Doutrina Catolica
Principal

Doutrina Católica

____________

REDENTORISTAS

Afonso Maria de Ligório (santo e doutor da Igreja; Marianella, Nápoles, 1696 - Pagani, Salerno, 1787), brilhante advogado, optou pela vida eclesiástica aos 27 anos. Ordenado sacerdote (1726), começou o seu apostolado entre o povo dos bairros mais pobres. Instituiu para os mendigos de rua (lazarones) as famosas "capelas serôdias" que se transformaram em escola de reeducação civil e moral. Ampliando a iniciativa, fundou (1732) a Congregação do Santíssimo Redentor (redentoristas ou ligoristas), aprovada pelo papa Bento XIV (1749). Eleito bispo de Sant'Agata dei Goti (1762) renunciou à diocese em 1775 e voltou a Pagani, onde permaneceu até a morte. Foi canonizado por Gregório XVI (1839) e proclamado doutor da Igreja por Pio IX (1871). Sua copiosa produção literária, inteiramente voltada para fins pastorais, apresenta um estilo popular simples e acessível a todos. Seus primeiros escritos, "Máximas eternas" (1728), "Cançõezinhas espirituais" (1732), "Visitas ao Santíssimo Sacramento" (1745), "Glórias de Maria" (1750), tiveram sucesso extraordinário. Sua atividade mais conhecida e duradoura desenvolveu-se no campo da teologia moral, em que se mostrou abertamente contrário ao jansenismo, afirmando a universalidade da redenção e a eficácia da oração como meio de salvação. Contra o rigorismo jansenista, defendeu o probabilismo moral, adotando o princípio: "Lex dubia non obligat". Sua obra fundamental é "Theologia moralis" (1748, Teologia moral), cuja primeira edição foi extraída de "Medulla theologiae moralis" (Tratado de teologia moral), de H. Busembaum. Nas edições seguintes, porém, sofreu modificações progressivas até tornar-se inteiramente original. Outra obra importante é "Do uso moderado da opinião provável" (1765).

_____________________________________________

FRANCISCANOS

Francisco de Assis (Assis, Perúgia, ca. 1181 - 1226), filho de Pietro di Bernardone, rico mercador de tecidos, e da senhora Pica, foi batizado com o nome de Giovanni, que o pai logo mudou para Francesco (ou seja, francês), em homenagem à França, terra natal da esposa e destino de suas freqüentes viagens comerciais. Dedicado primeiramente à atividade do pai, teve uma adolescência despreocupada: hábil negociante de tecidos e pródigo esbanjador, foi um espírito aventureiro e ávido de glória. Foi alfabetizado na escola paroquial de São Jorge em Assis, aprendendo, além do latim, alguns elementos de francês (sobretudo o provençal). Em 1202, participou das lutas entre Perúgia e Assis; aprisionado pelos perusinos, foi libertado no ano seguinte.

