DOUTRINA CATOLICA
Doutrina Católica
__________________________

As tentações do deserto

__________________________

Jesus foi então conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Demónio. E tendo jejuado durante quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. Aproximando-se o Tentador e disse-lhe: Se és Filho de Deus, diz a estas pedras se transformem em pães. Mas ele respondeu: Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus (Mt 4, 1-4). «É uma cena cheia de mistério que o homem em vão pretende entender – Deus que Se submete à tentação, que deixa actuar o Maligno…- mas que pode ser meditada, pedindo ao Senhor que nos faça compreender a lição nela contida. Jesus Cristo, tentado! A Tradição esclarece este episódio considerando que Nosso Senhor quis sofrer a tentação para nos dar exemplo em tudo. Assim é, porque Cristo foi perfeito homem, igual a nós, salvo no pecado (Cfr. Heb. 4, 15). Após quarenta dias de jejum, com o simples alimento, possivelmente de ervas e raízes e de um pouco de água, Jesus sente fome – fome autêntica, como a de qualquer criatura. E quando o Demónio lhe propõe que transforme em pão as pedras, Nosso Senhor não só rejeita o alimento que o corpo lhe pedia, mas afasta de Si uma incitação maior: a de usar o poder divino para remediar, diga assim, um problema pessoal. Tereis notado isso ao longo dos Evangelhos: Jesus não faz milagres em proveito próprio.

Converte a água em vinho para os noivos de Caná (Cfr. Jo. 2, 1-11); multiplica os pães e os peixes para dar de comer a uma multidão faminta (Cfr. Mc 6, 33-46); mas Ele ganha o seu pão, durante muitos anos, com o seu próprio trabalho. E mais tarde, durante o tempo em que peregrina por terras de Israel, vive com a ajuda daqueles que O seguem (Cfr. Mt 27, 55). Relata S. João que, depois de uma longa caminhada, chegando Jesus ao poço de Sicar, manda os seus discípulos à cidade para comprarem alimentos; e ao ver aproximar-se a Samaritana pede-lhe água, porque Ele não tinha com que tirá-la (Cfr. Jo 4, 4 e segs.). O seu corpo fatigado pela longa caminhada sofre o cansaço, e, outras vezes, para refazer energias, recorre ao sono (Cfr. Lc 8, 23).

Generosidade do Senhor que Se humilhou, que aceitou plenamente a condição humana, que não Se serve do seu poder divino para fugir das dificuldades ou do esforço! E assim nos ensina a ser fortes, a amar o trabalho, a apreciar a nobreza humana e divina de saborear as consequências da entrega, da doação». Cristo que passa, n.61 «Na hora da tentação, exercita a virtude da Esperança, dizendo: para descansar e gozar, aguarda-me uma eternidade; agora, cheio de Fé, vamos ganhar com o trabalho, o descanso; e, com a dor, a alegria…Que será o Amor, no Céu? Melhor ainda, exercita o Amor, reagindo assim: quero dar gosto ao meu Deus, ao meu Amado, cumprindo em tudo a sua Vontade…, como se não houvesse prémio nem castigo: somente para Lhe agradar». Forja, n.1008

______________________________________________

Filhos de Deus

______________________________________________

«Todos os homens são filhos de Deus, mas um filho pode reagir de muitos modos diante do seu pai.. Temos de esforçar-nos por ser filhos que procuram lembrar-se de que o Senhor, querendo-nos como filhos, fez com que vivamos em sua casa, no meio deste mundo; que sejamos da sua família, que o que é seu seja nosso e o nosso seu; que tenhamos com Ele a mesma familiaridade e confiança com que um menino é capaz de pedir a própria Lua».

Um cristão é um filho de Deus, em virtude do baptismo. A paternidade de Deus é uma verdade revelada por Cristo no Evangelho e constitui parte importante da doutrina cristã. Quis Deus que na alma de Josemaría Escrivá se gravasse esta verdade – ser em Cristo, filho de Deus – com grande intensidade num momento concreto: «Aprendi a chamar Pai, no Pai Nosso, desde criança; mas sentir, ver, admirar esse querer de Deus que sejamos filhos seus …, na rua num carro eléctrico - uma hora, hora e meia, não sei - ; Abba, Pater! Tinha que gritar».

De modo especial nos momentos e situações mais dolorosas o cristão sabe-se filho de Deus: «Quando o Senhor me dava aqueles golpes, pelos anos trinta e um, eu não entendia. E de repente, no meio daquela amargura tão grande, essas palavras. Tu és meu filho (Ps.II, 7),tu és Cristo. E só sabia repetir: Abba, Pater!; Abba Pater!; Abba!, Abba!, Abba! Agora vejo com uma luz nova, como uma nova descoberta: como se vê, com o passar dos anos, a mão do Senhor, da Sabedoria divina, do Todo- Poderoso. Tu fizeste, Senhor, que eu compreendesse que ter a Cruz é encontrar a felicidade, a alegria. E a razão – vejo com mais claridade que nunca – é esta: ter a Cruz é identificar-se com Cristo, é ser Cristo, e, por isso, ser filho de Deus».

A filiação divina assim sentida leva a conduzir-se de acordo com ela: fomenta a confiança na providência divina, a simplicidade no trato com Deus, um profundo sentido da dignidade de todo o ser humano e da fraternidade entre os homens, um verdadeiro amor cristão ao mundo a às realidades criadas por Deus, a serenidade e o optimismo.

«Descansai na filiação divina. Deus é um Pai cheio de ternura, de amor infinito. Chama-lhe Padre muitas vezes durante o dia, e diz-lhe – a sós, na intimidade do teu coração – que o amas, que o adoras: que sentes o orgulho e a força de seres seu filho. Tudo isto pressupõe um autêntico programa de vida interior, que é preciso canalizar através das tuas relações de piedade com Deus – poucas, mas constantes, insisto - , que te permitirão adquirir os sentimentos e maneiras de um bom filho».

Para viver como filhos de Deus e sustentar o empenho por santificar as ocupações ordinárias, os cristãos necessitam «a frequência dos sacramentos, a meditação, o exame de consciência, a leitura espiritual, o trato assíduo com a Virgem Santíssima e com os Anjos da Guarda…». Além disso, para se identificar com Jesus Cristo, procuram a penitência que os leva a oferecer sacrifícios e mortificações, especialmente aquelas que facilitam o cumprimento fiel do dever e fazem a vida mais agradável aos outros, assim como a renúncia a pequenas satisfações, o jejum e a esmola. «Fomenta o teu espírito de mortificação nos pormenores de caridade, com o afã de tornar mais amável a todos o caminho da santidade no meio do mundo: um sorriso pode ser a melhor prova do espírito de penitência».

Site Josemaria Escrivá de Balanguer

Hosted by www.Geocities.ws

1