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Alcova
Política |
Número 4 - 24/11/99 |
Por Cuba |
É incrível a infinita
capacidade de FHC e dos demais membros formadores de sua aliança em,
a cada nova denúncia contra seu governo, evocar que elas têm
apenas o intuito de desestabilizar esse governo, atrapalhar as reformas e
arranhar nossa imagem ante o exterior. Não falta muito para eles legitimarem
suas ações alegando que há em andamento um plano Cohen
II. Advogam também, que tais denúncias não são
do interesse da nação e prejudicam a tal agenda positiva no
congresso. Pois então a apuração de severas denúncias
sobre atos não isolados que estão corroendo a legalidade da
maior instância representadora da vontade da sociedade, e isso com o
suposto aval do governo federal, não é prioridade e de interesse
da nação? Apenas não é para esse governo, afinal
ninguém gosta de atirar no próprio pé.
Há mais de quatro anos vivemos sustentados por um populismo cambial
que resultou num índice recorde de desemprego, em radicais cortes na
área social, da educação e saúde. O objetivo é
manter a inflação reduzida. Para isso podou-se a produção
nacional, quebrou-se o parque industrial, centenas de milhares de pessoas
foram lançadas à miséria, há a adoração
pelo mercado em detrimento do cuidado com o povo, estimulou-se a importação
e a dependência do exterior e não existem planos de
investimento na formação profissional, educacional e social
do povo.
Porém, há outros
caminhos? É óbvio. Mas, como disse um político, esse
governo entrará para a história como o que menos dialogou com
a sociedade civil. O presidente e sua equipe econômica têm horário
para qualquer grande empresário nacional ou internacional, para qualquer
agente do FMI ou do Banco Mundial, porém sua incrível arrogância
não lhes permite aceitar sugestões vindas da oposição.
Põem-se numa redoma onde convivem com a elite, e as sobras ficam com
o povão, que está do lado de fora. E, como acompanhamos diariamente,
nosso presidente tem o completo apoio dos governantes e instituições
estrangeiras. É até engraçado e lamentável, o
alvoroço e a felicidade no tucanato quando uma notinha de canto de
página do New York Times Fala bem de FHC. Esquecem a maciça
rejeição do povo brasileiro, afinal, os estadunidenses sabem
mais que os caipiras daqui. Esse apoio alienígena é elementar,
afinal o governo atual está adotando à risca o modelo neoliberal
que os estadunidenses propagam pelo mundo. Um neoliberalismo meio torto, que
um antigo ortodoxo liberal estranharia. O negócio funciona mais ou
menos assim: "libera aí que eu fecho aqui". Enquanto países
como o Brasil escancaram as portas de entrada do capital externo, EUA, União
Européia e companhia sobretaxam a entrada de produtos vindos da periferia
capitalista, como é o caso do aço laminado e da laranja brasileira.
Além disso, ao mesmo tempo em que criticam maiores incentivos dos tais
"países emergentes" ao seu produto nacional, subsidiam sua
indústria.
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