Principal
_______________________________________

DOUTRINA CATOLICA

_______________________________________

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

________________________________________

Infelizmente a expressão Teologia da Libertação tornou-se quase um sinônimo de marxismo ou de "sociologização da fé". Mas no princípio não era assim !

Refletir sobre a libertação dos pecados em termos sociológicos, é algo absolutamente legítimo. A libertação do pecado é a essência da vinda do próprio Cristo e de sua missão salvífica entre os homens. O que não possui legitimidade teológica é reduzir essa mesma mensagem a um ramo do marxismo ou da práxis revolucionária.

No documento "Libertatis Nuntius" (*) , de autoria do Cardeal Joseph Ratzinger , a Igreja Católica expressa o seu posicionamento oficial em relação ao modo como alguns teólogos têm abordado a temática da Teologia da Libertação , principalmente na América-Latina. E busca , desse modo , apontar quais os elementos aceitos e quais os elementos incompatíveis com a doutrina cristã , presentes nesse tipo de abordagem teológica.

O meu posicionamento em face da Teologia da Libertação é o mesmo expresso pelo Cardeal Ratzinger no referido documento : a Igreja prosseguirá na sua missão pela libertação de todos os males que afligem a humanidade, sem contudo permitir que essa disposição pastoral ceda lugar a qualquer desvirtuamento da essência mais pura da fé cristã .

O Cristo liberta dos males espirituais , e , por conseqüência , dos males sociais ; o Evangelho possui inegavelmente uma dimensão social . Se o Cristo liberta de todos os males, essa libertação deve se fazer sentir também no mundo , e nas boas obras que a Igreja venha a realizar.

Não se pode , contudo , pretender uma libertação total do sofrimento antes da Parusia , a Segunda Vinda Gloriosa , e não se pode pretender uma libertação , meramente social ou temporal do sofrimento .

A libertação cristã é fundamentalmente espiritual , com repercussões evidentes no plano físico ; afinal , não é possível ser católico , plenamente , vivendo uma vida miserável neste mundo . A vida cristã deve , também , ser visível , em sua beleza e dignidade externas.

O pecado , portanto , desorienta o homem ; o pecado é a sua própria pena , ele nos afasta de Deus e nos aproxima dos desejos efêmeros da carne . Cristo não deseja o nosso sofrimento nem que sejamos escravos do pecado .Por isso devemos lutar para aliviar o sofrimento que pode ser aliviado na vida de nossos irmãos , e aceitar , com resignação , o sofrimento que a providência divina permite que soframos . A libertação do pecado não implica na libertação completa dos males físicos ; mesmo os santos estão sujeitos ao sofrimento físico. Só estaremos completamente livres do sofrimento no céu ou após o Juízo .

O conhecimento científico e o progresso tecnlógico são claramente advogados pela Igreja Católica para a promoção do bem estar social . Contudo , é preciso que esse progresso seja harmônico , ou seja , equilibrado em seus aspectos : morais - espirituais , intelectuais e propriamente materiais . Não há progresso verdadeiro , quando apenas o plano material ou intelectual é enfatizado. O objetivo do progresso é aperfeiçoar as condições de vida do homem em todos os planos de sua existência .

_________________________

DOUTRINA SOCIAL

_________________________

A Igreja defende , como princípios de procedência divina , a diferença entre as classes sociais , a existência da propriedade privada , do lucro , e a existência do Estado , como instituição natural e necessária para a manutenção da justiça e para a promoção do bem comum . A Teologia da Libertação nega , portanto , princípios dogmáticos da doutrina da Igreja , e , consequentemente , separa-se da sua doutrina social .

A vida monástica , o voto de pobreza , a vida de renúncia é uma opção legítima de vida cristã , não a única .

Vários reis e nobres foram canonizados pela Igreja , e certamente não viviam na pobreza , viviam , sim , com austeridade , usando adequadamente os bens materiais , mas não viviam com restrições materiais.

Uma vida de restrições materiais pode inclusive impedir a plena difusão da mensagem de Cristo.

A Teologia da Libertação ao formular conceitos como o pecado coletivo ou o pecado por se pertencer à uma classe social , e , também , ao condenar os bens materiais completamente , faz afirmações de origem gnóstica e , assim , heréticas .

