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Revolução
Cinematográfica
por Guga |
O
cinema constantemente sofre revoluções, principalmente no
mundo da ficção científica. Como em 77 quando um
desconhecido George Lucas lançara Star Wars ou mesmo antes em 68
quando Stanley Kubrick levou as telas 2001: Uma Odisséia no Espaço.
Sem citar Blade Runner, o clássico de Ridley Scott, realizado na
década de 80. Chega de falar do "passado" e vamos para 1996, onde
dois "nerds" (como dizem os americanos) viciados em computadores e HQ
começaram a conceber o roteiro de uma complexa ficção
científica. Depois caminhamos mais um pouco até 1999, quando
esse roteiro finalmente saiu do papel para ganhar vida nas telas dos cinemas
e realizar mais uma revolução cinematográfica. Mas
por que a Warner apostaria tanto nesses dois irmãos, The Wachowski
Brothers, que haviam apenas escrito Assassinos (de Richard Donner) e dirigido
um bom filme noir, Ligadas pelo Desejo, que a crítica e o público
não deram nem importância?
Matrix é na realidade
uma coleção de citações intrincadas a uma
história que nos leva a questionar a realidade humana. As várias
citações vão desde Alice no País das Maravilhas,
de Lewis Carroll, passando pela mitologia grega e referências bíblicas
até os quadrinhos de Frank Miller. Muitos devem encasquetados para
saber como é que essa verdadeira salada encabeçada por um
Keanu Reeves vindo de fracassos, um regular Laurence Fishburne, um coadjuvante
de peso, Joe Pantoliano, e uma bela estreante Carrie Anne Moss puderam
levar um filme a ter um sucesso tão extraordinário. E é
aí que Matrix mostra a resposta.
Uma tela de computador lotada
de códigos é o ponto de partida. Um hacker, Thomas "Neo"
Anderson está a procura da lenda Matrix e Morpheus irá guiá-lo
dependendo da pílula que ele escolher. Segundo Morpheus: "Tome
a pílual azul e a história acaba. Você acorda na sua
cama e acredita em tudo que quiser acreditar; Tome a pílula vermelha
e você ficará no País das Maravilhas e eu te mostrarei
o quão profundo é a toca do coelho."
Depois daí você
ficará grudado na cadeira e de olhos arregalados com as surpreendentes
revelações do que vem a ser Matrix, tudo regado de incríveis
perseguições, tiroteios e explosões jamais vistas.
Uma combinação da técnica de cabos (wire-fighting)
usadas nos filmes de Jackie Chan, computação gráfica
e um tal de bullet time, um efeito arrasador (realizado com dezenas de
câmeras fotográficas e computadores) que transformam Matrix
num filme de ação chinês energizado e turbinado. Isso
sem falar na "habilidade" da câmera dos Wachowski, que bebe um pouco
na fonte de John Woo, focalizando balas e cápsulas que saem das
pistolas em close-up e câmera lenta. E o espetáculo não
é apenas visual. Se conseguirmos entender o roteiro podemos tirar
várias lições de vida. Difícil é achar
alguém, que após ter assistido Matrix, não tenha
saído do cinema sem estar boquiaberto, extasiado ou se perguntando
o que é afinal a realidade em que vivemos.
É verdade que os Wachowski
não são nenhum George Lucas, nem tão pouco um Stanley
Kubrick mas eles conceberam, poderíamos denominar assim, um "Blade
Runner dos Anos 90". Para os mortais que ainda não assistiram Matrix,
estão perdendo tempo, pois após assistirem eles saberão
porque a Warner tinha razão.
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