Francisco de Assis iniciou uma viagem (1205) à Puglia para fazer-se armar cavaleiro nas tropas pontifícias de Gautier de Brienne, mas foi detido em Spoleto por um sonho em que lhe era feito o convite de seguir antes "o senhor do que o servo". Então voltou a Assis, onde passou a se dedicar a uma vida de meditação e de piedade: remontam a esse período os atos de heróica caridade para com os pobres e os leprosos. Também para fugir à ira do pai, passou o outono de 1205 na igrejinha de São Damião, aos pés do monte Subasio, onde fez trabalhos de restauração, após ter ouvido por três vezes o convite do Crucificado: "Vai, Francisco, e restaura a minha igreja que, como vês, está em ruínas". A "perfeita conversão" (como a denominaram os primeiros biógrafos) é marcada pela renúncia pública aos bens e à herança paterna feita por Francisco de Assis diante do bispo da cidade, Guido II (março-abril de 1207). A partir desse momento, por alguns anos, ele se dedicou totalmente à oração, aos serviços humildes e às peregrinações. Restaurou com as próprias mãos duas outras igrejas abandonadas: San Pietro della Spina e Santa Maria dos Anjos. Na igrejinha de Santa Maria dos Anjos, mais conhecida como Porciúncula, ao ler o Evangelho acerca da missão dos apóstolos (Mt 10,9-10), Francisco teve a clara revelação de sua vocação. Por isso, desfez-se do cinto, das sandálias e do bastão, amarrou uma corda aos quadris, cobriu a cabeça com um capuz (utilizado pelos camponeses da Úmbria) e passou a se dedicar à pregação, começando pela igreja paroquial de Assis. Depois de alguns dias, passou a ser acompanhado pelos primeiros discípulos (Bernardo de Quintavalle, Pedro Cattani, Egídio de Assis, Sabatino, Morico, Giovanni da Capella, Filipe Longo, Giovanni di San Costanzo, Barbaro, João, Silvestre), aos quais ditou uma regra constituída de pouquíssimas frases com uma ou outra citação evangélica, aprovada oralmente pelo papa Inocêncio III (ca. 1210). Francisco de Assis e seus onze companheiros (frades menores) percorreram quase todas as regiões da Itália, difundindo uma espiritualidade profundamente inspirada no Evangelho e pregando o amor universal, a humildade, a obediência à Igreja. De volta a Assis, Francisco fundou com santa Clara a segunda ordem franciscana, a das clarissas. Em seguida, dispôs-se a percorrer a Palestina (1212-1213), a Espanha e o Marrocos (1213-1214), mas foi obrigado a interromper as duas viagens; a primeira, por causa de uma tempestade; a segunda, por ter adoecido. Posteriormente conseguiu chegar à Terra Santa (1219-1220) e obteve do sultão al-Màlik al-Ka'mil a permissão para pregar entre os muçulmanos.

Consumido pelas doenças e pelos sofrimentos e quase totalmente cego, Francisco de Assis ditou aos seus irmãos o Cântico das criaturas, maravilhosa expressão de sua espiritualidade e do amor perfeito com que sabia observar todas as coisas. Seu corpo logo foi levado para Assis e deposto em uma cripta da igreja paroquial de São Jorge (onde fica atualmente a igreja de Santa Clara); em 1230, foi sepultado na basílica inferior, especialmente construída e dedicada a ele, onde ainda se encontra. Foi canonizado apenas dois anos após sua morte (1228) pelo papa Gregório IX. Ao lado do Cântico das criaturas, também conhecido com o nome de Cântico do Irmão Sol, uma das mais belas páginas da nascente literatura italiana, devem ser lembrados também outros escritos de Francisco de Assis, especialmente as duas Regras, o Testamento, algumas cartas, orações, hinos e vários cânticos. Juntamente com santa Catarina de Siena, Francisco de Assis foi proclamado patrono da Itália por Pio XII.

Tendo retornado a Assis por volta da metade de 1220, Francisco deixou a direção de sua Ordem, que nesse meio tempo se ampliara muito, nas mãos de Pedro Cattani e, com a morte deste, nas do frei Elias. Com tais medidas, Francisco de Assis pôde dedicar-se mais intensamente à vida ascética e à pregação itinerante, além de providenciar uma regulamentação jurídica mais precisa da própria Ordem (franciscanos), preparando uma regra (a II Regra ou "selada", que acompanhou uma I Regra ou "não-selada") que foi aprovada pelo papa Honório III (bula Solet annuere, 1223). Em 1221, Francisco de Assis fundou a Terceira Ordem dos Penitentes ou terciários franciscanos, constituída por homens e mulheres, mesmo casados, desejosos de testemunhar o espírito de sua mensagem.

