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Bagaceira |
Número 34 - 8/1/2002 |
Por Krusty |
Bom, o negócio é
contra-argumentar enquanto ainda há tempo. O caro amigo Fozzieta
escreveu que o que a preguiça e a preocupação têm
feito com que a humanidade tenha evoluído. Pois bem, discordo.
E é a discordância que faz a vida ser interessante, principalmente
se as pessoas que discordam sabem pensar, o que não é majoritário
neste mundo.
A humanidade não tem evoluído. Decididamente, não.
Se o rapaz tivesse dito que a preguiça e a preocupação
fazem com que a tecnologia evolua, eu concordaria. Mas a humanidade, não.
O próprio Fozzie, há longínquos anos de Augusto Laranja,
bagaço em essência, concordava comigo na teoria da "medievalização"
do mundo.
A idéia era simples: a humanidade tinha, ao longo dos anos voltado
a se comportar barbaramente, como se fôssemos todos ostrogodos ou
visigodos.
Hoje, com o passar do tempo, acredito que a teoria tenha de ser reformulada,
mas a partir de um princípio interessante.
Se pensávamos que a desgraça e a bagunça atuais
era a medievalização do mundo, mesmo a barbárie,
estávamos sendo preconceituosos. Claro que os pobres coitados dos
bárbaros sofreram por não serem cristãos, por acreditarem
em deuses pagãos. Tudo em nome da "santa" Igreja Católica,
que, como é de conhecimento de todos, inclusive dos mais fanáticos,
foi uma das instituição das mais carniceiras que já
surgiram nesse mundo. Fruto da preguiça ou da preocupação?
Não acredito.
O amigo Fozzie, cientista em formação, sempre acreditou
que o mundo estivesse ficando burro, já que a crença em
coisas inexatas do ponto de vista científico, como o horóscopo,
estivesse tomando conta da mente humana.
Mais um elemento pra discussão, daí eu tento concluir a
argumentação aqui. Dinheiro. Neste nosso querido Brasil
(para não fazer uma análise mais extensa), tudo o que tem
sido feito pelos cidadãos diz respeito a dinheiro. A revista Veja
São Paulo, por exemplo, publicou uma matéria sobre as melhores
escolas da cidade, de forma que o consumidor pudesse escolher onde gastar
o seu suado dinheiro. Tem sido comum encontrar taxistas que além
de trabalharem na praça têm outro emprego, principalmente
se você precisa do transporte de noite.
Daí eu junto o que disse antes para tentar rebater o que o Fozzie
argumentou. Internet, DVD, CD, enfim, todo tipo de "lazer tecnológico"
surgido recentemente não tinha como objetivo acalantar a preguiça
humana, mas sim fazer com que o dinheiro do mundo circulasse, ou melhor,
saísse dos bolsos de quem tanto suou para ganhar e fosse para as
contas de quem tem explorado os mesmos trabalhadores.
Religião e preconceito demonstram como o ser humano não
tem pensado nos últimos anos. Some-se a isso a necessidade de se
gastar dinheiro, até com o pensamento de "ter lazer em casa",
coisa que meu pai acredita, por exemplo, e temos a atual humanidade, que
não é preguiçosa e muito menos preocupada.
Acredito que a humanidade evoluirá a partir do momento em que
o raciocínio aliado ao conhecimento valer mais do que a crendice
e o preconceito, e que o dinheiro deixe de existir, ou, pelo menos, deixe
de ter a importância que tem.
Mas olha a incoerência do que eu coloco: como podemos deixar de
ser "burros" se não temos dinheiro para alimentar nossa
família e gastar com o nosso ócio necessário, ao
mesmo tempo em que não há como o dinheiro deixar de existir
enquanto as pessoas ainda viverem sem pensar, vivendo a religião,
o preconceito, o time de futebol etc.
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