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DOUTRINA CATÓLICA

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O DESTINO DOS APÓSTOLOS

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Todos os apóstolos de NS Jesus Cristo morreram como mártires, com exceção de dois: Judas Iscariotes, que traiu Jesus e acabou se enforcando, e João, que após ser exilado na ilha de Patmos, obteve a liberdade e morreu de morte natural.

SÃO PAULO (Saulo de Tarso)- que não era apóstolo oficialmente - foi considerado apóstolo do gentios por causa da sua grande obra missionária nos países gentílicos. Foi decapitado em Roma por ordem de Nero.

SÃO MATIAS (seu nome significa "dom de Deus") , discípulo de Cristo , testemunhou a ressurreição ; substituiu Judas Iscariotes , sendo martirizado na Etiópia , segundo a tradição .

SÃO SIMÃO , o zelote , foi crucificado.

SÃO JUDAS TADEU morreu como mártir pregando o evangelho na Síria e na Pérsia. Chamado por muitos de "o irmão do Senhor". Judas era sempre lembrado como irmão de Thiago de Alfeu.

SÃO TIAGO (o mais jovem), pregou na Palestina e no Egito, sendo ali crucificado.

SÃO MATEUS morreu como mártir na Etiópia.

SÃO TOMÉ , ou Dídimo , pregou na Pérsia e na Índia, sendo martirizado perto de Madras no monte de São Tomé.

SÃO BARTOLOMEU (ou Natanael Bar-Tholmai) serviu como missionário na Armênia, onde levou a fé cristã ao rei Polímio , e a mais de doze cidades. Essas conversões, no entanto, provocaram forte reação entre os sacerdotes locais, que o martirizaram com golpes até a morte.

SÃO FILIPE pregou na Frígia e morreu como mártir em Hierápolis.

SANTO ANDRÉ pregou na Grécia e Ásia Menor. Foi crucificado.

SÃO TIAGO (o mais velho) pregou em Jerusalém e na Judéia. Foi decapitado por ordem de Herodes.

SIMÃO PEDRO pregou entre os judeus chegando até a Babilônia, esteve em Roma, onde foi crucificado com a cabeça para baixo.

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Detalhando a vida dos apóstolos

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S. Pedro é martirizado em Roma