A Igreja , ao longo dos tempos , sempre dedicou atenção especial aos sofredores , aos pobres , aos enfermos , aos pecadores . Essa opção preferencial , contudo , não foi , nem deveria ser , uma opção exclusiva . Isto porque mesmo aqueles que não vivem em restrições materiais ou em graus intenso de sofrimento , também devem receber a atenção da Igreja , e , igualmente , participar da vida litúrgica . Cristo oferece a salvação a todos os homens e todos devem perseverar na vida religiosa para alcançarem a salvação. A Teologia da Libertação cria um preconceito odioso contra os ricos e favorecidos , o que não encontra apoio bíblico.

______________________________________________

Estado atual da Teologia da Libertação

_______________________________________________

A Teologia da Libertação tal como desenvolvida na América Latina, apresenta um evidente declínio, nos dias atuais. Quem diz isso são os próprios irmãos Leonardo e Clodovis Boff.

As constantes punições impostas pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé ao Frei Leonardo Boff , foram evidenciando uma incompatibilidade crescente entre as diretrizes de doutrina social do Vaticano, e a prática concreta dessa teologia em nosso continente.

Em 1985 foi imposto um silêncio obsequioso ao Frei Leonardo Boff que durou aproximdamente 11 meses . Em 1986 , Boff voltou a pregar livremente . Contudo , em 1992 , após um novo pedido de "silêncio obsequioso" formulado pelo Cardeal Baggio e pelo Geral da Ordem Franciscana , à época da Conferência Eco - 92 , o frade franciscano e teólogo Leonardo Boff viria a abandonar o sacerdócio ativo.

A enérgica ação do Papa e da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé abortaram , em todo o continente latino-americano , a perigosa aliança existente entre o marxismo revolucionário e o catolicismo.

No meu entendimento, contudo, a Teologia da Libertação tal como se desenvolveu majoritariamente em nosso continente, morreu muito mais pelos vícios internos que portou consigo, do que por medidas adminstrativas expedidas de Roma ou das prelazias do nosso continente. O próprio povo mais humilde da América Latina para o qual a Teologia da Libertação buscava direcionar sua pregação, verificou que essa mesma teologia distanciava-se, tremendamente, das suas aspirações religiosas tradicionais,mais arraigadas e profundas.

O exame detalhado dos elementos teológicos da doutrina do Frei Leonardo Boff como por exemplo em "Igreja, Carisma e Poder" de 1982 , evidencia que esta corrente teológica pretendia subverter a origem da própria Igreja católica; que nasce por ação unilateral de Deus através do Cristo, e por todos aqueles que livremente acolhem essa sua mensagem, formando seu Corpo Místico.

A Teologia da Libertação conforme desenvolvida pelo Frei Leonardo Boff afirma , por seu turno , que a Igreja nasce do povo, de qualquer povo, pelo simples fato de se ser povo. Afirma também que a hierarquia eclesiástica é uma instituição humana, historicamente datada, e que a luta de classes já estava presente no próprio seio da Igreja - nas divisões existentes entre o alto clero e as bases da Igreja, sejam leigas ou religiosas , em fases históricas anteriores ao surgimento deste tipo de reflexão.

Ora; afirmar que a Igreja do Cristo se estrutura com base no ódio de classes, é negar a fraternidade , a comunhão fundamental , existente entre todos os cristãos que formam o " Corpo do Ressuscitado ".

Como pode haver uma ' cisão ' de classes estruturante da Igreja de Cristo e do seu devir histórico?

Qual o lugar do amor comum e da caridade nesse processo movido pelo ódio e pelos interesses egoísticos de classe?

Portanto, essas afirmações teológicas despropositadas foram - elas sim - as verdadeiras responsáveis pela morte da Teologia da Libertação tal como foi hegemonicamente desenvolvida na América Latina. Isso não implica em dizer que a Igreja de Roma tenha ficado sem discurso social. A Doutrina Social da Igreja persiste sendo o porto seguro para todo o cristão que queira contribuir para o resgate e a verdadeira libertação dos seu irmãos , ainda escravos dos males sociais do nosso tempo.

Autor: Prof Everton Jobim

(* publicado no site Doutrina Católica )

Hosted by www.Geocities.ws

1