número significativo de pessoas desenganadas ou mal-informadas sobre as causas reais das suas enfermidades.

A Igreja católica deve ,portanto, esclarecer, responsavelmente, as razões pelas quais sua doutrina é constituída ao longo de dois mil anos do modo como é constituída ; e ,também, o fato de ter sido transmitida, continuamente, ao longo desse tempo.

Tendo , por outro lado , sido a fé dos antepassados dos que hoje rompem com sua antiga religião. É o caso de perguntarmos se os antepassados dos atuais evangélicos viveram no erro , ao crerem nas verdades que os católicos , de hoje e de ontem , por exemplo , creram. Nada do que era verdade antes , deixou de ser verdade hoje. Portanto , havendo apenas uma igreja no passado , os antepassados dos crentes atuais viveram no erro.

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