Doutrina Católica

Doutrina Católica

VOLTAR

Dom Dadeus - A fé e a razão

Porto Alegre (RS), 23/11/2004 - 10:15

Nós distinguimos entre ser e agir. Mas sabemos também que o agir segue o ser.

Pelo ser somos pessoa, com uma dignidade inalienável. Somos fim em nós mesmos e, por isso, feitos para sempre. Ninguém, a não ser Deus, que nos deu o ser, tem direito de dispor dele. Nós mesmos somos apenas administradores. Recebemos o ser para cuidar dele: realizá-lo pela ação livre, ou seja, pela responsabilidade pessoal. Mas nosso agir, que segue de nosso ser, é um agir livre, que depende de nossa vontade. Expressa mais a vontade e os sentimentos que o próprio ser. Por isso somos, por natureza, pessoa, mas devemos tornar-nos, por vontade, conscientes desta dignidade. Não por nada se apela para que o ser humano e principalmente o cristão reconheça sua dignidade: tome consciência dela e viva de acordo com ela.

Nossa ação não traduz totalmente nosso ser. Mas incide profundamente sobre ele. Fazendo algo, o homem se faz a si mesmo. Por criação cada ser é bom. O ser livre, porém, vai tornando-se bom ou mau por sua ação. Constrói ou destrói-se a si mesmo. Cada um é artífice de seu destino.

Para a construção do próprio ser e, conseqüentemente, da convivência humana e da sociedade, o homem está dotado de faculdades exímias. É capaz de conhecer, de amar e sentir. Pelo conhecimento traz o objeto para dentro de si. Sua capacidade é ampla: de trazer para dentro de si todo o universo, com sua razão de ser. E assim terá dentro de si mesmo a razão de seu próprio ser. Pelo conhecimento o homem é, de algum modo, tudo. A primeira coisa que deve trazer para dentro de si, pelo conhecimento, não é a verdade de cada objeto, mas a harmonia com a natureza, com os outros e com Deus. Fala-se então mais que de um conhecimento, de sabedoria. Os gregos, com Pitágoras, confessaram sua humildade de não já serem sábios mas apenas amigos da sabedoria. Cunharam assim uma nova palavra que todos os dicionários, desde então, registram: Filosofia: o amigo da sabedoria.

Infelizmente, ao longo da História, muitas vezes, a Filosofia esqueceu seu dever primordial, de procurar a harmonia universal, para enveredar em busca de peculiaridades que, muitas vezes, contrapunham uns aos outros. Chegaram até ao cúmulo de forjar ideologias contrapostas e ferrenhas. Dividiu os homens. Veio Jesus Cristo. Proporcionou-nos um novo conhecimento do universo. Deu-nos vê-lo a partir de Deus. É a fé, que nos foi infundida como dom excelso. Nesta perspectiva vemos o universo como obra da criação divina. Nela tudo é bom, simplesmente porque feito por Deus. Mas também vemos a humanidade como uma grande família. Se a natureza ocasionou o surgimento de muitas raças, que a descrição da Torre de Babel põe como antagônicas, a fé coloca, na sua base, um novo nascimento, que nos torna membros da família de Deus pelo batismo.

É pois óbvio que a essência da vida cristã e, conseqüentemente, o novo e definitivo e único mandamento seja o amor. E temos a própria medida dele: é Cristo: "amai-vos como Eu vos amei". Infelizmente nem todos os que se dizem cristãos seguem e observam este mandamento à risca. Por isso há muitas divisões entre os cristãos. São infidelidades ao mandamento dele e por isso à própria essência da vida cristã. São cristãos não-praticantes. Nosso Senhor não mandou que pensássemos do mesmo modo, mas que nos amássemos uns aos outros.

A fé não é pois apenas um novo conhecimento ou uma nova perspectiva ou ponto de observação. Ela é adesão. Sua base não está na inteligência humana mas na graça divina. Participamos da plenitude da graça e da verdade de Cristo, o Filho de Deus. É nesta luz que devemos trabalhar para garantir segurança e vencer os empecilhos que se lhe opõem. Além do conhecimento que, em todos os níveis de aprendizado, desde a família, a escola fundamental, média e superior, à Igreja, na pregação, na catequese, na teologia e na orientação, deve trazer à mente esta harmonia universal, dispomos da graça que nos une numa mesma família, que devemos pedir, com insistência, pela oração pessoal e litúrgica.

Fonte: Font, Dom Dadeus Grings - Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre

______________________________________________________________

Côn. Vidigal - 150 anos da proclamação do dogma da Imaculada Conceição

Mariana (MG), 23/11/2004 - 08:59

Um frêmito de entusiasmo e incontido júbilo percorrerá a cristandade em festas no próximo dia 8 de dezembro. Por entre arrebatamento de gáudio profundo, num ardor unânime, numa ruidosa alegria, num esto de imenso amor, unir-se-ão os fiéis para saudar, apoteoticamente, esta Senhora bendita, 150 anos após a proclamação solene do Dogma de sua Imaculada Conceição pelo Papa Pio IX em 1854.

Verdade luminosa bem fundamentada na Bíblia Sagrada.

Todos a contemplar Maria que se alteia sobre o Universo envolta nos esplendores da beleza mais cativante, enlevando os espíritos, embevecendo as almas nas magnificências celestes e nos divinos eflúvios de uma resplendorosa prerrogativa, que a fez no plano sobrenatural a mais perfeita e santa de todas as criaturas.

Imaculada em sua Conceição, Maria é, realmente, a mais bela e encantadora de todas as mulheres, honra fúlgida de nossa estirpe, glória reluzente de nossa raça, honorificência de nossa gente, fulgor rutilante de todo o gênero humano.

Na sinceridade dos mesmos retumbantes louvores, irmanam-se, simpaticamente, em data tão esplendorosa os católicos do mundo inteiro, pois o verdadeiro seguidor de Jesus sabe cantar loas magníficas à sua Mãe celestial, vestindo-a de todas as galas, entoando solenemente com toda pompa os triunfos desta gloriosa Soberana.

O milenar triunfo da Imaculada será glorificado, num excesso de contentamento, com magnificência, pois, onde pulsa um coração genuinamente fiel, evolam sempre, na nobreza e espontaneidade dos mais veementes sentimentos, saudações fervorosas à Madona querida e bem amada, magnificando-lhe tão extraordinária prerrogativa.

Será o orbe católico prostrado ante sua excelsa Rainha Imaculada, exaltando-a, porque tão agraciada por Deus. São os mais entusiásticos cânticos a lhe celebrarem seu magnífico triunfo.

Ela a despedaçar os grilhões com que satanás havia prendido o ser racional e isto por força dos merecimentos de seu divino Filho, o Libertador da humanidade.

O trecho nuclear da Bula Ineffabilis Deus é este: "Nós declaramos, decretamos e definimos que a doutrina segundo a qual, por uma graça e um privilégio especial de Deus Todo-Poderoso e em virtude dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original no primeiro instante de sua conceição, foi revelada por Deus e deve, por conseguinte, ser crida firmemente e constantemente por todos os fiéis".

* Professor no Seminário de Mariana - MG

Fonte: Font, Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Hosted by www.Geocities.ws

1