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Pedro (papa e santo; Betsaida, Galiléia, fim do séc. I a.C. - Roma, entre 64 e 67 d.C.), irmão do apóstolo André e filho de um certo Jonas, chamava-se Simão; foi o próprio Jesus quem lhe deu o apelido de Cefas (aramaico Kefa', que significa rocha; daí o latim Petrus). Pescador juntamente com o irmão e com os dois filhos de Zebedeu (os apóstolos Tiago e João), residia em Cafarnaum, onde morava com a família da mulher (Lc 4,38-39). Desde o momento em que abandonou a atividade de pescador e acompanhou Jesus definitivamente, Pedro ocupou uma posição de destaque entre os apóstolos. Efetivamente, o seu nome costuma encabeçar a lista dos discípulos e é citado com mais freqüência do que os outros. Com Tiago e João, está presente em alguns dos acontecimentos mais importantes da vida do mestre: a transfiguração no monte Tabor e a agonia no horto do Getsêmani. É Pedro quem costuma responder em nome de todos os companheiros às perguntas formuladas por Jesus; é ele quem reconhece em Jesus o Cristo, Filho do Deus vivo (Mt 16,13-16); a ele Jesus perguntará repetidamente, aparecendo-lhe após a ressurreição, se o ama mais do que aos outros (Jo 21,15-17). Os Evangelhos também registram o seu comportamento durante os acontecimentos da paixão, em que Pedro, apesar de seu temperamento forte e impetuoso, por três vezes negou ser discípulo de Jesus (Mt 26,69-75). Após a morte do mestre, Pedro assumiu uma função de direção na comunidade de Jerusalém, tornando-se uma de suas "colunas", juntamente com Tiago e João, como disse o apóstolo Paulo na carta aos Gálatas. Primeiramente, Pedro limitou o seu apostolado à Palestina e foi preso durante a perseguição contra a Igreja ordenada por Herodes Agripa (42). Em 48-50, participou do Concílio de Jerusalém para discutir a questão das relações entre cristianismo e lei mosaica, ou seja, se alguns costumes judaicos, sobretudo a circuncisão, seriam ou não obrigatórios para os pagãos convertidos. Dentre suas viagens apostólicas, a tradição enumera as visitas às comunidades da Galácia, do Ponto, Bitínia, Macedônia e Corinto. Numerosos testemunhos literários dos dois primeiros séculos e, recentemente, escavações arqueológicas sob a Basílica Vaticana, efetuadas por iniciativa do papa Pio XII (1940-49 e 1953-58), provam a estada de Pedro em Roma, onde foi martirizado por ordem do imperador Nero. É muito provável que os restos do "troféu" que Gaio, presbítero romano do séc. II, indicava como túmulo do apóstolo tenham sido encontrados nas escavações arqueológicas. Já a identificação dos ossos descobertos numa caixa de mármore, escondida na Basílica Vaticana desde os tempos de Constantino, não é tão verossímil. Além de alguns apócrifos (Atos de Pedro, Apocalipse de Pedro, Evangelho de Pedro), são atribuídas a ele duas cartas (1 e 2 Pedro) que integram o cânon do Novo Testamento. A primeira carta, endereçada de Roma aos cristãos da Ásia Menor, em grande parte convertidos do paganismo, é uma exortação a viver santamente e a ser perseverante nas provações e nas dificuldades. Pelos freqüentes chamados ao batismo, a carta contém talvez vestígios da primitiva língua litúrgica