Doutrina Católica

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Bernardo de Claraval , o Doutor Melífluo

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Bernardo de Claraval (santo ; Fontaine-lès-Dijon , Dijon , Borgonha , 1090 - Clairvaux, 1153), filho de um vassalo do duque de Borgonha, ingressou em 1112 no mosteiro de Citeaux (Cister), onde se tornou monge. A Abadia de Cister, que contava somente 20 monges. Bernardo arrastou atrás de si, com seu exemplo e entusiasmo, um tio, quatro irmãos e 25 amigos, todos da nobreza Encarregado pelo abade S. Harding de encontrar um lugar para fundar um novo mosteiro, indicou Clairvaux (Claraval), que em pouco tempo, sob sua direção, tornou-se o mais importante centro monástico cisterciense, com numerosas ramificações em toda a França. Nos 38 anos que Bernardo dirigiu, de Claraval, a Ordem cisterciense, esta cresceu até atingir 165 mosteiros, dentre os quais 68 fundados pessoalmente por ele.

Defensor de uma rigorosa reforma da Igreja baseada na volta à pobreza evangélica, ao trabalho manual e à oração, Bernardo de Claraval participou também dos conflituosos fatos históricos de sua época, dividido até o fim de sua vida entre contemplação e ação, dialética que percorre ainda a múltipla variedade dos seus escritos. Durante o cisma (1130) entre o antipapa Anacleto II e o papa Inocêncio II, tomou a decidida defesa deste último, acompanhando-o em suas viagens à França, Alemanha e Itália, granjeando-lhe a confiança e a adesão do rei da França, Luís VI, do rei da Inglaterra, Henrique I, e de outros governantes europeus. Lutou contra Arnaldo de Brescia, recusando-se a compartilhar o modo como este denunciava os males da Igreja, especialmente a riqueza do clero.

Quando um discípulo, Eugênio III, foi eleito papa, dirigiu a ele o tratado "De consideratione" (Da consideração), em cinco livros, sobre os métodos para governar a Igreja. Foi justamente Eugênio III quem confiou a Bernardo de Claraval a pregação da segunda cruzada, anunciada em 1146 e malograda dois anos depois. Pregou, por ordem do Papa , a segunda Cruzada. Escreveu a regra para a Ordem dos Cavaleiros Templários. Era conselheiro espiritual de Papas, soberanos e prelados. Foi por conselho seu que D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, prestou vassalagem a Pedro.

No plano doutrinal, Bernardo combateu Abelardo e Gilberto de la Porée, desenvolvendo com eles uma polêmica apaixonada, não desprovida de tons bruscos e violentos. Canonizado pelo papa Alexandre III (1174), foi proclamado doutor da Igreja pelo papa Pio VIII, em 1830.

A teologia de Bernardo de Claraval, ligada à tradição e às fontes patrísticas, revela-se profundamente embebida de sentido bíblico.

A Escritura é para ele a palavra de Deus vivo na Igreja, a história da revelação do amor de Deus em Cristo e, como tal, é mais objeto de oração do que de estudo. Derivam daí não apenas uma espécie de experiência religiosa da Bíblia, que o leva a uma compreensão vivida de tudo o que ela contém, mas sobretudo o pathos e a poesia presentes em seus numerosos comentários da Bíblia.

Seu programa de vida espiritual pode ser caracterizado como um itinerário que leva do pecado à glória, do conhecimento de si ao retorno a Deus: um "retorno a Deus" que se realiza a partir da humildade, ou antes do reconhecimento da própria miséria e pobreza. Espírito contemplativo dos mais originais, Bernardo de Claraval é considerado o doutor do monaquismo cisterciense, do qual estabeleceu em fórmulas definitivas o ideal de vida que viria a progredir tanto nos séculos seguintes. Dentre suas obras, devem ser lembradas sobretudo os "Sermones" (Sermões) e os tratados "De diligendo Deo" (Do amor divino) e "De gradibus humilitatis et superbiae" (Graus da humildade e da soberba), além de um copioso epistolário com cerca de 500 cartas. Muito devoto da Santíssima Virgem, deu grande desenvolvimento à Mariologia.

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