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Mural dos Laranjas

Bagaceira
Número 35 - 8/1/2002 Por Fozzie

 

Eita! Deixando a preguiça de lado, lá vem a minha segunda Bagaceira do dia, a terceira no total.

O Krusty tocou num ponto fundamental: contra-argumentação... O senso crítico tem sido essencial para o progresso da humanidade. Quando eu falei da preguiça e da preocupação não falei que eram só eles que importavam. Tentei fazer um texto bem humorado em cima daquilo que nos atinge em vários momentos da nossa vida. E como de Luís Fernando Veríssimo eu só o Fernando (no nome), não tenho talento para tratar daquele tema com o humor desejado.

Mas não estou escrevendo de novo para me defender ou qualquer coisa do tipo. Concordo com o Krusty. E, aproveitando que as idéias começaram a aparecer, vou emendar outra bagaceira falando um pouquinho (se eu conseguir articular idéias e palavras o suficiente) da 'medievalização' sobre a qual o Krusty começou.

Então, lembramos do pouco de história que sabemos (alguns podem dizer que sabem muita história, mas eu duvido que eles tenham razão... hehe... por mais que se estude história ou qualquer outra coisa, mais percebemos que sabemos pouco sobre o mundo) temos uma noção do que foi a Idade Média.

Existiram alguns aspectos positivos como criação das universidades e outros que depois o Krusty pode citar quando estiver contra-argumentando depois. A Idade Média foi aquela época maravilhosa em que todos tinham conhecimento e liberdade para opinar.

Ironias deixadas de lado, eu fico um pouco preocupado com o que vejo por aí. Outro dia passando numa rua aqui perto de casa olhei para uma nova construção e comentei comigo mesmo em voz alta de espanto: "Outra Igreja?!". Era mais um dos 'templos' de uma daquelas igrejas evangélicas.

Mas por que eu haveria de ficar preocupado com esse surto de igrejas por aí? Eu não me preocupo realmente com isso. É só um fato que eu constatei para reforçar o que eu ando pensando. Independente da religião, das crenças ou do que quer que seja, parece consensual que os seres humanos precisam de algo para acreditar, alguma coisa que lhe dê respostas. O nível das respostas (e das perguntas), ao meu ver, depende de cada indivíduo. Não quero dizer que existam respostas e perguntas mais corretas, uma verdade maior. Aliás, acho que qualquer pessoa que diga que a sua verdade, seja ela qual for, é a correta está perdida (para não dizer f*****).

Então, eu como um cara que estuda ciência poderia sair dizendo que a ciência é o que traz as respostas, que é o caminho? Poderia, claro... Mas eu só estaria repetindo o processo bitolado da maioria dos evangélicos e corinthianos, que querem ficar catequizando e convertendo quem encontram pela frente com sua fé.

Na verdade, eu acho que as buscas pelas respostas se somam. Ciência, fé, arte, história, filosofia, etc. Mas isso não tem a ver com o que eu ia falar. O que eu acho é que as vezes, na busca pelas respostas acabamos encontrando caminhos deturpados que devido a sua facilidade para explicar como as coisas fazem sentido são escolhidos pelas pessoas.

Eu tive aula de cálculo com uma professora que falava de tudo na aula, principalmente do filho dela, coisas sem sentido, menos de cálculo. Era uma maluca de pedra. Mas ela disse uma coisa que eu concordei. Não lembro muito bem o que, mas era sobre as nossas crenças. Falou que era tudo uma questão de entropia, ou seja, tudo que exige que se pense menos, é mais fácil de ser aceito.

-Por que a maçã cai?
-Por que Deus quer!

Ótima resposta, não? Não... Essa é a resposta menos entrópica, a que exige menos energia, a mais fácil de ser aceita. Aquela em que muito optariam por acreditar. Mas então eu poderia responder à pergunta dizendo que existe uma tal de força e que um corpo com massa 'atrai' o outro com uma força que é proporcional ao produto das massas desses corpos e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles. Fácil? Não muito... Exige muito mais estudo e raciocínio, logo é desprezada por quem não entende e quem não quer entender isso.

Eu poderia ainda responder àquela pergunta anterior dizendo que não é a tal da força que faz a maçã cair, mas sim que ela é resultado da deformação do espaço sobre si mesmo, como resultado da presença de massa numa região do espaço-tempo, como diz a relatividade geral de Einstein.

É muito mais simples acreditar que duendes coloridos espalham amor e maldade pela Terra do que estudar os processos químicos no cérebro ou estudar psicologia para tentar entender por que umas pessoas matam às outras.

É muito mais confortável a gente 'saber' de alguma forma que depois que morremos vamos para o céu ou que reencarnamos, que temos uma missão, que existe algo além. Mas se estudarmos uma pouco de evolução, aprendemos que de todas as moléculas que surgiram aqui na Terra, de repente uma tinha a capacidade de fazer uma cópia de si mesma e a partir daí as moléculas foram ficando mais complexas, gerando células, funções, organismos. A questão que resta, é: em que momento Deus colocou a alma dentro da gente? Não quero induzir dizendo que não existe alma, eu mesmo nem sei no que acredito, mas sei que não é nessas respostas que fazem tanto sentido e que são dadas nos programas de futilidade da TV.

Nossa, estou viajando totalmente. Não era sobre isso que eu ia falar.

O fato é que com as respostas 'fáceis' cada vez mais na nossa frente, acabamos deixando de lado a busca pela nossa verdade. "O horóscopo de hoje disse que o clima não estaria propício a esforços intelectuais" ou "a cigana disse que eu ia conhecer alguém especial", e por aí vai...

A questão é (ou não) que conforme as pessoas forem deixando o senso crítico de lado, o espaço para uma nova Idade Média está aberto. Mas não acho que seja só isso (longe de ser) mas é só um ponto que eu cito para estimular o senso crítico.

Acho que outra semelhança com a Idade Média nos dias de hoje é o fato de estarmos cada vez mais "presos" dentro de uma pequena região. Um condomínio que tem tudo dentro de seus muros, padaria, lojas, etc sempre me faz lembrar a figura de um feudo.

Bom, cansei... E não gostei do texto. Se você estiver lendo ele, é por que, por algum motivo, resolvi mandar o texto para que fosse ao ar...


Qualquer dúvida, sugestão, crítica etc. mande um e-mail para [email protected] ou ainda mensagem no ICQ, para aqueles que o têm.


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