Principal
Doutrina Católica

PENTECOSTES

Para prolongar a alegria do dia "novo", a celebração pascal, desde o século II, foi alongada por 50 dias, assimilando-se no VIII domingo de Páscoa à celebração solene de Pentecostes. Sendo uma festa móvel, por estar em relação com a Páscoa, tem suas datas extremas entre 10 de maio e 13 de junho. Esse período, chamado de "feliz Pentecostes", era todo ele considerado festivo, de tal modo que se proibia tanto o rezar de joelhos como qualquer outra forma de penitência. O próprio Vaticano II exprime-se nestes termos: "...os cinqüenta dias se celebram na exultação e na alegria, como um só dia de festa. São dias em que se canta de modo especial o aleluia". A efusão do Espírito Santo leva à realização do mistério pascal, reunindo "as linguagens da família humana na profissão da única fé" (Prefácio da festa). É o Espírito Santo que nos faz escutar a Palavra de Deus e torna operantes os sinais da presença e da obra de Cristo, revelando-nos a plenitude de seu mistério. O vocábulo deriva do grego "pentekosté", no significado de "qüinquagésimo" (dia). Entre os judeus, era uma festa de origem agrícola com a qual se louvava Jhwh pela colheita. A seguir, tornou-se celebração do dom da Torah, compreendida nos 5 livros bíblicos chamados no conjunto de "Pentateuco" e entregues a Moisés no monte Sinai (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio). Para os cristãos, é celebração do Espírito Santo efundido sobre os apóstolos e sobre Maria reunidos no Cenáculo, segundo a descrição que Lucas nos oferece nos Atos 2,1-4: "Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar... E viram, então, uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e foram pousar sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia". Esse acontecimento consagra a Igreja como novo povo de Deus e como missionária da "Boa Nova". De fato, no último encontro entre os Apóstolos e o Ressuscitado, este ordena: "Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19). A liturgia é ação realizada por pessoas humanas; sem a "dynamis do Espírito" seria somente ritualismo vazio; Ele é sua alma e vitalidade. Como festa, Pentecostes é uma solenidade; por isso, tem liturgicamente uma "vigília" durante a qual, antigamente, administrava-se o batismo a todos os que não tinham podido recebê-lo na Páscoa; é seguida por uma "oitava" da qual existem referências muito antigas no Oriente, onde o culto ao Espírito foi sempre muito importante na vida litúrgica e espiritual; no Ocidente, esse culto começou a se generalizar somente depois do século II. A cor litúrgica dessa solenidade é o vermelho, evidente simbolismo do fogo; todas as leituras do dia têm citações explícitas do Espírito, em particular a seqüência "Veni, Sancte Spiritus", composta por Notkero Balbulo, que é cantada depois da leitura da Epístola. Toda ação litúrgica é "epiclese", "epifania", "sacramento" do Espírito; somente nessa perspectiva é que se edifica a espiritualidade do crente, bem como a eficácia e a verdade da própria liturgia. A celebração do Espírito Santo faz uso, além das orações, de gestos e sinais que se fundamentam na Palavra do Antigo e do Novo Testamentos: a) a imposição e a elevação das mãos, figuras metafóricas da mão e do dedo de Deus; b) o expirar, como insufflatio e halitatio, sobre pessoas ou coisas, figuras metafóricas do vento pentecostal e da divina criação do homem; c) a postura do corpo, como prostração, genuflexão, posição ereta com braços e mãos elevados, metáforas de oração de adoração. Entre os sinais significativos da ação do Espírito prevalecem: a) o óleo usado para os catecúmenos e os doentes; b) o crisma sagrado, óleo misturado com aromas, para as unções de consagração; c) perfume balsâmico, sob a forma de aspersão, de grande uso no rito bizantino; d) o incenso, metáfora do "bonus odor Christi" que todo cristão deve ser; e) o sal, usado sozinho ou junto com a água, metáfora da sabedoria; f) o anel, metáfora da união consagrada no Espírito; g) a coroa, para os esposos e as virgens, na hora de sua consagração matrimonial ou virginal; h) o véu, sinal da "obumbratio" das epifanias de Jhwh; i) a água quente derramada, ou zeon, na transubstanciação eucarística no rito bizantino. Por último, mas não de menos importância, o silêncio, sinal eficaz da disponibilidade ao acolhimento do Espírito, que fala somente ao coração que ouve; para a escuta é indispensável o silêncio.

SANTÍSSIMA TRINDADE

Esta festa celebra o mistério da Trindade divina, una na substância e três nas Pessoas, e cai no primeiro domingo depois de Pentecostes. Alcuíno compôs uma missa em honra da Trindade como missa votiva; Estêvão, bispo de Liège, no século VIII, instituiu a festa em sua cidade e compôs o ofício que se recita ainda hoje; todavia, ainda no século XII, o papa Alexandre III reprovava essa celebração, que foi reconhecida e confirmada pelo papa João XXII, no início do século XIV. A Trindade é um mistério insondável e assim continua sendo, para além de todas as argumentações teológicas. É o mistério por excelência da fé cristã e encontra suas raízes veterotestamentárias no Deuteronômio, que afirma a unicidade de Deus: "Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é UM SÓ!" (Dt 6,4), e em Isaías que o confirma: "Eu sou o Senhor e não há outro, fora de mim não existe Deus" (Is 45,5). O Novo Testamento é explícito na afirmação trinitária, por meio das próprias palavras do Ressuscitado: "...fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19) e desde o início de sua concepção, pouco a pouco em outras etapas de seu caminho terreno. Além disso, o apóstolo Paulo e João expressam-na em fórmulas trinitárias de oração e de fé: "Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito" (1Cor 12,4). "A graça do Senhor Jesus Cristo e a caridade de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós" (2Cor 13,13). "Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim e vós também testemunhareis porque desde o princípio estais comigo" (Jo 15,26).

Hosted by www.Geocities.ws

1