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Thriller
Número 16 - 23/08/2000 Por Guga

 

Algo além de diversão
por Guga

O cinema nunca teve o papel de dar educação ao público, isso seria obrigação do governo que não o cumpre. Geralmente os filmes são feitos para dar diversão durante algumas horas, no entanto, há casos em que a trama vai além disso, tem o papel de criar questionamentos e polêmica. David Fincher, este é o homem que sabe muito bem como fazer isso. Diretor de comerciais e vídeo - clipes (incluindo o vídeo Aerosmith: Big ones you can look at), estreou em longas com Alien 3. O filme (o pior da série) tinha um enredo fraco e a fotografia escura demais, e numa série em que o primeiro episódio ficou a cargo de Ridley Scott e o segundo com James Cameron, Fincher passou despercebido. Mas foi com Se7en que notaram o seu valor. E depois de fazer Vidas em Jogo (The Game), outro excelente filme, ele chegara ao auge, assumira a direção de O Clube da Luta (Fight Club).

Jim Uhls o roteirista, captou bem a essência do livro (por sinal que originou o título) de Chuck Palahniuk, um ex - mecânico que com seu primeiro livro fez seu pé de meia e inclusive gostou da "brincadeira" e lançou recentemente Monstros Invisíveis e Sobrevivente. A estória revela um narrador (Edward Norton), executivo que não encontra nada que lhe dê prazer, sofre de insônia crônica e vive participando de tudo quanto é grupo de ajuda para quem está nas últimas. No entanto sua vida começa a mudar depois de conhecer Marla e principalmente Tyler Durden (Brad Pitt) um cara que vende sabonete e faz outros bicos, além de pregar o anti - consumismo. E é durante uma conversa dos dois no estacionamento de um bar que eles bolam o tal Clube da Luta. Mas a graça não está em bater e sim em apanhar.

E é a violência a polêmica central. Uma das causas que levou-o ao fracasso nas bilheterias aqui no Brasil, foi que um sujeito fora de si invadiu justamente uma sessão do filme com uma submetralhadora e atirou no público que o assistia. Mas é justamente esse ponto que é discutido, a violência na sociedade. Em uma das cenas Tyler invade uma loja de conveniência com uma arma e encena que irá matar o funcionário, Jack se desespera porém Tyler não o mata e depois diz: "Amanhã ele irá tomar o café da manhã mais gostoso da vida dele." O que ele quis dizer com isso? É que nunca estamos felizes, só depois de fracassarmos, ou sofrermos algum ato de violência é que dizemos que a vida irá recomeçar. Não vivemos o momento presente, o que é um erro.

Ainda há espaço para outras polêmicas, como "destruir" o consumismo, que é altamente massacrado nos diálogos, o poder da informação, a discussão sobre a virilidade do homem que não briga, o relacionamento do homem com a mulher e a até onde a mente pode deturpar a vida normal de uma pessoa. Fincher ousa com sua câmera inquieta, na cena inicial depois de viajarmos pelo interior de Jack chegamos ao gatilho de uma arma em sua boca, as lutas com tomadas de ângulos inusitados fazem parece-las de verdade. A cena final ? Chocante e reveladora ao som de "Where is my mind ?", do Pixies. Ah e por falar nisso a trilha sonora é sensacional, a letra de "This is your life", do The Dust Brothers (que inclusive tem o clipe veiculado na MTV) demonstra bem a idéia que vai contra o sistema. Uma coisa me intriga, é que sempre quem prega o anti - consumismo e confronta o sistema, vende! seus conceitos à ele. Ironias à parte David Fincher é assim, suas obras deixam marcas que custam cicatrizar.

"I don't know how much movies should entertain. To me I'm always interested in movies that scar. The thing I love about JAWS is the fact that I've never gone swimming in the ocean again."
David Fincher

Falou!
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