Doutrina Catolica

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Mequinho, o peão de Deus, ressuscita

Sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

Redação TERRASMS

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RIO - Às 16 peças do xadrez, Henrique Mecking, o Mequinho, acrescentou mais uma, que carrega no bolso todos os dias. É uma pequena pedra que trouxe de Medjugore, na Bósnia, tirada de um monte onde católicos dizem avistar Nossa Senhora desde 1981. Quando passa por uma situação difícil, seja na vida particular ou sobre o tabuleiro, ele segura a pedrinha e pede a Jesus Cristo e à Maria que o ajudem. Quem conhece sua trajetória dificilmente duvidará da força de suas orações. Desde que descobriu que outra mão mais poderosa move as peças deste mundo, o maior enxadrista brasileiro direcionou para os céus sua vida e o dom de jogar xadrez. Foi por Deus, diz ele, que voltou ao esporte depois de enfrentar uma doença raríssima, a miastenia gravis, que causa paralisia de toda a musculatura e hoje é controlada por remédios homeopáticos. Em 1979, pouco depois de disputar um torneio no Rio, os médicos lhe deram apenas duas semanas de vida e nem Mequinho poderia acreditar que, 24 anos depois, voltaria a jogar um torneio oficial na cidade em que viveu o auge de sua carreira. No sábado, o enxadrista começa a disputar, no Sesc Copacabana, o Pan-Americano por equipes, a competição mais importante do continente. Para Mequinho, de 51 anos, a volta aos tabuleiros não é só um dado histórico, mas um exemplo do milagre da ressurreição: — Deus é o único que faz alguém da morte voltar à vida. Eu ia morrer em 1979 e estou vivo. Diziam que eu estava morto para o xadrez e também voltei à vida. Ainda sou o número um da seleção brasileira e não perco uma partida simultânea no Brasil há 27 anos. Agora, quero voltar a estar entre os melhores do mundo. Para isso, Mequinho não cansa de repetir que precisa apenas de um lap top, que o ajudaria a estudar jogadas, e de um patrocinador para bancar suas viagens. Era o que ele recebia do governo Médici nos anos 70, quando chegou a ser o terceiro melhor enxadrista do mundo. Ser ídolo de um presidente militar — que exaltava sua genialidade ao dizer que o Brasil ideal teria os pés de Pelé e a cabeça de Mequinho — gerou críticas ao enxadrista, que desde aquela época não gosta de falar de política. — O Médici foi maravilhoso. Se o governo atual der o mesmo apoio, também vou ficar maravilhado. Vida simples e data para fim dos tempos A ambição de Mequinho sobre o tabuleiro não combina com seu estilo de vida. Ele mora sozinho, em Taubaté (SP), numa casa onde os móveis são tão simples que até o tabuleiro de xadrez é de papelão. Não há TV, para não “perder tempo”. O rádio existe só para ajudá-lo a rezar o terço. O computador tem razões profissionais: ele participa do Internet Chess Club, site que reúne mais de 200 mil enxadristas do mundo inteiro e do qual já foi campeão mundial dez vezes. Na garagem, dorme um Fusca ano 80. Sua comida é totalmente natural, à base de arroz integral e aveia. Não admira que Mequinho tenha perguntado para que servem a sauna e a hidromassagem no quarto do hotel onde está hospedado, em Copacabana. — Francisco de Assis dizia que se vai mais rápido ao céu de uma cabana que de um palácio. Vivo para jogar xadrez e rezar — resume. Um dos raros sinais de vaidade é o incômodo com uma barriguinha quase imperceptível num corpo esquálido, que não passa dos 66kg. — Corro quatro quilômetros por dia e vou perder essa barriga. É do exercício da fé, porém, que Mequinho mais gosta de falar. Sua conversão ocorreu em 1977, quando chegou a ficar sem voz por causa da miastenia. Uma senhora católica rezou por ele, que sentiu grande melhora. Logo, aderiu à Renovação Carismática, movimento da Igreja Católica. Desde então, vai à missa e comunga diariamente. Formou-se em teologia e estudou para padre. Segundo ele, esta acabou não sendo a vontade de Deus, que o reconduziu ao tabuleiro, mas seu fervor religioso só aumentou. Por isso, Mequinho acredita que tem um trunfo a mais que os grandes enxadristas do mundo: a fé. — Pedi a Jesus que tire 15 anos da minha velhice e que, assim, eu possa ter vigor para jogar xadrez mais tempo. O Anatoli Karpov (ex-campeão mundial) perdeu simultâneas porque a idade já o está corroendo. Sua vontade de viver é compatível com o que crê. O fim dos tempos é um tema que o fascina. Chegou a adiar um tratamento dentário para janeiro de 2001 porque tinha certeza de que Jesus voltaria à Terra em 31 de dezembro de 2000. Agora, baseado em anúncios de Nossa Senhora, acredita que o Mal será eliminado do planeta em 2004. Mas adianta: — Deus pode postergar a data se mais pessoas rezarem. De tanto ouvir que sua vida daria um filme, Mequinho será tema de um documentário do cineasta Davi França Mendes. Parte da sua história já está no livro "Como Jesus Cristo salvou a minha vida". Se tudo isso servir para evangelizar o mundo e popularizar o xadrez, pensa ele, o xeque-mate final já estará dado.

