DOUTRINA CATÓLICA

Doutrina Católica

JESUS CRISTO E A NOVA CRIAÇÃO

Por que se diz que NS Jesus Cristo é a "Nova Criação" , a "Nova Páscoa" e o "Novo Sábado" ?

RESPOSTA :

Deus criou o mundo pela ação da Sua Palavra Santa e Eterna (o Logos) ; e esta Palavra é o próprio Cristo , a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade , a Inteligência Divina - o princípio ordenador da realidade criada .

A Palavra não é distinta de Deus , porque a Palavra - o Verbo - era Deus , como lemos no começo do Evangelho de São João . Este Verbo sustenta toda a realidade criada , e a conduz ao seu fim sobrenatural .

Com a queda original , a humanidade ficou apartada da graça e da amizade com Deus , ficou vulnerável ao mal e a o sofrimento ; neste momento , a corrupção invadiu a terra.

O pecado de Adão causou uma desordem cósmica . Esta desordem só seria superada , só haveria , portanto , a regeneração da alma humana e a reconciliação da criação com Deus , com o sacrifício vicário do Deus Filho , que , livremente , assumiu a condição humana e a paixão salvífica , para vencer o pecado e a morte e transmitir essa vitória aos homens que acolhem a graça santificante .

Com o Verbo Eterno , Deus criou um mundo perfeito para a Sua Glória , e com o Verbo unido à carne humana , na Pessoa do Cristo , Deus regenerou a ordem criada , também , para a Sua Glória .

O Cristo veio ao mundo na plenitude do tempos , como proclamou o apóstolo Paulo . Deus , nesse momento -- num ato de Sua infinita misericórdia -- poupou o homem do aniquilamento definitivo , porque atribuiu ao Cristo -- aquele que poderia vencer a morte -- a missão de romper o domínio do pecado sobre os homens e esmagar a morte e o Adversário da Obra de Deus.

Com a vitória de Jesus sobre a morte , a graça voltou ao mundo , que passou a ser um veículo para a sua trasmissão , bem como para a realização da justiça e da misericórdia divinas .

NS Jesus Cristo , como Moisés , estabeleceu um Novo Pacto dos homens com Deus ; ele atravessou as águas do mar com a sua morte , no batismo ; e libertou a humanidade da servidão do pecado , tal como o povo hebreu foi liberto da servidão no Egito. Cristo é , portanto , a passagem da morte para a vida , da escravidão para a liberdade ; do mal e do sofrimento , para a vida plena -- vida liberta do pecado -- , no ato sacrificial supremo da cruz , quando assumiu as dores do mundo e operou a transformação da realidade criada.

A revelação divina realizada por Cristo é de uma natureza diferente das revelações anteriores . Em Cristo , Deus se une à natureza humana para vencer o pecado e a morte . E , por livre iniciativa da Sua vontade , Ele revela verdades sobre a Sua natureza .

Através da ação de sua graça , Cristo restabelece o estado de amizade com os homens que vigorava nos primeiros dias da criação . E como decorrência dos méritos e da satisfação infinitos prestados a Deus , o Espírito Santo vem habitar a alma humana , tornada pura e digna de Deus . O pecado original é removido e os homens podem crescer na graça , na justiça e na caridade .

Com a vitória de Cristo sobre a morte , o céu foi aberto aos justos de todos os tempos que morreram sem pecados .

Essa afirmação não deve ser confundida com a transformação da natureza humana em divina ou com a transformação da natureza divina em humana ( proposições gnósticas ) . A distinção ontológica da criação se mantém , mas a humanidade não mais se encontra apartada da glória divina .

A Igreja convida toda a humanidade a se reconciliar com Deus , no seu interior , porque ela é o sinal universal da presença de Deus no mundo . A Igreja é o sacramento universal da salvação e Cristo prometeu estar com a sua Igreja até a consumação dos tempos . Portanto , o destino da Igreja coincide com o destino do mundo e com o destino da história do homem.

O Sábado

Do repouso divino do sétimo dia , Cristo ressurge da morte nas primeiras horas do primeiro dia . O dia da ressurreição é , portanto , o novo dia do Senhor , o dia da glória eterna de Deus , para os cristãos .

