Caminhos Estreitos

Ela insiste em descer.
Suave. Silenciosa.
Vai desenhando
caminhos estreitos
em meu rosto. Seca.

 

Parece que minh’alma
está se lavando.
Um choro contido num
silêncio profundo.
Parece a dor do mundo.

 

Dá-me força Senhor para
suportar este trecho.
Sei que muitos a
exibem com galhardia,
mas sou covarde.
Meu ritmo é lento
e descompassado.

 

Sinto-me ultrajado
em minha alegria.
Doce. Tardia.
Queria poder voltar
no tempo.
Parar tudo ali.
No ponto da exatidão.

 

Abrir meu coração e
contar todos os meus
segredos. Ali.
Mesmo que fosse
num canto triste.
Solitário como
o do pássaro.

 

Minhas pernas bambeiam
sem sintonia.
Minha mente vagueia.
Vazia.
Vou até o inconsciente
do destino, buscar
minha alegria. Fútil.
Sobra tempo para pensar
no certo e no errado,
quando se tem a opção
de escolher.

 

O que é certo e errado?
Nada importa, pois o
caminho é estreito.
A saída talvez seja
um grito elevado.
Para acordar o surdo.
Que absurdo!
Não!

 

Vou ficar quieto
esperando as
horas passarem.
O tic-tac do relógio me
enlouquece, tira minha
concentração.
Jogo-o fora. "Plaft".
Perdi o tempo.
Agora sou eu
e mais ninguém.

 

Olho pro céu.
A estrela mais brilhante
é minha, me guia.
Vou dar um presente
a ela, meu amor.
Extraído de dentro.
Meu mais puro sentimento
neste momento.

 

Meu rosto
está ficando frio.
Meu coração
está apertado,
tentando se mexer.
Não consegue.
Minhas mãos
param de teclar.



Jesus Diogo Xavier

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