Os contemporâneos viram em Francisco de Assis a mais perfeita imitação de Cristo; toda a sua espiritualidade, efetivamente, baseia-se no desejo de assemelhar-se totalmente ao filho de Deus. É nessa perspectiva que se deve ver a sua vida e os diversos aspectos de sua figura: o grande amor com que reconstruiu plasticamente, no presépio, o nascimento de Jesus (Greccio, 1223); o afeto e a devoção especial por Nossa Senhora como mãe de Jesus; o seu ardor místico e o seu zelo apostólico e missionário; a sua referência constante ao Evangelho (todos os seus escritos estão entremeados de textos evangélicos) e a sua dedicação total à Igreja que amava justamente como continuação visível de Cristo; a sua atenção amorosa para com todas as criaturas, sobretudo para com as mais humildes e as mais pobres. A pobreza, aliás, era a virtude que Francisco de Assis privilegiava e que, como se evidencia na "regra", prescrevia aos seus irmãos como condição de vida. Na pobreza, na humilhação e no sofrimento, ele efetivamente encontrava, como testemunham os Fioretti, a "perfeita alegria". Da total anulação de si mesmo Francisco de Assis extraía a alegria de ser livre das coisas contingentes, mas sobretudo a alegria de se assemelhar completamente ao Cristo da paixão. Os estigmas recebidos no monte da Verna (1224) foram o selo e a confirmação do seu desejo de compartilhar a paixão do Senhor.

_____________________________________________

JESUÍTAS

Inácio de Loyola (Castelo de Loyola, nas proximidades de Azpeitia, Guipúzcoa, 1491 - Roma, 1556), pertencente a uma família da nobreza basca, teve uma educação militar e cavaleiresca. Após passar um período na corte de Fernando, rei de Castela, foi fidalgo e cavaleiro de Antônio Manrique, duque de Nájera e vice-rei de Navarra. Ferido gravemente em um perna enquanto participava da defesa da fortaleza de Pamplona contra os franceses (1521), durante a convalescença ficou impressionado com a leitura da "Vida de Cristo" de Ludolfo da Saxônia e da "Leggenda aurea" de Tiago de Voragine e resolveu mudar o seu ideal de cavaleiro profano, amadurecendo a sua conversão. Depois de passar por um período de vida eremítica em Montserrat e em Manresa, durante o qual começou a escrever os "Exercicios espirituales para vencer a si mismo" (1522-23, Exercícios espirituais para vencer a si mesmo), embarcou em Barcelona para a Itália. Chegou a Roma, depois a Veneza, de onde partiu para a Palestina (1523). De volta à Espanha, iniciou os estudos: gramática latina em Barcelona (1524-26), filosofia e teologia nas universidades de Alcalá e de Salamanca (1526-27), "magister artium" na Sorbonne de Paris (1535). O período de sua formação teológica sempre foi acompanhado por obras de apostolado, sobretudo mediante os exercícios espirituais. A influência que Inácio de Loyola exercia sobre os estudantes universitários logo tornou-o suspeito para a Inquisição, que investigou sua vida e sua doutrina, proibindo-o de falar em público sobre matérias teológicas. Desde 1534, reunira ao seu redor um grupo de amigos em Paris e com eles fizera voto (voto de Montmartre, 1534) de viver na pobreza e na castidade, empenhando a vida na conversão dos infiéis na Palestina ou, então, pondo-se a serviço do papa. Em 1536, dirigiu-se a Veneza, onde aprofundou os estudos teológicos, difundindo os Exercícios Espirituais entre muitas pessoas desejosas de perfeição e ensinando a doutrina cristã. Acompanhado pelos amigos de Montmartre, com eles recebeu as ordens sagradas (1537). Não podendo viajar para a Palestina por causa da guerra de Veneza contra os turcos, transferiu-se para Roma e pôs-se à completa disposição do papa Paulo III. Uma extraordinária experiência mística vivida em La Storta, nas proximidades de Roma (novembro de 1537), fizera-o tomar a decisão de fundar uma Ordem religiosa, aprovada pelo próprio Paulo III (27-9-1540) com o nome de Companhia de Jesus. Em Roma, algumas influentes personalidades espanholas espalharam o boato de que Inácio de Loyola e seus companheiros eram fugitivos da Espanha, de Paris e de Veneza por terem sido denunciados e processados pela Inquisição. Num processo regular no tribunal do governador, Inácio de Loyola foi formalmente absolvido das acusações de seus difamadores, depois de terem sido ouvidos inclusive os depoimentos dos juízes que haviam investigado sua vida e doutrina no período de seus estudos teológicos. Eleito superior geral, redigiu as Constituições da Ordem, dirigindo seu desenvolvimento por meio de freqüentes normas e diretrizes. Dentre outras coisas, cuidou pessoalmente da formação dos membros da Companhia de Jesus. Além da intensa atividade de apostolado entre os pobres de Roma, ocupou-se da elevação cultural e espiritual da cidade, instituindo (1551) o Colégio romano. Seguiu-se, em 1552, a fundação do Colégio alemão, destinado à formação dos sacerdotes alemães encarregados de trazer de volta à Igreja católica muitos cristãos convertidos ao protestantismo. O principal escrito de Inácio de Loyola é o livro dos Exercícios Espirituais, publicado em Roma (1548) com a aprovação solene do papa Paulo III. Trata-se de um manual de vida espiritual acompanhado de diversas anotações de ascética e mística e de regras de psicologia espiritual, que revelam as características da espiritualidade inaciana, marcada por uma forte tendência mística e por um compromisso ascético rigoroso, sempre acompanhados de muito realismo. Também são importantes para o conhecimento de sua personalidade: as "Constituciones con las Declaraciones" (Constituições com as Declarações); o "Diário espiritual" (texto ainda autógrafo que se refere ao período 2-2-1544 a 27-2-1545); a "Autobiografia", ditada entre 1553 e 1555; as inúmeras cartas (ca. 7000) endereçadas sobretudo a reis, papas, cardeais e membros de sua Ordem. Foi beatificado pelo papa Paulo V em 1609 e posteriormente canonizado pelo papa Gregório XV (12-3-1622), juntamente com outros quatro santos (Francisco Xavier, Teresa de Jesus, Isidoro Agricola e Filipe Neri).

