Doutrina Católica

Doutrina Católica

O Sagrado Coração de Jesus

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SÃO BOAVENTURA E SÃO TOMÁ DE AQUINO

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São Boaventura , o Doutor Seráfico

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Filho de um médico, Boaventura de Bagnoregio - no século, Giovanni Fidanza ; Bagnoregio , Viterbo , 1221 - Lyon, 1274 - foi enviado a Paris para estudar quando tinha cerca de vinte anos, e ali ingressou na Ordem franciscana.

Formou-se em 1243 na Universidade de Paris e entrou para a ordem dos franciscanos, recebendo o nome de Boaventura. Continuou os estudos de teologia sob a orientação de célebres eruditos como Alexandre de Hales, enquanto se preparava para fazer votos de irmão mendicante.

Em 1254, ao receber o doutorado em teologia, foi colocado à frente da escola franciscana de Paris, onde permaneceu até 1257. Datam dessa época seus tratados fundamentais, como os comentários às Sentenças de Pedro Lombardo, o Itinerario mentis in Deum (Itinerário da alma até Deus), que tornou público em 1259, e o Breviloquium (Breve discurso). Neles, de acordo com as teses de santo Agostinho, definia os campos próprios da teologia e da filosofia. O objetivo da segunda seria dar fundamento racional às verdades regidas pela fé.

Ao que parece, freqüentou as aulas de Alexandre de Hales. Após 1250, tornou-se professor na universidade de Paris, começando a comentar as Sentenças de Pedro Lombardo. Pouco depois, em decorrência da luta empreendida pelos mestres seculares, liderados por Guglielmo di Sant'Amore, os representantes das ordens mendicantes (franciscanos e dominicanos), não obstante a defesa de Boaventura e Tomás de Aquino, foram excluídos do ensino universitário até que o papa Alexandre IV decidiu a disputa em favor destes.

São Boaventura interveio nas controvérsias de sua época e opôs-se aos que atacavam as ordens mendicantes, como a dos franciscanos. A defesa que fez desta última e sua crescente fama como teólogo e orador levaram-no, em 1257, ao vicariato geral de sua ordem. Também conseguiu superar a disputa interna de seus pares a respeito do voto de pobreza.

No mesmo ano (1257), Boaventura obteve a cátedra e a nomeação oficial de mestre de teologia, mas logo a abandonou; nesse meio tempo, foi eleito geral da Ordem franciscana . Nomeado cardeal (1273) e bispo de Albano, foi convocado para o Concílio de Lyon (1274), onde se empenhou em restabelecer a unidade das Igrejas, fundamental na reconciliação entre o clero secular e as ordens mendicantes , mas a morte o surpreendeu durante os trabalhos conciliares 15 de julho de 1274 . Sisto IV canonizou-o em 1482 e Sisto V proclamou-o doutor da Igreja em 1588.

A principal obra de Boaventura de Bagnoregio é o "Commentarium in quattuor libros Sententiarum Petri Lombardi" (1250-54, Comentário às sentenças de Pedro Lombardo, em 4 livros), que remonta à época de suas primeiras aulas em Paris. A outra grande obra que teve muito sucesso é de caráter místico: "Itinerarium mentis in Deum" (1259, Itinerário da mente de Deus). Entre outros escritos, destacam-se: "Breviloquium" (ca. 1257, Brevilóquio), pequena súmula de teologia; "Reductio artium ad sanctam theologiam" (Redução de todas as artes à teologia), exaltação da teologia como complemento da ciência; "De scientia Christi" (A ciência de Cristo); "Collationes in Hexaemeron" (ca. 1273, Coletâneas sobre o Hexaemeron), comentário ao Gênesis.

Em S. Boaventura encontra a sua máxima expressão teológica o recurso a Agostinho, já presente nos autores franciscanos como reação ao avanço do aristotelismo. Contudo, Boaventura conhece Aristóteles e dele retira pontos de doutrinas que são enxertados no corpo do agostinismo.

No que diz respeito à relação entre fé e razão, Boaventura afirma a superioridade da primeira no sentido de que a própria certeza da fé é superior à da ciência; mas trata-se de uma certeza mais afetiva que cognoscitiva, capaz de levar à contemplação de Deus sem eliminar a validade da ciência. Na teoria do conhecimento, intuída de Agostinho, S. Boaventura faz uma importante concessão ao aristotelismo.

Ele distingue dois tipos de conhecimento: o das coisas exteriores e o das coisas da alma e das coisas divinas. Para este segundo tipo de conhecimento, de nada adiantam os sentidos; a alma recebe uma iluminação de Deus, mediante a qual o intelecto, servindo-se do material obtido pelo conhecimento sensível, forma o conhecimento das coisas espirituais.