Como na Páscoa judaica , celebramos a eucaristia com um novo pão ; pão que desta vez é o Corpo Vivo de Deus

NS Jesus Cristo sofreu sem pecados

PERGUNTA

Jesus não tinha pecados , mas nasceu como um homem normal , sem um corpo glorioso e imune ao sofrimento . Deus , portanto , se rebaixou ao plano humano ; Deus sofreu um processo de mutação ? Isso não seria uma mutação gnóstica

RESPOSTA :

A palavra "Kenosis" aparece na Epístola de São Paulo aos Filipenses quando lemos : “ existindo na forma (ou natureza) de Deus, não julgou que fosse uma rapina o ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de escravo, tornando-se semelhante aos homens, e sendo reconhecido por condição como homem. Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte , e morte de cruz!"(Filip,2, 6-7).

Essa expressão deve ser entendida de forma analógica e não real . Cristo não conheceu jamais o pecado , mas nasceu em um corpo com as restrições características do corpo físico do homem decaído . Ele viveu plenamente como homem ; sofreu , sentiu , teve fome , frio e dúvidas . Como Deus , jamais !

Santo Irineu já havia condenado a doutrina do esvaziamento de Deus , defendida pelos gnósticos (Santo Ireneo, Adversus haereses, II, 13,6-7). A hipostasia na Segunda Pessoa da Trindade e a habitação do Espírito Santo na alma humana não degradam a substância divina . Ela permanece sempre intacta e incorrupta . O pecado é uma mácula exclusiva do homem . A Encarnação divina , segundo a doutrina católica , não admite nenhum processo de mutação , divisão e fusão na divindade - tal como afirmavam as heresias gnósticas.

Em Cristo existem duas naturezas , duas vontades e duas inteligências , unidas mas distintas - a natureza humana e a natureza divina . Cristo é assim plenamente homem , e plenamente Deus , inteiramente homem e inteiramente Deus .

Deus não se tornou humano com a Encarnação ; isto é mortal , finito e criado . Não houve portanto um processo de auto-aniquilamento da divindade. Nem tampouco o homem foi feito divino neste processo , ou seja não houve gnose , não ocorreu um fato aceito pelos hereges gnósticos . A diferença ontológica se manteve , mas o Espirito Santo passou a habitar a alma humana com batismo , devido aos méritos e à satisfação infinitos prestados a Deus pelo Cristo .

Apesar da distinção das duas natureza , tudo em Jesus Cristo deve ser atribuído à Sua Pessoa divina . Cristo não conheceu a corrupção -- nem a Sua pessoa se dividiu -- quando Seu corpo foi separado da alma com a morte . Ele tinha o pleno controle sobre o momento da sua morte e o poder para vencê-la.

Cristo é o nossso Senhor e Salvador . Ele detinha , portanto , o poder exclusivo de realizar milagres - manifestando a Sua onipotência .

Mesmo estando em missão , na terra , Cristo nunca deixou de estar no céu , na forma gloriosa de seu ser . E , após subir ao céu no seu corpo glorioso , assumiu o assento à destra de Deus Pai , de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos .

Ele é o único mediador entre Deus e os homens , e não há caminho entre o Pai e os homens que não passe por Ele .

Cristo é o Salvador e Juiz da humanidade.

Ele ora por todos nós , e dessa oração depende a oração da Igreja.

A Santíssima Trindade

Cristo , a Segunda Pessoa da Trindade , é uma processão divina , um engendramento de Deus . Ele não é um ser criado . Foi gerado no ventre de Maria , mas não é um ser criado como todos os outros homens. A união da natureza humana e da natureza divina na Pessoa de Cristo é um mistério , porque apesar da dimensão humana não se tornar divina , nem tampouco , a natureza divina se tornar humana , tudo em Jesus é divino . Tudo o que a Sua Pessoa faz pode e deve ser atribuído a Deus .

Nessa processão intelectiva imanente que coinstitui a Segunda Pessoa da Trindade , devemos lembrar , Deus não sofre nenhuma divisão ou mutação . Permanece o mesmo Deus , uno , simples , imutável e eterno - ao contrário , portanto , do que afirma a gnose .

Existem três Pessoas em Deus , e não três substâncias . Em Deus a distinção de pessoas é consequência das processões imanentes à substância divina .

