DOUTRINA CATÓLICA

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DOUTRINA CATÓLICA

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TRADICIONALISMO

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Juan Francesco Maria de la Saludad Donoso Cortés (1809 - 1853)
pensador católico espanhol tradicionalista

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Tradicionalismo

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O tradicionalismo foi um movimento de reação aos acontecimentos que tiveram lugar a partir do ano 1789 , quando ocorre a eclosão da Grande Revolução , e que levaram a França a se apropriar dos bens da Igreja , prender e matar sacerdotes , forçar o juramento da Constituição civil pelos clérigos , negar a verdade contida na doutrina revelada e a autoridade do magistério supremo da Igreja. Os pensadores tradicionalistas interpretavam a revolução francesa como um castigo divino pelos pecados dos homens ; e , simultaneamente , uma forma de corrigir esses erros. Por essa razão advogavam a submissão do poder civil ao poder religioso nos moldes de uma teocracia , e rejeitavam as formulações filosóficas dos liberais e iluministas. Eram monarquistas e também inimigos figadais da doutrina protestante e do entendimento ecumênico com grupos apartados da fé católica. Entendiam que pelo fato de Israel ter sido uma sociedade patriarcal e uma monarquia e por Jesus ter sido enviado como descendente do Rei Davi , o regime monárquico seria o regime político desejado por Deus para a organização política das sociedades humanas.

Joseph de Maistre (1754-1821) , Louis Bonald (1754-1840) e Juan Donoso Cortês são autores classificados como tradicionalistas . O Padre Felicité Lammenais também é tratado como tradicionalista porque durante uma importante fase de sua vida abraçou estas idéias , rompendo com o tradicionalismo , posteriormente , quando passa a adotar posturas liberais e modernistas.

Tratamos de cada um destes autores no texto que segue .

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Louis Bonald

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Louis Bonald ou Louis-Gabriel-Ambroise , Visconde de Bonald , estadista francês , escritor e filósofo , expoente intelectual da Contra-Revolução -- monarquista ultramontano -- defendia , a partir de seus estudos das Sagradas Escrituras , e , particularmente , das epístolas de São Paulo , o respeito a toda autoridade constituída , como expressão da vontade divina e a submissão dos governos civis à autoridade do Romano Pontífice. Para Louis Bonald , quando um monarca é deposto , ele conserva o direito de governar , porque permanece sob a graça conferida por Deus para o desempenho de suas altas atribuições como homem de Estado. O rei , como ministro de Deus , não pode perder a sua autoridade diante de seus inimigos pelo uso arbitrário da força. A sucessão do soberano deve ser feita segundo as leis do próprio regime monárquico.

Suas principais obras , através das quais manifestou seu extremo conservadorismo social e político , são : A Teoria do poder político e religioso (1796) e A legislação primitiva (1802).

Bonald aplaudiu a restauração dos Bourbons em França , com a queda de Napoleão Bonaparte. Em 1810 foi nomeado membro do conselho das universidades e em 1816 acadêmico por ordem real.

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De Maistre

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Joseph de Maistre em 1819 , com a obra "Du Pape" , na linha de Louis Bonald , procurou demonstrar que , na Igreja , o Papa é soberano e que a característica essencial de toda soberania é o fato de que as suas decisões não podem ser objeto de apelo e recurso. As declarações doutrinárias do Romano Pontífice obrigam todos os homens. A soberania papal e sua infalibilidade deveriam ser uma proteção contra todo governo injusto e tirânico ; a soberania derradeira , tal como se verificava na Idade Média. A tendência das religiões cismáticas seria a queda no protestantismo e do protestantismo no indiferentismo religioso. Somente a verdadeira fé , presente apenas na Igreja católica , poderia resistir ao avanço do racionalismo e do agnosticismo.

A solução para a crise era a submissão da nação ao rei e do rei ao Papa , em conformidade com a ordem desejada por Deus para o mundo!

De Maistre integrou , por algum tempo , a maçonaria martinista que afirmava a legitimidade de todo governo monárquico pelo simples fato de ser um monarquia. Entre seus críticos , há quem identifique alguma influência maçônica persistente em sua defesa da infalibilidade de governo do Romano Pontífice , e não uma doutrina de inspiração puramente cristã ; repudiando a interpretação de De Maistre quanto ao fato dos jacobinos serem instrumentos da Providência divina para punir a França por seus erros e ao mesmo tempo salvá-la! De Maistre considerava a Grande Revolução de 1789 , obra de satã , permitida por Deus , como forma de punição pelos pecados dos homens. A nobreza e o clero pagavam por seus vícios , sofrendo as punições permitidas pela Providência Divina , em Seus desígnios insondáveis. Mereciam repúdio também as idéias contratualistas e subversivas de Locke e Rousseau , que teriam contaminado intelectuais e populares na França pré-revolucionária. Esses autores seguiam influências protestantes , anglicanas e calvinistas , respectivamente. O agnosticismo e o deísmo associados ao movimento iluminista era uma afronta a Deus , a tentativa de abandonar a teologia como fundamento da sociedade era algo irreversivelmente destrutivo. A verdade política e social era , portanto , o respeito ao regime monárquico e à tradição histórica , expressões da vontade de Deus.