cristã. Geralmente considerada autêntica, a carta talvez tenha sido redigida por um discípulo de Pedro, Silvano (ou Silas, que havia sido companheiro de Paulo), que a escreveu em nome e sob a responsabilidade do apóstolo. A segunda carta, mesmo sendo apresentada como um escrito de Pedro, foi escrita sob pseudônimo, ou seja, redigida por um discípulo do apóstolo, de nome desconhecido, que quer transmitir o ensinamento com o aval da sua autoridade. Como a de Judas, da qual depende em vários pontos, sendo portanto posterior a ela, esta carta pretende alertar contra os falsos doutores que corrompem a fé autêntica e os costumes cristãos, evocando o juízo de Deus descrito em termos apocalípticos.

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São João

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Redação do Evangelho de S. João (entre os anos 80 e 100).

A paternidade joanina do quarto Evangelho, além de sustentar-se em testemunhos internos, fundamenta-se em múltiplos e concordantes testemunhos dos padres, a partir do final do séc. II. O quarto Evangelho é o último dos Evangelhos canônicos, redigido por volta do final do séc. I (entre os anos 80 e 100). Quanto ao conteúdo, pode-se dividi-lo em duas partes: a primeira contém a narração da vida pública de Cristo (1-12), a segunda traz o relato da última ceia, da paixão e da ressurreição (13-21). Muitas são as diferenças entre o quarto Evangelho e os sinóticos, especialmente no que diz respeito ao meio geográfico (nos sinóticos, a vida pública de Jesus ocorre na Galiléia, com uma única viagem a Jerusalém; no quarto Evangelho, acontece em Jerusalém e na Judéia) e ao quadro cronológico (nos sinóticos, o ministério público de Jesus parece durar apenas um ano; no quarto Evangelho, mais de dois anos). Em geral, João, que não reproduz nem sequer uma parábola no estilo dos sinóticos, narra episódios não encontrados alhures. De resto, ele mesmo declara que realiza uma seleção do material de que tem conhecimento (Jo 20,30-31). Sua catequese difere daquela dos sinóticos e revela maior reflexão e aprofundamento do significado dos acontecimentos e do ensinamento de Cristo. Além disso, ela é mais incisiva ao proclamar a divindade de Jesus Cristo. No conjunto, o que João narra integra-se bem com o que é relatado pelos sinóticos, embora seu objetivo específico não tenha sido o de completá-los. Atualmente, abandonaram-se as teses que, para explicar as lacunas, repetições ou passagens bruscas presentes no texto, consideravam o quarto Evangelho uma derivação de fontes diferentes ou uma fusão de documentos anteriores. Efetivamente, o texto apresenta uma profunda unidade de concepção, vocabulário e estilo. A descoberta de papiros muito antigos com trechos do quarto Evangelho (um da primeira metade do séc. II) e dos manuscritos do deserto de Judá (anteriores ao ano 68, de linguagem muitas vezes bastante semelhante à do quarto Evangelho, embora com temas diferentes) levaram a abandonar a opinião que considerava o quarto Evangelho uma meditação teológica do final séc. II, e não a obra de uma testemunha ocular. Admite-se, contudo, que a redação final foi produzida provavelmente por discípulos.

