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Suplementos Alimentares: Uso Apropriado

Stephen Barrett, M.D.

Em geral, os suplementos são úteis para indivíduos que estão incapazes ou sem vontade de consumir uma dieta adequada. Os médicos comumente recomendam vitaminas para crianças muito novas até que possam comer alimentos sólidos que contêm quantidades suficientes de vitaminas. Após a criança atingir os dois anos de idade, entretanto, raramente é necessário continuar o uso de suplementos "apenas por precaução". Em 1980, o Comitê de Nutrição da American Academy of Pediatrics declarou que suplementos podem ser apropriados da seguinte maneira:

A Força Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA recomenda que mulheres que engravidarem tomem um suplemento diário multivitamínico ou multivitamínico/minerais que contêm 0,4 mg de ácido fólico de modo a reduzir o risco de defeitos congênitos em seus filhos [2]. Embora uma dieta bem balanceada irá fornecer quantidades adequadas de ácido fólico, a força tarefa acha que, para algumas mulheres, alcançar uma ingestão dietética adequada pode ser mais difícil do que tomar suplementos. 

Indivíduos em uso de dietas prolongadas para redução de peso, particularmente dietas que estão abaixo das 1200 calorias por dia ou que são nutricionalmente desequilibradas, podem se beneficiar com um suplemento multivitamínico/minerais. Pessoas que estão se recuperando de cirurgias ou de doenças graves que tiveram seus hábitos alimentares normais prejudicados também podem se beneficiar com a suplementação.

Idosos que se tornaram sedentários ou perderam o interesse em comer podem não estar recebendo nutrientes suficientes; eles também podem se beneficiar com suplementação mulivitamínica/minerais. Existem marcas que não investem em propaganda e que custam bem barato.

Como a deficiência de ferro não é rara, um comitê da National Academy of Sciences recomendou que mulheres grávidas tomem um suplemento de 30 mg diariamente durante o segundo e terceiro trimestres [3]. Embora mulheres adequadamente nutridas não precisem de suplementação, é mais simples e menos dispendioso suplementar a dieta do que medir níveis de ferro no sangue várias vezes durante a gravidez. O comitê também sugeriu que embora a melhor maneira de se obter nutrientes seja a partir dos alimentos, mulheres grávidas que normalmente não consumem uma dieta adequada podem se beneficiar com uma suplementação multivitamínica/minerais contendo dosagens moderadas de ferro, zinco, cobre, cálcio, vitamina B6, ácido fólico, vitamina C e vitamina D.

As mulheres deveriam assegurar que sua ingestão de cálcio seja adequada para ajudar a prevenir o enfraquecimento de seus ossos (osteoporose). A National Academy of Sciences aconselha as americanas e canadenses com risco de osteoporose a consumir entre 1000 e 1300 mg de cálcio por dia [4]. Isto pode ser feito com uma ingestão adequada de laticínios, mas algumas mulheres preferem suplementos de cálcio. As mulheres deveriam discutir essa questão com seu médico ou nutricionista. 

A menos que escolham um equilíbrio apropriado de alimentos, os vegetarianos que evitam completamente produtos de origem animal correm o risco de várias deficiências, especialmente vitamina B12. Os outros nutrientes com risco de deficiência são riboflavina, cálcio, ferro, e os aminoácidos essenciais lisina e metionina. Crianças vegetarianas não expostas à luz do sol correm o risco de deficiência de vitamina D. Deficiência de zinco pode ocorrer em vegans porque o ácido fítico em grãos integrais se liga ao zinco, e há pouco zinco em frutas e vegetais. Uma vez que a B12 está presente somente em alimentos de origem animal e em um número limitado de alimentos especialmente enriquecidos, os vegans deveriam provavelmente tomar suplementos de B12 prescritos por um médico.

Os antioxidantes receberam uma publicidade bastante favorável. Para a maioria das pessoas, entretanto, usar suplementos de antioxidantes não faz sentido.

Pessoas com doenças de má absorção ou que tiveram porções de seu trato intestinal removido podem precisar suplementar para alcançar sua nutrição adequada. 

Altas doses de vitaminas (acima da IDR) deveriam ser encaradas como drogas ao invés de suplementos. Embora existam situações onde uma dosagem acima da IDR possa ser benéfica, isso deveria ser manejado com supervisão médica. A maioria das recomendações de alta dosagem feitas pela indústria dos alimentos naturais e seus aliados não é válida [5]. Como John H. Renner, M.D., presidente da National Council against Health Fraud, apropriadamente apontou: "A nutrição é tremendamente importante em uma variedade de doenças como prevenção e, em algumas, como tratamento. Mas você não apaga um incêndio com as mesmas coisas que usa para impedir que ele se inicie." [6]

Referências

  1. American Academy of Pediatrics Committee on Nutrition. Vitamin and mineral supplement needs of normal children in the United States. Pediatrics 66:1015-1020, 1980.
  2. U.S Preventive Services Task Force. Guide to Clinical Preventive Services, 2nd edition. Baltimore, 1996, Williams & Wilkins.
  3. King JC, Allen L, and others. Nutrition during Pregnancy. Washington DC, 1990, National Academy Press.
  4. Standing Commitee of on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes, Food and Nutrition Board, Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes: Calcium, Phosphorus, Magnesium, Vitamin D, and Fluoride. Washington, DC 1997, Nataional Academy Press.
  5. Barrett S, Herbert V. The Vitamin Pushers: How the "Health Food" Industry Is Selling Americans a Bill of Goods. Amherst, NY: Prometheus Books, 1994.
  6. Renner JH. Interview in Jenkin D. Dietary supplements: Cure of curse. The Oakland Press, Jan 10, 1999.

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Este artigo foi revisado em 11 de maio de 2001.
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