_____________________________________________

LASSALISTAS

João Batista de la Salle (santo; Reims, 1651 - Saint-Yon, Rouen, 1719), depois de freqüentar a Sorbonne e o seminário de Saint Sulpice de Paris, foi ordenado sacerdote (1678). Profundamente influenciado pelo cônego N. Roland, seu diretor espiritual, dedicou-se à educação dos jovens, revelando-se excelente organizador. Com A. Nyel, que já abrira algumas escolas populares, cuidou da instrução e da formação espiritual dos professores. Em 1682, depois de renunciar a todos os seus bens, fundou a congregação dos "Irmãos das Escolas Cristãs", uma instituição que visava instituir escolas gratuitas destinadas sobretudo às classes mais pobres. A rápida difusão da congregação em toda a França, depois também em toda a Europa, despertou reações tanto no setor laico como no eclesiástico. A originalidade de seu método consiste em ter introduzido algumas inovações ainda vigentes. Ele foi o primeiro a substituir o latim pela língua materna, escrevendo, com esse objetivo, diversas obras para uso didático em francês. Inaugurou o "método simultâneo", com o qual os alunos de uma classe podiam acompanhar, com um mesmo texto, a aula de um único professor. Até então, os alunos reunidos em uma mesma classe eram acompanhados independentemente uns dos outros. Instituiu escolas para a formação de professores, dos quais se requeriam zelo, entusiasmo e dedicação total. Foi canonizado por Leão XIII em 1900. Pio XII proclamou-o patrono de todos os educadores (1950). Dentre seus escritos com tema pedagógico e espiritual, os mais importantes são: "Les règles de la bienséance et de la civilité chrétienne" (1695, As regras da boa conduta e da educação cristã); "Les devoirs du chrétien" (1703, Os deveres do cristão); "Conduite des écoles" (1717, Direção das escolas).