Já a produção do material do conhecimento acontece, para Boaventura, da maneira postulada por Aristóteles, ou seja, por meio dos sentidos: efetivamente, no início, a alma é tabula rasa.

Dessa forma, ao apriorismo agostiniano, Boaventura enxerta um princípio empírico aristotélico. Em relação à constituição das coisas, ele sustenta que a matéria concerne também aos entes espirituais, uma vez que tudo é constituído por matéria e forma. De uma matéria universal, única para todas as criaturas, e de uma forma universal, também ela única, segundo várias combinações, os diversos entes são constituídos. Assim, para Boaventura, a individuação está não na matéria, como sustentam os aristotélicos, mas na união de matéria e forma. Por outro lado, ele também aceita de Agostinho a idéia de matéria como potência ativa, isto é, capaz de determinar por si só a emergência das formas, por ser dotada das razões seminais, ou seja, dos germes formais. Nas obras místicas, Boaventura representa a ascensão da alma de acordo com graus de elevação que desembocam no êxtase supra-intelectual.

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São Tomás de Aquino , Doutor Comum ou Doutor Angélico

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Tomás de Aquino (castelo de Roca Seca, Aquino, ca. 1225 - Fossanova, Priverno, 1274) ingressou na Ordem dominicana (ca. 1243) e completou os estudos em Paris (1245-48) e em Colônia, onde foi aluno de Alberto Magno. Lecionou teologia em Paris a partir de 1252.

Na Itália desde 1259, dedicou-se à redação de suas numerosas obras. Depois de uma estada em Paris (1269-70), lecionou teologia no Studio de Nápoles (1272-74). Morreu durante uma viagem realizada para participar do Concílio de Lyon. Tomás de Aquino é considerado o maior representante da Escolástica, a filosofia ensinada nas escolas oficiais da Idade Média européia. O pensamento da Escolástica tem um caráter profundamente religioso: trata-se essencialmente de determinar a inteligibilidade do dado revelado.

Aliás, até o século XII a filosofia não é diferenciada da teologia e fundamenta-se no princípio do "credo ut intelligam" (creio para compreender). As fontes filosóficas desse primeiro período (séc. IX-XII) são representadas sobretudo pelas obras de lógica de Aristóteles e de Porfírio, além da tradição do platonismo cristão (Agostinho e Boécio).

Também por isso os filósofos dirigem o seu interesse sobretudo para a questão dos universais e a filosofia é concebida como uma aplicação da dialética (identificada com a lógica) à doutrina cristã. No século XII, que representa a época de ouro da Escolástica, a filosofia assume maior autonomia em relação à teologia, mesmo permanecendo vinculada a ela.

O conhecimento direto das obras de Platão e de Aristóteles e a difusão dos comentários árabes determinam uma ampliação dos interesses filosóficos do simples campo lógico para o âmbito mais amplo dos problemas físicos, psicológicos e metafísicos. Na primeira metade do século XIII domina uma síntese entre teologia cristã e aristotelismo, amplamente influenciada e mediada pelo neoplatonismo de Avicena (Alberto Magno e Boaventura).

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Filosofia Tomista

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São inúmeros os ensinamentos de São Tomás de Aquino , versando sobre quase todos os temas da doutrina católica. O leitor poderá encontrar neste site diversas referências à filosofia de São Tomás de Aquino.

Alinhamos , abaixo , algumas importantes questões presentes na Suma Teológica .

Deus é um ser substancial. Substância simples , incriada e independente , que criou outros seres substanciais -- Deus é ens a se.

Existem , assim , na realidade criada , substâncias simples e compostas ; o homem é uma substância composta de alma e corpo ; a alma depende do corpo , por isso é incompleta e só pode subsistir em Deus após a morte. Os anjos são substâncias simples ; -- mas , ao contrário de Deus , são criados e Dele dependentes.

O acidente , ao contrário da substância , é aquilo que existe noutro ser. Acidente é , portanto , ens in alio. O acidente não é necessário ao ser , para que ele seja o que é , apenas acrescenta-lhe, ou tira-lhe, alguma qualidade . Segundo Aristóteles, há dois predicamentos do ser: - a substância - ens in se - , e os tipos de acidentes - ens in alio (quantidade, qualidade, relação e ação)

Para a Escolástica , a substância primeira é o ser concreto , individual ; a substância segunda é o aspecto genérico . Existem as substâncias espirituais que não necessitam de matéria para existir e as substâncias que existem na forma material.

Em todo acidente podemos distiguir: um elemento comum ou genérico, que diferencia os acidentes da substância , e que é a inerência a um sujeito: ser noutro: ens in alio ; e um elemento específico: que distingue um acidente do outro. Todo acidente muda a substância em que se encontra.

A relação é um tipo de acidente , não é algo aliquid , mas a ordenação a outro ad aliquid . Existem relações predicamentais , transcendentais , de razão e relações reais.

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