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Padre Viveiros, lenda viva da PUC

Um dos principais personagens da história da PUC, o padre Ormindo Sodré Viveiros de Castro, S.J., completou em junho 50 anos como membro da Companhia de Jesus. A data foi celebrada com missa solene na Igreja do Colégio Santo Inácio. Padre Viveiros, como é conhecido, foi secretário geral da Faculdade de Filosofia que deu origem à PUC, professor de Pedagogia da Educação e Reitor, no início dos anos 70. Atualmente, trabalha como assessor dos hóspedes estrangeiros da PUC, uma vez que domina cinco idiomas. Um caminho bastante incomum para quem já jogou na equipe juvenil do Botafogo e prometia uma grande carreira no futebol profissional.

Padre Viveiros nasceu no Rio há 80 anos. É membro da tradicional família Viveiros de Castro, que tem uma ligação muito especial com o esporte. Seus tios foram os fundadores do Botafogo de Futebol e Regatas. "O time nasceu durante uma aula no Colégio Santo Inácio, numa brincadeira entre estudantes. Com o surgimento do Flamengo, os alunos, moradores de Botafogo, propuseram um time com o nome do seu bairro, para não ficarem atrás", conta padre Viveiros. Durante sua juventude, o padre treinou no clube, tendo como companheiro de campo ninguém menos que o futuro jornalista João Saldanha.

Aos 15 anos, graças ao tempo de convivência com as obras religiosas do Santo Inácio, o jovem Viveiros decidiu abraçar a carreira religiosa, iniciando seus estudos no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, onde permaneceu por onze anos, estudando também Pedagogia. Depois, foi para os Estados Unidos estudar Teologia. Lá, na cidade de West Baden, Indiana, foi ordenado padre. Em seguida, terminou seus estudos de Pedagogia em Londres.

Retornou ao Brasil em 51, atuando como secretário-geral na PUC, que reunia as faculdades de Filosofia, Direito e Engenharia. Também lecionava Pedagogia da Educação. Interrompeu a função em 59, para assumir a direção do Colégio Santo Inácio por quatro anos. Nessa época, a Universidade se transferira para a Gávea, mas o campus tinha uma configuração bem diferente da atual.

- Naquela época, o atual IAG e uma das casinhas da Vila dos Diretórios serviam como moradia para os padres. Os edifícios da Amizade e o Cardeal Leme ainda não existiam, e as aulas eram dadas onde hoje funciona a Engenharia.

Ao terminar o período como diretor do colégio, padre Viveiros foi para Goiás, ficando lá por cinco anos como reitor da Universidade Católica de Goiânia. "O clima era um pouco pesado, pois estávamos no auge da ditadura militar e Goiás sempre se destacou pela luta socialista e a presença de grupos de guerrilha", relembra.

Em 68, padre Viveiros retornou definitivamente à PUC, quando se deu início à reforma universitária. A PUC foi uma das primeiras universidades a adotar a mudança. "Antes não havia professores de tempo contínuo e os horários das aulas eram fixos. Também não havia interdependência entre as faculdades, os cursos não tinham aulas em comum. Com a reforma, foi instituído o sistema de créditos, e os departamentos foram centralizados, perdendo sua autonomia."

Entre 1970 e 1972, padre Viveiros assumiu a Reitoria da PUC num panorama de crise econômica. "Foi um período difícil de administrar, por causa dos freqüentes atrasos no recebimento de verbas do governo. A PUC, então, teve de funcionar à base de empréstimos e das anuidades pagas pelos alunos" revela. Atualmente, padre Viveiros trabalha na recepção e assessoria aos hóspedes estrangeiros do prédio residencial da PUC, ou, segundo o próprio padre, o "PUC Hilton", numa alusão bem-humorada à famosa cadeia internacional de hotéis.