_____________________________________________

SALESIANOS

João Bosco (santo; Becchi, Castelnuovo d'Asti, atual Castelnuovo Don Bosco, Asti, 1815 - Turim, 1888), filho de humildes camponeses, ordenou-se sacerdote em Turim em 1841 e logo se interessou pelo problema dos jovens pobres e abandonados, aos quais prestava assistência moral e material. Em 1846, fundou em Valdocco, na periferia de Turim, um modesto oratório dedicado a são Francisco de Sales, ao qual mais tarde acrescentou um abrigo para estudantes e artesãos, que em poucos anos tornou-se um colégio com cursos clássicos e profissionalizantes. Nesse primeiro período, marcado por dificuldades, teve de enfrentar incompreensões, hostilidades e até perseguições propriamente ditas. Graças a sonhos considerados sobrenaturais e à ajuda de sua mãe, Margarida, João Bosco sentiu-se incentivado a continuar a sua obra. Em 1859, fundou a Pia Sociedade Salesiana, que foi aprovada pelo papa Pio IX, e, em 1872, as Filhas de Maria Auxiliadora, ordem feminina de religiosas salesianas. A principal tarefa das duas ordens era a assistência material e espiritual dos jovens e das moças de condição humilde. D. Bosco multiplicou seus oratórios e colégios, em que se concediam todos os graus de instrução, na Itália e nos outros países (França, Bélgica, Áustria, Grã-Bretanha). Também realizou uma intensa atividade missionária fora da Europa, evangelizando e fundando missões salesianas na Argentina, no Uruguai, Brasil, Chile, Patagônia, Terra do Fogo. Em Turim, construiu a igreja de São João Evangelista (1862) e o santuário de Maria Auxiliadora (1868); em Roma, a igreja do Sagrado Coração (1887). Beatificado pelo papa Pio XI em 1929, foi canonizado pelo mesmo pontífice em 1934. Dom Bosco publicou escritos de educação e de instrução popular e obras de divulgação histórica: "História eclesiástica" (1845), "História sagrada" (1846), "O jovem capacitado para a prática de seus deveres religiosos" (1850), "O católico instruído" (1850), "História da Itália" (1856), "Vidas dos papas" (1857-65). A obra pedagógica "O sistema preventivo na educação da juventude", de 1877, é particularmente importante. Os escritos de D. Bosco testemunham a sua profunda vocação de educador que, com amor e compreensão fraterna, sabia conquistar o espírito dos jovens. Fundamental em seu método educativo é o princípio de que é preciso prevenir em vez de reprimir (método preventivo) e convencer amorosamente em vez de castigar.

_____________________________________________________________

CAMILIANOS

A história de São Camilo de Léllis é o exemplo acabado do mais profundo e radical amor pelos enfermos. Sua atuação sacudiu há quase quatro séculos, a consciência de um povo, e desde então, por meio de seus seguidores, os padres e irmãos camilianos, essa obra continua a dar conforto, apoio e paz aos que sofrem as dores da doença. São Camilo é um exemplo de vida, como se verá no relato do livro de Monsenhor Ascânio Brandão. Com ele, reverenciamos São Camilo, no aniversário de sua morte, ocorrida em 14 de julho de 1614.

_____________________________________________________________

MARISTAS

A vida de São Marcelino Champagnat

Marcelino José Bento Champagnat nasceu em 20 de maio de 1789, em Marlhes, aldeia de uma região montanhosa no Centro-Leste da França, na época em que a Revolução Francesa acabava de estourar. Ele foi o nono filho de uma família cristã. Sua mãe e sua tia, muito religiosas, despertaram-no para uma profunda devoção a Maria.

Seu pai, agricultor e comerciante, possuía instrução acima da média; aberto a idéias novas, desempenhou um papel político na aldeia e na região. Ele transmitiu a Marcelino o gosto pelo trabalho, a habilidade para os trabalhos manuais, o senso de responsabilidade e também a abertura para o novo.

Marcelino desistiu de freqüentar a escola após o primeiro dia de aula, quando testemunhou a atitude violenta de um professor contra um aluno. Voltou para casa assustado, decidido ajudar seu pai na lavoura. Mas quando estava com 14 anos, por influência de um padre que visitava a região, Marcelino sente-se chamado por Deus e resolve seguir sua vocação sacerdotal. Quase sem escolaridade, os anos no Seminário Menor de Verrières (1805-1813) são extremamente difíceis para ele, uma etapa de verdadeiro crescimento humano e espiritual.

