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Magnetoterapia

Stephen Barrett, M.D.

Durante os últimos anos, aparelhos magnéticos tem sido alegados para aliviar dores e como tendo valor terapêutico contra um grande número de doenças e distúrbios. A maneira de avaliar tais alegações é perguntar se foram publicados estudos científicos. Campos eletromagnéticos pulsáteis -- os quais induzem campos elétricos mensuráveis -- mostraram-se eficazes para tratar fraturas de reconstituição lenta e têm se mostrado promissores para algumas outras condições. Entretanto, poucos estudos foram publicados sobre o efeito na dor de pequenos imãs estáticos vendidos aos consumidores [1]. Explicações que campos magnéticos "melhoram a circulação", "reduzem a inflamação" ou "aceleram a recuperação de ferimentos" são simplistas e não são corroboradas pelo peso da evidência experimental [2].

A principal base para as alegações é um estudo duplo-cego, conduzido pelo Baylor College of Medicine em Houston, o qual comparou os efeitos de magnetos e magnetos falsos  sobre dores de joelho. O estudo envolveu 50 pacientes adultos com dor proveniente pelo fato de terem sido infectados com o vírus da polio quando eram crianças. Um aparelho magnético estático ou um aparelho placebo foi aplicado sobre a pele do paciente por 45 minutos. Foi pedido para os pacientes que avaliassem o quanto de dor eles sentiam quando um "ponto de disparo fosse tocado". Os pesquisadores relataram que os 29 pacientes que foram expostos ao aparelho magnético alcançaram um escore de dor menor que os pacientes que não foram expostos ao aparelho placebo [3]. Embora este estudo seja citado por quase todos os que vendem os aparelhos magnéticos, ele não proporciona qualquer base legítima para concluir que os magnetos oferecem qualquer benefício a saúde:

Dois estudos melhor desenhados e de maior duração foram negativos:

Ações Legais e Reguladoras

Em 1998, Magnetherapy, Inc., de West Palm Beach, Flórida, entrou em um acordo voluntário com o estado do Texas pagando 30 mil dólares de multas e parando de alegar que o uso de seu aparelho magnético próximo a áreas de dor e inflamação aliviaria dores devido a artrite, enxaqueca, ciático ou esporão de calcanhar. O acordo também exigiu que a Magnetherapy parasse de fazer alegações que seus magnetos podem curar, tratar, ou mitigar qualquer doença ou podem produzir qualquer mudança no corpo humano, a menos que seus aparelho sejam aprovados pelo FDA para estes propósitos [6]. Anúncios do Tectonic Magnets da companhia têm destacado testemunho de atletas, incluindo golfistas do senior pro tours. Vários anúncios tinham alegado que os Tectonic Magnets proporcionariam alívio sintomático de certas condições dolorosas e podiam restaurar a amplitude de movimento de músculos e articulações. A companhia distribuiu aos varejistas folhetos promocionais que incluíam alegações promoção de saúde, testemunhos escritos, e pôsteres de astros dos esportes. O procurador geral do Texas Dan Morales declarou que algumas alegações eram falsas e não comprovadas e outros tinham proferido o produto como aparelho médico não aprovado pela lei do Texas. Em 1997, o FDA advertiu a Magnetherapy para que parasse de alegar que seus produtos aliviariam a artrite; cotovelo de tenista; dor lombar; ciático; enxaqueca; dor muscular; dor de pescoço, joelho, tornozelo e ombro; esporão de calcanhar; joanete; dedos artríticos; e podia reduzir dor e inflamação nas áreas afetadas por aumentar o fluxo sangüíneo e de oxigênio [7].

Em 1999, o FTC obteve um acordo barrando duas companhias de fazer alegações não substanciadas sobre seus produtos magnéticos. A Magnetic Therapeutic Technologies, de Irving, Texas, está impedida de alegar que suas almofadas magnéticas ou outros produtos: (a) são eficazes contra cânceres, úlceras diabéticas, artrite, condições articulares degenerativas, ou hipertensão arterial; (b) podiam estabilizar ou aumentar a contagem de linfócitos de pacientes com HIV; (c) podiam reduzir espasmos musculares em pessoas com esclerose múltipla; (d) podiam reduzir espasmos nervosos associados com a neuropatia diabética; (e) podiam melhorar a densidade óssea, imunidade ou circulação; ou (f) são comparáveis ou superiores aos analgésicos prescritos. A Pain Stops Here! Inc., de Baiting Hollow, N.Y., não pode mais alegar que sua "água magnetizada" ou outros produtos são úteis contra o câncer, doenças hepáticas ou de outros órgãos internos, cálculos biliares, cálculos renais, infecção urinária, úlceras gástricas, disenteria, diarréia, úlceras de pele, escaras, artrite, bursite, tendinite, distensão, entorse, ciático, doenças cardíacas, doenças circulatórias, artrite, doenças auto-imunes, doenças neuro-degenerativas e alergias, e podiam estimular o crescimento de plantas. 