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Reflexões sobre o pensamento tradicionalista

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Os tradicionalistas sacralizavam todos os aspectos da tradição , o que implicava em petrificar a doutrina católica. Nem tudo que vem da tradição é dogma ou é regra imutável. Como notório , a Igreja reconhece dogmaticamente o poder do sagrado magistério para enriquecer a sã doutrina , com a autoridade confiada pelo Cristo , sob o auxílio infalível do Espírito Santo -- definindo dogmas e verdades de fé para serem reverenciados por toda a Igreja. Da mesma forma , a doutrina católica nega a possibilidade de mudança nas definições dogmáticas. Dogmas são verdades reveladas , definitivas e imutáveis , de crença obrigatória para todos os cristãos.

Os tradicionalistas , como todos os católicos , negavam poder exclusivo à razão para alcançar a verdade ; acreditavam na verdade revelada presente nos textos sagrados e no magistério vivo da Igreja , ou seja , acreditavam na tradição.

As obras dos autores tradicionalistas , infelizmente , sofreram nefastas influências provenientes , principalmente , do ' subjetivismo ' e do ' fideísmo '.

Para enfrentar o ' racionalismo ' do século XVIII , os autores tradicionalistas adotaram a posição inversa , o ' fideísmo ' , que nega a possibilidade de compatibilizar a fé e a razão. É dogma da Igreja a compatibilidade entre a fé e a razão. O homem é um ser racional dotado de uma alma de natureza espiritual ; feito , portanto , para amar , louvar , e conhecer a ordem natural e a realidade espiritual transcendente.

A razão sem a fé , não nos permite um entendimento pleno da transcendência ; -- e , por outro lado , a fé sem a razão é a tentativa de contrariar um dom divino posto na alma humana visando o seu bem natural e sobrenatural. A tradição é a transmissão da revelação divina feita pela autoridade designada pelo Cristo , ou seja , a Igreja , na pessoa do Papa em comunhão com o Colégio Episcopal. A autoridade suprema da Igreja possui o poder para reconhecer o dogma presente na doutrina revelada quando ainda pairam dúvidas sobre ele.

O problema central em relação aos pensadores tradicionalistas não era , portanto , o culto à tradição e à reverência ao poder e à autoridade do magistério supremo da Igreja , mas sim , a forma de realizar essa obediência.

No que concerne à infalibildade papal e do magistério eclesiástico ; a Igreja ensina que o Papa realiza magistério infalível , quando se manifesta de modo solene , ex cathedra , sobre fé e moral , em sentenças definitivas , aplicadas a toda a Igreja . O Colégio Episcopal realiza magistério infalível , quando em comunhão com o Santo Padre , em reuniões solenes , concorda em emitir juizos definitivos sobre fé e moral aplicáveis a toda a Igreja - geralmente em Concílios Ecumênicos.

Não obstante , na condução do magistério ordinário ou no trato de assuntos meramente pastorais e administrativos o Santo Padre pode errar.

Além dos autores citados anteriormente , merecem registro os nomes de Louis Bautain (1796-1867) , Augustin Bonnetty (1798-1879) , J. Ventura (1792-1861) , Gerhardt Casimir Ubaghs (1800-1875), Reynaud , Rivarol (1753-1801) , Chateaubriand (1768-1848) , Ferrand , Blanc de Saint-Bonnet (1815-1880) e Jaime Balmes (1810-1848) , entre os pensadores representativos do pensamento tradicionalista.

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Donoso Cortês

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Político , diplomata e intelectual espanhol , nascido no Vale de La Serena , Badajoz , Extremadura , em 6 de Maio de 1809 , estudou direito em Sevilha e ingressou na política , como um liberal , admirador de Rousseau e sob a influência de Quintana. Com a morte do rei Ferdinand , defendeu a presença no trono da rainha Maria Cristina , e da infanta Isabella contra Dom Carlos , que reivindicava a sucessão com base na Lei Sálica , que impedia as mulheres da realeza de ocuparem a titularidade da Coroa.