Quando Deus age , são sempre as três Pessoas que agem ; mesmo que uma determinada obra seja atribuída a uma das pessoas da Trindade .

No céu , o Cristo não sofre mais . Ele sabe o que é o sofrimento humano , porque é onisciente , mas não sofre . Por isso se diz que , na missa , ocorre uma renovação incruenta do sacrifício eucarístico . Uma nova aplicação da mesma eficácia do sacrifício único.

O desejo permanente de Deus é o nosso bem ; só se apartam desse intento divino , aqueles que , livre e conscientemente , optam por outro caminho . Não há , portanto , a dupla predestinação advogada pelos calvinistas.

Revelação e desenvolvimento do dogma

A Revelação cristã fechou-se com o ciclo da paixão morte e ressurreição de NS Jesus Cristo , nada mais será revelado aos homens até a Segunda Vinda .Toda verdade que Deus desejou transmitir aos homens foi realmente transmitida por Cristo aos apóstolos , e a Igreja Católica é a depositária desta verdade. Dogmas são verdades reveladas por Deus como imutáveis e definitivas e que recebem o selo da Igreja através de pronunciamento papal 'ex cathedra' ou do Colégio Episcopal em Concílio Ecumênico.

Contudo , nem todas as verdades reveladas estão completamente explícitas nas Sagradas Escrituras e assim para o entendimento subjetivo do homem . Por essa razão a Igreja pode formalizar o reconhecimento de dogmas que antes não possuiam este grau de definição . Não se trata de um acréscimo feito à doutrina de Cristo mas de um aprofundamento do entendimento humano sob o auxílio infalível do Espírito Santo e de NS Jesus Cristo . A Igreja afirma categoricamente a existência de uma verdade que sempre esteve ali.

Quem creu em Cristo e na Igreja , numa época em que um determinado dogma não havia ainda sido definido , não pode ser culpado do pecado de heresia .

Dogmas são verdades irrefutáveis ; não pode haver questionamento de uma verdade dogmática.

Nada mais sera revelado aos homens até a Parusia ; nem o Papa pode mudar uma verdade dogmática da Igreja . E quem não a acolhe , é herege e peca contra o Espirito-Santo , perdendo o estado de graça.

Os Conceitos de Revelação Divina

A diferença entre o conceito de revelação do Concílio Vaticano I e do Concilio Vaticano II - Constituição Dogmática Dei Filius e Constituição Dogmática Dei Verbum .

Não há oposição entre os dois conceitos , mas sim , complementariedade.

Uma concepção original dominantemente intelectualística para uma concepção histórico-salvífica , personalística da revelação.

Deus , na verdade , comunica-Se e revela-Se aos homens , fazendo-Se presente , na ação do Espírito Santo . Não é apenas um ato de comunicar uma verdade à inteligência humana , mas uma ação de fazer-se presente dispensando Seus dons aos homens. A revelação possui uma centralidade no mistério de Cristo. A unidade da diversidade é dada pelo fato de que a criação encontra sua verdade no Verbo Encarnado. Antes , a referência a Cristo era menor. É Nele , portanto , que se realiza a unidade da diversidade , a unidade da criação e da redenção. E finalmente a dimensão sacramental da revelação. A revelação de Deus acontece mediante fatos e palavras que portam a graça de Cristo. Crescemos no entendimento da palavra de Deus , recebendo mais graças ao longo de nossas vidas , sem prejuízo do entendimento geral comum. Nada disso implica em gnose individual , impossível de ser partilhada , como afirmam os críticos do Concílio Vaticano II.

Inferno e Satanás na Igreja pós-Concílio Vaticano II

É verdade que a Igreja pós-Vaticano II aboliu o exorcistato e a crença na existência de satanás e do inferno ?

Não procede , de nenhum modo , esta assertiva !

A Igreja não pode modificar o dogma , a verdade revelada por Deus , no Antigo Testamento , e por Jesus Cristo , nos evangelhos , que afirma explicitamente a existência do inferno e de satanás . O Papa Paulo VI na década de setenta , extinguiu a ordem do exorcistato , mas não o poder do presbítero de realizar exorcismos . Este poder é conferido através do sacramento da ordem . Cada bispo deve indicar um único sacerdote exorcista , para toda a sua diocese . A Igreja tem o poder e autoridade conferidos pelo Cristo para afastar o mal e para realizar exorcismos , e este poder é perpétuo . Foi Cristo que determinou , explicitamente , para toda a eternidade , que as portas do inferno não prevalecerão contra a Sua Igreja . Há , inclusive , um documento recente que disciplina o ritual de exorcismo da Igreja .

