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Doutrina Católica _____________________________________________________________

A IGREJA CATÓLICA E A DESIGUALDADE SOCIAL

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A Igreja Católica defende a existência do direito ao pleno uso , gozo e senhorio da propriedade privada , como um direito natural , e , também , como um direito de origem transcendente , isto é : divina -- presente nas Tábuas da Lei de Moisés . A riqueza em si não é um mal , o mal é o uso indevido da riqueza , na forma , por exemplo , do hedonismo , da vida dissipativa , da entrega , enfim , aos prazeres mundanos . A vida humana , no plano laico , deve ser vivida , sempre , com austeridade e nos balizamentos da moral cristã.

A matéria não é intrinsecamente má , ensina a doutrina católica , ao contrário do que pregavam as seitas gnósticas , ela é útil e necessária para a vida digna da pessoa humana . A realidade criada deve ser utilizada para o bem do homem e para a plena realização da vontade de Deus .

Não agrada , portanto , a Deus nem à Igreja , que os seus filhos vivam na miséria e no sofrimento , quando este estado de coisas é susceptível de ser modificado pela generosidade daqueles que mais possuem , e podem doar parte do que têm , aos mais necessitados , sem comprometer a sua existência com dignidade e segurança.

Nenhum trabalhador deve receber menos do que é necessário para a sua sobrevivência com dignidade . O pagamento do justo salário é um dever moral de todos os patrões , afirma a Igreja de forma dogmática. Quem paga menos do que um trabalhador tem direito para a reposição de suas condições de vida , comete pecado grave , na dependência das especifidades da situação.

Muita gente entende que a pobreza é equiparável ao estado de miséria . E que a Igreja , portanto , não deveria admitir como justa a existência da pobreza . Esta afirmação evidentente não se sustenta . A pobreza , segundo a linha doutrinária da Igreja , não é sinônimo de indignidade , mas sim , de restrições materiais em graus variados ; próprios da realidade corrompida pela culpa do homem primevo . Nem todos os homens podem ser ricos ; não obstante , tudo aquilo que puder ser feito , pacificamente , para o progresso humano em todos os aspectos , e de modo harmônico , deve ser levado a efeito.

Sempre existirá em uma sociedade livre , algumas pessoas que possuirão mais renda e riqueza e outras pessoas que possuirão menos riquezas , em relação ao conjunto do que é produzido . Mas aqueles indivíduos menos favorecidas , devem receber uma parcela da renda que lhes permita viver com dignidade e assim educar seus filhos.

Além da questão fundamental da justiça distributiva , a a Igreja condena o progresso desarmônico , que privilegia o lado tecnológico , ou o lado material , e esquece do homem , no seu aspecto moral e espiritual , e que olvida , também , a problemática do meio ambiente e outras questões relevantes para a vida do homem em sociedade.

Os cristãos estão convidados , permanentemente , a crescer na graça , na justiça e na caridade , aperfeiçoando-se sempre . Mas sem eliminar um aspecto essencial de suas vidas em favor de outros . Não faz sentido , por exemplo , a pregação cristã que fecha os olhos para os sofrimentos do mundo , e só almeja uma vida melhor na transcendência . Os cristão estão obrigados a unir a fé (e a pregação) , ao trabalho pelo bem estar de todos e de cada um. Porque Deus não quer o nosso sofrimento.

Cada pessoa está obrigada , sob a ótica cristã , a ter uma vida regrada , sob os ditames da lei moral , para que viva , efetivamente , uma vida abençoada e digna de Deus . Nem toda vida indigna , cabe por outro lado registrar , é consequência de injustiças cometidas por outros , mas sim , de uma escolha destrutiva da própria pessoa.

A doutrina católica repudia toda a tentativa de igualar a todos na pobreza . A vida de renúncia , a vida contemplativa , a vida na pobreza é uma opção legítima dentre outras possibilidades de vida cristã , mas não é a única ; - consequentemente , não é obrigatória para todos .