Em 1840 , com a revolução liderada por Espartero , Duque de Vitória , seguiu para o exílio em Paris , com Maria Cristina . Secretário da Rainha Regente , parlamentar centrista , na linha de Narváez , Donoso começou a mudar sua visão política , tornando-se progressivamente conservador , por temer o avanço do radicalismo liberal , tal como verificado em França na primeira metade do século XIX , principalmente em relação aos fatos ocorridos no ano 1848. Suas opiniões estão registradas nas Lecciones de derecho politico de 1837.

Diretor de estudos da jovem rainha Isabella foi feito Marquês de Valdegamas e ingressou no Senado. Na França , entrou emcontato com autores ultamontanos como Bonald e De Maistre , o que reforçou suas posições conservadoras. Na obra ' Ensayo sobre el catolicismo, el liberalismo, y el socialismo ', Donoso considerou essas doutrinas em seus princípios fundamentais , recusando o racionalismo e o liberalismo como inimigos da civilização cristã , causadores das revoluções e da ira de Deus para com os homens. Embaixador em Paris , faleceu a 3 de Maio de 1853.

Donoso Cortês notabilizou-se por defender o absolutismo monárquico ; como notório , a doutrina da Igreja jamais afirmou que o monarca desfruta de um poder arbitrário e ilimitado . Ele só exerce um poder soberano , precisamente , quando atua em confrmidade com as leis de Deus , as leis naturais e as leis civis.

Sobre os erros ou as ambigüidades doutrinárias de Donoso Cortês , basta ler o estudo , abaixo , dedicado à obra " Ensayo sobre el Catolicismo, el Liberalismo y el Socialismo " . São idéias teológicas expressas com elevado grau de imprecisão , para dizer o mínimo.

O Padre Gaudel , Vigário-Geral de Orleans , em uma série de artigos publicados em " Ami de La Religion " , atacou duramente a obra de Juan Francesco Donoso Cortês , que foi defedendida por , seu amigo , Louis Veuillot em " L Univers ". O Abade Gaudel apontou diversas heresias no famoso " Ensayo sobre El Catolicismo, El Liberalismo y El Socialismo " . Donoso Cortês submeteu , então , sua obra à Santa Sé que não a suspendeu ; esta , contudo , passou a ser editada com uma complementação explicativa , para evitar leituras errôneas , tal como sugeridas pela autoridade eclesiástica.

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Erros de Donoso apontados pelo Abade Gaudel

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1- Comparar a Santíssima Trindade com a família do homem primevo - Adão e Eva e seus filhos ; -- em termos de identidade real e não em termos analógicos. A geração humana não é idêntica à geração divina.

Donoso afirma que o homem -- criado à imagem e semelhança , Daquele que é tese , antítese e síntese -- , guardaria em si a dialética trinitária. E Cortês descobre que , como Deus , o gênero humano também é uno e trino.

A filiação e paternidades divinas , ao contrário do que afirma Donoso , são analógicas . Deus não tem filiação como os homens , seres criados , têm . A Santíssima Trindade possui uma única substância ; as pessoas da Trindade não são três substâncias específicas , mas relações imanentes a Deus . Adão é uma pessoa , uma unidade corpo e alma , Eva é outra unidade corpo e alma , e seus filhos são outras pessoas ; - como unidades corpo e alma distintas. Cada pessoa humana , portanto, é uma substância diferente (Cfr. pag 80 do Ensayo ) . Se a Trindade divina fosse idêntica à família humana , deveriam existir três deuses e não um único Deus

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Cristo não é um ser criado , mesmo tendo nascido como homem e tendo uma dimensão humana ; ele é um desdobramento de Deus - uma união misteriosa do humano ao divino - , na qual Deus não se torna humano , nem a natureza humana se torna divina.

Toda a Pessoa de Cristo é divina , as suas duas naturezas estão eternamente unidas , mas a diferença entre as substâncias é mantida.

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2- Afirmar a existência de dogmas degenerados da revelação divina entre os povos pagãos . " (Cfr. pag. 63 do Ensayo ). Entre os pagãos , como notório , existia apenas a lei natural e não traços da revelação divina desfigurados . Seus deuses eram , acima de tudo , temidos e não eram deuses virtuosos , mas deuses cheios de vícios comuns aos vícios humanos. Segundo a doutrina católica , eram todos demônios !

