Eclipse Lunar Total de 21 de Dezembro de 2010

 

Projeto Observacional (REA/Brasil)

 

Circunstâncias

 

Na madrugada de 21 de dezembro, ocorrerá um eclipse lunar total, cuja visibilidade será melhor na América do Norte, mas que também poderá ser visto do Brasil em sua fase inicial até pouco antes do meio da fase total, quando ocorrerá o ocaso da Lua. Ao cruzar a metade norte da região mais escura da sombra da Terra (umbra) numa trajetória moderadamente profunda, de noroeste para leste, nosso satélite ficará totalmente imerso nela por 72 minutos e permanecerá visível, refletindo, como uma tela muito sensível, a pequenina fração dos raios solares que, depois de atravessarem nossa atmosfera de forma rasante, serão refratados para o interior do cone de sombra, como num dinâmico somatório de luz e cores resultante de todos os crepúsculos em andamento na Terra.

 

A tabela a seguir lista, em tempo legal de verão do leste brasileiro (TU – 2h), os horários de algumas fases do eclipse.

 

Tabela 1 – Circunstâncias

 

Evento

Hora Legal de Verão (TU-2h)

Início da Percepção da Penumbra

≈ 4:16 (magp=0,78)

Início da Fase Parcial (U1)

4:33

Início da Fase Total (U2)

5:41

Ocaso da Lua (Rio de Janeiro)

6:07

Meio do Eclipse

6:17

 

Observadores situados no Rio de Janeiro observarão o início da fase parcial com a Lua a 17o de altura, ao passo que, no início da fase total, quando a sombra umbral passar a cobrir totalmente o disco lunar, o astro estará a apenas 4o sobre o horizonte oeste-noroeste carioca. Observado desta mesma cidade, o ocaso da Lua, totalmente eclipsada, ocorrerá dez minutos antes do meio do eclipse.

 

Observações

 

Recomendações

 

Infelizmente para observadores brasileiros, a baixa altura da Lua deverá dificultar a monitoração do eclipse e reduzir a quantidade e qualidade dos dados observacionais. Isso acontecerá em virtude de alguns fatores, dentre eles: a frequente presença de obstáculos e de nebulosidade junto ao horizonte, da maior influência da instabilidade e extinção atmosféricas, responsáveis, respectivamente, pela degradação da imagem e redução do brilho aparente dos astros próximos ao horizonte.

 

Atividades Sugeridas

 

São as seguintes as atividades sugeridas para monitoração e registro da evolução do eclipse:

 

  1. Registros Fotográficos da evolução do evento: recomenda-se o uso de oculares de baixo aumento e ajustes que tornem a imagem a mais luminosa possível, incluindo exposições de alta sensibilidade (ISO 800 ou superiores) e de aumentos ópticos entre 10x e 80x. Deve ser ressaltado que a imagem do disco lunar totalmente eclipsado estará muito débil e constituirá um registro raro e desafiador, principalmente, junto ao horizonte. Fotos do eclipse deverão ser enviadas, ainda no mesmo dia, se possível, para publicação em portais (Spaceweather) e revistas (Sky&Tel, Astronomy).

 

  1. Cronometragem dos contatos de imersão: existe atualmente uma discussão relativa ao papel da atmosfera da Terra nas dimensões da umbra obtidas a partir da cronometragem da passagem de sua fronteira pelos centros de crateras. A nossa análise de milhares delas, obtidas durante a monitoração de vários eclipses lunares, tem indicado que, em média, o raio umbral ultrapassa em 1,9±0,2% o seu valor teórico. A questão atual é determinar-se ao certo se isso se deve à dificuldade do olho humano para identificar a fronteira da sombra ou se é produto da influência da nossa atmosfera. Portanto, tais registros ainda são muito bem-vindos e devem ser enviados para Vital (Eclipses/REA) para análise, bem como para a Sky&Tel. Estimativas a olho nu do início das fases parcial e total poderão ser enviadas também para Westfall, o qual investiga registros históricos de eclipses observados por navegadores antigos visando à determinação da longitude.

 

A tabela 2 lista previsões, em tempo legal de verão do leste brasileiro (TU – 2h), para os contatos de imersão de algumas das crateras mais facilmente identificáveis.

 

Tabela 2 – Previsões para Imersões de Crateras

 

HORA (TU-2)

CRATERA

HORA (TU-2)

CRATERA

4:38

Grimaldi

5:19

Menelaus

4:48

Campanus

5:22

Plinius

4:52

Kepler

5:23

Goclenius

4:53

Tycho

5:23

Platô

4:56

Aristarchus

5:27

Langrenus

5:01

Copernicus

5:28

Taruntius

5:05

Pytheas

5:28

Eudoxus

5:11

Tymocharis

5:30

Aristóteles

5:16

Dionysius

5:31

Proclus

5:16

Manilius

 

 

 

 

  1. Estimativas da magnitude da Lua durante a totalidade: o brilho da Lua no meio do eclipse lunar depende primariamente de quão profundamente o disco lunar penetra na umbra, bem como do nível global de aerossóis vulcânicos em suspensão na estratosfera. Análises de observações da REA permitem-nos hoje predizer o brilho aproximado da Lua quando nossa atmosfera não se encontra anormalmente impregnada de resíduos lançados por grandes erupções ocorridas alguns meses antes, como parece ser a condição atual. Devido à grande proximidade do horizonte, monitorar a Lua totalmente eclipsada será um grande desafio para observadores brasileiros durante este evento. No entanto, um esforço pode ser feito para estimar-se o brilho dela no início da fase total, ainda observável desde a maioria das cidades do leste brasileiro. Tais estimativas poderão ser usadas para uma extrapolação da magnitude no meio da totalidade. Usando nossa correlação entre magnitude do eclipse (no caso, igual a 1,26) e a magnitude da Lua, podemos predizer aproximadamente a magnitude da Lua no meio da fase total em -2,0 (±0,7). Resta-nos então comparar esta previsão com as estimativas dos nossos colegas norte-americanos, que assistirão o evento de posição muito privilegiada.

 

  1. Estimativas do Número de Danjon (L): O número de Danjon constitui uma estimativa grosseira do brilho de um eclipse. Ele varia de zero (Lua praticamente desaparece do céu), passando por 2 (eclipse moderadamente escuro, com coloração avermelhada predominante) até 4 (Lua brilhante, azulada e amarelada no meio do eclipse). Para este evento, esperamos L= 2,6 (±0,5), com o sul do disco lunar apresentando-se bem mais escuro que o norte. Deve ser ressaltado, contudo que, devido à baixíssima altura da Lua e à forte atenuação de seu brilho, é provável que nós, observadores brasileiros, fiquemos com a forte impressão de que ele tenha se aproximado de L=1, com a Lua bem difícil de achar no céu. Estimativas de L ou da magnitude da Lua podem ser enviadas para Keen, Sinnott e Vital.

 

 

Outras Fontes

 

Muitas outras interessantes informações sobre este mesmo eclipse podem ser encontradas nos seguintes endereços:

 

Amorim (Projeto de Observação – RBA)

Campos (Projeto de Observação - CEAMIG)

Espenak (Circunstâncias – NASA)

MacRobert (Circunstâncias - Sky&Telescope)

Sinnott (Observações – Sky&Telescope)

Estimativas do Número de Danjon (Sky&Telescope)

 

 

 

E boas observações a todos!