OSVALDO PIRES DE HOLANDA

" A eleição no sistema democrático é uma farsa"

No momento em que um exército de ratazanas se prepara para disputar as eleições municipais do ano 2000, a TV mais uma vez é usada em rede nacional para desferir ameaças àqueles que não compareceram às últimas eleições e que certamente não irão comparecer às próximas. Este texto elucidativo escrito pelo escritor, advogado e jornalista Osvaldo Pires de Holanda, 79, dá uma resposta à altura aos altos escalões da "justiça" eleitoral.


Por Osvaldo Pires de Holanda
Não existe uma incoerência mais flagrante do que o voto obrigatório, num regime que se diz de liberdade, como é o democrático. Obrigar alguém a fazer o que não deseja, é no mínimo uma grande injustiça; mesmo que esta ação seja apenas contra um indivíduo. O que se dizer então quando esta imposição é feita contra toda uma coletividade? O voto obrigatório, é pois, uma aberração contra o direito, pois alguém pode ser forçado a cumprir um dever, nunca porém, a exercer um direito, e o voto, é um direito do cidadão, mas um direito que o obriga a nomear como representante, uma pessoa cujos interesses conflita com os seus. Isto é um verdadeiro absurdo! A eleição no sistema democrático, é pois, uma farsa, e assim a concebemos porque a escolha dos denominados representantes do povo, na verdade não o representam. A minoria eleita em nome da maioria, é constituída em grande parte por representantes das classes privilegiadas

"O voto obrigatório é uma
aberração contra o direito"

economicamente, cujos interesses são conflitantes com a maioria da população. Não é por outro motivo que até hoje, no Brasil, não se conseguiu realizar muitas reformas, entre elas a agrária, como seria desejável, porque a maioria das terras do País estão nas mãos dos grandes latifundiários que as conservam improdutivamente enquanto o encarecimento do custo dos gêneros alimentícios cresce dia a dia, porque a produção é insuficiente, devido o agricultor não possuir a terra e ter que sujeitar-se as imposições do latifundiário que, desumanamente o explora. Não será pois, através do voto, que a classe operária ascenderá ao poder se não surgir um meio de neutralizar a influencia do poder econômico nos pleitos eleitorais; do contrário, somente através de uma revolução de consequências imprevisíveis, será possível tranferir o poder das mãos dos exploradores para a dos explorados.
Extraído de Brados de Rebeldia, Xama Editora & Publicidade Ltda, 1995 

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