O Concílio Vaticano II refere-se , em diversas passagens , ao inferno e a satanás em seus documentos . Podemos citar à guisa de ilustração : Constituição Dogmática Lumem Gentium fala do inferno e do demônio nos números 16 ,17 ,48 ,131 (Cfr Ef 6 , 11 ) ; o Decreto Ad Gentes no número 9 e a Constituição Apostólica Gaudium et Spes nos números 2 , 13 e 22 .

Prof Everton Jobim

Revelações Privadas

A Igreja ensina que após a ascensão definitiva de NS Jesus Cristo ao céu , fechou-se a doutrina revelada . Ou seja , nada mais será revelado aos homens de fundamental , até a Parusia . Não obstante , a Igreja pode enriquecer a doutrina em temas dogmáticos e não dogmáticos , sob a assitência do Espírito Santo. Reconhecendo , portanto , como dogmas , verdades eternas que sempre estiveram presentes no conteúdo da doutrina revelada -- verdades ainda não seladas como 'dogma de fé' pela suprema autoridade do magistério eclesiástico. As revelações privadas relacionadas às manifestações da Virgem Maria não integram o 'depósito da fé' , ensina o sagrado magistério ; não obstante trazem verdades que são seguidas pela Igreja e pelos fiéis como , por exemplo , o uso do escapulário , as jaculatórias , a reza pela conversão do mundo , a reza das primeiras sextas-feiras e dos cinco primeiros sábados. A autoridade das revelações privadas é essencialmente distinta da única revelação pública: esta exige a nossa fé;-- de fato, nela, é o próprio Deus que nos fala por meio de palavras humanas e da mediação da comunidade viva da Igreja. Deus , neste momento , age em nós. A revelação privada é um auxílio para a fé, e manifesta-se crível porque remete à única revelação pública. Portanto , quando a Sé Apostólica reconhece como autêntica uma revelação privada , as verdades ali contidas não se tornam objeto de fé obrigatório para todos os cristãos que integram a Igreja universal . São verdades que podem ser ou não , seguidas pelo bispo local e pelos fiéis. Não há um aumento do chamado depósito da fé . São verdades para a fé humana , que reforçam as verdades reveladas e a religiosidade popular. E este é o critério para a avaliação de sua autenticidade.

A predição , no caso do profeta , é secundário , o mais importante é o reforço da tradição , da fé , e , portanto , da única revelação. Nas aparições de Lourdes e Fátima , por exemplo , não se trata de uma visão externa normal dos sentidos , porque nem todos puderam ver a mesma coisa , nem tampouco de uma visão intelectual sem imagens. Trata-se da categoria intermédia, a percepção interior que, para o vidente, tem uma força de presença tal , que equivale à manifestação externa sensível.

Prof Everton N Jobim

Ação imanente de Deus X Imanentismo

Deus é livre para atuar no mundo da forma como desejar. Age , também , através da realidade natural , com os recursos presentes no mundo , como , por exemplo , nos sacramentos e nos sacramentais , transmitindo Suas graças à alma humana e ao nosso entendimento . Há , verdadeiramente , uma ação imanente de Deus no mundo e no homem , apesar da manutenção da diferença ontológica entre o ser criado e a sua origem , que é absolutamente transcendente. O fato de Deus atuar também fora da organização visível da Igreja , não significa que esta seja prescindivel e que não deva fazer o que faz ( como quer a chamada "religião imanente" ) ; ou seja , pregar a Palavra Redentora e santificar os homens . Muito pelo contrário , só é possível a graça fora da Igreja visível , porque a Igreja Católica está no mundo e só ela é a Igreja de Cristo . Através da chamada 'economia da Trindade' ou da Trindade 'ad extra' , através , portanto , das obras do Espírito Santo no mundo , conhecemos as verdades sobre a Santíssima Trindade em si , ou a realidade imanente da Trindade divina , e também a preservação de Seu mistério.

Prof Everton N. Jobim

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