A AÇÃO GLOBAL DOS POVOS

As orientações da aliança são:

1. Uma rejeição muito explícita da OMC e outros acordos de liberalização comercial (como APEC, a UE, NAFTA, etc.) por serem promotores ativos de uma globalização destrutiva social e ambientalmente;

2. Nós rejeitamos todas as formas e sistemas de dominação e discriminação incluindo, mas não somente, patriarcado, racismo e fundamentalismo religioso de todos os credos. Nós abraçamos a completa dignidade de todos os seres humanos;

3. Uma atitude de confronto, uma vez que não achamos que tentar influenciar e participar possa ter um grande impacto em tais preconceituosas e não-democráticas organizações, nas quais o capital transnacional é o único verdadeiro orientador das políticas;

4. Uma chamada para a desobediência civil não violenta e a construção de alternativas locais pelas comunidades locais, como resposta para a ação de governos e corporações;

5. Uma filosofia organizacional baseada na descentralização e autonomia.

Princípios organizacionais da Ação Global dos Povos (AGP)

1. A AGP é um instrumento de coordenação, não de organização. Os seus principais objetivos são;

(i) Inspirar o maior número possível de pessoas, movimentos e organizações a agir contra a dominação das corporações através da desobediência civil não violenta e de ações construtivas orientadas pelos povos.

(ii) Oferecer um instrumento para coordenação e apoio mútuo a nível global para aqueles que resistem às regras das corporações e ao paradigma do desenvolvimento capitalista.

(iii) Dar maior projeção internacional às lutas contra a liberalização econômica e o capitalismo global.

2. A filosofia organizacional da AGP é baseada na descentralização e autonomia. Devido a isso, as estruturas centrais são mínimas.

3. A AGP não possui membros.

4. A AGP não tem e não terá uma personalidade jurídica. Não será legalizada nem registrada em nenhum país. Nenhuma organização ou pessoa representa a AGP, nem a AGP representa qualquer organização ou pessoa.

5. Haverá conferências da AGP aproximadamente a cada dois anos. Estas conferências acontecerão aproximadamente três meses antes das Conferências Ministeriais da OMC. As funções destas conferências serão:

(i) Atualizar o manifesto (se necessário);

(ii) Avançar no processo de coordenação a nível global da resistência contra o "livre" comércio;

(iii) Coordenar ações descentralizadas paralelas às Conferências Ministeriais da OMC subseqüentes.

6. As conferências da AGP serão convocadas por um Comitê de Convocadores formado por movimentos e organizações representativos. A composição deste comitê deve mostrar um equilíbrio geográfico e um equilíbrio com respeito às áreas de trabalho das organizações e movimentos que a formam. Os organizadores locais serão parte do comitê.

Este comitê preencherá as seguintes funções:

(i) Determinar o programa da conferência;

(ii) Decidir quais organizações podem enviar delegados para a conferência;

(iii) Decidir sobre o uso de recursos, especialmente decidir quais organizações receberão ajuda para pagar despesas de viajem para participar da conferência;

(iv) Assessorar os organizadores locais em questões técnicas e organizacionais;

(v) Interpretar o manifesto se for necessário, decidindo quais publicações podem ser impressas sob o nome da AGP, e decidir sobre o conteúdo das ferramentas de informação/comunicação da AGP (ver item 7).

O comitê não pode falar em nome da AGP.

Em cada conferência da AGP o Comitê de Convocadores da próxima conferência será eleito. O Comitê de Convocadores deve trocar em 100% seus membros em cada conferência. O antigo Comitê de Convocadores escolherá um pequeno grupo que atuará como assessores do novo comitê. Este grupo de assessores não terá poder de decisão.

7. A AGP deverá ter várias ferramentas de informação/comunicação, incluindo um boletim regular, uma página na internet e outras publicações, as quais serão feitas voluntariamente por organizações e indivíduos que apóiem os fins da AGP. Sua elaboração será feita de forma rotativa e descentralizada.

Antes desses materiais informativos aparecerem sob o nome da AGP, seus conteúdos terão que ser revisados pelo Comitê de Convocadores (incluindo a modificação da página da internet). O comitê pode fazer com que a publicação desses materiais esteja condicionada à modificação ou remoção de parte de seu conteúdo, se estes estiverem em conflito com o manifesto da AGP.

8. A AGP não terá quaisquer recursos. Os fundos necessários para pagar as conferências e as ferramentas de informação terão que ser obtidos de forma descentralizada. Todos os fundos obtidos para a conferência serão administrados pelo Comitê de Convocadores. As publicações terão que ser autofinanciáveis. O boletim será distribuído por uma rede de organizações que também será responsável pela coleta do pagamento de subscrições.

Qualquer valor a mais produzido pelas subscrições será usado para enviar o boletim para organizações que não podem pagar a subscrição.

9. A AGP possui um secretariado rotativo, que muda todo ano. Cada comitê de Convocadores decidirá onde os secretários estarão durante seus dois anos de vigência.

10. As conferências da AGP não incluirão a discussão destes princípios organizacionais no programa. Se houver uma solicitação concreta, um grupo de discussão sobre questões organizacionais será formado. Este grupo de discussão se reunirá paralelamente ao programa da conferência, para elaborar propostas concretas de modificação as quais devem ser votadas em plenário.

11. A AGP espera inspirar a criação de diferentes plataformas (tanto regionais quanto baseadas em áreas de trabalho) contra o "livre" comércio e as diferentes instituições que o promove. Não haverá, em qualquer caso, uma relação de subordinação entre estas plataformas e a AGP. As plataformas serão, portanto, completamente autônomas.

 

Esquerda / Direita. Texto por Alain

No último ano, cada vez mais grupos que trabalham contra a globalização e o comércio "livre" têm-se apercebido que há grupos de direita e extrema direita que acham atraentes (atrativos) os discursos antiglobalização. Em vários contextos, tem havido discussões sobre como evitar a apropriação dos discursos de esquerda pela direita e como demonstrar as diferenças que existem entre projetos emancipativos e projetos autoritários / opressivos por baixo das semelhanças superficiais. Na segunda conferência da AGP, em Bangalore, o problema foi abordado de forma muito séria. Num esforço de clarificar as diferenças para os grupos de direita, foi introduzida uma quinta orientação da AGP (inserida como nr. 2), com os seguintes dizeres: "Nós rejeitamos todas as formas e sistemas de dominação e discriminação incluindo, mas não somente, patriarcado, racismo e fundamentalismo religioso de todos os credos. Nós abraçamos a completa dignidade de todos os seres humanos”.

Foi também clarificado que a AGP não luta exclusivamente contra o comércio "livre", mas contra o sistema capitalista. Dada a falta de tempo na conferência, a mudança de nome da AGP (Ação Global dos Povos contra o comércio "livre" e a OMC), que parecia uma conseqüência lógica da decisão anterior, não foi levada a cabo e terá que esperar até à próxima conferência da AGP. Uma proposta que foi discutida foi a "Ação Global dos Povos pela solidariedade e a resistência". Outras propostas são bem-vindas.

Se estiveres interessado em seguir mais de perto o debate sobre os discursos de esquerda / direita, visita o site: www.savanne.ch/right-left.html, ou escreve para [email protected]

Comentários sobre este assunto são bem-vindos para o site web da AGP e para o boletim: [email protected]

 

voltAr

 




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