S. JOÃO EVANGELISTA

João Evangelista (santo; Betsaida ? - Éfeso, ca. 105), autor, de acordo com a tradição mais antiga, do quarto Evangelho, de três epístolas (1, 2 e 3 João) e do Apocalipse, deve ser identificado com o discípulo preferido de Jesus (Jo 13,23; 19,26; 20,2; 21,7). De acordo com os Evangelhos, era filho de Zebedeu e irmão de Tiago; natural de Betsaida, às margens do lago de Genesaré, exercia a profissão de pescador com outros membros de sua família e com alguns empregados (Mc 1,19-20; 15,41; Mt 27,56). Primeiramente discípulo de João Batista (Jo 1,35-40), em seguida, juntamente com o irmão, Tiago, passou a seguir Jesus e com eles assistiu às bodas de Caná (Jo 2,1-11). Tendo retomado por algum tempo o ofício de pescador, foi novamente chamado por Jesus e passou a acompanhá-lo definitivamente (Mt 4,21-22; Mc 1,19-20; Lc 5,1-11). De personalidade forte (Mc 3,17; Lc 9,54) e não isento de ambições (Mc 10,35-37), era mais jovem entre os discípulos e solteiro. Nos Evangelhos sinóticos, com o irmão e com Pedro, testemunha a ressurreição da filha de Jairo (Mt 5,37; Lc 8,51), a transfiguração (Mt 17,1; Mc 9,2; Lc 9,28) e a agonia no Getsêmani (Mt 26,37; Mc 14,33). Antes de morrer, Jesus confiou-lhe o encargo de manter consigo Maria, sua mãe (Jo 19,27-26). Os Atos dos Apóstolos mostram-no como uma das pessoas mais importantes da Igreja nascente, citado logo depois de Pedro (3,1-11; 4,13-19; 8,14). Após as perseguições sofridas em Jerusalém, transferiu-se com Pedro para a Samaria, onde desenvolveu uma intensa evangelização (8,14-15). De acordo com autores do séc. II, posteriormente (provavelmente após o ano 67) residiu em Éfeso e, a partir dessa cidade, dirigiu muitas Igrejas da província da Ásia. O Apocalipse (1,9) informa-nos que, na época de Domiciano, foi exilado na ilha de Patmos, onde teve as visões de caráter escatológico. Depois de voltar a Éfeso, no governo do imperador Nerva, ali morreu já em idade bastante avançada.

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Apóstolo André

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André (santo; séc. I a.C. - séc. I d.C.), um dos doze apóstolos, filho de Jonas e irmão de Simão, apelidado Pedro, natural de Betsaida, foi pescador em Cafarnaum (Jo 1,44; Mc 1,29), discípulo do Batista e, com o apóstolo João, acompanhou Jesus a sua casa e posteriormente levou para lá o seu irmão Pedro (Jo 1,35-42). Por isso, pode-se dizer que foi "chamado" antes de Pedro, o que levou a liturgia bizantina a homenageá-lo com o título de "primeiro chamado". Este título forneceu aos bizantinos o pretexto para negar o primado de Roma. Eles atribuíram a André a fundação da Igreja de Constantinopla. Na lista dos apóstolos, o nome de André sempre figura entre os quatro primeiros e é mencionado explicitamente três vezes: por ocasião do discurso escatológico de Jesus (Mc 13,3); na primeira multiplicação dos pães e dos peixes (Jo 6,8); quando, juntamente com Filipe, apresenta a Jesus alguns gentios (Jo 12,22). Também é citado entre os apóstolos do cenáculo após a Ascensão de Jesus (At 1,13). Desenvolveu o próprio apostolado na Cítia, Capadócia, Trácia, Galácia, Ponto Euxino, Macedônia, Armênia, Geórgia, Bitínia. Morreu em Patras, cidade na qual havia sido eleito bispo, por ordem do procônsul Egéias, crucificado numa cruz "em forma de X" (cruz de santo André). Suas relíquias foram transferidas para Constantinopla em 356.