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3- Defender a compatibilidade do socialismo e do liberalismo com a doutrina da Igreja " (Cfr. pag 272 do Ensayo )

O socialismo não é compatível com a doutrina da Igreja , sendo , muito ao contrário , motivo de anátema ; e o liberalismo é parcialmente compatível ! A propriedade privada , a existência do Estado e das classes sociais são verdades afirmadas pela doutrina da Igreja.

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4- Afirmar que mesmo aqueles que não foram batizados , e vivem fora do grêmio visível da igreja , são católicos.

Quem pode ser batizado , quem conhece a doutrina católica e não a acolhe , não é católico , e não integra a Igreja ; excetuando os casos de ' batismo de sangue ' e de ' batismo de desejo '.

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5- Afirmar que as coisas físicas não têm existência independente , mas são de origem e possuidoras de fim espiritual ; por isso todos os males do corpo são reflexos de males espirituais. " ( Cfr. pag. 136/137 do Ensayo ). Essa afirmação , evidentemente , é errônea ; os males físicos independem dos males espirituais. É possível alguém em perfeita santidade , sofrer fisicamente -- e algum pecador , não sofrer males físicos. Somente no fim dos tempos , o mal será definitivamente expulso da terra. O mal físico deve ser tratado pela ciência médica e pela participação na vida sacramental.

Continuação da análise sobre o pensamento de Donoso Cortês

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TRADICIONALISMO

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Nem todo ' pensamento tradicionalista ' possui heresia e gnose . Muito pelo contrário , zelar pela tradição é uma obrigação dos cristãos . Existem , sim , autores desse movimento que apresentaram teses heréticas.

O Padre Lammenais abandonou a Igreja tornando-se deputado em 1841.

É público e notório que autores desse movimento apresentaram teses que foram rejeitadas pela Igreja , tanto em documentos papais como nos documentos do Concílio Vaticano I.

As teses de Lammenais foram condenadas pelo papa Gregório XVI , em 1832 , na Encíclica Mirari vos . Lamennais defendeu suas posições no livro Palavras de um Crente (1834). Mas com a Enciclica papal 'Singulari nos' , veio uma nova condenação .

As obras do Padre Lammenais foram para o Index dos livros proibidos. Qualquer biografia de Lammenais comprova essas afirmações.

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Padre Felicité de Lammenais

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Segundo Lammenais , o critério para a definição da objetividade do conhecimento ou da própria verdade é o consenso universal . A razão é insuficiente para alcançar a verdade , sendo a fé , portanto , necessária . Somente ela nos leva a verdades seguras , sendo preservada e transmitida pela tradição . Mas a fé , na definição de Lammenais , nada mais é do que o conjunto de crenças de um grupo de pessoas . O ceticismo do autor não se limita ao conhecimento racional -- individual e coletivo -- , mas inclui também a própria fé , entendida a partir de uma perspectiva subjetivista. A objetividade do conhecimento racional era substituido pela vontade humana . O conhecimento era assim um produto da vontade , e não uma imposição da realidade à mente humana. A doutrina da Igreja afirma , por seu turno , que a razão pode alcançar a objetividade no âmbito do conhecimento natural , e também pode atingir a objetividade do conhecimento sobrenatural através dos dogmas revelados livremente por Deus e confirmados pela autoridade do supremo magistério eclesiástico. O homem crê em verdades objetivas reveladas como dogmas por Deus e confirmadas pela Igreja. E nelas encontra a certeza fundamental do conhecimento.

Lammenais era inicialmente um tradicionalista , combateu o galicanismo , mas acabou por se tornar um liberal , advogando a separação entre a Igreja e o Estado , defendendo a democracia liberal , o ensino laico nas escolas e outras reformas ' modernizantes ' na hierarquia da Igreja . Talvez o seu tradicionalismo tenha andado tanto para trás que passou a defender idéias , paradoxalmente , modernistas. Como , por exemplo , a colegialidade no governo da Igreja.

Os escritos do Padre Felicité de Lammenais, de Montalembert e de Lacordaire foram condenados nas Encíclicas Mirari Vos e Singulari Nos (Sobre os erros de Lammenais) do Papa Gregório XVI e o Concílio Vaticano I considerou heréticos diversos escritos dos autores tradicionalistas . A principal condenação foi contra o ' subjetivismo ' e o ' fideísmo ' , e não contra o fato desses autores defenderem a tradição e a autoridade papal.

Muitos desses autores opunham a fé à razão , de forma irredutível ; a doutrina da Igreja , como notório , não aceita essa postura.

A razão é um dom de Deus , atribuído à alma humana no ato da criação . Não podemos abandonar a razão na defesa da fé ; pois ela efetivamente não se choca com a fé . A fé e a graça só são possíveis num ser racional . A doutrina católica afirma a conciliação , possível e necessária , entre a fé e a razão.