Cristo esteve com homens ricos , o mesmo aconteceu com os apóstolos . Reis foram canonizados pela Igreja , ao longo da história , e , certamente , não viviam na pobreza , viviam com austridade , mas não na pobreza . Portanto a riqueza , em si , não é algo condenável . É de procedência bíblica , por exemplo , a pompa e a riqueza nos templos e nos trajes dos homens que servem a Deus e realizam a liturgia , ao contrário do que argumentam alguns segmentos da Teologia da Libertação e do protestantismo que hipocritamente desejam um culto a Deus sem a riqueza ritual expressiva da nossa adoração filial ao Pai.

Ninguém pode ser considerado pecador pelo simples fato de ser rico . Nossas culpas verificam-se , quando adotamos determinada conduta de forma livre e consciente e não por uma posição social ou por algum atributo natural. Se alguém é rico como consequência de um trabalho persistente e honesto não deve ser condenado por isso. Trata-se de uma graça , de uma vontade de Deus , que assim seja. Não devemos invejar os bens alheios porque esta prática constitui pecado grave ou mortal aos olhos de Deus.

Na abordagem marxista , o membro de uma classe social considerada dominante é , pelo simples fato de pertencer a esta classe , objeto de condenação moral.

O socialismo , na verdade , muito ao contrário de contribuir para o progresso humano , acaba por hipertofriar o aspecto econômico , pois não considera real a existência de uma dimensão espiritual do homem . E não aceita como um direito natural , a propriedade privada .

O socialismo sobrepõe uma suposta consciência coletiva à soberania e a liberdade da consciência individual do homem. Desconsiderando essa característica inalienável da pessoa humana. A consciência livre do homem não pode ser desrespeitada por regimes e ideologias políticas como , frequentemente , ocorre nas expressões totalitárias de organização do Estado . De nada vale algum progresso material , se a criatura humana é privada de outras liberdades fundamentais inerentes à sua condição .

Como criatura de Deus , feita à Sua imagem e semelhança , o homem deve ter a sua dignidade , sempre , respeitada por seus pares e pelo Estado. Como , por exemplo , a libedade de iniciativa empresarial , a liberdade de consciência , a liberdade para escolher o melhor para a sua sociedade e para as suas instituições . As duas dimensões do homem devem ser respeitadas e favorecidas permanentemente.

É parte da vontade divina para a realidade criada , a existência de classes e de diferenças entre as pessoas , no plano social. Sem as diferenças entre os homens , sem os carismas diferentes e mutuamente enriquecedores , a vida em sociedade seria impossível.

A desigualdade de classes sociais é aceita pela Igreja para o bem dos homens , o que não é aceito é a abissal desigualdade entre pobres e ricos , fruto do pecado , do egoísmo , do individualismo e da indiferença pelos que sofrem e necessitam da nossa ação caridosa e solidária.

A Igreja condena também a desordem , a anomia , a ausência de autoridade respeitada por todos , que ocorre , por exemplo , nos movimentos revolucionários. A sociedade humana , a familia e o estado são instituições naturais e necessárias , desejadas por Deus para a existência plena do homem neste mundo. São bens a serem preservados. Um bom cristão respeita a lei e a autoridade constituída e também deve ser respeitado pela autoridade pública. Seu modelo de organização e ordem , deve ser a sociedade angélica , a pátria celeste. Cabendo à Igreja , a autoridade moral última , sobre os assuntos seculares. O poder da Igreja sobre as questões civis é exercido , regularmente , de modo indireto ; trata-se de uma vocação dos leigos , que devem atuar , sempre , como ministros da Igreja.

A Igreja , por conseguinte , deve , permanentemente , lembrar e combater as injustiças , as diferenças sociais que são consequência do pecado e que excluem e oprimem a criatura humana , convidando todos os homens à prática da caridade , sem perder a consciência de que a libertação cristã é essencialmente espiritual , e que , neste mundo , ainda estaremos sujeitos ao sofrimento. Somente no céu e no Dia do Juízo , o mal e o sofrimento serão completamente eliminados e o homem viverá , então , eternamente , junto aos anjos e santos celebrando a glória de Deus.

A Igreja Católica condena tanto o socialismo , que , de resto , é motivo de anátema , quanto o liberalismo ortodoxo , que não admite nenhum grau de intervenção do Estado na economia , como , por exemplo , para a correção de situações de injustiça na questão da igualdade de oportunidades ou na presença excessiva de vastos contingentes humanos abaixo da linha da pobreza.

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