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Martírio do apóstolo Filipe

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Filipe (santo; séc. I), natural de Betsaida, na Galiléia, foi o quinto apóstolo de Cristo; esteve presente na multiplicação dos pães e na última ceia (Jo 1,43-45; 6,5-7; 12,20-22; 14,8). De acordo com a tradição, Filipe evangelizou a Cítia e a Frígia e foi martirizado (foi crucificado de cabeça para baixo) durante as perseguições do imperador Domiciano. Não deve ser confundido com o diácono Filipe, mencionado nos Atos dos Apóstolos (6,9). Chegaram até nós diversos apócrifos supostamente de sua autoria: os Atos de Filipe, escritos na primeira metade do séc. IV por um herético missaliano e utilizados pelos maniqueus, e o Evangelho de Filipe, em uso entre os gnósticos egípcios, do qual foi encontrada uma versão copta em 1949.

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S. Paulo é martirizado em Roma

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Paulo (santo; Tarso, Cilícia, ca. 10 - Roma ca. 67), filho de hebreus da tribo de Benjamin, que haviam obtido a cidadania romana, recebeu na circuncisão o nome de Saulo e talvez também o de Paulo, de acordo com o costume de nome duplo então em vigor. Completou a sua instrução em Jerusalém sob a orientação do rabino Gamaliel, recebendo uma educação profundamente judaica. Filiou-se ao partido dos fariseus e começou a perseguir os cristãos; participou, dentre outros, do apedrejamento de Estêvão e aprovou a sua morte. No caminho para Damasco, para onde pretendia levar a perseguição contra a Igreja cristã, teve uma visão que mudou radicalmente a sua atitude (At 9,1-9). Depois de receber o batismo de Ananias, permaneceu por algum tempo em Damasco e em seguida transferiu-se sozinho para a Arábia. Voltando a Damasco, iniciou a atividade missionária, mas a oposição dos judeus obrigou-o a fugir. O mesmo aconteceu em Jerusalém, onde, transcorridos já três anos desde a conversão, encontrou-se (39) com os apóstolos Pedro e Tiago. Fixando-se em Tarso, ali permaneceu por alguns anos (39-43) até que Barnabé levou-o consigo para Antioquia da Síria, onde foi encarregado oficialmente de pregar o Evangelho. Por volta do ano 44, foi novamente a Jerusalém para levar à comunidade cristã daquela cidade, afligida por grande escassez, as coletas da comunidade de Antioquia. Com Barnabé, partiu para Chipre, iniciando assim a primeira viagem missionária (entre os anos 45 e 49), que continuou na Anatólia (Perge, Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra, Derbe). A viagem foi concluída com uma etapa em Jerusalém (por volta do ano 50), onde, em um concílio, Paulo defendeu o ideal de um cristianismo supranacional, livre das obrigações da Lei hebraica. Numa segunda viagem, Paulo voltou a visitar algumas localidades da Ásia Menor, que já visitara durante a primeira viagem, com exceção de Chipre. Acompanhado de Silas e de Timóteo, foi à Macedônia e à Grécia (Neápolis, Filipos, Tessalônica, Beréia, Atenas, Corinto). Remontam a esta viagem as suas duas primeiras cartas, a primeira e a segunda aos Tessalonicenses, escritas em Corinto. Entre os anos 53 e 58, Paulo realizou uma terceira viagem apostólica, sempre percorrendo a Grécia e a Macedônia, detendo-se principalmente em Éfeso, Filipos e Corinto. Nesses lugares, escreveu suas maiores cartas: aos Filipenses, aos Gálatas, as duas cartas aos Coríntios, a carta aos Romanos. De volta a Jerusalém, foi preso sob a acusação de ter introduzido estrangeiros no Templo. Conduzido a Cesaréia pelo procurador Félix para que não fosse vítima de uma conspiração, foi processado tanto sob Félix como pelo sucessor deste, Festo. Como usufruísse dos direitos de cidadania romana e para evitar o prolongamento de uma detenção injusta, apelou-se para o tribunal do imperador, ao qual ele foi regularmente enviado. A viagem para Roma, onde chegou na primavera do ano 61, foi cheia de aventuras (naufrágio, parada de três meses em Malta, breve parada em Pozzuoli). Talvez na expectativa de que chegassem os acusadores oficiais, Paulo foi mantido em Roma por cerca de dois anos sob custódia militar, em um lugar que ele mesmo alugou. Durante essa prisão, escreveu as cartas aos Filipenses, aos Colossenses, aos Efésios e a Filêmon. Libertado por volta do ano 63, talvez tenha ido à Espanha, de acordo com uma antiga tradição digna de crédito, depois voltou para o Oriente. Preso de novo não se sabe por que motivo, foi levado como prisioneiro a Roma, onde morreu mártir, provavelmente no ano 67, sob o imperador Nero. São desse último período as duas cartas a Timóteo e a carta a Tito. Além de alguns discursos a ele atribuídos, mencionados nos Atos dos Apóstolos, Paulo deixou 14 cartas dirigidas a várias comunidades convertidas e a amigos. As cartas completam o parco relato dos Atos dos Apóstolos e muitas vezes revelam-nos as comunidades cristãs ao natural, com suas inúmeras dificuldades e seu entusiasmo, além de fazer-nos conhecer o caráter de Paulo e uma exposição doutrinal do cristianismo que, embora não sistemática e longe de ser completa, é muito mais profunda do que a que nos é fornecida pelos outros escritos neotestamentários. A Paulo deve-se, em grande parte, o nítido esclarecimento da distinção entre judaísmo e cristianismo e a difusão deste último no mundo grego.