A Igreja condena tanto o ' fideísmo ', quanto o ' racionalismo ' , que é a doutrina que afirma a exclusividade da razão sem o auxílio necessário da fé ; como também condena o ' irracionalismo ' , que é a tentativa de algumas correntes filosóficas de abandonar completamente a razão e a fé.

A inteligência humana criada e corrompida pelo ' pecado original ' não pode elevar-se , plenamente , ao entedimento de determinadas verdades de fé. O fato de não entedermos os ' mistérios da fé ' não significa que estes sejam contrários à razão , significa que possuem uma razão que será revelada aos homens no fim dos tempos.

A doutrina católica possui uma compreensão racional , tal como elaborada pelo sagrado magistério , e não pode ser tratada de forma ' fideísta '.

Exemplo de tradicionalismo não-cismático e não herético : os padres da Administração Apostólica São João Maria Vianney , eles aceitam a autoridade do Papa e dos concílios da Igreja , reservando-se o direito de viverem na antiga organização litúrgica do sacramento da ordem e de celebrar a missa conforme o missal de Pio V.

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Notas

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Galicanismo

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Movimento político religioso do século XVII que defendia a ampla autonomia da Igreja francesa diante da autoridade central da Santa Sé e a figura do monarca como de origem divina. Luís XIV em 19 de Maio de 1692 convoca a assembléia extraordinária do clero que, inspirada por Bossuet, declara as liberdades da Igreja Galicana. Durante o regime da Restauração , Mathieu de Barrel, arcebispo de Tours, publica, em 1818, uma Défense des Libertés de l'Église Gallicane. Em 1853 , o Papa coloca no Index as obras galicanas. Monsenhor Dupanloup e cerca de sessenta bispos não subscrevem no Concílio do Vaticano I o dogma da infalibilidade papal. Ainda nos tempos do rei Luis XIV e do Papa Inocêncio XII , ocorreu a reconciliação e o congelamento das reivindicações francesas. Mas somente no século XIX o galicanismo seria definitivamente derrotado.

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O Carlismo (Tradicionalismo)

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Movimento de apoio ao absolutismo real , à manutenção do Antigo Regime e dos privilégios da Nobreza e da Igreja. Seu lema: "Deus, Patria, Fueros, Rey". Propunha o pretendente Carlos , irmão de Fernando VII , para a sucessão do trono. Restrito a zonas geográficas concretas (Navarra, P. Vasco, Aragón, Cataluña, Maestrazgo) , nas regiões rurais ; seu apoio provinha da população rural e do povo simples , de certos elementos clericais e da pequena nobreza camponesa , em oposição à população urbana , majoritariamente liberal e burguesa.

Exército bem organizado , sob Zumalacárregui e Cabrera , mas com graves dissensões internas , sofreram uma gravíssima derrota em Luchana (1836). A I Guerra Carlista acaba com o abraço de Vergara entre Espartero e Cabrera (1839). O Carlismo volta a tomar as armas em 1840 ; 1860 (II e III Guerras Carlistas) e 1936 (Guerra Civil, apoiando Franco).

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Liberalismo Católico

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A organização interna da Igreja e a sua relação com o Estado , foram pensadas em termos liberais por autores como Benjamin Constant , com antecedentes que remetiam ao Galicanismo, ao Febronianismo e ao Josefinismo. O liberalismo foi proposto inicialmente pelo Padre Lamennais em 1828 ; tal sistema foi defendido também por Lacordaire , Montalembert , Parisis, Dupanloup e Falloux. Os papas Pio IX , Gregorio XVI , Leão XIII e Pio X , condenaram o liberalismo e o modernismo reiteradamente como heresia.

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Prof Everton Jobim

Bibliografia :

- Bonald , Louis - La teoría del poder político y religioso , 1796

-- La legislación primitiva a las solas luces de la razón , 1802.

- Corrêa de Oliveira , Plinio - Revolução e Contra Revolução , 1959.

- De Maistre , Joseph - Considerações sobre a França - 1797

- Essay on the Generative Principle of Political Constitutions , 1810.

- Donoso Cortês , Juan - Ensayo sobre el catolicismo, el liberalismo y el socialismo , 1855.

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LINKS RELACIONADOS :

Tradição e Monarquia - A Igreja e o Poder Temporal

Integralismo

A Igreja e o Poder Civil

Revolução/Contra-Revolução e a Igreja

As disposições legais da Igreja quanto ao poder secular

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