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Doutrina Católica

CRISÓSTOMO

João Crisóstomo (santo; Antioquia ca. 344 - Cumanos, Capadócia, 407), aluno de Libânio e de Andragácio, converteu-se ao cristianismo e foi eleito patriarca de Constantinopla (397). Depois de entrar em conflito com a imperatriz Eudóxia e ser deposto (sínodo do Carvalho, 403), primeiramente é reintegrado graças à revolta popular, mas depois é definitivamente exilado na Armênia e no litoral oriental do mar Negro. A Crisóstomo certamente não faltaram afetos e desafetos: foi um homem de muitos amigos e muitos inimigos. Em Antioquia teve poucos inimigos, pessoas que o invejavam. Em Constantinopla, porém, eles foram muitos. Teve dificuldades para reformar a sua Igreja, indispondo-se com a imperatriz Eudóxia, protegendo os monges origenistas que Teófilo, o seu rival de Alexandria, perseguia injustamente e reprovando muito duramente as damas da alta sociedade e os abusos dos ricos. Foi vítima de uma intriga, que desembocou no deplorável sínodo do Carvalho, nas proximidades de Calcedônia, em 403, em decorrência do qual foi injustamente deposto e exilado. A sentença foi executada depois do Pentecostes de 404. Ao tomar conhecimento de que o exército estava prestes a intervir para expulsá-lo à força de sua igreja, Crisóstomo afastou-se dela por conta própria, despediu-se dos amigos, das diaconisas e exortou-os a obedecer a seu sucessor "...porque a Igreja não pode ser privada do Bispo". O exílio foi em Cucuso, uma insignificante aldeia da Pequena Armênia: "...sofro mais que os criminosos nos covis e nas prisões", escreverá ele aos amigos de Constantinopla. Nada consegue desanimá-lo e abatê-lo: se não pode mais exercer a arte oratória, dedica à correspondência o ardor de seu zelo e o amor por seus fiéis; com cerca de 250 cartas escritas do exílio, guia a cristandade do Oriente e encoraja as missões da Fenícia, da Cilícia, da Pérsia, do Mar Negro. Sente-se encorajado pela benevolência que o papa Inocêncio manifesta a ele desde Roma, mostrando-se preocupado com sua sorte. Suas desventuras de exilado granjeam-lhe a simpatia e a admiração cada vez maior do povo, a ponto de sua residência forçada tornar-se meta de peregrinações. Isso exaspera seus inimigos, que decidem selar sua sorte. Obtêm do imperador a sua deportação para Pityus, na costa oriental do mar Negro, em marcha forçada, sem nenhuma interrupção, com o objetivo de levá-lo à morte: a marcha dura três meses. Em Cumanos, cai junto da pequena capela erigida em homenagem ao bispo-mártir Basilisco; pede uma pausa que lhe é negada. Prossegue por mais 6 km, mas está tão extenuado que os dois guardas são obrigados a levá-lo de volta à capela. Ali expirou docemente no dia 14 de setembro de 407, repetindo as palavras que o haviam guiado e inspirado por toda a vida: "Glória a Deus em tudo".

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JERÔNIMO

Jerônimo (Estridão, Aquiléia, ca. 347 - Belém, Palestina, 420), filho de pais cristãos, completou seus estudos em Roma, onde, já adulto, recebeu o batismo. Viveu por algum tempo (talvez em 365) na Gália, em Trier, então sé imperial. Uma longa viagem levou-o ao Oriente, onde residiu em Antioquia e foi ordenado sacerdote pelo bispo Paulino, mas na maior parte do tempo (375-378) levou vida eremita no deserto de Cálcides, onde começou a estudar hebraico, escreveu algumas cartas e compôs o primeiro comentário (perdido) bíblico (ao profeta de Abdias). Em seguida, dirigiu-se a Constantinopla, onde (379-382) conheceu o bispo Gregório Nazianzeno e traduziu, com alguns acréscimos e integrações (de 303 a 378), o Chronicon (Crônica) de Eusébio de Cesaréia e algumas homilias de Orígenes. De 382 a 385, desenvolveu uma intensa atividade como promotor de ascetismo (cenáculo do Aventino), como escritor e como secretário do papa Dâmaso, para o qual iniciou uma revisão da Bíblia latina, restrita aos Evangelhos. A inimizade de muitos aconselhou-o a abandonar Roma após a morte do amigo papa. Após uma longa viagem pelo Oriente Médio, estabeleceu-se nas proximidades de Belém (386), onde viveu como asceta até a morte, embora seu caráter impetuoso o levasse a participar ativamente das principais polêmicas da época (contra alguns difamadores do ascetismo, contra o origenismo, o pelagianismo). Manteve uma frutífera correspondência com os amigos que haviam permanecido no Ocidente e traduziu quase todo o Antigo Testamento do hebraico, redigindo vários comentários bíblicos. Sua obra principal, vista com alguma desconfiança por muitos, dentre os quais santo Agostinho, com quem manteve uma ativa correspondência, foi a nova tradução da Bíblia para o latim, que constitui a maior parte da Vulgata. Na tradução, são Jerônimo mantém-se fiel mais ao sentido do texto do que à forma literal, com o intuito de manter na Vulgata a simplicidade e a característica de livro popular, reconhecidas à Bíblia. Tal versão difundiu-se rapidamente pelo mundo cristão, foi adotada pela Igreja católica e por quase um milênio foi considerada a Bíblia de toda a Europa. Contudo, a autenticidade da Vulgata foi questionada por vários estudiosos humanistas, sobretudo por Erasmo, e só recebeu aprovação oficial no Concílio de Trento. É interessante o seu epistolário, variado e elegante, que muitas vezes revela suas idéias acerca do ascetismo e de outros acontecimentos particulares, dentre os quais se destacam os escritos polêmicos contra Rufino, Joviniano, João de Jerusalém, Vigilanzio. Dentre os seus escritos mais originais, por constituírem um gênero novo para a literatura cristã latina e pelas informações que contêm, lembramos o "De viris illustribus" (Dos homens ilustres), coletânea de pequenas biografias de 135 escritores, quase todos eclesiásticos, e três biografias de ascetas (Paulo, Malco, Hilário).

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HILÁRIO

Hilário (papa e santo; ? - Roma, 468), sucessor de Leão I, exerceu o pontificado de 461 a 468. Anteriormente, como arcediago, representando o próprio papa, havia participado do Concílio de Éfeso (449) e demonstrado uma férrea oposição ao monofisismo. Durante o seu pontificado, confirmou os concílios de Nicéia, Éfeso e Calcedônia, sustentando a supremacia da sédia apostólica perante as tendências de autonomia dos bispos da Espanha e da Gália. Também procurou combater a difusão da doutrina ariana, que naquela época Ricimero sustentava em Roma.

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