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S. Mateus escreve o seu Evangelho (provavelmente entre os anos 60 e 85).

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O Evangelho de Mateus apresenta importantes paralelismos com o de Lucas, fato que levou os estudiosos a buscar uma explicação. Uma das teorias modernas, embora não de todo satisfatória, atribui duas fontes para o primeiro e para o terceiro Evangelhos: a primeira, para as partes narrativas e os relatos, é a de Marcos; a segunda, utilizada sobretudo para os diálogos e os discursos, é uma fonte desconhecida, apenas postulada, definida com a letra "Q" (inicial do termo alemão "Quelle", que significa justamente "fonte"). Os relatos de Mateus e de Lucas conservam efetivamente determinadas expressões arcaicas, com claras características semíticas e palestinas. Este fato leva a concluir que deve haver uma versão diferente, mais antiga, do Evangelho de Marcos, que Mateus e Lucas provavelmente conheceram e à qual recorreram com freqüência. O estudo das partes comuns e coincidentes dos três sinóticos e a análise atenta das partes discordantes evidenciou a complexidade dos vínculos que ligam os três relatos paralelos e permitiu que se explicasse por que algumas vezes as redações de Mateus e Lucas parecem estar de acordo, contrariando as de Marcos. No que se refere especificamente a Mateus, o estudo das fontes revelou a existência de um substrato antigo do seu Evangelho, bastante característico. Finalmente, para Mateus e para Marcos, é possível admitir pelo menos três redações sucessivas: um documento básico, antigo, uma primeira redação intermediária e uma final e definitiva. Torna-se evidente que, de uma redação a outra, verificaram-se modificações notáveis e interessantes, não na substância, mas nos novos enfoques, que devem ser relacionados à mudança das condições histórico-sociais e ao amadurecimento do pensamento na reflexão do próprio autor evangélico. O relato de Mateus expõe as etapas fundamentais da vida de Jesus, divididas em cinco seções principais, cada uma centrada em um discurso ou em uma série de discursos de Jesus, precedidos por uma seleção de acontecimentos que servem de preparação. Estas cinco partes estão contidas entre uma introdução, que descreve o nascimento e a infância de Jesus, e uma conclusão, que narra os acontecimentos relativos à paixão, morte e ressurreição. É justamente essa redação tão ordenada e semelhante à de Lucas, pelo menos na substância e nas intenções, que leva a pensar em uma composição mais antiga do Evangelho de Mateus e em uma dependência do resumo de Marcos. A idéia básica que guia as cinco partes principais é a do "reino dos céus". Jesus é apresentado continuamente como o Filho de Deus, que, com sua pessoa e sua obra, levou a termo o Antigo Testamento. O destaque que Mateus dá ao tema das escrituras torna-se uma característica significativa de seu Evangelho e transforma o relato no documento da nova economia que realiza os desígnios de Deus em Cristo. O ensinamento de Cristo que encontramos em Mateus é a apresentação da nova lei que completa e supera a antiga. Para Mateus, é importante esclarecer, no interior do mundo judaico e perante os pagãos, que Jesus não pode ser o libertador político tão esperado, mas que, ao contrário, o reino que ele anuncia pertence a uma esfera ontológica diferente. E sua preocupação, portanto, só pode ser a de descrever esse reino, apresentá-lo para propor-nos os meios de chegar a ele. Pouco sabemos do autor e da época de composição deste Evangelho: o relato é anônimo, mas é atribuído unanimemente ao apóstolo Mateus; deve ter sido escrito por volta dos anos 60 e 85 d.C.. A Igreja nascente logo acolheu com simpatia este Evangelho, não apenas por ser muito organizado e estar escrito numa língua mais correta, embora menos fantasiosa e de vocabulário mais pobre do que a de Marcos, mas também porque sua abordagem correspondia plenamente às exigências da Igreja primitiva.

S. MATEUS EVANGELISTA

Mateus (santo), provavelmente originário de Cafarnaum, abandonou a atividade de publicano, ou seja, de cobrador de impostos, para seguir Jesus de Nazaré na Galiléia. Em seu Evangelho, ele próprio se qualifica como Mateus, o publicano, ao passo que Marcos e Lucas o chamam de Levi, filho de Alfeu. Os dois nomes geralmente são atribuídos a um único personagem, mas não faltam estudiosos que os atribuem a duas pessoas diferentes. Nos Evangelhos, que tratam amplamente de seu chamado por parte de Jesus, e nos Atos dos Apóstolos, Mateus figura na lista dos doze apóstolos. Pouco se conhece de sua vida após a ressurreição de Jesus. De acordo com a tradição conservada em Eusébio de Cesaréia, Mateus primeiramente teria pregado aos hebreus da Palestina, para os quais escreveu o seu Evangelho em aramaico, depois teria visitado outros povos (provavelmente na Etiópia ou na Pérsia). Além do Evangelho canônico de Mateus, existe também um Evangelho apócrifo de Mateus, denominado Historia de nativitate Mariae et infantia Salvatoris (História da natividade de Maria e da infância do Salvador), composto entre os séculos V e VI. O Martirológio romano considera-o mártir na Etiópia, ao passo que o de S. Jerônimo situa o seu martírio na Pérsia.

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Martírio de S. Tiago, o Menor. Perseguição dos cristãos na Palestina.

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Tiago (lat. Iacobus, denominado o Menor; ? - ? 62) é uma figura em que, após o Concílio de Trento, identificam-se quatro personagens citados no Novo Testamento: apóstolo Tiago, filho de Alfeu (Mc 3,18; Mt 10,3; Lc 6,15; At 1,13); Tiago, "irmão", isto é, filho de Cleofas e primo de Jesus (Mc 6,3; Mt 10,2); Tiago, chefe da Igreja de Jerusalém (At 12,17; 21,18); por fim, Tiago, a quem apareceu o Senhor ressuscitado (1Cor 15,7) e que, de acordo com Hegesipo e Clemente de Alexandria, teria sido lapidado por ordem do sacerdote Anás.

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