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DOUTRINA CATÓLICA

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O Limbo dos Patriarcas

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O Limbo é um lugar fora dos limites do céu ; onde se vive a plena felicidade natural , privado da visão beatífica de Deus.

A existência do Limbo é uma verdade dogmática constante do Credo dos Apóstolos , bem como a presença dos homens justos nele , aguardando a comunicação dos efeitos da redenção -- realizada com a descida de Cristo ao seu interior , após a morte na cruz.

No Antigo Testamento , os justos que creram no Messias , tendo feito a contrição de seus pecados , mas ainda portando a marca do pecado original , aguardavam no Sheol , o Seio de Abrãao , o momento de serem levados à presença de Deus , pela redenção completa operada pelo Cristo.

Eles não estavam no inferno , de onde ninguém sai , mas não estavam no céu , porque o céu estava fechado a todos os homens , desde Queda do homem primevo . Estes homens não tinham culpas relacionadas a pecados de caráter pessoal , e a remissão da culpa original dependia da realização da missão salvífica do Filho de Deus , a Segunda Pessoa da Trindade , o Verbo Encarnado .

O Limbo também não deve ser confundido com o estado de purificação do purgatório que antecede o Juízo Particular e o ingresso das almas na beatitude celeste. No Limbo , não há penas nem purificação a serem realizadas .

Cristo , após a sua morte , foi ao 'limbus patrum ', o lugar para onde iam os mortos não salvos pela graça justificadora , mas não classificados como pecadores réprobos.

No Novo Testamento , Jesus Cristo se refere com vários nomes e figuras ao lugar , ou estado , segundo a tradição , designado como ' limbus patrum '

Em Mat 8:11, fala-se de um banquete " com Abraão , Isaaque , e Jacó no Reino do Céu " (cf. Lucas 8:29; 14:15). Enquanto na parábola de Lazaro é chamado "Seio de Abraão" (Luc 16:22) .

São Paulo ensina (Ef. 4:9) que antes de ascender aos céus "Cristo também desceu primeiro aos níveis mais inferiores da terra" . Cristo foi e "pregou para as almas que estavam na prisão (...)" (I Ped 3:18-20).

Afirma-se no Texto Sagrado que o Redentor "desceu às regiões inferiores, à terra" (Ef 4.9).

Esse lugar , como dito , não deve ser confundido com o purgatório nem com o inferno.

O Limbo , segundo a teologia católica , não é um lugar de tormentos. É o "seio de Abraão," ao qual Jesus Cristo se refere na parábola do rico e Lázaro. O inferno é o lugar de condenação eterna , enquanto o purgatório é um lugar temporário de punição purificadora dos cristãos que morrem com manchas de pecados veniais ou que morrem sem a devida penitência por seus pecados.

No 'limbus patrum ', os santos do Antigo Testamento aguardavam a redenção ser consumada por Jesus Cristo , o que ocorreu em seu 'descensus' ao Hades. Os homens justos estavam despertos e conscientes e podiam se comunicar com Deus e ter conhecimento do que se passava na terra , quando permitdo. Podiam orar , recebiam informações , mas ainda estavam privados da visão beatífica.

Os justos e os santos do Antigo Testamento como Noé , Abraão , Isaac e Moisés falaram com Deus na terra . A condição de pecador do homem não impedia , portanto , o exercício da fé , a comunicação com Deus e a busca do perdão -- no Limbo , esta condição se manteve. Tanto assim , que Jesus falou com Moisés e Elias que estavam mortos há muitos anos , no Monte da Transfiguração , Monte Tabor , conforme o evangelho de Mateus (Mt 17, 1-9 ).

No Limbo , Jesus concedeu às almas dos santos do Antigo Testamento , os benefícios do seu sacrifício expiatório ; estas almas foram , então , alcançadas pelo sangue do Cordeiro (Romanos 3.25)

Jesus , na cruz , venceu o pecado (João 19.30) e as trevas (Hebreus 2.14 , Colossenses 2.14-15 ) , morrendo por nossos pecados (1 Coríntios 15.3 , Apocalipse 13.8).

