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Doutrina Católica

Natal do Senhor

Lucas situa o nascimento de Jesus na história do império romano: a realização de um recenseamento. Por ser José originário de Belém deveria ele recensear-se aí. Belém era a cidade de Davi. E José era da "casa e da família de Davi"(Lc 2,4). Maria o acompanha para recensear-se também. Em Belém, Maria dá à luz o filho, que trazia em seu ventre, numa humilde habitação.Um local impróprio para o nascimento de uma criança. e repousa na simplicidade de uma manjedoura. Jesus nasce na extrema pobreza. Os primeiros a receberem a notícia são humildes pastores. É através deles que Deus proclama o jubiloso acontecimento. Diz o evangelista que "a glória do Senhor envolveu-os de luz; e ficaram tomados de grande temor"(Lc 2,9). E um anjo lhes diz: "Não tenhais medo! Eis que vos anuncio uma grande alegria"(Lc 2,10). A alegria era a intervenção única de Deus na história da salvação humana: "Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo Senhor"(Lc 2,11). Começa a era Messiânica. Chega ao termo a longa preparação de um povo para a vinda do Messias. A plenitude dos tempos. a última etapa da salvação da criatura humana. Jesus nasce não só para os pastores e para o povo de Israel, mas para todos os povos e para toda a criatura humana. Nasceu como nosso Salvador. Salvador não de natureza política-nacionalista, mas espiritual. Salvador que exige disposição interior e virtudes morais. Não é ele simplesmente o Messias, mas, o Cristo-Senhor. É mais que um grande enviado de Deus. É o próprio Filho de Deus feito homem. É o verbo que se fez carne e habitou entre nós.É Deus que entra na história humana e se faz um de nós. Esta presença de Deus na história humana é anunciada na noite de natal pelo cântico angélico: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens que ele ama" (Lc 2,14). O acontecimento do nascimento do Filho de Deus presta a Deus o máximo de glória e revela a vontade salvífica de Deus. a glória de Deus se torna visível em Jesus recém-nascido. É ele a luz que ilumina as nações e a glória do povo de Israel(Lc 2,32), nas palavras do velho Simeão. Seu nascimento é o início de uma nova era de paz. O Deus da paz traz ao mundo a paz por seu Filho Jesus recém nascido. é mensageiro e portador da paz, Dom gratuito de Deus ao homem. Na paz e na laegria, celebremos, mais uma vez, o acontecimento do nascimento do Filho de Deus. Um Santo e Feliz Natal!

Dom José Freire Falcão Cardeal-Arcebispo de Brasília

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O Testemunho

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Jesus convida seus discípulos a serem corajosos na proclamação do Evangelho, porque nada acontece sem o beneplácito do Pai celeste. "Não tenhais medo... Pois nada há de coberto não venha ser descoberto, nem de oculto que venha a ser revelado" (Mt 10,26). "Não tenhais medo", admoestação repetida três vezes por Jesus.

O ensinamento de Jesus é agora restrito ao grupo apostólico, a partir de Pentecostes, com a missão dos Apóstolos no mundo, tornar-se-á uma proclamação pública. "O que vos digo às escuras, dizei-o á luz do dia; o que vos é dito aos ouvidos, proclamai-o sobre os telhados" (Mt 10,27).

Ademais, a providência divina acompanha os seus discípulos "Quanto a vós, até os vossos cabelos foram todos contados" (Mt 10,3). Deus cuida de cada um de nós, de todos detalhes de nossa vida.

Não devemos temer a oposição do mundo à mensagem de Jesus, nem as perseguições, nem à perda da vida por causa de seu nome. "Os que pela fé e pelo Batismo pertencem a Cristo devem confessar sua fé batismal diante dos homens"(Catecismo da Igreja Católica, 14), sem deixar-se dominar pelo medo. "O discípulo de Cristo não deve apenas guardar a fé e nele viver, mas também professá-la, testemunhá-la com firmeza e difundi-la" (Catecismo Igreja, 1816). Como ensina o Concílio: "Todos devem estar prontos a confessar Cristo perante os homens segui-lo no caminho da Cruz, entre perseguições que nunca faltam à Igreja" (LG, 42).

Sigamos o exemplo dos grandes seguidores Jesus, que sacrificaram seus interesses e a própria vida para confessá-lo diante dos homens e dos poderosos deste mundo.

"O serviço e o testemunho da fé são requisitos salvação" (Catecismo, 1816). Nossa salvação depende de nossa atitude no confronto com um mundo hostil a Jesus Cristo. Depende de sermos intrépidos testemunhas do Evangelho ou covardes negadores da mensagem do Senhor. Pois, "todo aquele que se declarar por mim diante dos homens também eu me declararei por ele diante de meu Pai que está nos céus. Aquele, porém que me renegar diante dos homens também o renegarei diante do meu Pai que está nos céus" (Mt 10,32-33).

