DOUTRINA CATÓLICA

Everton N Jobim

Não me parece ser algo tão afrontoso para homens como Pilatos e Caifás , afirmar que morreram como pecadores réprobos . O perigo de levarmos a questão sobre a certeza da salvação ( ou da condenação ) , ao extremo , é a impossibilidade de formular um juízo moral sobre as condutas humanas . E , eventualmente , surgirem teólogos revisionistas , no futuro , com pesquisas arqueológicas , afirmando a conversão no último segundo de suas vidas , de alguns dos personagens referidos ; eventualmente , demandando a incorporação de ambos ao grêmio da Igreja .

Objetivamente falando , pecaram , notoriamente , em termos mortais . Não acolheram a graça santificante , e assim foram até o momento das suas mortes . Pilatos segundo a história teria cometido suicidio. Não há informação em sentido contrário .

Se o Espírito Santo informou , infalivelmente , a Igreja no sentido de elaborar um Credo no qual Pilatos aparece como responsável pela morte de Cristo , é temerário suspender um juízo moral sobre o mesmo.

Não suspender um " juízo moral " , repito ! De modo algum , afirmar um juízo que se pretenda substituir o Juízo de Deus . Devemos crer que Deus é justo , pune os maus e recompensa os bons . Devemos crer que ele salva e justifica os arrependidos .

Portanto , até onde sabemos , os três pecaram e não se arrependeram , e a pena para suas ações é eterna , em coerência com o que ensina o magisterio da Igreja , a Palavra de Deus .

Ademais , sem a possibilidade de uma avaliação moral das condutas humanas , a vida dos santos e dos pecadores se equivaleria . Foi isso o que quis dizer , se interpretaram mal , talvez tenha sido culpa da pressa , ao não me permitir completar a sentença.

Quando da morte de Judas , os apóstolos se reuniram para escolher o seu substituto e não o seu sucessor ! Em Jerusalém , reunidos em Concílio , sob o auxílio infalível do Espírito Santo , escolheram Mathias . Quando morre um apóstolo , ele é sucedido e não substituído ! Judas Iscariotes é , sempre , chamado de traidor , revelando que não houve arrependimento e perdão no seu caso .

Pilatos é responsabilizado pela morte de Cristo no Credo niceno-constantinopolitano , afirmação conciliar dogmática ; sem qualquer referência a um eventual gesto de arrependimento e conversão.

Atributo inalienável do Juízo

É correta a afirmação teológica : " o atributo do juízo é inalienável de Deus " , ninguém pode com certeza absoluta afirmar a salvação ou a condenação de quem quer que seja ; apenas Deus tem esse poder ( dogma do Conc. de Trento ). Podemos e devemos ter , sim , a convicção moral do certo e do errado , para a orientação da nossa própria conduta com base na sã doutrina . E não duvidar da justiça e da misericórdia divina , buscando sempre a justiça e a santidade .

Até onde sabemos , os três personagens ( Judas , Pilatos e Caifás ) estavam mortos espiritualmente , dessa forma ensina a Igreja ! Não há informação sobre arrependimento e conversão de nenhum deles.

Judas cometeu suicídio , mais uma impossibilidade para a salvação ; e Deus orientou os membros dos concílios de Jerusalém no sentido da sua substituição , bem como na confecção do Credo niceno-constantinopolitano onde se afirma que Pilatos foi culpado pela morte de Jesus.

A Igreja ensina que Judas , Caifás e Pilatos pecaram . Pecaram porque agiram , livre e conscientemente , sabiam que Nosso Senhor Jesus Cristo era um homem justo , sabiam que não havia praticado nenhum desrespeito à lei de Deus e às leis civis ; e , mesmo assim , agiram para que um homem justo fosse morto . Cometeram um pecado pessoal de caráter mortal ! Foram e são exemplos de ministros de Satanás na terra.

Judas foi escolhido pelo Cristo ; e traiu , covardemente , o Mestre . Pilatos tinha poder para impedir a morte de Jesus e nada fez ; sabia que Jesus era inocente e pecou por omissão.

Caifás procurou razões religiosas para a morte do Cristo , personagem que , na ótica do Sumo Sacerdote , significava uma ameaça política ao seu poder sacerdotal. Os três rejeitaram , também , a graça redentora do Cristo , ao não acolherem a sua mensagem , por isso , continuaram mortos no pecado de Adão ( com o fato agravante da morte de um justo , fato considerado pecado mortal )

Não há informações sobre eventuais arrependimentos e conversões dos três . Muito pelo contrário .

