Doutrina Católica

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Côn. Vidigal - Atualização de processos espirituais

Mariana (MG), 2/2/2005 - 08:02

Nossas operações de captação, transmissão e distribuição das graças divinas são verticalmente integradas na comunicação com o sobrenatural e operadas diretamente por ela. Cumpre, porém, reestruturar sempre os processos de contacto com Deus, impedindo uma rotina deletéria. Se é verdade que no campo espiritual não pode haver desverticalização, ou seja, a única fonte e energia salvadora vem unicamente da Cruz redentora, entretanto a descatracalização da falta de fé é sempre necessária. Esta mola mestra da prece pode ficar emperrada, se mecanismos não são empregados para lubrificar a máquina da oração. Este processo de descatracalização resulta em nova postura religiosa na qual as preces deixam de ser uma mecânica repetição de vocábulos, mas no estabelecimento de uma parceria harmoniosa entre os três campos básicos nos quais se move o ser humano, ou seja, da inteligência, do sentimento e do automatismo. As virtudes teologais a iluminarem o intelecto, inflamando o coração e levando a hábitos sadios. Estes seriam o costume de se fazer determinadas preces em horários fixos, de tal forma que se sentisse falta deste oxigênio espiritual, quando algum momento de prece fosse obliterado. Este revigoramento das três principais áreas em que atua o ser racional leva à única usina de geração, de transmissão e distribuição dos favores divinos. O lucro líquido para a vida eterna vertiginosamente cresce. Trata-se de ativar as funções de intercompreensão, de coordenação da ação no setor extraterreno. O saber teológico, deste modo, se aprofunda, dado que as luzes divinas são captadas com mais intensidade. Isto significa que aqueles que possuem um estoque de conhecimentos bíblicos devem retirar uma hermenêutica mais precisa do relacionamento com o Ser Supremo numa adesão mais firme com Ele e numa solidariedade crescente com todos os membros do Corpo Místico de Cristo, santificados pela prece vigorosa. É a maravilhosa intercompreensão que Elizabeth Leseur resumiu neste pensamento admirável e verídico: "Uma alma que se eleva, eleva o mundo inteiro"! Daí resulta uma cimentação na prática das virtudes, impedindo a fragmentação de ações individuais que rompem esta comunicação dos membros entre si e com a Cabeça, Jesus Cristo. Os circuitos das graças desimpedidos fazem aumentar o senso religioso mundo todo, impedindo a incomunicabilidade espiritual que estagna o processo salvífico. O justo se torna, na verdade, um privilegiado administrador dos auxílios divinos, como aparece claro no diálogo entre Abraão e Deus que estava disposto a salvar Sodoma e Gomorra se lá houvesse um número mínimo de fiéis ligados a Ele e longe das prevaricações então reinantes (Gên 18, 22 e ss). A ação dos que têm fé é um processo de criação das condições necessárias para que as realidades eternas estejam presentes em toda parte. Não se trata, neste caso, da fabricação de convertidos através de objetivos previamente determinados em todos os seus aspectos por uma catequese com premissas fixas, mas do terreno preparado pela oração para que a chuva das energias celestes possam fazer aparecer frutos opimos. Dá-se uma aposta no valor da prece como acima foi conceituada que forçosamente vai dar resultados seguros para a santificação de uma multidão influenciada por aqueles que possuem a Deus no mais íntimo de si mesmos. Não há balizas para um tal processo. A tentação da inércia é então inteiramente afastada, bem como a passividade na qual muitos cristãos caem. Com efeito, quem sabe explorar em plenitude sua união com o Onipotente tem todos os recursos para afetar não apenas os que estão em sua órbita, mas toda a comunidade eclesial. Nunca, como em nossos dias, se precisou tanto de almas verdadeiramente imersas numa espiritualidade vigorosa. Se somos de fato cristãos, temos o mundo nas mãos!

Fonte: Font, Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

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