No Seminário Maior de Lion, teve por colegas João Maria Vianney, futuro cura d'Ars, e João Cláudio Colin, este último viria a ser o fundador dos Padres Maristas. Junto com eles, sonhava fundar uma nova Congregação que abrangesse padres, religiosas e uma Ordem Terceira, levando o nome de Maria - a "Sociedade de Maria" -, que teria como missão cristianizar a sociedade. Desde o início, Champagnat expressou sua convicção de que a sociedade deveria incluir "Irmãos Educadores" para trabalhar com as crianças da zona rural, desprovidas da oportunidade de uma educação cristã: "Não posso ver uma criança sem sentir o desejo de fazer-lhe compreender o quanto Jesus Cristo a amou". No dia seguinte à sua ordenação, esses jovens sacerdotes vão consagrar-se a Maria, colocando seu projeto sob sua proteção no santuário de Nossa Sra. de Fourvière.

Marcelino Champagnat foi ordenado padre em 22 de julho de 1816. Logo, foi nomeado para ser vigário na paróquia de uma pequena aldeia, chamada La Valla. O isolamento e a pobreza cultural da região impressionaram-no. Champagnat começa a visitar os doentes, dar aulas de catequese às crianças, atender aos pobres e acompanhar a vida cristã das famílias. Sua pregação simples e direta e a profunda devoção a Maria conquistam os paroquianos. Três meses depois de chegar à cidade, fora chamado para dar a unção dos enfermos a um rapaz. O jovem, aos 17 anos, estava morrendo, sem nunca ter ouvido falar de Deus. Esse acontecimento tocou-o muito, movendo-o a executar seu projeto com urgência.

O berço dos maristas - a 2 de janeiro de 1817, há apenas 6 meses de sua chegada a La Valla, o jovem padre de 27 anos reúne seus dois primeiros discípulos: nasce, então, a "Congregação dos Irmãozinhos de Maria". La Valla tornou-se, assim, o berço dos Irmãos Maristas. Aos poucos, outros juntaram-se ao grupo. Os primeiros Irmãos eram jovens camponeses, a maioria entre 15 e 18 anos de idade, acostumados mais ao trabalho árduo do campo do que à contemplação e à reflexão intelectual. Champagnat impregnou esses jovens com seu zelo apostólico e educacional. Viveu entre eles e como um deles. Ensinou-lhes a leitura, a escrita, a aritmética, a oração e a vida seguindo o Evangelho no cotidiano, preparando-os para a missão de mestres cristãos, de catequistas, de educadores dos jovens.

Sem tardar, Champagnat abriu escolas. As vocações aumentavam e a primeira casa logo torna-se pequena demais. As dificuldades são numerosas. O clero em geral não compreende o projeto desse jovem padre inexperiente e sem recursos. Mas as populações rurais não cessam de pedir Irmãos para garantir a instrução cristã das crianças. Em pouco tempo, Champagnat enviou irmãos aos lugarejos mais afastados de sua paróquia para ensinar às crianças e aos adultos os rudimentos da religião, da leitura e da escrita.

Entre 1817 e 1824, iniciou uma escola primária em La Valla, utilizando-a como um centro de formação docente para seus jovens Irmãos. A comunidade não parava de crescer. Champagnat e seus Irmãos participaram da construção de sua nova casa. Em 1825, ficava pronta uma grande casa de formação, abrigo de mais de cem pessoas, que ganhou o nome de "Nossa Senhora de L'Hermitage". Livre da função de pároco, Champagnat passou a se dedicar inteiramente à sua Congregação: à formação e acompanhamento espiritual, pedagógico e apostólico dos seus Irmãos, à visita às escolas e à fundação de novas obras. O local passou a ser um espaço de aprimoramento da Pedagogia Marista, de seus princípios e de suas práticas.

>

"Tornar Jesus Cristo conhecido e amado" é a missão dos Irmãos. A escola é o meio privilegiado para essa missão de evangelização. Champagnat ensinou a seus discípulos o respeito e o amor às crianças, a atenção aos mais pobres e aos mais abandonados. A presença prolongada entre os jovens, a simplicidade, o espírito de família, o amor ao trabalho, o agir em tudo do jeito de Maria, são os pontos essenciais de sua concepção educativa.