Ao triunfar no calvário , Jesus não foi ao inferno ( Geena )(Mateus 10.28 e Apocalipse 21.8), como entendem alguns protestantes ; Ele foi ao Hades (ou Cheol), onde estavam os mortos aguardando o juízo antes da obra redentora , e anunciou a todos a sua vitória na cruz (1 Pedro 3.19).

Ao morrer , a natureza humana de Cristo se separou de seu corpo , mas a pessoa divina do Deus Filho se manteve íntegra , as duas naturezas - humana e divina - permaneceram unidas ; seu corpo não conheceu a corrupção até a ressurreição , quando , então , voltou a receber a plenitude da pessoa divina de Cristo.

Ao deixar o Limbo dos Patriarcas , Jesus transportou os justos mortos antes da redenção (Efésios 4.8-10 e 2 Coríntios 12.1-4), para a glória celeste. Um abismo separava os ímpios dos justos , isolando o Cheol (Lucas 16.22-26; 23.43). No ato de libertação das almas dos mortos e da vitória de Cristo na cruz , o poder de Satanás foi esmagado.

É importante considerar que , de certa forma , o Limbo é um lugar que já denota os méritos das almas que lá se encontram , porque é um lugar onde não se experimenta o sofrimento , como no inferno e eventualmente na terra ; onde se vive , portanto , a salvo de padecimentos, faltando a plenitude da vida em Deus , na glória eterna. O Limbo dos Patriarcas era um estado temporário de privação da beatitude celeste ; com a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte e com a comunicação dessa graça aos mortos , o Limbo dos Patriarcas foi desfeito.

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Limbo Infantil

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A partir do século XII , os teólogos propuseram a existência do Limbo como um estado de felicidade natural reservada às crianças que morrem sem o recebimento da graça batismal . Poderia haver , neste lugar , alguma comunicação divina com aqueles que lá se encontram , não haveria , contudo , uma visão direta de Deus , mas sim , através das criaturas. O Limbo infantil , ao contrário do Limbo dos patriarcas , não constitui dogma , nem uma verdade de fé , trata-se de mera hipótese. Deus tem meios invisíveis , não comunicados aos homens , para salvar todas as crianças , mesmo as que morrem sem o batismo.

A Igreja tem adotado , mais recentemente , uma linha doutrinária distinta em face da tradicional crença na existência de um limbo infantil -- o ' limbus infantium ' , para crianças que morrem sem o recebimento do batismo ou para doentes mentais de nascença .

Segundo um grupo de teólogos , Deus dará às crianças que morrem sem o batismo , uma opotunidade de escolher entre o bem e o mal, e conforme a escolha , irão para o céu ou não.

A doutrina tradicional do Limbo infantil ensina as crianças que morrem sem o batismo , vivem eternamente neste lugar ou estado , sem penas pessoais , mas privadas da visão beatífica de Deus.

As crianças batizadas que morrem antes da idade da razão , vão para o céu , o doentes mentais que se tornaram doentes após a idade da razão serão julgados pelo tempo em que foram saudáveis , pois só há pecado e méritos em nossas ações quando realizadas , livre e conscientemente.

O objetivo último da realidade criada é o reencontro com Deus na eternidade .

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Batismo

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Diz o Catecismo sobre as crianças e os catecúmenos que morrem antes do batismo.

1261 - Quanto às crianças mortas sem batismo , a Igreja só pode confiá-las à misericórdia divina; como faz no rito das exéquias por elas.

Com efeito, a grande misericórdia de Deus, que quer que todos os homens se salvem (cf 1 Tm 2,4) e a ternura de Jesus com as crianças, que lhe fez dizer: "Deixai vir a mim os pequeninos" (Mc 10,14), nos permite confiar em que há um caminho de salvação para os que morrem sem o Batismo.

Por isto, é mais preemente a chamada da Igreja por não impedir que os pequenos venham a Cristo pelo dom do santo batismo.

1258 - Batismo de Sangue e de Desejo -- Desde sempre, a Igreja possui a firme convicção de que quem morre por razão de fé, sem haver recebido o Batismo , são batizados por sua morte, com Cristo e por Cristo. Este Batismo de sangue como é "desejo de Batismo", produz os frutos do Batismo sem ser sacramento.

