São Paulo, segunda-feira, 06 de julho de 2009
Paris
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Ao encontro do cadáver
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
desembarcou ontem em Paris para um fim de semana de descanso ao lado da família,
antes de seguir para a Itália, para participar da cúpula do G8+G5 (este ano com
o acréscimo do Egito, convidado dos italianos).
Vai estar, portanto, ao lado de um cadáver, o do G8, a julgar pelo laudo emitido
por seu chanceler, Celso Amorim, de resto compartilhado, com palavras mais
amenas, pelos governos dos Estados Unidos e da Alemanha.
Ambos consideram que o G20, o clubão das maiores economias do planeta, é o foro
adequado para tratar dos problemas econômico-financeiros do mundo. Lula, que vem
dizendo a mesmíssima coisa faz tempo, não escondeu a satisfação, no desembarque
em Paris.
Primeiro, menosprezou o G8: "Se eles quiserem continuar se reunindo, que
continuem". Depois afagou o G20: "Agora, para discutir a questão
econômico-financeira do mundo, o G20 é o foro ideal".
Fica mais fácil entender a satisfação do presidente quando se faz a memória dos
dois encontros anteriores do G8+G5. Na Alemanha, em 2007, houve até um incidente
diplomático, porque o G8 se reuniu antes, emitiu um comunicado final que parecia
englobar a posição também dos emergentes convidados (Brasil, Índia, China,
México e África do Sul).
Em 2008, no Japão, houve de novo uma reunião prévia do G8 antes de receber o G5,
mas cada um teve direito a seu próprio comunicado final. Depois, o Brasil, pela
palavra do ministro Guido Mantega, disse que não participaria mais se fosse
apenas "para tomar um cafezinho", já que a refeição principal era só entre os
sete países mais ricos do mundo e a Rússia.
Agora, na Itália, com ou sem cafezinho, Lula já sabe que o G8 murchou e que o
almoço e o jantar só serão mesmo servidos nos Estados Unidos, no G20 de
setembro.
[email protected]
Texto originalmente
publicado, domingo, dia 05 de julho, na Folha de S.Paulo
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Clóvis Rossi atualiza a coluna São Paulo (originalmente publicada na Folha
de S. Paulo) de terça a domingo.
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