Progressivamente, L'Hermitage tornou-se também o centro de uma rede de escolas primárias, cada vez mais numerosa e melhor organizada. Em 1836, a Igreja reconheceu a "Sociedade de Maria" e lhe confiou uma missão na Oceania. Champagnat enviou três de seus Irmãos com os primeiros Padres Maristas para serem missionários nas ilhas do Pacífico. Naquela época, ele escreveu ao bispo que lhe solicitava Irmãos: "Todas as dioceses do mundo estão em nossos planos". E estavam mesmo! Quando Champagnat morreu, aos 51 anos, em 6 de junho de 1840, a sua "Família Marista" já contava com 290 Irmãos, atuando em 48 escolas primárias.

A Canonização

São Marcelino Champagnat foi beatificado pelo papa Pio XII no dia 29 de maio de 1955 e canonizado por João Paulo II no dia 18 de abril de 1999. O milagre - A canonização deu-se em razão da cura, considerada milagrosa, de um Irmão Marista que sofria de câncer. Em 1976, o Irmão Heriberto Weber desenvolvia suas atividades apostólicas no Uruguai, quando foi atingido, em maio daquele ano, por altas febres e fortes dores na coluna vertebral. O diagnóstico dos médicos: neoplasia primitiva desconhecida, com metástase nos pulmões. O Ir. Heriberto estava desenganado. No dia 13 de julho, a pedido do Irmão Provincial do Uruguai, os Irmãos da Província e seus alunos iniciaram uma novena para pedir a intercessão do beato Marcelino Champagnat na cura do Ir. Heriberto. No final da novena, a 26 de julho, o enfermo sentiu uma melhora súbita e imprevisível. As radiografias feitas nessa data revelaram que os sinais da doença haviam desaparecido. Após um longo processo burocrático, a cura foi considerada milagrosa pela Igreja no dia 2 de junho de 1998.

______________________________________________________________

SALVATORIANOS

Fundador, Pe. Francisco Maria da Cruz Jordan.

Proclamam a todos os povos a salvação que apareceu em Jesus Cristo, de modo que, por nosso modo de ser e por nossa ação Apostólica, todos "conheçam a Ti, Deus único e verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste"( Jo. 17,3) e tenham vida em abundância.

____________________________________________________________

PREMONSTRATENSES

Norberto (santo; Gennep, Xanten, Colônia, ca. 1080 - Magdeburgo, 1134), tendo integrado primeiramente a corte de Henrique V, retirou-se para a vida monástica a partir de 1115, pregando na França e na Alemanha. Por volta de 1120, fundou, no vale de Prémontré, perto de Laon (Soissons), a ordem dos premonstratenses (também denominados norbertianos), que seguiam a regra de santo Agostinho. Em 1126, o papa Honório II elegeu-o arcebispo de Magdeburgo. Mais tarde, Norberto acompanhou o imperador Lotário II, que viajou a Roma para apoiar o papa Inocêncio II contra o antipapa Anacleto.

_______________________________________________________________

CARTUXOS

Bruno de Colônia cria a Ordem dos cartuxos. A Ordem monástica dos cartuxos foi fundada em 1084 por são Bruno, juntamente com seis companheiros, em La Chartreuse, perto de Grenoble. O fundador adaptou a vida dos primeiros monges cartuxos segundo a regra de são Bento, mas a codificação da regra foi obra de seu quarto sucessor, Guigis de Chastel, que redigiu (1163) as chamadas Regras em torno das quais se formou o estatuto: este, aprovado pelo papa Alexandre III (1176), passou por sucessivas modificações até ter sua forma definitiva aprovada pelo papa Pio XI (1924). Os cartuxos, que dividem o dia entre oração, estudo e trabalhos manuais, vestem uma túnica de lã branca com cinto de couro e escapular com capuz. A suprema autoridade da Ordem dos cartuxos, à qual cabe a plena jurisdição sobre todo mosteiro, é constituída pelo capítulo geral, composto por nove membros: o prior da Grande Cartuxa (ou seja, o prior geral) e oito priores e/ou diretores das outras "cartuxas".

Hosted by www.Geocities.ws

1