Em 8 de agosto de 2000, o Consumer Justice Center, de Laguna Niguel, Califórnia entrou com uma ação na Corte Superior de Orange County acusando que a Florsheim e um loja de sapatos local (Shoe Emporium) fez alegações falsas e fraudulentas que seu sapatos MagneForce (a) corrigem "deficiências magnéticas", (b) "geram um campo magnético de penetrância profunda que melhora a circulação sangüínea; reduz a fadiga das pernas e das costas; e proporciona alívio da dor natural e melhora o nível energético".; e (c) que suas alegações são estabelecidas e provadas pelos estudos científicos [8]. Alguns dias após esta ação foi arquivada, a Florsheim removeu o anúncio da disputa de seu site.

A Linha Final

Não há nenhuma base científica para concluir que pequenos imãs estáticos possam aliviar dores ou influenciar o curso de qualquer doença. Alguns produtos são fracos demais para proporcionar um campo magnético que penetre a pele ou são completas farsas que não exercem nenhuma força magnética qualquer que seja.

Referências

  1. Livingston JD. Magnetic therapy: Plausible attraction. Skeptical Inquirer 25-30, 58, 1998.
  2. Ramey DW. Magnetic and electromagnetic therapy. Scientific Review of Alternative Medicine 2(1):13-19, 1998.
  3. Vallbona C, Hazelwood CF, Jurida G. Response of pain to static magnetic fields in postpolio patients: A double-blind pilot study. Archives of Physical and Rehabilitative Medicine 78:1200-1203, 1997.
  4. Caselli MA and others. Evaluation of magnetic foil and PPT Insoles in the treatment of heel pain. Journal of the American Podiatric Medical Association 87:11-16, 1997.
  5. Collacott EA and others. Bipolar permanent magnets for the treatment of chronic low back pain. JAMA 283:1322-1325, 2000.
  6. Morales halts unproven claims for magnet therapy. News release, April 9, 1998.
  7. Gill LJ. Letter to William L. Roper, Feb 3, 1997.
  8. Jeff Wynton and the Consumer Justice Center v. Florsheim Group, Inc., Shoe Emporium. Superior Court of California, Orange County, Case #00CC09419, filed Aug 8, 2000.

Resposta do Leitor

De David Gessell, um engenheiro de design de Oakland, Califórnia:

Recentemente fui apresentado ao conceito bizarro que palmilhas magnéticas podem promover saúde e aliviar a dor. O vendedor prometia melhorar a circulação, reduzir a dor, melhorar a captação de oxigênio, perda de peso, e mais ou menos qualquer outro benefício positivo que pudesse ser imaginado ou pedido. O mecanismo apresentado era:  Os humanos evoluíram (ou foram criados, para aqueles residentes no Kansas) na presença dos campos magnéticos da Terra. Estes campos são bloqueados pelo concreto e pavimentação e outras estruturas humanas. Na suposta ausência destes campos o corpo de algum modo padece. Uma amiga tinha comprado as palmilhas magnéticas em um custo aproximado de US$100,00. Ela as devolveu após eu explicar que:

  • Campos magnéticos não são bloqueados pelo concreto. Em qualquer lugar que uma bússola funcione, os campos magnéticos da Terra estão presentes. 
  • O sangue não é magnético. Se fosse, o corpo explodiria em uma máquina de ressonância magnética.
  • Campos magnéticos de corrente direta não tem nenhum efeito mensurável no corpo humano em níveis fortes o suficiente para atrair barras de aço, tão comumente experimentados por pesquisadores  de magnetos e fusão. Estes indivíduos são expostos a campos magnéticos de potência de 6 a 10 ordens de magnitude superiores que aqueles criados pelas magnetizadas palmilhas emborrachadas, sem se tornarem ou mais ou menos saudáveis
 
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Este aritgo foi revisto em 6 de fevereiro de 2001.
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