Se Pilatos e Caifás tivessem feito a contrição perfeita , as Sagradas Escrituras conteriam essa conversão tão relevante. Pilatos foi afastado de seu cargo pela truculência com a qual exercia suas funções e Caifás continuou perseguindo e mantando os cristãos . A tradição informa que Pilatos também cometeu suicídio .

Rigorosamente falando , só Deus tem a ceteza absoluta sobre as nossas culpas , ou o nosso confessor.

Na Bíblia e na história não é informado nenhum ato de contrição de Pilatos e Caifás ; -- portanto , se agiram , livre e conscientemente , matando um homem justo , só podem ter encontrado a morte eterna , como punição.

Pilatos não viu culpa em Jesus Cristo , nem ofensa contra a religião local , nem contra o poder romano. Os fariseus usaram o argumento político para convencer Pilatos a crucificar Jesus , preferiram um rei estrangeiro ao Cristo. Roma só iria crucificá-lo se houvesse razões políticas para tal .

Os judeus negaram , portanto , a autoridade espiritual e social de Jesus. Acusando-o de ser blasfemador e filho do demônio , por contrariar as leis de Deus - curar , perdoar e se dizer Filho do Deus Vivo.

Pilatos pecou por omissão , culpa não menos grave aos olhos de Deus.

A Morte de Jesus

Cristo morreu por todos os nossos pecados -- o pecado original que macula as nossas almas como herança da queda do homem primevo -- , e também pelos os pecados pessoais . Morreu por todos os pecadores ; por isso , no batismo , são perdoados o pecado original e o pecado pessoal , eventualmente presente na alma do batizado.

Todos os pecadores são culpados pela morte de Cristo ; recolhem , contudo , os frutos do seu sacrifício salvífico aqueles que Nele crêem.

Jesus Cristo morreu para redimir o homem , morreu em nosso lugar ; morreu para que os homens pudessem vencer a morte com Ele , expiando a culpa e reconciliando os homens com o Pai , abrindo as portas do céu aos homens.

Contudo , naquele tempo , muitos não acolheram a sua mensagem e concordaram com as acusações feitas pelo Sinédrio , estes são os culpados pela morte de Cristo.

Judas , Caifás e Pilatos foram culpados , inicialmente , pela morte de um homem inocente , algo que já configura pecado mortal , agiram , livre e conscientemente , e não se arrependeram .

E , além disso , mataram o Messias , o Filho de Deus que nos justifica e nos conduz à salvação. Portanto , recusaram a redenção oferecida pelo Cristo. Não fizeram uma boa obra , mesmo participando dos desígnios de Deus.

Judas sabia quem era Jesus ; tinha liberdade para não fazer o que fez ; mesmo assim , entregou Jesus , sabendo que Ele enfrentaria uma sentença de morte.

Satanás desejou ou não a morte de Cristo ?

Quem mata e quem deseja a morte é sempre Satanás ; Deus só deseja o bem e a justiça . A morte ocorre porque Deus abandona o pecador réprobo , quando este indivíduo utilizando mal a sua liberdade procura o pecado. Deus permitiu que os homens maus matassem Jesus , mas esta morte tinha um sentido que transcendia a morte física . Era uma morte sacrificial , feita para a redenção dos pecadores de forma vicária . Feita sobre quem podia suportar e vencer o aniquilamento . Os apóstolos que sabiam da necessidade da morte sacrificial não podiam tentar impedi-la , mas não deviam desejá-la . Pedro tentou impedir a morte de Cristo e foi advertido por Jesus , e Judas cometeu o ato derradeiro de traição . As pessoas que creram em Jesus e foram contra a sua morte , deveriam ter lutado para que Jesus não fosse condenado . Eles não faziam a obra de satanás .

Satanás tentou fazer Jesus abandonar a sua missão no começo da pregação no deserto ou na hora de ser entregue no Horto . Por outro lado , satanás atuava pela condenação de Jesus , movendo os homens maus no sentido da prática de uma ação injusta e da recusa da mensgaem salvífica de Deus. Os algozes de Cristo debocharam dele , mas a morte de Jesus evidentemente foi a derrota de satanás , mesmo que , no intervalo da morte e da ressurreição , seus ministros tenham pensado que a morte do Cordeiro fora uma vitória. Na hora da morte com a terra em trevas alguns perceberam o erro que haviam cometido.

Bibliografia :

CIC , 1992 .

Antropologia das Religiões