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GMI Henrique da Costa Mecking (Mequinho)

Nascido em 23 de janeiro de 1952, na cidade de Santa Cruz do Sul - RS, Henrique Costa Mecking, carinhosamente conhecido como Mequinho, aprendeu a movimentar as peças de xadrez aos 5 anos, sob orientação de sua mãe, Maria José Costa Mecking. Logo após, em São Lourenço do Sul, teve o seu primeiro professor, o delegado de polícia João Manoel Barreto. Mequinho é formado em Filosofia e Teologia Católica. Foi vice-campeão de Pelotas aos 9 anos, atrás apenas de Carlos Rodrigues Peixoto, tri-campeão gaúcho e vice-campeão brasileiro. Aos 12 anos, venceu o campeonato pelotense (1964) e o campeonato gaúcho (1965). Foi Campeão Brasileiro em 1965 e 1967 (as 2 únicas vezes em que disputou) e Sul-Americano em 1966. Em 1973, venceu o Torneio Interzonal de Petrópolis, extraordinário feito que realizaria novamente, vencendo o Torneio Interzonal de Manila (Filipinas) em 1976. Participou dos Torneios Interzonais em 1967 (Sousse, Tunísia), 1970 (Palma de Mallorca, Espanha) e 1979 (Rio de Janeiro). Venceu os Torneios Interzonais em Bogotá, Colômbia e Vrsac, Iugoslávia (1971 - à frente de Porthish, com 8 vitórias e 7 empates). Representou o Brasil nas Olimpíadas de 1968 (Lugano) e 1974 (Nice). Em 1978 atingiu a inacreditável posição de 3º enxadrista do planeta, com um rating de 2635 pontos. Atualmente, Mequinho, está em terceiro melhor rating do Mundo de Xadrez Rápido, no Internet Chess Club (ICC), que possui 25.000 associados ativos, sendo mais de 200 Grandes Mestres Internacionais. Ele joga com a conta de Lorenzo, em honra de S. Lorenço. Por diversas vezes, foi o melhor do mundo no ICC, em julho e dezembro de 2001, janeiro e fevereiro de 2002. Para o Rio de Janeiro é um fato de extrema importância, o retorno do Mequinho para um evento em nossa Cidade, fato este que não ocorre desde 1991. Os 20 adversários da simultânea a ser realizada no dia 13 de março às 17:00h, no Rio Atlântica Hotel , estão sendo convidados e selecionados pela Federação de Xadrez do Estado do Rio de Janeiro. Na abertura do evento está confirmada a presença do Grande Mestre Internacional e presidente da CBX, Darcy Lima.(Luis Nassif)

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