Dom José Freire Falcão

Cardeal – Arcebispo de Brasília 12o. Domingo do Tempo Comum - 23.06.2002

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O Espírito Santo na Igreja

Era Pentecostes, a segunda grande festa judia. Festa de ação de graças pela colheita e do dom da lei. Estavam reunidos numa sala de Jerusalém os apóstolos, Maria e os discípulos de Jesus. "De repente, veio do céu um ruído semelhante ao soprar de impetuoso vendaval: e apareceram umas como línguas" (At 2, 2-3). Sinais de uma extraordinária intervenção de Deus que havia de marcar uma etapa decisiva da história da salvação. E "todos ficaram cheios do Espírito Santo" (At 2, 3). Era a efusão do Espírito Santo, acompanhada pelo dom das línguas. Dom de os Apóstolos se exprimirem em línguas diversas ou de os judeus, embora provenientes de diversas regiões da terra, entenderam a mensagem de Pedro em suas próprias línguas. Após sua ressurreição, Jesus deu o Espírito Santo aos Apóstolos, reunidos na mesma sala, para uma missão particular. Agora, é dado o Espírito Santo a todo o povo de Deus que se torna comunidade escatológica de salvação. A efusão do Espírito Santo acompanha a história da Igreja neta terra. O tempo da igreja é o tempo da efusão do Espírito Santo. É ele que conduz pelos caminhos deste mundo. É luz e força dos cristãos. Esta ação do Espírito na comunidade dos cristãos e na vida de cada discípulo de Jesus é particularmente sentida em nosso tempo. Com esta efusão do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, começa a grande aventura da fé. Repletos do Espírito Santo, os Apóstolos começam a proclamar "as maravilhas de Deus" (At 2, 11) e Pedro declara que esta efusão do Espírito Santo é sinal dos tempos messiânicos. É o Espírito Santo que move os Apóstolos e seus sucessores para a missão. Ele os acompanha e guia. A Igreja é uma instituição humana e divina. É conduzida por pessoas humanas limitadas e frágeis. Instituição inserida na história humana e, por isso, sujeita as suas vicissitudes. Mas, a Igreja é, sobretudo, um acontecimento do Espírito Santo. É ele que garante sua permanência na história e a imutabilidade das estruturas queridas por seu Senhor. Fundada por Cristo, a Igreja é ação continua do Espírito Santo. É ele que a impele a renovar-se, a purificar-se e adaptar-se, segundo as necessidades de cada momento histórico, sem perder sua identidade e na fidelidade de Jesus Cristo.

Dom José Freire Falcão Cardeal – Arcebispo de Brasília Solenidade de Pentecostes - 19.05.2002

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A Confissão de Pedro

Em Cesaréia de Filipe, ao perguntar a seus discípulos quem dizem os homens ao seu respeito, Jesus recebe as seguintes respostas: Para uns és João Batista. Assim pensava Herodes Antipas. Para outros és Elias. Esperado como mensageiro do grande dia de Javé. Para outros ainda, Geremias, o porta-voz de Israel nos momentos de crise nacional. Mas, Jesus quer saber a opinião de seus próprios discípulos. Simão tomando a palavra, afirma prontamente: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo" (Mt 16,16). Uma profissão de fé na filiação divina de Jesus, a qual se tornou mais clara para os apóstolos após a Ressurreição e o Pentecostes. Jesus, ao usar uma linguagem semítica (carne-sangue; portas do inferno; ligar-desligar), faz, então, duas afirmações de excepcional importância: A primeira: Simão será, agora, chamado Pedro (rocha). É Sobre esta rocha, Pedro, que será edificado o novo edifício. Sobre a rocha da fé de Pedro será construída a Igreja. A segunda: Os poderes da Morte não conseguirão jamais destruí-lo. É sinal dessa missão o fato de ser Pedro o primeiro a ser nomeado na lista dos apóstolos. Jesus, ao deixar Nazaré, passa a residir na casa de Pedro em Cafarnaum. Ele faz parte também do pequeno grupo que testemunha a transfiguração no Tabor. Nos momentos mais importantes, em Cesaréia de Filipe em Cafarnaum, por ocasião do discurso sobre o pão vivo (Jo 6,68), Pedro se torna o porta-voz dos outros apóstolos. Jesus ressuscitado se manifesta primeiro a Pedro e depois aos outros discípulos. Esta preferência dada a Pedro se justifica pela altíssima missão que lhe será confiada e a qual deverá cumprir com extremo amor (Jo 21, 15-17). Missão que deverá perpetuar-se em sua Igreja através dos séculos por seus sucessores, os bispos de Roma. Embora assumam nomes diversos, na história multi-secular da Igreja, são eles todos Pedro. Revestidos da missão de conduzir a Igreja de Cristo na terra. Missão de admitir ou de excluir na Casa de Deus. Missão de obrigar no campo da fé e dos costumes. Missão exercida por Pedro como chefe da Igreja de Roma, fundada por ele juntamente com Paulo. Missão selada com o seu martírio. Missão exercida hoje por João Paulo II. Rezemos no dia de Pedro, por João Paulo II, para que não lhe faltem as luzes e as forças divinas no cumprimento de sua grandiosa missão.

Dom José Freire Falcão Cardeal – Arcebispo de Brasília 13o. Domingo do Tempo Comum - 30.06.2002

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