São Paulo, segunda-feira, 22 de junho de 2009
Ponto de Vista
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Eu quero vingança!
REGGIO EMILIA
(ITA) -
Você já teve
vontade de esganar uma pessoa com as próprias mãos? Cortá-la em pedacinhos e
jogar para os cachorros? Já quis ser a vilã da novela? Já sonhou em ser forte
(mas forte mesmo) só para pegar aquela pessoa pelo colarinho e jogar longe,
deixando o Neo do Matrix no chinelo? Já desejou, do fundo da alma, que aquela
pessoa se ajoelhasse aos seus pés e te pedisse perdão - em prantos, claro - só
pra você dizer não? Se você respondeu sim à maioria das perguntas, não se
assuste. Você é normal! Anormal é a pessoa que não deseja vingar-se de alguém
que lhe tenha feito mal.
Em um país civilizado, seguro e organizado, para cada crime existe uma lei que o
definiu como tal e que, por consequência, existe uma pena para quem o cometeu.
Assim, não será necessário vingar-se, pois a lei será cumprida, a tal pessoa
pagará a pena e pronto. Porém, em nenhum lugar do mundo existe uma lei que diga
que ferir o amor próprio de alguém seja crime e, por isso, quem o faz sai ileso
e quem é ferido sente-se desamparado.
Partindo deste ponto, o sujeito ferido tem algumas opções: engolir tudo e, anos
depois, transformar a tristeza em câncer; fazer uma terapia para entender por
que você mereceu aquela facada nas costas; esperar que Deus (ou o diabo) leve a
ação de volta àquela pessoa ou.... dedicar um tempo da sua vida para arquitetar
um belo plano, executá-lo e finalmente ver aquela pessoa de joelhos à sua frente
caindo, lentamente, enquanto você desgusta uma taça de vinho bem gelado com um
sorriso doce nos lábios.
Quem for sincero consigo e comigo, dirá: eu prefiro a última opção!
Mas quem disse que podemos ser sinceros? Quem disse que podemos assumir que não
somos tão superiores quanto demostramos ser e que aquela facada doeu, e muito!?
Simplesmente, não podemos. Por orgulho, por vergonha e, principalmente, porque -
na maioria dos casos - vingar-se de alguém implica em colocar em risco o seu
próprio bem estar.
No mundo civilizado, quem pratica a vingança passa de vítima à algoz.
Esquece-se, porém, que os sentimentos mais profundos do ser humano não combinam
com o mundo civilizado. São mundos diferentes, com leituras diferentes. No mundo
civilizado, se você foi vítima de um assalto à mão armada, o correto é denunciar
o fato à polícia e deixar que ela aja. No porão dos nossos sentimentos, o que
gostaríamos de fazer é pegar o sujeito, virar a arma para ele e explodir os seus
miolos. Quem já teve uma arma apontada para a sua cabeça sabe bem disso!
Mas a barbárie não tem lugar no mundo do século XXI. Somos todos civilizados,
formamos instituições como a polícia e a justiça para cuidar de tudo para nós.
Só nos esquecemos de dizer aos nossos sentimentos que eles não devem sentir.
Traição, adultério, humilhação, bullying. São tantas as armas que ferem o amor
próprio que me pergunto. Como superá-las?
Muita auto-estima, muita segurança, muita força de vontade, muita garra e muita,
mas muita meditação para contér o vulcão dentro de você. No fim, a gente
consegue, porque o desejo de viver feliz é maior do que o de vegetar pensando em
como fazer para vingar-se de alguém.
Ou então... mais do que bondoso ou religioso, seja inteligente! Aprenda a
separar as coisas. Viva feliz! Ame, passeie, estude, trabalhe, realize-se! E,
nas horas vagas, deixe o submundo dos seus pensamentos trabalhar por você. Sem
perceber, você terá um plano de vingança prontinho e sendo executado: A SUA
FELICIDADE! Aqueles que lhe fizeram mal não vão suportar que você seja feliz.
Mas, se com tudo isso, aquela facada não cicatrizou - que venha o ácido venenoso
em minha boca! - vingue-se! Mas sem tornar-se o algoz. Vingue-se sem cometer
crime. Vingue-se sem perder a razão. Só assim vc poderá saborear a vingança, sem
arrependimento, sem medo, sem dor. Só com a satisfação de não carregar mais
aquela dor nas costas! Você pode!
[email protected]
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Érika Bento Gonçalves.
Jornalista, começou a carreira em 1994, em Poços de Caldas, sul de Minas Gerais.
Passou de repórter a apresentadora e editora-chefe da emissora de televisão
regional, Tv Poços. Em dez anos de trabalho em Minas atuou também nas áreas de
marketing e jornalismo político. Foi coordenadora dos programas de televisão em
duas campanhas políticas. É Editora na Rede Record e articulista deste MPR
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