1281 - Os que morrem pela causa da fé, os catecúmenos e todos os homens que, sob o impulso da graça, sem conhecer a Igreja , buscam sinceramente a Deus e se esforçam por cumprir sua vontade, podem salvar-se , ainda que não tenham recebido o batismo(cf LG 16).

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Definições conceituais protestantes sobre a descida de Jesus ao Hades ( Limbus Patrum , Seio de Abraão )

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Segundo o ensinamento anglicano , Cristo desceu ao inferno para libertar os mortos ; Ele não sofreu nessa descida , seu sofrimento ocorreu apenas na cruz ; foi uma descida triunfante de Deus , para proclamar a Sua glória.

Sua conquista destruiu qualquer reivindicação que o Diabo tinha sobre os homens, e a descida foi parte do "resgate" pago por Cristo.

Outras visões protestantes :

1) Cristo desceu apenas como Deus , nada de sua natureza humana foi ao Hades . O inferno esvaziou-se com a pregação do Jesus celestial. Quem fez a pregação foi a Terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo e não a Pessoa do Deus Filho.

2) Cristo desceu apenas como homem e necessitou do Pai para ser resgatado . Esta descida ao inferno teria acontecido na cruz e não em outra dimensão .

3) A visão luterana afirma que Cristo foi ao Hades entre a sua morte e a ressurreição , proclamar a vitória sobre Satanás . A doutrina luterana ensina que Cristo , após morrer e , antes de ser ressuscitado , teve seu espírito restituído ao corpo e assim foi ao inferno e proclamou sua vitória.

Essas interpretações equivocadas apresentadas pelos protestantes decorrem de um entendimento indevido do conceito pagão de Hades ( em latim , "inferi" , em hebraico-aramaico "cheol" ) ; termo utilizado para definir o lugar em geral para onde iam os mortos - o nome era emprestado da divindade responsável pelo governo da região dos mortos . Segundo o entendimento grego , o Hades era dividido entre o Elísio e o Tártaro , o Elísio era o lugar para onde iam os heróis , os justos , os virtuosos e o Tártaro era reservado para os maus. Quando se diz que Cristo foi ao Hades , o que se quer dizer é que Ele foi ao lugar onde estavam os justos que morreram sem pecados pessoais mas privados da graça justificadora. No inferno estão aqueles que optaram definitivamente por se opor a Deus , e portanto , cumprem pena eterna , eles recusaram a misericórdia e a justiça divina até o último minuto de suas vidas , e de lá não sairão mais. No dia do Juízo Final , todos os mortos serão ressuscitados e Cristo confirmará o Juízo Particular ; os justos receberão um corpo glorioso para a vida eterna junto a Deus e os pecadores para a frustração e o sofrimento eterno da vida sem Deus.

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Resumo da Doutrina Católica

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Não houve uma descida literal de Cristo ao inferno , mas sim , ao Limbo dos Patriarcas ; Cristo foi ao Cheol como Deus e Homem , libertar os justos que morreram sem conhecer a justificação da graça batismal ; Cristo não sofreu mais , após a morte ; o diabo não possuía as "chaves" do Hades que impediam os justos de ingressar na beatitude celeste , Jesus não as tomou dele para libertar os pecadores ; não existiu uma segunda chance de salvação aos condenados após a morte. O fato de ser dito na Bíblia que Cristo foi pregar o Evangelho aos mortos (1 Pedro 3.19) não significa que tenha havido uma segunda oportunidade para os pecadores definitivamente condenados. Cristo libertou apenas os homens justos do Antigo Testamento que morreram sem pecados pessoais , mas com a marca do pecado original , que os impedia de ingressar na glória celeste. A glória de Cristo se irradiou sobre o inferno e o poder de Satanás foi esmagado. O momento exato da libertação dos justos do Antigo Testamento e do ingresso na eternidade , junto a Deus , ocorreu quando NS Jesus Cristo se ergueu dentre os mortos .

Autor: Prof Everton Jobim

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Bibliografia :

Catecismo do Concílio Tridentino

CIC , 1992

Satanás não tinha as chaves do Hades

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